SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA PARAÍBA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

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1 SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA PARAÍBA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA EPIDEMIOLOGICAL SITUATION OF VISCERAL LEISHMANIASIS IN PARAÍBA: A PUBLIC HEALTH QUESTION Suzanna Cavalcante LINS 1, Emmanuel de Assis CUNHA 2, Raizza Barros Sousa SILVA 3, Sylvanna Cavalcante Lins OLIVEIRA 4 e Adriana Cunha de Oliveira ASSIS 5 1 Médica Veterinária do Município de Sousa-PB, pela Universidade Federal de Campina Grande, suzanna.lins@bol.com.br 2 Médico Veterinário do Município de Parelhas-RN, pela Universidade Federal de Campina Grande. 3 Médica Veterinária, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Campina Grande. 4 Enfermeira do Município de Patos-PB, pela Faculdades Integradas de Patos. 5 Médica Veterinária do Município de Sousa-PB, pela Universidade Federal de Campina Grande. Resumo: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa e crônica, considerada uma antropozoonose que pode acometer o homem quando este entra em contato com o ciclo de transmissão do protozoário Leishmania através do mosquito flébótomo. É considerada uma das seis mais importantes zoonoses no Brasil, e o cão (Canis lupus familiaris) é o principal reservatório urbano, servindo como fonte de infecção para o homem. Acredita-se que o costume de ter cães e outros animais no interior das residências facilita a infecção humana. O objetivo desde trabalho foi realizar um levantamento da quantidade de casos e óbitos por leishmaniose visceral humana (LVH) na Paraíba, no ano de 2015, dos usuários do Sistema Único de Saúde - SUS. A LVH pode variar desde manifestações clínicas discretas até casos graves, que, se não tratada, evolui para o óbito. Este trabalho foi realizado através de buscas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). Foram notificados 47 casos confirmados de LVH, com sete óbitos por essa doença no ano de 2015, no estado da Paraíba. Dos casos de LVH, 25 eram de pessoas residentes na zona urbana, com quatro óbitos também de residentes na zona urbana. Conclui-se que está havendo uma urbanização da LV, aumentando a importância o cão como fonte de infecção. E ressalta a necessidade de informar à Anais do 38º CBA, p.0516

2 população, com campanhas educativas, sobre as formas de prevenção e controle desta doença para que se evitem novos casos e óbitos. Palavras-chave: Calazar. Paraíba. Zoonose Keywords: Kala-azar. Paraíba. Zoonosis Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa e crônica, considerada uma antropozoonose que pode acometer o homem quando este entra em contato com o ciclo de transmissão do protozoário Leishmania através do flébótomo, popularmente conhecido por mosquito-palha (BRASIL, 2010; CRIVELLENTI e BORIN-CRIVELLENTI, 2012; BRASIL, 2014). O cão é a principal fonte de infecção na zona urbana, tendo grande importância na epidemiologia da doença (BRASIL, 2010). Além do que, a prevalência da doença é maior no cão que no homem, os casos caninos precedem o dos humanos e os cães apresentam altos índices de parasitismo subcutâneo com elevada infectividade ao vetor. (TRONCARELLI et al., 2012) No Brasil, a Leishmania chagasi (syn. L. infantum) é a espécie que infecta o homem, o cão e outras espécies de animais, sendo considerada uma das seis mais importantes zoonoses encontradas no Brasil (BRASIL, 2014). Acredita-se que o costume de ter cães e outros animais no interior das residências facilita a infecção humana (WHO, 2016). A LV em humanos pode variar desde manifestações clínicas discretas até as graves, e quando não tratadas, podem levar o paciente a óbito (WHO, 2016). O diagnóstico clínico da LV em humanos deve ser suspeitado quando o paciente apresentar: febre e esplenomegalia associado ou não à hepatomegalia (BRASIL, 2010). O Ministério da Saúde sugere algumas medidas preventivas que podem ser tomadas pela população, assim como: uso de mosquiteiros com malha fina, telagem de portas e janelas, uso de repelentes, não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente pode ser encontrado. Com isso, o objetivo desde trabalho foi buscar a quantidade de casos e de óbitos notificados e confirmados por leishmaniose visceral humana (LVH) dos usuários do Sistema Único de Saúde - SUS na Paraíba, no ano de Anais do 38º CBA, p.0517

3 Metodologia e Métodos: A pesquisa foi do tipo descritiva e os dados foram consultados através de buscas no portal DATASUS, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), um banco de dados online mantido pelo Ministério da Saúde. Foram selecionados os itens Leishmaniose Visceral, no campo Doenças e Agravos de Notificação, e o estado Paraíba, no campo Abrangência geográfica. Posteriormente, foram selecionados: ano de 2015, Zona de Residência (zona urbana e rural) e Evolução do quadro clínico. Em seguida, selecionou Mostra, para visualizar os casos. Resultados e Discussão: Foram confirmados 47 (quarenta e sete) casos de usuários do SUS com leishmaniose visceral em todo estado da Paraíba no ano de Desses, 25 eram residentes da zona urbana, 20 da zona rural e dois não possuíam essa informação (dado ignorado). Confirmou-se sete casos de óbitos pela mesma doença através das notificações do SINAN/DATASUS no ano de 2015, no estado da Paraíba. Sendo, quatro óbitos de pacientes residentes na zona urbana e três, da zona rural. Trinta e um pacientes evoluíram para a cura e 9 tiveram a evolução ignorada (dado não preenchido). A LVH possui tratamento eficiente. Quando, no entanto, não tratada adequadamente, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos (BRASIL, 2016). A leishmaniose visceral está sofrendo um constante processo de urbanização mundial, tornando-a um crescente problema de saúde pública (WHO, 2002). Esse fenômeno pôde ser observado no presente estudo, em que os casos de LV e os óbitos foram maior na zona urbana. Algumas das possíveis causas são: a migração de seres humanos e de seus animais de estimação da zona rural para a cidade, o desmatamento, a ocupação desordenada, as condições de vida precárias e a capacidade de adaptação do vetor (WHO, 2002; COSTA, 2008; MAIA-ELKHOURY et al., 2008). Pode-se observar que o coeficiente de morbidade é pequeno, tendo em vista que o estado da Paraíba tem 223 municípios, com estimativa de Anais do 38º CBA, p.0518

4 habitantes no ano de 2015 (IBGE, 2016) e apenas 47 pessoas apresentaram a doença. O coeficiente de letalidade, no entanto, é considerável, 14,9%. Índice bem superior à média de todo Nordeste (7,3%) e à média nacional (7,8%), segundo dados do Portal Saúde, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016). Conclusão: Conclui-se que a urbanização da LV está ocorrendo também na Paraíba, aumentando mais ainda a importância do cão como fonte de infecção e, associado ao alto número de óbitos, ressalta a importância das campanhas educativas, sobre as formas de prevenção e controle desta doença, para que se evitem novos casos. Referências: BRASIL. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. 8ª edição revisada. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, BRASIL. Manual de vigilância da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. 1ª edição, 5ª reimpressão. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, BRASIL. Portal Saúde. Letalidade de Leishmaniose Visceral. [Capturado em 19 dez. 2016]. COSTA, C. H. N. Characterization and speculations on the urbanization of visceral leishmaniasis in Brazil. Cad. Saúde Pública, v.24, n.12, p , CRIVELLENTI, L. Z.; BORIN-CRIVELLENTI, S. Casos de rotina em Medicina Veterinária de pequenos animais. São Paulo: Editora MedVet, p. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível: [Capturado em 02 ago. 2016]. MAIA-ELKHOURYA, N. S.; ALVESW, A.; SOUSA-GOMES, M. L. et al. Visceral leishmaniasis in Brazil: trends and challenges.cad. Saúde Pública. v.24 n.12, p , 2008 Anais do 38º CBA, p.0519

5 TRONCARELLI, M. Z, CARNEIRO, D.M. V. F., LANGONI, H. Visceral Leishmaniasis: An old disease with continuos impact on public health In: Lorenzo-Morales J. Zoonosis. InTech. p , WHO-World Health Organization Urbanization: an increasing risk factor for leishmaniasis. Weekly epidemiological record. v.44, n.77, p , 2002.Disponível: [Capturado em 12 Set. 2016]. WHO-World Health Organization Leishmaniasis. Disponível: [Capturado em 02 ago. 2016]. Anais do 38º CBA, p.0520