MERITÍSSIMO JUIZ DO JUÍZO CÍVEL DA COMARCA DE UBERABA-MG

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1 MERITÍSSIMO JUIZ DO JUÍZO CÍVEL DA COMARCA DE UBERABA-MG Petição Inicial ALEXANDRE xxxxxx, brasileiro, solteiro, engenheiro civil, CPF xxxxx, domiciliado neste Município de Uberaba/MG, na Avenida xxxxx,, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu procurador, propor a presente MEDIDA CAUTELAR INOMINADA em desfavor da pessoa jurídica, a instituição financeira BANCO DO BRASIL S.A., (qualificar), pelos seguintes fatos e fundamentos: I. DOS FATOS O autor é correntista do réu, como se observa nos documentos em anexo, onde firmaram contrato de conta corrente, cheque especial (documento anexo). Tudo transcorria normalmente, até que o requerido, sem qualquer aviso ao requerente, no mês de fevereiro de 2010, cancelou seu cheque especial, e lançou seu nome junto ao SERASA pelo valor de R$5.012,33, valor esse que poderia ser coberto, com sobras, pelo cheque especial cancelado, sem aviso (documentos em anexo). Discorrer de forma completa sobre os fatos ocorridos. Com efeito, própria e oportuna a presente medida cautelar, a fim de fazer cessar a inscrição do nome do autor no rol dos inadimplentes, por um débito ilícito e não previsto no contrato. II. DA PRETENSÃO PRINCIPAL O requerente informa que, a tempo e modo, proporá ação declaratória de revisão de lançamentos em conta corrente, cumulada com pedido de restituição dos pagamentos indevidos e ainda a compensação por danos morais, em virtude das condutas ilícitas e ilegais praticadas pelo réu, não previstas no contrato, como alhures explicado. 1

2 III. DO FUMUS BONI IURIS Em razão do desrespeito às cláusulas 1 e 30 do contrato em anexo, desrespeito esse praticado pelo réu, tem o autor direito à revisão de seu contrato e a compensação pelos danos morais sofridos, uma vez que ele, réu, cobrou e está cobrando encargos não postos no contrato, bem como encerrou seu cheque especial, sem qualquer aviso. Trata-se assim o presente caso da hipótese posta na primeira parte do artigo 798 do Código de Processo Civil onde ela autoriza a suspensão da inscrição do nome do autor no SERASA, em razão do notório prejuízo que já está sofrendo o autor pela restrição creditícia inscrita por um débito que indevido. Patente assim a aparência do direito, in casu. A eminente processualista Tereza Arruda Alvim, assim ensina: Tem o processo cautelar o objetivo de garantir a eficácia mais perfeita e completa possível da tutela jurisdicional de conhecimento ou de execução. 1 O Ilustre ex-desembargador deste Triângulo Mineiro, Humberto Theodoro Júnior, assim dispõe: Se, à primeira vista, conta a parte com a possibilidade de exercer o direito de ação e se o fato narrado, em tese, lhe assegura provimento de mérito favorável, presente se acha o fumus boni iuris, em grau suficiente para autorizar a proteção das medidas preventivas. 2 Logo, o requerente é parte legítima para propositura da presente cautelar e principal, tendo notória possibilidade de sair vencedor na ação principal, uma vez que o que está se cobrando, não foi pactuado no contrato firmado pelas partes. Desta forma, provado está o fumus boni iuris. IV. DO PERICULUM IN MORA Ensina-nos o professor Humberto Theodoro Júnior: O perigo de dano refere-se, portanto, ao interesse processual em obter uma justa composição do litígio, seja em favor de uma ou de 1 ALVIM, Tereza Arruda. apud Arruda Alvim e Nelson Luiz Pinto - in Repertório de Jurisprudência e Doutrina sobre Processo Cautelar, 1991, pág. 09, RT 2 Theodoro Júnior, HUMBERTO. in Curso de Direito Processual Civil, Vol. II, pág. 367, 11ª Ed., Forense 2

3 outra parte, o que não poderá ser alcançado caso concretize o dano temido. 3 Quanto ao periculum in mora ele está cabalmente demonstrado, pois há dúvida sobre a certeza do débito lançado como de responsabilidade do autor, ante a não previsão contratual dos encargos, em especial, a taxa de juros mensais, e, ainda a notoriedade do prejuízo da parte inscrita nos órgãos de proteção ao crédito, já que a restrição obstaculiza o acesso a crédito em qualquer lugar. Assim a urgência do deferimento da liminar na presente medida cautelar busca a exclusão do nome do autor do SERASA até a decisão final do processo principal, tendo em vista as provas carreadas, o que, leva-nos a certeza de uma conduta ilegal e abusiva, por parte do réu. Esta pois, a lição de Pedro Vieira Mota 4 a nos esclarecer dos prejuízos que causa ás pessoas de bem, quando da restrição creditícia: A repercussão do protesto de um título em nossos dias atuais, quando se cultua o mito da proteção ao crédito, traz para o apontado devedor as mais sérias restrições. Já não atinge apenas sob o aspecto moral, mas, fechando-se-lhes as carteiras de crédito, seu nome é incluído no rol dos maus pagadores, dando às associações comerciais amplo curso à notícia para resguardo de seus associados; a rede bancária e as financiadoras não operam com essas pessoas cujos nomes foram divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito. Vê-se, pois, que na prática são muitos mais amplas as conseqüências do protesto. Poderá levar à ruína econômica aquele que for assim publicamente apontado como devedor impontual. A construção do direito pretoriano, incluindo a sustação de protesto entre as medidas cautelares, teve como mero objetivo evitar a repercussão negativa de um protesto, quando o devedor apresentasse fundadas razões para não pagar. Não fosse essa providência, qualquer um ficaria sujeito ao protesto, ainda que o título não tivesse causa, pois, não só por falta de pagamento, como também, por falta de aceite pode a cambial ser protestada. Ora, no caso em hipótese a inscrição do nome do autor no rol dos maus pagadores é ilegal e abusiva, já que não há previsão 3 Op. Cit., pág. 367, in fine 4 MOTA, Pedro Vieira. Sustação de Protesto Cambial. p ª. ed. Saraiva. 3

4 contratual, tornando-se ilegal a inscrição de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito por um débito em discussão judicial, já que lhe retira a certeza de sua existência. Evidentes assim os prejuízos, ante a existência da inscrição do nome do requerente junto ao SERASA, podendo acarretar a ele dissabores sem limites, pois além do patrimônio jurídico, moral e econômico estará ameaçado de sofrer danos irreparáveis ao seu conceito profissional e creditício, uma vez que exerce profissão comercial. A jurisprudência corrobora a tese esposada: CAUTELAR - CONTRATUAL - INSCRIÇÃO EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - Não cabe conceder antecipação de tutela ou medida cautelar para impedir a inscrição do nome do devedor no SERASA e nem para impedir protesto de títulos (promissórias), salvo quando referindo-se a demanda apenas sobre parte do débito, deposite o devedor o valor relativo ao montante incontroverso, ou preste caução idônea, ao prudente arbítrio do juiz (RESP RS). (TRF 4ª R. - AC ª T. - Relª Desª Fed. Vânia Hack de Almeida - DJU ) AÇÃO ORDINÁRIA - EFEITOS DA MORA - SUSPENSÃO - ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - EXECUÇÃO DA DÍVIDA - Segundo precedentes do STJ, nas causas de revisão de contrato, por abusividade de suas cláusulas, não cabe conceder antecipação de tutela ou medida cautelar para impedir a inscrição do nome do devedor no SERASA e nem para impedir protesto de títulos (promissórias), salvo quando referindo-se a demanda apenas sobre parte do débito, deposite o devedor o valor relativo ao montante incontroverso, ou preste caução idônea, ao prudente arbítrio do juiz. (TRF 4ª R. - AI ª T. - Relª Juíza Fed. Vânia Hack de Almeida - DJU p. 664). Logo, indiscutível os requisitos aptos a legitimar a concessão da cautelar pleiteada, suspendendo, até decisão final da ação principal, a inscrição do nome do autor junto aos órgãos de proteção ao crédito pelo débito, ora discutido, como visto. V. DA CAUÇÃO Demonstrando boa-fé processual, o autor, oferece em caução, através de depósito judicial, o valor do débito lançado no rol dos maus pagadores (documento anexo), estando tal numerário à disposição do juízo. VI. DOS PEDIDOS Em face do exposto, requer a Vossa Excelência: a) receber o depósito judicial em anexo, como caução, para os devidos fins de direito; 4

5 b) conceder liminarmente, inaudita altera parte, a presente medida, ex vi artigo 804 do Código de processo Civil, determinando a expedição de oficio ao SERASA, a fim de retirar o nome do autor de seus cadastros, pelo débito ora em discussão, até ulterior decisão judicial; c) a citação do requerido, no endereço já declinado, para, querendo, apresentar defesa, no prazo legal, pena de revelia, prosseguindo nos ulteriores atos, até decisão final da presente medida; d) ao final, seja julgado procedente o presente pedido, deferindo a retirada da inscrição do nome do requerente nos cadastros dos inadimplentes, mantendo a liminar, de forma definitiva, até julgamento final do processo principal, com seu trânsito em julgado; e) a condenação do requerido no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, caso haja resistência ao presente pedido. Prova o alegado pelos documentos em anexo. Dá-se a presente o valor de R$5.013,00. Termos em que, pede Deferimento. Uberaba/MG, Pp. ADVOGADO OAB/MG 5