MENINGITE TUBERCULOSA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO BRASIL, NO CEARÁ E NO CARIRI ENTRE 2007 E
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1 MENINGITE TUBERCULOSA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO BRASIL, NO CEARÁ E NO CARIRI ENTRE 2007 E 2015 TUBERCULOUS MENINGITIS: EPIDEMIOLOGICAL PROFILE IN BRAZIL, CEARÁ AND CARIRI BETWEEN 2007 AND 2015 Matheus de Lima Garcia, Juliette Maria da Cunha Dantas, Djailson Ricardo Malheiro, Ítalo Cordeiro Moreira, Matheus Madeiro Lucena Revista e-ciência Volume 4 Número 1 Artigo 07 V.4, N.1, OUT. 2016
2 MENINGITE TUBERCULOSA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO BRASIL, NO CEARÁ E NO CARIRI ENTRE 2007 E 2015 TUBERCULOUS MENINGITIS: EPIDEMIOLOGICAL PROFILE IN BRAZIL, CEARÁ AND CARIRI BETWEEN 2007 AND 2015 Matheus de Lima Garcia 1, Juliette Maria da Cunha Dantas¹, Djailson Ricardo Malheiro¹, Ítalo Cordeiro Moreira¹, Matheus Madeiro Lucena¹ DOI: RESUMO A tuberculose meníngea (MTBC) é uma forma extrapulmonar da tuberculose (TB) que se des envo lve no Sis tema Nervoso Central (SNC). Ela é transmitida principalmente pela via aérea quando associada a TB pulmonar. O objetivo desse trabalho é analisar os casos de MTBC no Brasil, com foco no estado do Ceará e na micro rre g iã o d o Cariri. Foi realizada uma análise qualitativa e quantitativa a partir dos dados coletados nos sites d o Da tasus e d o Sistema de Notificações de Agravos (SINAN NET). Além dessas fontes, artigos científicos e informações fornecid as pelo Ministério da Saúde. No decorrer da análise, notou-se que os principais afetados pela MTBC s ã o p e s soas d o sexo masculino (63%), moradores da zona urbana (91%), entre 20 e 39 anos de idade (44%). No Ceará, os ca s os de MTBC estão concetrados em Fortaleza, 89 das 97 notificações. O Cariri a presentou apenas um caso desde 2007 e ele não resultou em óbito. No decorrer da pesquisa pode-se verificar que a MTBC se trata de uma p a to lo g ia d e baixa incidência no Brasil, mas que precisa ser controlada através das medidas de combate à TB para garantir uma boa qualidade de vida para a população. Palavras-chave: Tuberculose Meníngea. Tuberculose. Análise quantitativa. ABSTRACT Meningeal tuberculosis (MTBC) AND A extrapulmonary tuberculosis (TB) which is develops no central nervous system (CNS). She and transmitted mainly by air when associated with pulmonary TB. The aim of this s tudy is to analyze the MTBC Cases in Brazil, focusing on the state of Ceará and the micro-region of Cariri. Wa s co nducted a qualitative and quantitative analysis the data from collected in sites do Datasus and Notification Sys te m Dis e a ses (SINAN NET). In addition to these sources, papers and information provided hair Ministry of Health. During the analysis, was noted que the most affected for the MTBC are people do men (63%) living in the urban are a (91%), in between 20 and 39 year of age (44%). In Ceará, the MTBC casesare concentratedstation in Fortaleza, 89 o f the 97 notifications. The Cariri presented just a case since 2007 and it does not result in death. During the re s e arch can be verified that MTBC it is a disease of low incidence in Brazil, but that needs to be controlled thro ugh the TB fighting measures to ensure a good quality of life for the population. Keywords: Tuberculosis Meningeal. Tuberculosis. Quantitative analysis. 1 Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte - Estácio/FMJ
3 INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) geralmente atinge os pulmões, mas também pode afetar outros órgãos tais como rins, osso e o Sistema Nervoso Central (SNC). (BRASIL, Ministério da Saúde, 2009). No SNC, o Mycobacterium tuberculoses provoca uma infecção nas meninges, causando, assim, a Meningite Tuberculosa (MTBC). (BRASIL, (s.d.). Essa doença, em geral, é uma complicação precoce da TB primária, que frequentemente oco rre, nos primeiros 6 meses após a primo-infecção. Ela não é transmissível, a não ser que esteja associa da à TB pulmonar bacilífera, cuja transmissibilidade se mantém enquanto houver doença pulmonar ativa. (BRASIL, (s.d.). Em 2011, os casos de TB extrapulmonar no Brasil chegaram a quase 16% do total de casos de tuberculose e cerca de 6,3% deste (1,3% do total) foram MTBC. (CHERIAN & THOMAS, 2011). Como foi mostrado acima, o alto índice de MTBC em um determinado local pode estar relacionada a três aspectos. O primeiro é o índice de urbanização da região, já que uma das principais formas de transmissão se dá por via aérea através d o co ntato com o doente portador tanto dessa doença quanto da TB pulmonar bacilífera. O segundo fator é a situa ção socioeconômica da localidade, uma vez que é necessário um nível socioeconômico razoável para realizar adequadamente a prevenção dessa d o ença. O terceiro aspecto é a baixa cobertura da vacina BCG, pois ela reduz as formas graves da tuberculos e (BRASIL, 2010). A MTBC possui uma distribuição estritamente ligada as condições socioeconômicas, assim como a TB que é a precursora desse tipo de meningite e apresenta cerca de 95% dos casos em países subdesenvolvidos (RUFFINO-NETTO, 2002). O advento da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA em inglês: Acquired Immunodeficiency Syndrome - AIDS) nos países endêmicos para TB tem acarretado um aumento significativo no número de casos d e MTBC. (BRASIL, Ministério da Saúde, 2011). O risco de desenvolver essa doença é mais elevado nos primeiros anos de vida, mas é pouco comum nos menores de 6 meses. A incidência é baixa na idade escolar, voltando a se elevar na adolescência e início da idade adulta (BRASIL, (s.d). Apesar de ser uma das meningites de evolução mais lenta, é a que possui a mortalidade mais elevada, o tratamento menos eficaz e o maior número de sequelas (SANTOS, 2007). Exposta à problemática percebe-se a esca sse z de publicações científicas, em nível nacional, que abordem questões relativas a essa patologia. Informações acerca das características dos acometidos pela MTBC assim como, a distribuição d a doença por regiões, fundamentam as ações de saúde e a atuação médica. O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil das notificações dos casos de MTBC no Brasil, com foco no estado do Ceará e na microrregião do Cariri. MÉTODO Esse artigo se trata de um estudo descritivo, exploratório e documental com análise quantitativa dos dados. Foram analisadas as quantidades de casos notificados em todo o Brasil no período entre 2007 e Os dados foram coletados nos sites do Datasus e do Sistema de Notificação de Agravos (SINAN NET) e na Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte. Os parâmetros escolhidos para análise foram: raça, sexo, evolução da doença, faixa etária e zona de habitação. Além das fontes já citadas, foram consulta do s artigos científicos e informações fornecidas pelo Ministério da Saúde, com foco na análise ambiental e na forma de transmissão da doença
4 Gráfico 2: Frequência por sexo RESULTADOS/DISCUSSÃO Casos de MTBC por sexo De acordo com os dados coletados, entre 2007 e 2015, foram notificados 3024 casos de MTCB em todo o Brasil. O gráfico 1 apresenta a distribuição dos ca s os de Meningite Tuberculosa nas Regiões brasileiras. Por meio da análise dele, pode-se observar q ue há uma maior concentração dessa doença na região Sudeste, Masculino 63% Feminino Masculino Feminino 37% cerca de 1280 notificações (aproximadamente 42% dos casos verificados em todo o país). Em seguida aparece a região Sul, com 24% dos casos notificados (729 infectados). Casos de MTBC foram verificados em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Ambas as regiões apresentam um elevado grau de urbanização (IBGE, Censo demográfico, ) e, por isso, a MTBC é mais frequente nelas, já que as pessoas têm um contato maior, facilitando a transmissão da TB. Gráfico 1: Frequência de casos de MTBC por Re g iã o Fonte: Datasus ( ) O gráfico 3 apresenta a divisão de casos de MTBC por raça. Nele, pode-se verificar que os pardos e os brancos foram os mais afetados, ca d a um co m, respectivamente, 1128 e 1127 casos, somando, juntos, aproximadamente, 74,5% dos casos notificados. Gráfico 3: Frequência por raça Casos de MTBC por raça pesquisada Casos de MTBC por Região 3% 12% 24% 19% % Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste A partir da análise do gráfico 4, pode-se observar que a faixa etária mais acometida po r e s se De acordo com o gráfico 2, verifica-se a frequência de pessoas acometidas por sexo. Dos 3024 casos notificados, 1110 eram do sexo feminino (aproximadamente 37%), enquanto 1914 (cerda de 63%) eram do sexo masculino. tipo de Meningite é a de pessoas entre os 20 e o s 39 anos (1335 infectados). Em seguida estão os indivíduos entre 40 e 59 anos (909 casos). Em terceiro lugar, estão os indivíduos entre um e qua tro anos (161 notificações)
5 Gráfico 4: Frequência por faixa etária Casos de MTBC por Faixa Etária <1 ano >80anos O gráfico 6 expõe os dados coleta dos s ob re a evolução da doença. Observou-se que de todos os casos notificados em cerca de 63% deles a evo lução foi considerada alta, mas não resultou em morte do paciente. Aproximadamente 19% dos infectados faleceram por consequência da doença, já que, em relação aos outros tipos de meningite, ela possui o tratamento menos eficaz e causa maior número de sequelas (SANTOS, 2007). Gráfico 6: Evolução dos casos de MTBC Evolução dos casos de MTBC O gráfico 5 apresenta a zona de habitação d o s infectados. A partir da análise dele, pode-se verifica r que é na zona urbana onde a doença e m q ue s tão é mais frequente, compreendendo 91% dos casos. Essa alta concentração de casos dessa doença nessa z ona está diretamente relacionada a sua forma de transmissão que é por meio da TB pulmonar bacilífera (BRASIL, (s.d.) cuja forma de dispersão é aérea (BRASIL, 2011). Como na zona urbana o contato entre as pessoas é maior, a transmissão e, consequentemente, o número de notificações é elevado. Gráfico 5: Frequência por Zona de Habitação Casos de MTBC por Zona de Habitação 91% 4% 1% 4% Urbana Rural Periurbana 19% 12% No gráfico 7 estão expostas as formas de confirmação dos casos notificados de MTBC no Brasil. O método mais utilizado foi o quimiocitológico, que consiste na análise do líquor, com 1153 casos confirmados por esse método. O segundo crité rio d e confirmação mais usado foi o clínico, com 649 casos confirmados por ele. O método clínico é indicado quando o paciente apresentar TB e sinais de tuberculose com acometimento de pares cranianos. (BRASIL, 2003) 6% 63% Alto Óbito por meningite Óbito por outra causa
6 Gráfico 7: Critérios do Confirmação No período que está sendo analisado apenas quatro cidades cearenses apresentaram casos de MTBC: Fortaleza, Sobral, Saboeiro e Barbalha. Juntas, essas cidades somam cerca de 97 casos, conforme mostra o gráfico 8, tendo Fortaleza o maior número de casos confirmados no Ceará, podendo-s e atribuir este fato a alta urbanização desse município. Gráfico 8: Distribuição dos casos de MTBC no Ceará Barbalha Saboeiro Sobral Fortaleza Clínico 649 Quimiocitológico PRC-viral Cultura 328 Bacterioscopia Clinico-epidemiológico Outras técnicas Casos de MTBC por Município Cearense Dos casos notificados no Ceará apenas sete evoluíram a óbito por consequência da MTBC, ou 89 seja, 7% do total de notificações do estado. Diante disso, pode-se verificar que o Ceará ap resenta uma porcentagem de óbitos bem menor do que a do Brasil (19% dos casos morreram por conta da doença). Essa informação pode ser confirmada do no gráfico 9. Gráfico 9: Evolução dos casos de MTBC no Ceará. 7% Na região do Cariri, no sul do estado do Ceará, foi notificado apenas um caso em todo o período analisado. Em julho 2007, houve a notificação de uma criança parda com menos de um ano com MTBC na cidade de Barbalha. A evolução desse caso foi considerada alta, mas o caso não resultou em óbito. CONCLUSÃO Diante dos dados exibidos desse artigo, p o d e- se observar que a MTBC é uma doença de baixa incidência no Brasil. Entre 2007 e 2015 foram notificados 3024 casos dessa doença, um número relativamente pequeno diante do grande período estudado e do tamanho da população do país em questão. Evolução dos Casos de MTBC no Ceará 13% 4% 76% Alta Óbito por meningite Óbito por outra causa Embora tenha atingido uma pequena pa rte d a população brasileira, medidas de controle tanto da TB quanto da MTBC devem ser ampliadas, principalmente nas áreas mais pobres do Brasil, onde essas patologias ocorrem com mais frequência, já
7 que essa forma de meningite apresenta uma elevad a taxa de letalidade. O diagnóstico precoce dessa enfermidade é d e suma importância, uma vez que com um tratame nto adequado certas complicações acarretadas pelo avanço da doença podem ser prevenidas. A melhor forma de lidar com essa doença é curando os doentes, evitando assim a transmissão da doença. Esse artigo apresenta limitações, principalmente relativas a fonte de pesquisa, o Datasus, porque ele apresenta divergência s e m s e u banco de dados. Para análise da doença no e stad o do Ceará será adotado o valor de 89 casos d e MTBC em Fortaleza, já que este valor está na página de dados relativos ao referido estado, enquanto o o utro valor está na área do site que fala dessa d oença no Brasil. RUFFINO-NETTO, A. Tuberculose: a calamidade negligenciada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 35(1): 51-58, jan-fev, Santos, A. V. Meningites. Monografia do Curso de barcharel em Farmácia. Faculdades Metropolitanas Unidas. 72p. São Paulo REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. (s.d.). Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias, 8.ed.revista. BRASIL, Ministério da Saúde. (s.d.). Secretaria de Vigilância em Saúde. Fonte: Manual de Recomendações de Controle de Tuberculose no Brasil, Brasília,2011. BRASIL, Ministério da Saúde. (s.d.). Secretaria de Vigilância em Saúde. Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica 7.ed.Brasília,2009.p.8. BRASIL, Ministério da Saúde. (s.d.). Sociedade Brasileira de Infectologia. Fonte: hppt:// BRASIL, Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. (2003). Meningite. Manual de Instruções e Critérios de Confirmação e Classificação. CHERIAN, A.; THOMAS, S.V. Central nervous system tuberculosis. Afr Health Sci. 11(1): , Mar IBGE, Censo demográfico Até 1970 dados extraídos de: Estatísticas do século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007 no Anuário Estatístico do Brasil, 1981, vol. 42, (s.d.)
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