Investigação de Surtos e Epidemias
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- Manuella Marreiro Quintanilha
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1 Investigação de Surtos e Epidemias Introdução O principal objetivo da investigação de uma epidemia ou surto de determinada doença infecciosa é identificar formas de interromper a transmissão e prevenir a ocorrência de novos casos. É importante, também, avaliar se o caso em questão se trata de uma alteração do padrão epidemiológico esperado ou se é um evento esperado para aquela época do ano, lugar e população. É essencial a detecção precoce de epidemias e surtos, para que medidas de controle sejam adotadas oportunamente, prevenindo óbitos. Além disso, também há importância na detecção de novos agentes, doenças e para promoção de novos tratamentos, ampliando assim o conhecimento acerca de determinada doença. O conceito de epidemia é definido como uma elevação do numero de casos de uma doença em determinado lugar e período de tempo sendo um excesso à frequência esperada. Por outro lado, surto é definido como um tipo de epidemia em que os casos sãos restritos a uma área geográfica especifica, sendo geralmente pequena e bem delimitada (escola, creches, quartéis etc). Roteiro de Investigação de Epidemias e Surtos Etapa 1 Confirmação do diagnóstico da doença Inicialmente é necessário verificar se a suspeita enquadra-se na definição de caso suspeito ou confirmado da doença. No inicio da investigação abrange-se os casos confirmados e prováveis (aumentando assim a sensibilidade), afim de facilitar a identificação, extensão do problema e grupos mais atingidos. Quando as hipóteses diagnósticas forem mais claras, usa-se apenas os casos confirmados.
2 De acordo com a suspeita, um plano diagnóstico deve ser definido de forma a orientar a coleta de material para exames laboratoriais (fezes, sangue, liquor) ou causas ambientais (agua, vetores). Etapa 2 Confirmação da existência de epidemia ou surto Essa etapa envolve o estabelecimento do diagnóstico da doença e do estado epidêmico. Este ultimo é um dado dinâmico pois ele é orientado pela ocorrência de um número infrequente de casos em dado lugar e momento. Fundamentalmente, é necessário conhecer a frequência habitual de tal enfermidade em tal local e época para, assim então, considerar uma frequência alterada. A confirmação da existência, se faz, portanto, pela comparação entre coeficientes de incidência da doença no momento do evento e durante outros períodos. Cabe lembrar que alguns fatores podem falsear a confirmação de uma epidemia, fazendo com que os casos aumentem de forma falaciosa. São exemplos: 1. Mudanças na nomenclatura da doença; 2. Alteração no conhecimento da doença que resulte no aumento da sensibilidade diagnóstica; 3. Melhoria no sistema de notificação 4. Variação sazonal natural do local do evento 5. Implementação de sistema de saúde que leve a um aumento da sensibilidade de detecção de casos. Etapa 3 Caracterização da epidemia Deve-se ter informações para responder perguntas básicas relativas ao tempo, lugar e grupo populacional. 1. Tempo: Qual o período de duração da epidemia? Qual período provável de exposição? 2. Lugar: Qual distribuição geográfica predominante? É restrito a um lugar especifico (residência, escola etc)?
3 3. Grupo populacional: Quais os grupos etários e sexo mais atingidos? Quais faixas etárias e sexo possuem maior risco de adoecer? Há características típicas da população afetada que os diferem das demais populações? Etapa 4 Formulação de hipóteses preliminares Ao se ter conhecimento das informações relativa às pessoas, tempo, lugar e curva epidêmica pode ser formulada hipóteses provisórias. Essas necessariamente devem ser testáveis. A curva epidêmica permite uma série de conclusões como: 1. Se a disseminação se deu por um veículo comum, se foi por pessoa a pessoa ou por ambos. 2. Provável período de exposição 3. Período de incubação 4. Provável agente causal Com essa curva também é possível analisar se o período de exposição foi curto ou longo, se a epidemia está em ascensão ou declínio, se há períodos de remissão etc. As hipóteses formuladas devem determinar a fonte de infecção, período de exposição, modo de transmissão, população de risco e agente etiológico. Ela é comprovada quando a taxa de ataque para expostos é maior do que para não expostos de forma estatisticamente significante e quando nenhum outro modo de transmissão pode determinar a ocorrência desses casos. Etapa 5 Análises parciais Nessa etapa consolida-se os dados disponíveis; Realiza-se análise preliminares dos dados clínicos e epidemiológicos; Identifica-se informações adicionais necessárias à elucidação. Etapa 6 Busca ativa de casos Objetiva-se reconhecer e investigar casos similares no espaço geográfico onde houver suspeita da existência de contatos e/ou fonte de contágio ativa. Etapa 7 Busca de dados adicionais
4 Constitui uma investigação mais minuciosa dos casos, fortalecendo e esclarecendo as hipóteses iniciais. Etapa 8 Análise final Cria-se tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxo de pacientes. São importantes para consolidar os dados e permitirá uma visão global do evento. Cabe lembrar que é importante, além de avaliar a incidência da doença, considerar a sua letalidade e mortalidade. Caso ainda não haja conclusão definitiva sobre o mecanismo do evento, deve-se realizar uma pesquisa epidemiológica em busca de associações ou testar as hipóteses que foram previamente levantadas. Etapa 9 Medidas de controle Após confirmada a hipótese, recomendam-se medidas de controle para todos os profissionais de saúde. Lembremos que o controle das doenças é o objetivo primordial da maioria das investigações. Etapa 10 Relatório final Todos os dados previamente coletados e confirmados são associados em um único documento com suas respectivas conclusões e recomendações. A ultima etapa é a divulgação dos produtos resultantes da investigação epidemiológica. Esqueça Tudo Menos Isto!! 1. O principal objetivo da investigação de surtos e epidemias é a interrupção da transmissão e desenvolvimento de prevenção. 2. São compostas 10 etapas para todo o estudo da uma epidemia ou surto 3. É necessário realizar um diagnóstico, definir como surto ou epidemia, formular hipóteses que concorram para o evento, realizar análise parcial do caso, busca
5 ativa de novas informações, análise final do processo e compor medidas de controle da epidemia.
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