ARRESTO DE EMBARCAÇÕES

Transcrição

1 ARRESTO DE EMBARCAÇÕES VII CONGRESSO NACIONAL DE DIREITO MARÍTIMO, PORTUÁRIO E ADUANEIRO IV SIMPÓSIO DE DIREITO MARÍTIMO E PORTUÁRIO Alessander Lopes Pinto alessander@lplaw.com.br

2 O ARRESTO DE EMBARCAÇÕES O arresto de embarcações tem por objeto garantir o crédito e o pagamento de determinada dívida. Trata-se de tutela de urgência cautelar e o pedido principal é o pagamento do crédito. Não há a intenção de se apropriar do navio arrestado. O arresto não satisfaz a pretensão de se receber o crédito.

3 FONTES RELACIONADAS AO ARRESTO de EMBARCAÇÕES NO BRASIL Código Comercial Brasileiro de 1850: As regras relativas ao direito marítimo, contidas na segunda parte do Código não foram revogadas. Convenção de Bruxelas de 1926 para a Unificação de Certas Regras Relativas aos Privilégios e Hipotecas Marítimos. Decreto nº 351/1935. Código de Processo Civil de 2015, estabelece regras e procedimentos gerais para disputas judiciais.

4 REGRAS ATUAIS PARA O ARRESTO DE EMBARCAÇÕES - CPC Mudanças importantes no que se refere às cautelares de uma forma geral. - Deixou de disciplinar um procedimento cautelar específico, para disciplinar as tutelas jurisdicionais. - Simplificou a possibilidade de efetivação das decisões judiciais não definitivas, como é o caso do arresto de embarcações. - Estabeleceu as tutelas provisórias fundadas em urgência ou evidência (art. 294).

5 REGRAS ATUAIS PARA O ARRESTO DE EMBARCAÇÕES - CPC 2015 O arresto de embarcações está previsto na hipótese de tutela de urgência cautelar (art. 301). Art A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

6 REGRAS ATUAIS PARA O ARRESTO DE EMBARCAÇÕES - CPC 2015 Em geral, o arresto de embarcações é pleiteado em caráter antecedente e inaudita altera parte, com vistas à eficácia e efetividade da medida. A tutela cautelar antecedente tem procedimento próprio (arts. 305 a 310). Art.305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

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8 EXIGÊNCIA DE CAUÇÃO O juiz poderá exigir caução para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer: contra-cautela (i.e. depósito judicial em espécie ou carta de fiança bancária) (art. 300, 1 ). ARRESTO EQUIVOCADO O CPC normatizou a indenização dentro dos próprios autos determinando a reparação pelo chamado wrongful arrest, como forma de proteger o réu de eventual pedido indevido ou impertinente (art.302).

9 REPARAÇÃO DE DANOS Art Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I- a sentença lhe for desfavorável; II- obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para citação do requerido no prazo de 5 dias; III- ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV- o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível.

10 CUMPRIMENTO DA ORDEM DE ARRESTO A ordem judicial de arresto usualmente é encaminhada por Ofício à Capitania dos Portos local e a DPC, instruindo-a a se abster de emitir o passe de saída do navio arrestado (proibição de saída do porto ou de águas brasileiras). Mandado de citação e intimação também será encaminhado a parte arrestada / réu, muitas vezes direcionado ao agente ou ao Comandante do navio.

11 SUBSTITUIÇÃO DA GARANTIA A parte arrestada / Réu no prazo de 10 dias contados de sua intimação quanto ao arresto, poderá requerer a substituição da medida por outra garantia que não traga prejuízo ao autor (art. 847) (Carta garantia do P&I, deposito judicial, fiança bancária/securitária). OBS: Ao autor / arrestante pode haver a conveniência de substituição do arresto do navio por outra garantia, evitando depreciação e deterioração do navio, e o risco de reparação de danos em eventual sentença desfavorável ao credor.

12 PEDIDO PRINCIPAL: PAGAMENTO do CRÉDITO - Prazo de 30 dias, sob pena de liberação do arresto e extinção do processo, para formular o pedido principal (execução/cobrança do crédito) (art. 308). - Pedido principal nos próprios autos. -Não há mais a necessidade de ajuizamento de uma nova ação, como ocorria na vigência do antigo CPC. - Procedimento mais célere, simples e econômico.

13 COMPETENCIA e JURISDIÇÃO - Competência das Varas Cíveis da Justiça Estadual. - No Rio de Janeiro, a competência para julgar matérias que envolvam direito marítimo é das varas empresariais (Lei estadual nº 6.956/2015). -Cláusulas contratuais de eleição de foro ou arbitragem podem prevalecer (exceto em contratos de adesão). - Regra geral: A jurisdição brasileira deve ser aplicável tanto para a tutela de arresto como para o pedido principal da ação (pagamento da dívida).

14 COMPETENCIA e JURISDIÇÃO -Jurisdição brasileira (art. 21 do CPC/2015): Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

15 E QUANTO À ARBITRAGEM? O compromisso arbitral é causa de extinção da ação judicial (art. 337) A Lei de Arbitragem (lei 9.307/96) permite a adoção de medidas preventivas e de urgência por parte do Poder Judiciário. (i) impossibilidade/dificuldade de instauração da arbitragem; (ii) fumus boni iuris; e (iii) relevância do periculum in mora.

16 E QUANTO À ARBITRAGEM? DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência. Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva decisão.

17 E QUANTO À ARBITRAGEM? DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário. Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros.

18 E QUANTO À ARBITRAGEM? DA CARTA ARBITRAL Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro. Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde que comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem.

19 OBRIGADO! Alessander Lopes Pinto

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