EDIFICAÇÕES DE VALOR HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO E MEIO AMBIENTE

Transcrição

1 CAPÍTULO 3

2 Comentários EDIFICAÇÕES DE VALOR HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO E MEIO AMBIENTE Existem vários prédios de valor histórico. Os de natureza institucional ou pública têm maiores chances de serem preservados. O maior problema reside na preservação de bens imóveis privados. É preciso que as leis de preservação não tragam somente desvantagens ao proprietário, imobilize seu capital em um região valorizada da cidade. Em São José do Rio Pardo existem quatro bens imóveis tombados: 1 Cabana de Euclides da Cunha, federal. 2 Casa de Cultura Euclides da Cunha, estadual. 3 Ponte metálica de Euclides, estadual. 4 Antiga Casa de Câmara e Cadeia, municipal. Não há nenhum bem privado tombado. Há dois aspectos a serem analisados: 1º A região em torno de um bem tombado, quando este restringe as intervenções nos prédios e terrenos situados em seus arredores. 2 º Quando o próprio prédio é tombado. No primeiro caso, é preciso que na área envoltória do bem tombado (pelo menos num raio de 150 m), haja restrições de intervenção: 1 Quanto ao gabarito da edificação. 2 Quanto aos recuos em relação ao terreno. 3 Para que a obra construída não seja um obstáculo visual ao bem tombado. No segundo, é preciso que o proprietário tenha algumas vantagens em ter um bem tombado: 1 Redução ou isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 2 Em caso de restauração ou melhorias na qualidade do prédio tombado, incentivos por parte do poder público através de: a) Redução ou isenção de taxas. b) Repasse de verbas doadas por empresas para aplicações na área de cultura. Neste caso, o órgão competente (IPHAN, CONDEPHAAT, Conselho Municipal de Preservação), através de técnicos especializados, analisariam e cobririam, pelo menos parcialmente, os gastos do proprietário com a restauração ou manutenção do bem tombado. c) Em caso de, além do tombamento, haver desapropriação, fazer permuta de terreno ou outro prédio, de valor equivalente. A maioria dos bens imóveis de valor histórico e arquitetônico na cidade tem as seguintes características: 1 Predomina o estilo neoclássico e eclético (com ênfase ao neoclássico) nas fachadas. 21

3 2 São construídas com tijolos, rebocadas e cobertas com telhas francesas. 3 Ocorrem principalmente na zona central. No município, as sedes de fazendas são interessantes exemplos arquitetônicos a serem preservados. Algumas das sedes são contermporâneas ou anteriores à fundação das cidade. O maior problema destes exemplos são as intervenções dos proprietários, que buscam, através das reformas, adaptar o antigo programa às necessidades modernas. O fenômeno que ocorre hoje é a maioria dos proprietários residir com suas famílias nas próprias sedes das fazendas, não tendo outra residência na cidade. Pode-se considerar que eles continuam a ser o homem metade rural metade urbano, no dizer de Luís Saia, mas com características diferentes. A facilidade dos meios de comunicação (estradas, telefone) e outras vantagens como estar perto do local de trabalho, fazem com que o proprietário opte por morar em sua fazenda, transformando a área em torno da sede em recanto de lazer, com barracões para churrasqueira, piscina, jardins, como a uma chácara. Este fenômeno faz com que o proprietário adapte a sede com redivisões dos cômodos, banheiros novos ou acréscimos, embora guarde, na maioria das vezes, o aspecto externo original. Mesmo aqueles que têm residência na cidade acabam por intervir de maneira semelhante (mas menos intensa) à dos que residem apenas na fazenda. A maioria dos bens imóveis de valor histórico e arquitetônico na zona rural tem as seguintes características: 1 Predominam as sedes de fazendas, podendo haver uma outra construção (tulha, igreja, estação ferroviária0. 2 São construídas com tijolos e pau-a-pique. 3 Cobertura, com beirais e alpendres, com telhas capa e canal. As propostas de preservação para um bem imóvel na rural deveriam seguir o seguinte método: 1 Levantamento arquitetônico. 2 Pesquisas para desenho de plantas e fachadas da época em que foi construída a edificação (no caso de ter sofrido modificações). 3 O proprietário, antes de fazer qualquer intervenção, deverá procurar o órgão competente, para consultar e expor as suas necessidades de adaptação ao prédio. 4 Procurar manter ao máximo o aspecto externo da edificação. 5 Em casos de descaracterização ou acréscimos que agrediram muito o prédio, resgatar, baseado em pesquisa, os aspectos originais, principalmente quanto às fachadas e ao volume. 6 Restringir, num raio de 100 m, construções que possam interferir no visual do bem imóvel. Quanto às áreas verdes, há muitas a serem preservadas, principalmente a região ribeirinha do rio Pardo, que corta a cidade. O rio Pardo e suas margens devem servir como área ecológica e de lazer, principalmente no espaço compreendido entre a Ilha São Pedro e a Ponte Nova. Neste espaço devem ser instalados equipamentos urbanos que 22

4 não agridam o meio ambiente e atraiam a população, tais como parque infantil, pista de pedestrianismo, bancos, anfiteatro, para citar alguns exemplos. O essencial para que qualquer conjunto de leis garanta a preservação de bens imóveis é que ele seja incorporado ao plano diretor da cidade, tornando-se mais um aspecto ordenador do espaço urbano, ao lado de zoneamento, limitação de gabarito, recuos, taxa de ocupação e outros. Na figura 2 podemos observar alguns bens imóveis a serem preservados, com dados fornecidos pela arquiteta Rosana Soares Bertocco Parisi. Para a coordenação de um trabalho deste tipo, é necessário um órgão especializado dentro da própria Prefeitura, um Departamento de Planejamento Urbano. Todos estes cuidados se fazem necessários para que haja a consolidação de um bem a ser preservado. Paralelamente a isso, seria preciso elaborar um cadastramento de todos os prédios antigos, com todas as informações pertinentes a eles, tais como plantas, época de construção, materiais utilizados, fotos, etc., o que possibilitaria uma reconstrução histórica do espaço urbano e arquitetônico desde o início da cidade até os dias de hoje, e teríamos dados suficientes para o aperfeiçoamento dos critérios a serem usados na preservação. O Arquivo Público e Histórico Municipal e o Arquivo de Imagem e Som, hoje instalados no Museu Rio-Pardense, vêm fazendo um serviço de catalogação de documentos que também precisariam ser trabalhados no moldes acima descritos. Edifícios históricos e pontos de referência Os edifícios históricos estão marcados no mapa da figura 2 na cor magenta, e as áreas verdes a serem preservadas, com a cor verde. Os prédios marcados são uma amostra inicial, que segundo os aspectos avaliados até agora têm valor histórico ou arquitetônico; há ainda algumas residências e igrejas não assinaladas. Obs.: A escala do mapa da figura 2 (marcada 1:10.000) foi reduzida 60%, portanto ficou na escala 1: O mesmo aconteceu com os levantamentos arquitetônicos das figuras 26 e 27, que foram reduzidos 50%, portanto as escalas indicadas passa a valer a metade. nº 1 Igreja Matriz. A atual igreja matriz foi construída no mesmo local da antiga igreja (inaugurada com missa em 1.898), e o mesmo da Capela-mor. Na figura 5, podemos observar a frente e o corpo da antiga igreja e a parte posterior da nova. Na figura 6, a frente da velha matriz já estava demolida. A nova igreja foi concluída na década de Conjunto do antigo paço municipal rio-pardense, constituído pela antiga Casa de Câmara e Cadeia e o antigo prédio de Fórum e Cadeia. 3 Hotel Paulista. 4 Casa de Cultura Euclides da Cunha (ver figura 19). 23

5 5 Hotel Brasil. 6 Centro Cultural Ítalo-Brasileiro, restaurado (ver figura 20). Prédio construído para ser a sede do Partido Fascista (ver figura 21). 7 Mercado Municipal (ver figura 12). 8 Prédio do Artese (ver figura 8). 9 Estação ferroviária, restaurada (ver figura 15). 10 Ponte de Euclides (ver figura 13). 11 Cabana de Euclides, protegida por uma redoma de vidro (ver figura 11). 12 Mausoléu de Euclides. 13 Ilha São Pedro. 14 Residência onde viveu Elisiário Luís Dias. 15 Antigo prédio do Club Benjamin (extinto). 16 Igreja São Roque (ver figura 16). A cúpula mais baixa foi um ampliação realizada em Cortiço no Bairro Bonsucesso. 18 Cristo Redentor e área circunvizinha. 19 Ponte Nova. 20 Mata do Carneirinho. 21 Praça dos Três Poderes. O Jardim Artístico que havia ali foi totalmente destruído para dar lugar aos três prédios dos poderes executivo, legislativo e judiciário locais, em Na figura 7, uma visão do antigo jardim; no primeiro plano, uma das estátuas representando as quatro estações, e que hoje estão no jardim da Praça XV de Novembro (central). Na figura 8, o Outono. Nesta quadra dos 3 Poderes situava-se o primeiro cemitério da cidade. 22 Caixa Econômica Federal. Neste local havia o Cine São Francisco, que remodelou a fachada do antigo Cinema Pavilhão XV de Novembro (ver figura 10). Na figura 11, o projeto da fachada do Pavilhão. 23 Terreno onde situava-se o sobrado onde viveu Honório Dias (já demolido), ver figura 9. 24

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7 Figuras 3 e 4 Fotos aéreas de São José do Rio Pardo, de Notar o gabarito, que por ora ainda é baixo, e a localização do prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia (quando foi destelhada) e o antigo prédio de Fórum e Cadeia, logo atrás da Igreja Matriz. 26

8 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 9 Figura 8 Figura 10 Figura 11 27

9 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 28

10 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 29

11 Figura 20 Prédio do Centro Cultura Ítalo- Brasileiro. Figura 21 Projeto para o prédio acima, de 1927, para a Sede do Partito Nazionale Fascista Sezione di S. José do Rio Pardo. Figura 22 Um dos inúmeros projetos de residência, que fazem parte do Arquivo Público e Histórico Municipal, do Museu Rio-Pardense. 30