RELATÓRIO ANUAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
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- Mateus Bandeira Camelo
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1 RELATÓRIO ANUAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROJETO: Perfil neuropsicológico e funcional de idosos frequentadores das Casas de Convivência da Prefeitura do Rio de Janeiro e Validação de constructo e clínica de uma bateria de testes neuropsicológicos computadorizados utilizando o IPAD - COMPCOG Departamento de Psicologia PUC-Rio Bolsista: Maria Fernanda Barbosa Marilia Marcela de Carvalho Correia Orientador(a): Profª Helenice Charchat Fichman Rio de Janeiro Julho 2014
2 Resumo do plano de trabalho: O projeto submetido e iniciado em agosto de 2013 foi delinear o perfil neuropsicológico de idosos assistidos em casas de convivência da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Neste estudo, um grupo de pesquisadores treinados incluindo a aluna de PIBIC Maria Fernanda aplicaram uma bateria breve de rastreio cognitivo e funcional em aproximadamente 300 idosos durante o período de um ano em 6 casas de convivência em diferentes bairros do Rio de Janeiro. Em maio de 2014 ao pedir a renovação da bolsa PIBIC para o ano , o nome da bolsista foi indevidamente substituído e um novo projeto foi incluído. Este novo projeto ainda incipiente tem como objetivo a validação de um novo instrumento computadorizado utilizado o IPAD como interface. A aluna Marília Marcela de Carvalho Correia foi recomendada para este segundo pedido de bolsa, pois já vem auxiliando na condução deste projeto. Em função do ocorrido serão apresentadas as atividades realizadas e os resultados parciais dos dois projetos. Atividades Realizadas pela aluna Maria Fernanda Barbosa A aluna bolsista de iniciação científica teve um desempenho excelente. Demonstrou responsabilidade e dedicação em todas as etapas da pesquisa. Realizou as seguintes atividades: 1) Treinamento nos testes cognitivos e escalas comportamentais. 2) Auxiliou na montagem dos kits de avaliação, colocando os protocolos digitalizados e providenciando cópias dos kits para os demais pesquisadores. 3) Frequentou semanalmente o grupo de estudo e pesquisa em envelhecimento coordenado pela sua orientadora no departamento de psicologia da PUC-Rio trocando experiências e aprimorando o seu conhecimento teórico com outros alunos de graduação e pós-graduação. 4) Aplicou o protocolo de pesquisa em aproximadamente 40 idosos em diferentes casas de convivência com frequência semanal. 5) Corrigiu os dados coletados e inclui nas planilhas e discutiu os casos avaliados em supervisão no grupo de pesquisa. 6) Participou de um estudo com os dados do teste do Desenho do Relógio com uma sub-amostra de 100 idosos juntamente com outras bolsistas de iniciação científica da Faperj. Auxiliou no desenvolvimento de novos critérios de
3 pontuação deste instrumento e do estudo de coerência inter-examinadores. Este estudo esta em fase de preparação do artigo e a aluno tem participado deste processo. 7) Preparou as análises dos dados apresentados neste relatório. Neste contexto, a aluna atingiu os objetivos propostos e se destacou com iniciativa e excelente desempenho enquanto bolsista. Atividades realizadas pela aluna Marília Marcela de Carvalho Correia A aluna iniciou sua participação no grupo em maio de 2014 quando foi selecionada para auxiliar no projeto de pesquisa sobre validação de um novo instrumento neuropsicológico computadorizado. A aluna fez o treinamento na aplicação do CompCog com o auxílio de Liana Chaves (pos-doutoranda) e até o momento realizou as seguintes atividades: 1) Treinamento na aplicação do CompCog 2) Treinamento na pontuação dos testes neuropsicológicos não computadorizados 3) Auxílio na coleta de dados do CompCog (aplicou em 10 jovens universitários) 4) Auxílio na pontuação e colocação na planilha dos dados dos testes neuropsicológicos computadorizados e não computadorizados. 5) Participação do grupo de pesquisa semanal na PUC-Rio. Neste contexto, a aluna vem respondendo aos objetivos do projeto e das atividades propostas. Resultados parciais do projeto: Perfil neuropsicológico e funcional de idosos frequentadores das Casas de Convivência da Prefeitura do Rio de Janeiro O envelhecimento populacional tem aumentado progressivamente nos últimos anos nos países em desenvolvimento como o Brasil. Alternativas ocupacionais vem sendo propostas pela iniciativa privada e pública. Na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura implementou um programa assistencial nos quais idosos frequentam Casas de Convivência realizando oficinas que estimulam habilidades físicas, sociais e cognitivas. O objetivo da presente pesquisa é delinear um perfil neuropsicológico e funcional dos idosos que frequentam as casas de convivência.
4 Metodologia: O estudo tem uma amostra composta por 209 idosos acima de 60 anos, de ambos os sexos, que já sejam usuários novos e antigos no programa das Casas de Convivência implementado pela SESQV ( Secretaria Especial de Envelhecimento e Qualidade de Vida da Prefeitura do Rio de Janeiro ). Inicialmente, uma entrevista semi-estruturada foi realizada para estabelecer o histórico de saúde, se tem alguma doença neurológica e/ou psiquiátrica. Saber algumas informações sobre o nível de escolaridade do sujeito, idade, gênero, estado civil e status socioeconômico, essas variáveis são anotadas no protocolo do mesmo. Quando possível, entramos em contato com os parentes próximos e / ou cuidadores para coletarmos dados sobre o participante. Procedimento de avaliação O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos participantes. Todos os participantes da pesquisa foram submetidos ao mesmo protocolo de investigação neuropsicológica e funcional, era uma entrevista composta por tarefas validadas em diferentes estudos para avaliar a atenção, memória episódica, memória semântica, habilidades visuoespaciais/construtivas, funções executivas, linguagem, atividades básicas e instrumentais de vida diária, humor e outras variáveis relevantes na compreensão do processo de envelhecimento. Esses testes neuropsicológicos foram administrados individualmente, em uma sala preparada especificamente para este propósito nas Casas de Convivência da Prefeitura. O procedimento foi realizado pelas psicólogas responsáveis e pelos bolsistas do projeto em uma sessão única com duração de uma hora. A bateria utilizada foi composta pelos seguintes instrumentos: 1) Mini Exame do Estado Mental (MMEM); 2) Teste do Desenho do Relógio; 3) Teste de fluência verbal; 4) Teste de Memória de Figuras; 5) Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e 6) Escala Pfeffer de atividades instrumentais da vida diária. A seguir estão descritos os procedimentos específicos de cada teste:
5 1 Mini Exame do Estado Mental (MEEM) este é um teste de rastreio que permite avaliação o funcionamento cognitivo global de forma rápida, contemplando orientação temporal e espacial, atenção, memória imediata e recente, atenção, linguagem, praxias e cálculo (Folstein et al., 1975). 2 Teste do Desenho do Relógio instrumento de rastreio cognitivo que verifica a praxia e habilidade visuoconstrutiva a partir de um comando verbal (Schulman, 2000). 3 Teste de Fluência Verbal Semântica e Fonêmica avalia a linguagem a partir da produção espontânea de geração de palavras por categorias fonêmica e semântica, atenção sustentada, organização, estratégia e perseveração (Nitrini et al., 2004). 4 Teste de Memória de Figuras permite a avalição da memória episódica e é composto por diferentes tarefas, tais como: nomeação e percepção, memória incidental (evocação livremente das figuras nomeadas), memória imediata (evocação das figuras logo após a apresentação), aprendizado (recordação das figuras), memória tardia (nova recordação após intervalo) e reconhecimento (apontar dentre vinte figuras apresentadas as que faziam parte do conjunto anterior) (Nitrini et al., 1994). 5 Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) instrumento de triagem para depressão, na versão reduzida, realizada através de 15 perguntas respondidas pelo idoso (Sheikh & Yesavage, 1986). 6 Functional assessment measure escala baseada em observação de desempenho para avaliar a capacidade funcional da pessoa idosa e seu grau de comprometimento em atividades da vida diária (Wright, 2000). Como método complementar, a escala Pfeffer será utilizada, em uma versão de auto-relato e, quando disponível, de informante (Pfeffer, 1982).
6 Resultados: Entrevistamos 290 sujeitos com idade acima de 60 anos, com algumas exceções de pessoas mais novas que foram entrevistadas, porque já eram usuários das Casas de Convivência. Na casa da Gávea ( Maria Haydée ) entrevistamos 32 idosos sendo : - 29 mulheres e 3 homens entre 58 anos e 92 anos - com escolaridade mínima de 0 anos e máxima de 17 anos, fizemos uma media entre as escolaridades dos participantes e obtivemos 11.2 anos com desvio padrão de 4.3. Na casa de Botafogo ( Padre Velloso ) entrevistamos 38 idosos sendo : - 29 mulheres e 8 homens entre 58 anos e 96 anos - com escolaridade mínima de 0 anos e máxima de 16 anos, fizemos uma média entre as escolaridades dos participantes e obtivemos 9.5 com desvio padrão de 4.1. Na casa da Penha (Carmen Miranda) entrevistamos 42 sujeitos sendo: -36 mulheres e 6 homens entre 58 anos e 87 anos -com escolaridade mínima de 0 anos e máxima de 16 anos, fizemos uma media entre as escolaridades dos sujeitos e obtivemos 7.1 com desvio padrão de 3.9. Na casa da Lagoa ( Dercy Gonçalves),testamos 31 idosos sendo : - 27 mulheres e 4 homens entre 60 anos e 93 anos
7 - com escolaridade mínima de 0 anos e máxima de 16 anos, fizemos uma media entre as escolaridades desses idosos e obtivemos 9.9 com desvio padrão de 4.9. Na casa da Tijuca ( Bibi F. Leal ) testamos 35 idosos sendo : - 34 mulheres e 1 homem entre 61 anos e 90 anos - com escolaridade mínima de 0 anos e máxima de 18 anos, fizemos uma media entre as escolaridades dos idosos e obtivemos 8.2 com desvio padrão de 4.3. Na casa de São Conrado ( Naná Sette Camara ) testamos 31 idosos sendo : - 27 mulheres e 4 homens entre 55 anos e 81 anos -com escolaridade mínima de 0 anos e máxima de 16 anos, fizemos uma media entre as escolaridades e obtivemos 5.2 com desvio padrão de 4.7. Sobre o Mini Exame do Estado Mental, o mínimo que foi pontuado 14 pontos e máximo 30 pontos com uma amostra de 208 idosos, 1 pessoa não realizou esse exame, obtido com media dos mini mental feitos foi 24.5 com desvio padrão de 3.6. Usando a própria amostra o ponto de corte do Mini Exame do Estado Mental como critério de comparação < 18 pontos, 4 participantes apresentaram dificuldades cognitivas De acordo com outros estudos o ponto de corte < 19 seria um total de 11 participantes que apresentaram dificuldades cognitivas.
8 Figura 1: Histograma de idosos em relação ao MEEM Em relação ao teste de memória de figuras que avalia a função executiva, utilizamos apenas a memória tardia. O mínimo foi 0 ( zero) pontos e o máximo 10 pontos com uma amostra de 204 idosos, 5 pessoas não terminaram esse teste. Fizemos uma média entre os testes de memória dos participantes o número obtido foi 7.4 com desvio padrão 2.1. Utilizando a própria amostra como critério de comparação (<4), 11 participantes demonstraram problemas de memória. Usando um ponto de corte de estudos prévios (<5), um total de 20 participantes apresentaram dificuldades de memória.
9 Figura 2: Histograma de idosos no teste de memória de figuras (evocação tardia) Na Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) o mínimo de 0 (zero) pontos e o máximo de 14 pontos com amostra de 205 idosos, 4 participantes não realizaram essa Escala. Foi feito uma media entre as Escalas de Depressão obtida foi 2.6 com desvio padrão de 2.9. Usando a própria amostra como critério de comparação (>8), 11 participantes têm sintomas de depressão. Usando um ponto de corte de estudos prévios (4>), um total de 34 participantes têm sintomas de depressão. Tabela 3
10 Figura 3: Histograma de idosos na escala GDS de depressão No questionário coletado com um informante (Functional assessment measure ) só foi obtido no caso de 92 participantes (44%), esse questionário é baseado no relato do parente próximo ou acompanhante do idoso sobre a capacidade funcional e seu grau de comprometimento em atividades da vida diária do idoso. Entramos em contato após a entrevista com o idoso por telefone e temos poucos obtidos pelo fato da dificuldade de entrar em contato com o parente ou acompanhante. Caracterização do perfil dos frequentadores das Casas de Convivência O perfil sócio-demográfico, cognitivo e clínico da amostra foi caracterizado através da utilização de uma bateria de testes, usada previamente para este propósito em amostras semelhantes (Charchat et al., 2013). Um total de 250 idosos participou até então do
11 estudo, com uma grande maioria de usuários do sexo feminino (87.1%), média de idade de 72.5 anos (dp: 7.7) e escolaridade de média a baixa (média: 8.5, dp:4.7). Comprometimentos de memória foram encontrados em 25 participantes, com 13 destes tendo dificuldades também em outras habilidades cognitivas. A frequência de sintomas depressivos foi alta na amostra, com um total de 40 participantes estando acima do ponto de corte para diagnóstico de transtorno de humor. Um modelo de regressão linear múltipla com a amostra identificou que os preditores mais consistentes da perda de memória são variáveis como idade (β padronizado: -0.22, p =.001) e escolaridade (β padronizado: -0.20, p =.008), além de nível cognitivo em geral (escores no Mini-exame do Estado Mental; β padronizado: 0.26, p =.001) e fluência (β padronizado: 0.25, p =.001). O modelo, no entanto, explica cerca de 20% da variância, o que sugere que outras variáveis não incluídas são importantes para explicar a perda de memória na amostra. Este estudo será encerrado em breve, com uma amostra total de 300 participantes. Conclusão: Os resultados apontam para idosos com funcionamento cognitivo global preservado, desempenho próximo da normalidade nas tarefas cognitivas que avaliam memória, atenção, funções executivas e linguagem. A maioria dos idosos apresentam independência funcional e ausência de sintomas de depressão. Este perfil neuropsicológico e funcional é típico do envelhecimento benigno e saudável. Estes resultados indicam que o grupo assistido nas casas de convivência da prefeitura podem ser estudados em pesquisas futuras para normatizar instrumentos e avaliar fatores de risco para demência e comprometimento cognitivo leve. RESULTADOS PARCIAIS DO PROJETO: Validação de constructo e clínica de uma bateria de testes neuropsicológicos computadorizados utilizando o IPAD - COMPCOG
12 Este projeto está ainda em fase incipiente e está ainda em fase de coleta de dados que deve se encerrar em agosto de O projeto tem como objetivo investigar a validade de constructo de uma bateria de testes neuropsicológicos computadorizados utilizando o IPAD denominado CompCog. Metodologia: No total serão estudados 100 jovens universitários, destes 46 já foram avaliados com o CompCog e uma bateria neuropsicológica extensa que incluiu: 1) teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey; 2) Cópia e Recordação da Figura Complexa de Rey; 3) Trilhas coloridas; 4) Tecon1 e Teaco; 5) Stroop; 6) WAIS-III; 7) Winsconsin Cards; 8) teste de inteligência não-verbal R1. Síntese dos resultados parciais: Os dados apontam para uma correlação positiva entre as variáveis do CompCog e dos testes não computadorizados. O CompCog parece ser útil para avaliar funções cognitivas de forma semelhante aos testes não computadorizados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS Charchat H, Fernandes C, Caramelli P, Aguiar D, Novaes R. (2013). Predomínio de Comprometimento Cognitivo Leve Disexecutivo em idosos atendidos no ambultório de geriatria de um hospital terciário na cidade do Rio de Janeiro. Neuropsicologia Latinoamericana, 5, Folstein, M. F., Folstein, S. E., & McHugh, P. R. (1975). "Mini-mental state". A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric Research, 12,
13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009). Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Texto disponível na Internet: Kalache, A., Veras, R. P., Ramos, L. R. (1987). O envelhecimento da população mundial. Um desafio novo. Revista de Saúde Pública, 21, Malloy-Diniz, L. F., Fuentes, D., Mattos, P., Abreu, N., et al. (2010). Avaliação Neuropsicológica. Rio de Janeiro, RJ: Artmed. Nitrini, R., Lefrève, B. H., Mathias, S. C., Caramelli, P., Carrilho, P. E. M., Sauaia, N.,... Scaff, M. (1994). Testes Neuropsicológicos de aplicação simples par o diagnóstico de demência. Arquivos de Neuropsiquiatria, 52, Nitrini, R., Caramelli, P., Herrera, E. Jr., Porto, C. S., Charchat-Fichman, H., Carthery, M. T., Lima, E. P. (2004). Performance of illiterate and literate nondemented elderly subjects in two tests of long-term memory. Journal of the International Neuropsychological Society, 5, Pfeffer, R. I., Kuroski, T. T., Harrah, C. H., Jr., Chance, J. M., Filos, S. (1982). Measurement of functional activities in older adults in the community. Journal of Gerontology, 37, Ritchie, K., & Touchon, J. (2000). Mild cognitive impairment: conceptual basis and current nosological status. Lancet, 355, Schulman, K. I. (2000). Clock-drawing: is it the ideal cognitive screening test? Journal of Geriatric Psychiatry, 15, Sheikh, J. I., & Yesavage, J. A. (1986). Geriatric Depression Scale (GDS): Recent evidence and development of a shorter version. Clinical Gerontologist, 5,
14 United Nations Population Division (2001). World Population Prospects: The 2000 Revision. New York: United Nations. Wright, J. (2000). The Functional Assessment Measure. The Center for Outcome Measurement in Brain Injury.
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