BEMEC BETIM MECÂNICA INDUSTRIAL LTDA., HARPA FACTORING SOCIEDADE DE FOMENTO MERCANTIL LTDA. OS MESMOS
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- Cláudio Sabala Stachinski
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1 APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE TÍTULO C/C SUSTAÇÃO DE PROTESTO. NOTA PROMISSÓRIA GARANTIDORA DE DÍVIDA COM EMPRESA DE FACTORING. ALEGAÇÃO DE ABUSIVIDADE DE COBRANÇA DE JUROS. NÃO- OCORRÊNCIA DE PROVA. HONORÁRIOS. VALOR QUE DEVE SER FIXADO NO PERCENTUAL MÍNIMO DE 10% SOBRE O VERO VALOR DA CAUSA, QUE É O VALOR DO TÍTULO EM DISCUSSÃO. Não há falar em nulidade de título cambial garantidor de dívida com empresa de factoring, por abusividade de cobrança de juros, porque não houve prova em tal sentido. Julgada improcedente a ação, os honorários devidos devem ser fixados num percentual mínimo de 10% sobre o vero valor da causa, nos termos do art. 20, 4º do CPC, que, no caso de ação de nulidade de título cambial, é o valor deste. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível Nº /001 da Comarca de BELO HORIZONTE, sendo Apelante (s): BEMEC BETIM MECÂNICA INDUSTRIAL LTDA., Apelante Adesivo (a) (os) (as): HARPA FACTORING SOCIEDADE DE FOMENTO MERCANTIL LTDA. e Apelado (a) (os) (as): OS MESMOS, ACORDA, em Turma, a Décima Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO PRINCIPAL E DAR PARCIAL PROVIMENTO À ADESIVA. Presidiu o julgamento a Desembargadora MÁRCIA DE PAOLI BALBINO (Revisora) e dele participaram os Desembargadores LUCIANO PINTO (Relator) e IRMAR FERREIRA CAMPOS (Vogal).
2 -2- O voto proferido pelo Desembargador Relator foi acompanhado, na íntegra, pelos demais componentes da Turma Julgadora. Belo Horizonte, 20 de janeiro de DESEMBARGADOR LUCIANO PINTO Relator
3 -3- V O T O O SR. DESEMBARGADOR LUCIANO PINTO: BEMEC Betim Mecânica Industrial Ltda ajuizou ação de declaração de nulidade de título de crédito contra Harpa Factoring Sociedade de Fomento Mercantil Ltda. Em apenso, constam os autos da cautelar de sustação de protesto ajuizada pela mesma autora contra a mesma ré, onde a sustação não chegou a se efetivar. Na ação declaratória, narra a autora ter encetado vários negócios com a ré, de faturização, razão pela qual lhe foi exigida a emissão de notas promissórias em branco para a garantia do pagamento. Daí a existência da presente nota promissória no valor de R$23.000,76, que, segundo disse, seria indevido, assim como seu protesto. Assinalou que o título era ilegal porque seu valor continha juros e encargos abusivos, que seriam provados no curso do feito. Assim, negando o direito da ré em cobrar a dívida e de levar a protesto o título, pediu o provimento da ação com a declaração de inexigibilidade da nota promissória bem assim a sua nulidade. A ré contestou às f. 43/47, onde nega qualquer abusividade no valor do título e que nos contratos de factorização existe o fator de risco que enseja a cobrança de juros.
4 -4- Em síntese, disse que a cambial estaria revestida dos requisitos necessários à sua validade e que o seu protesto era legítimo. Pediu a improcedência da ação. Não foi realizada prova pericial. Sobreveio sentença às f. 129/131, que julgou improcedentes tanto a cautelar quanto a declaratória, ao fundamento de que não foi provada qualquer ilegalidade no título e nem abusividade de seu valor. Condenou a autora em custas processuais e honorários advocatícios no valor de R$1.600,00. Daí o recurso da autora, às f. 132/138. O recurso repete os mesmos argumentos da inicial e acrescenta que a própria apelada teria confessado em sua contestação que o título continha valor relativo a juros e, nesse passo, haveria irregularidade de sua cobrança porque não havia previsão contratual no sentido de que tais juros seriam cobrados e nem a taxa aplicada. Acrescenta que... não houve a necessária prestação de contas para apuração de eventual saldo devedor, em completa afronta à Súmula 60 do STJ. sentença. Com tais razões, pede a reforma da A ré apelou adesivamente à f. 144/150, buscando a reforma da sentença no tópico da condenação dos honorários advocatícios, fixados em R$1.600,00.
5 -5- Disse que não houve condenação em separado para cada ação e que o montante de R$1.600,00 não pode corresponder à condenação nas duas ações porque, em assim sendo, levando-se em conta o valor do título R$23.000,76 aquele montante não corresponderia nem a 7% deste, de modo que em cada ação a condenação em honorários estaria restrita a 3,5% do valor da causa. Assim, em resumo, pediu a reforma da sentença para que em cada ação, cautelar e declaratória, houvesse condenação da apelada no pagamento de honorários advocatícios no percentual de 20% sobre o valor do título. Ambas as partes apresentaram contrarazões. DA APELAÇÃO PRINCIPAL (AUTORA) O recurso é próprio, tempestivo e preparado, por isso que dele conheço. Não tem razão a apelante. Em primeiro lugar, é de assinalar que a apelante nem sequer atacou os fundamentos da sentença, cingindo-se a repetir os mesmos argumentos da sua inicial o que, de si já importaria em não conhecimento do seu recurso. Não obstante, acrescenta ter a ré confessado a cobrança de juros, sem ter demonstrado, através de prestação de contas, a legalidade das taxas aplicadas e disse ainda que não havia contrato que os previsse.
6 -6- do STJ. Pediu também a aplicação da Súmula 60 Ora, em relação à alegada confissão de cobrança de juros, bem de ver que a apelada disse, na verdade, foi que a abusividade de cobrança de juros não foi demonstrada (f. 44), afirmação essa que não permite qualquer inferência acerca de confissão. Esse é o núcleo da questão. A alegada abusividade de cobrança de juros pela apelada cabia à apelante provar e disso ela não se desincumbiu, tornando inconsistentes tais alegações. Assim, por absoluta inexistência de prova concreta, não é possível acolher a tese de nulidade do título por cobrança abusiva de juros. Sobre a alegação de aplicação da Súmula 60 do STJ, assinalo que ela em nada se aplica ao caso dos autos, já que a própria apelante assumiu ter encetado o negócio com a apelada que gerou a nota promissória ora em discussão. Isto posto, também não tem razão a apelante em tal sentido. recurso. Com tais razões, nego provimento ao DA APELAÇÃO ADESIVA (DA RÉ) O recurso é próprio, tempestivo e preparado, por isso que dele conheço. apelante. A meu sentir, tem parcial razão a
7 -7- Quando a sentença condenou a apelada no pagamento de honorários de R$1.600,00, mesmo sem ter esclarecido sobre se neles estavam incluídas as verbas do processo cautelar, a meu sentir tal verba se restringe à ação principal, porque na cautelar a ora apelante não chegou a ser citada e nem houve manifestação de sua parte. Destarte, os honorários de R$1.600,00 realmente correspondem a 7% do valor da presente ação declaratória, porque apenas sobre ela os advogados da apelante fazem jus a honorários. Não obstante, o art. 20, 4º, do CPC, estabelece que os honorários serão estabelecidos eqüitativamente, levando-se em consideração o zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, o trabalho realizado e a importância da causa. Assim, levando em conta o labor dos advogados da apelante nesta ação principal, fixo o percentual de seus honorários em 15% sobre o vero valor da causa, que é o da nota promissória em discussão. Com tais razões, dou parcial provimento à apelação adesiva e reformo a sentença no tópico da condenação dos honorários, alterando-os para o percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor do título em discussão, restringindo a verba a este processo principal. DESEMBARGADOR LUCIANO PINTO em
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