Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas

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1 Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas Some Aspects of the Relation Among the Ethical Principles of Discourse in Two Passages from Jürgen Harbermas Work Cássio Corrêa Benjamin 1 - Universidade Federal de São João del Rei Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar algumas mudanças operadas por Habermas na formulação dos princípios que formam a base de sua ética do discurso. Para tanto, escolhemos dois momentos nos quais essa questão é focalizada de modo privilegiado: o primeiro ocorre em dois textos de Consciência Moral e Agir Comunicativo, o segundo, no capítulo terceiro de Between Facts and Norms. Após essa análise, faremos uma breve apreciação de algumas conseqüências dessas modificações para a teoria habermasiana. Palavras-chave: Ética do Discurso, Direito, Moralidade. Abstract: This work intends to analyze the changes made by Habermas on the wording of principles which form the basis of his discourse ethics. For this reason, we have chosen two passages on which this matter is focused in a remarkable way: the first one occurs in two texts of Moral Consciousness and Communicative Action, and the second one, in the third chapter of Between Facts and Norms. After this analysis, we will make a brief consideration on the consequences of such modifications for Habermas theory. Keywords: Discourse Ethics, Law, Morality. I C omecemos pela última forma dada por Habermas ao problema dos princípios em Between Facts and Norms. A análise sobre os princípios centra-se no terceiro capítulo deste livro. Não nos interessa aqui refazer toda a discussão que é desenvolvida neste capítulo, pois é somente a relação entre os princípios o nosso tema. 1 Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Adjunto - CAP/UFSJ. E- mail: ccbenj@yahoo.com

2 BENJAMIN, Cássio Corrêa O propósito mais geral é a reconstrução crítica do direito moderno e a explicitação da permanente tensão entre faticidade e validade 2. O que se pretende fazer neste capítulo é elucidar a intricada conexão entre liberdades privadas e autonomia cívica com a ajuda do conceito discursivo de direito (HABERMAS, 1998a, p.84) 3. Tal tarefa será dividida em três partes. A primeira tratará da relação entre autonomia pública e autonomia privada. A segunda parte será iniciada com um diálogo com Kant. O objetivo é mostrar o conflito existente entre moralidade e direito no pensamento kantiano, embora a primazia do primeiro termo sobre o segundo seja bem clara. A partir disto, Habermas refaz criticamente o problema, estabelecendo um novo modo de relação entre essas esferas. É esse momento que nos interessa propriamente. Na terceira e última parte, já de posse dos princípios, procede-se a uma reelaboração do sistema de direitos. Analisemos, por conseguinte, a segunda parte deste capítulo, aquela que tem um claro interesse para a nossa questão. Nesse item, Habermas estabelece o que pensa ser a correta relação entre moral, política e direito. Isso é feito através de uma redefinição de conceitos utilizados em obras anteriores 4, além da inserção de um novo princípio: o princípio da democracia. O subtítulo já expressa bem qual será a solução dada: sobre a relação complementar entre o direito natural e o direito positivo. 5 Do ponto de vista sociológico 6, verifica-se um longo processo de diferenciação de um ethos societário tradicional, do qual resultou a separação entre direito e moralidade. Portanto, questões legais se distanciaram de questões morais, assim como o direito positivo se afastou dos costumes e hábitos que foram, por sua vez, considerados meras convenções. Embora tenha ocorrido tal processo, no nível pós-metafísico de justificação, regras morais e legais são 2 Para tradução de Geltung, utilizamos o termo validade. Cf. nota As traduções realizadas nas citações são de responsabilidade do autor do presente trabalho. As referências completas dos textos encontram-se na bibliografia. 4 Como veremos, além da introdução do princípio da democracia, há também uma nova formulação do princípio do discurso, que se torna neutro do ponto de vista normativo e, conseqüentemente, mais abstrato. 5 As dificuldades que foram percebidas tanto na jurisprudência do direito civil quanto na tradição do direito natural, analisadas na primeira parte deste capítulo, revelam agora sua mesma origem. O problema reside não apenas nas limitações da filosofia da consciência, mas também, e isso é o fundamental aqui, na dualidade intrínseca à tradição jusnaturalista que diferencia o direito em natural e positivo. Essa visão dualista se estenderia de Platão até Kant, permanecendo em alguns autores contemporâneos que interessam a Habermas mais de perto, como Apel, Peirce e Royce. Ver a explicação esclarecedora de Baynes sobre o objetivo desta retomada do debate sobre a relação entre a tradição do direito natural e Kant, para o argumento de Habermas (BAYNES, 1995, p ). 6 É importante ressaltar que Habermas argumenta em dois campos distintos. Há uma argumentação propriamente sociológica e uma discussão sobre princípios. Embora estes dois planos estejam relacionados, eles se sustentam de forma independente.

3 Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas diferenciadas simultaneamente da eticidade tradicional e aparecem lado a lado como dois tipos de normas de ação diferentes, mas complementares (HABERMAS, 1998a, p.105). Quanto aos princípios, portanto, concomitantemente a essa diferenciação no mundo social, novas distinções são realizadas, como já dissemos. A grande mudança em relação aos escritos anteriores de Habermas é a construção de um âmbito mais abstrato, de uma instância normativa mais genérica da qual decorreriam as normas morais e legais. Tal princípio possui um conteúdo normativo, embora seja ainda neutro em relação à moralidade e ao direito, porque se refere a normas de ação em geral (HABERMAS, 1998a, p.107) 7. Essa é uma das inflexões mais marcantes do pensamento habermasiano em Between Facts and Norms, à qual voltaremos mais tarde. O princípio do discurso, princípio D, normativamente neutro, é expresso da seguinte forma: são válidas aquela normas de ação com as quais todos os possíveis afetados pudessem concordar como participantes em discursos racionais (HABERMAS, 1998a, p.107). Juntamente a este princípio D, embora subordinados a ele, temos os princípios da moralidade e da democracia. Qual é a formulação dada a cada um deles? Para defini-los, Habermas lança mão de um procedimento de diferenciação do princípio D que nos fornece os outros princípios. O processo lógico dessa diferenciação ocorre por especificação dos tipos de normas de ação e de sua justificação: o princípio moral primeiramente resulta quando se especifica o princípio geral do discurso para aquelas normas que podem ser justificadas se, e somente se, consideração igual é dada aos interesses de todos aqueles que estão possivelmente envolvidos (HABERMAS, 1998a, p.108). Por outro lado, o princípio da democracia resulta de uma especificação correspondente para aquelas normas de ação que aparecem na forma legal. Essas normas podem ser justificadas a partir de razões pragmáticas, ético-políticas e morais; aqui justificação não está restrita somente a razões morais (HABERMAS, 1998a, p.108) 8. 7 A passagem completa é a seguinte: Como o próprio nível de justificação pós-convencional, no qual a eticidade substancial se dissolve em seus elementos, esse princípio certamente possui um conteúdo normativo, na medida em que ele explica o sentido da imparcialidade em julgamentos práticos. Entretanto, apesar de seu conteúdo normativo, ele permanece em um nível de abstração que é ainda neutro em relação à moralidade e ao direito, porque se refere a normas de ação em geral (HABERMAS, 1998a, p.107). 8 Em outra passagem, tal idéia é mais detidamente trabalhada: O princípio do discurso assume a forma do princípio da democracia somente através de institucionalização legal. O princípio da democracia é, então, o que confere força de legitimação ao processo legislativo. A idéia principal é que o princípio da democracia deriva da interpenetração entre o princípio do discurso e a forma legal (HABERMAS, 1998a, p.121).

4 BENJAMIN, Cássio Corrêa O que se percebe claramente na frase anterior é que as várias formas de justificação das normas apontam para os possíveis princípios a partir do princípio D genérico e neutro. Por isso, nós podemos dizer que essas várias regras de argumentação constituem as diversas maneiras de operacionalizar o princípio do discurso (HABERMAS, 1998a, p.109). As distintas regras de argumentação sendo, então, equivalentes aos diversos modos de justificação de uma norma ou à apresentação de sua validade 9. A cada princípio, com seu modo próprio de justificação, corresponde um universo específico de sujeitos ou, nas palavras de Habermas, um sistema de referência. Em relação a questões morais, a humanidade ou uma pressuposta república de cidadãos mundiais constituem o sistema de referência para justificar regulações que residem no interesse igual de todos. Em princípio, as razões decisivas têm de ser aceitáveis por cada um (HABERMAS, 1998a, p.108). Em relação a questões ético-políticas, o modo de vida da comunidade política que é em cada caso, a nossa própria constitui o sistema de referência para justificar decisões que supostamente expressam um auto-entendimento autêntico e coletivo. Em princípio, as razões decisivas têm que ser aceitáveis por todos os membros que partilham nossas tradições e valorações (HABERMAS, 1998a, p.108). Enquanto o âmbito próprio da moralidade é a humanidade, ou o universal, o âmbito da política é mais restrito. Ele se refere à própria comunidade que partilha determinados valores e, por isso, inclusive, consegue reconhecer-se como uma comunidade política distinta. E essa especificação liga-se estreitamente à formulação dos princípios. Para o princípio da moralidade, a possibilidade de universalização torna-se a regra, pois para a justificação de normas morais, o princípio do discurso toma a forma de um princípio de universalização (HABERMAS, 1998a, p.109) 10. Por sua vez, o princípio da democracia pode ser expresso da seguinte forma: o princípio da democracia afirma que somente podem reivindicar legitimidade aqueles estatutos jurídicos que contam com assentimento de todos os cidadãos em um processo discursivo e legalmente constituído de legislação (HABERMAS, 9 Isso não quer dizer que se possa estabelecer uma correspondência unívoca entre cada regra de argumentação e um princípio distinto. O princípio da democracia, por exemplo, pressupõe a possibilidade de todos os tipos de julgamentos práticos e discursos que forneçam legitimidade às leis (HABERMAS, 1998a, p.110). 10 Em The Inclusion of the Other, o princípio da moralidade aparece na seguinte formulação: (U) Uma norma é válida quando as conseqüências previsíveis e os efeitos colaterais de sua observância geral para os interesses e orientações valorativas de cada indivíduo possam ser aceitas coletivamente e sem coerção por todos os afetados (HABERMAS, 1998b, p.42). Não nos deteremos neste texto porque aqui Habermas apenas repete de modo resumido o que já fora dito em Between Facts and Norms.

5 Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas a, p.110). Dadas, então, as formulações do princípio do discurso, do princípio da moralidade e da democracia, partiremos agora para um texto anterior da obra habermasiana com o intuito de proceder a uma comparação. Trata-se de Consciência Moral e Agir Comunicativo, por analisar de forma bem detalhada esta questão dos princípios 11. II No livro Consciência Moral e Agir Comunicativo, dois textos (Notas Programáticas para a Fundamentação de uma Ética do Discurso e Consciência Moral e Agir Comunicativo) fazem referência ao problema dos princípios utilizados na ética do discurso. Mais especificamente, esses textos tratam exatamente do problema da fundamentação dessa ética. Tal questão levará à investigação dos princípios que dão sustentação a essa ética, como eles se fundamentam e qual sua relação. Dado o objetivo desse artigo, limitaremos nossa investigação à especificação dos princípios e ao modo de eles se relacionarem. Será a partir dessa análise que poderemos estabelecer os contrastes com a nova formulação que aparece em Between Facts and Norms e, então, realizar uma apreciação crítica das conseqüências dessas mudanças. Nos textos, Notas programáticas para a Fundamentação de uma Ética do Discurso e Consciência Moral e Agir Comunicativo, Habermas trata do problema da fundamentação de uma ética cognitivista que, para ele, está intrinsecamente relacionada à prática lingüística cotidiana. Esta ética poderia ser descrita como uma releitura lingüístico-pragmática da tradição kantiana. Por isso, a crítica central à filosofia da consciência e a valorização do agir comunicativo, por um lado, e a retomada da intenção universalista e do caráter fundacional do argumento transcendental 12, por outro. Como já dissemos, não é a nossa questão aqui analisar o sucesso ou não de tal tentativa de fundamentação. Interessam-nos os princípios e sua relação. 11 Em Consciência Moral e Agir Comunicativo temos apenas o princípio do discurso e o da moralidade. Essa especificidade será explicada na conclusão de nosso artigo. 12 Habermas, entretanto, não pretende dar um caráter de fundamentação última à fundamentação pragmáticotranscendental da ética do discurso, ao contrário de Apel. Embora tal discussão continue, a cautela habermasiana, nesse momento, baseia-se no fato de que o saber intuitivo das regras que os sujeitos capazes de falar e agir têm que empregar para de todo poderem participar de argumentações não é, de certo modo, falível - mas, certamente, são falíveis nossa reconstrução desse saber pré-teórico e a pretensão de universalidade que a ele associamos (HABERMAS, 1989, p.120).

6 BENJAMIN, Cássio Corrêa Há dois princípios que estruturam a ética do discurso: os princípios U e D. A estratégia habermasiana é bem clara. Primeiramente, ele pretende estabelecer a necessidade do princípio U através de um argumento pragmático-transcendental 13. O princípio U é um princípio de universalização cuja função é exatamente apresentar uma regra de argumentação para todos aqueles que se põem a discutir sobre a validade 14 de determinadas normas. Ele não fornece tais normas, mas apenas revela como identificar se tais normas são ou não válidas. O único princípio moral é o princípio U 15. Embora apareça mais de uma vez 16, pensamos que sua melhor formulação é a seguinte: (U) Toda norma válida tem que preencher a condição de que as conseqüências e efeitos colaterais que previsivelmente resultem de sua observância universal, para a satisfação dos interesses de todo indivíduo, possam ser aceitas sem coação por todos os concernidos (HABERMAS, 1989, p.147). Este princípio expressa apenas uma regra de argumentação. Isso significa que uma norma que se pretenda válida tem que ser aceita por todos os afetados. Em outros termos, é a aceitabilidade, sem coerção, por todos, o que dá validade a uma norma. Entretanto, a argumentação a respeito da validade das normas só tem realidade no exercício efetivo do discurso, ou seja, na prática concreta das trocas lingüísticas visando ao entendimento e ao consenso 17. Isso implica a necessidade de outro princípio para completar a ética do discurso. Esse será propriamente o princípio ético-discursivo ou princípio da ética do discurso (D). Ele afirma que: toda norma válida encontraria o assentimento de todos os 13 O papel que o argumento pragmático-transcendental pode assumir aí pode ser descrito, agora, como um argumento a que se pode recorrer para comprovar como o princípio da universalização, que funciona como regra da argumentação, é implicado por pressuposições da argumentação em geral (HABERMAS, 1989, p.109). 14 Usamos o termo validade para traduzir Geltung, ao contrário do tradutor de Consciência Moral e Agir Comunicativo, Guido Antônio de Almeida, que usa o termo validez. Válido é a tradução do adjetivo gültig. Já nas citações, seguimos a forma definida pelo tradutor, inclusive a grafia de Discurso com letra maiúscula. Para a justificação dessas escolhas, consultar a Nota Preliminar do Tradutor no início do Consciência Moral e Agir Comunicativo. 15 A fundamentação esboçada da ética do Discurso evita confusões quanto ao uso da expressão princípio moral. O único princípio moral é o referido princípio da universalização, que vale como regra de argumentação e pertence à lógica do Discurso prático (HABERMAS, 1989, p.116). 16 O princípio U aparece também formulado em p.86 e p.116 de Consciência Moral e Agir Comunicativo. 17 De acordo com a ética do Discurso, uma norma só deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um Discurso prático, a um acordo quanto à validez desta norma (HABERMAS, 1989, p.86).

7 Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas concernidos, se eles pudessem participar de um Discurso prático (HABERMAS, 1989, p.148) 18. Com esse princípio D, então, estabelece-se a base da ética do discurso. As normas que se pretendem válidas, portanto, devem passar pelo teste da aceitabilidade, por parte de todos os afetados, de todas as suas conseqüências previsíveis, ou seja, o teste de universalização. Se isso ocorrer, a validade da norma estará garantida. Em uma situação de discussão sobre a validade de determinada norma, portanto, o princípio U nos fornece o critério de validade que é a universalização. Entretanto, tal discussão não pode ocorrer no vazio. A norma em disputa é retirada do mundo efetivo e a ponte até ele é realizada pelo princípio D. É ele que faz a ligação entre a regra de argumentação e a realidade dos conteúdos dados no discurso prático. Por sua vez, é o discurso prático que faz toda essa engrenagem funcionar. Por isso, o princípio D é imprescindível à ética do discurso 19. Por fim, seria importante ressaltar algumas características da ética do discurso. São elas o cognitivismo, o universalismo e o formalismo. Cognitivismo, já que o princípio U fornece uma regra que aponta para a possibilidade de um consenso alcançado por via de uma discussão racional. O universalismo decorre diretamente do princípio U. Se se aceita a fundamentação dada por Habermas a esse princípio, aceita-se necessariamente a possibilidade de uma ética universalista. Formalista porque não fornece conteúdos normativos, mas uma forma ou regra para o exame da validade das normas. Formalismo aqui encontra-se estreitamente ligado à idéia de processo. O discurso prático é um processo de verificação da validade das normas Há também a seguinte formulação: só podem reclamar validez as normas que encontrem (ou possam encontrar) o assentimento de todos os concernidos enquanto participantes de um Discurso prático (HABERMAS, 1989, p.116). 19 Os Discursos práticos têm que fazer com que seus conteúdos lhe sejam dados. Sem o horizonte do mundo da vida de um determinado grupo social e sem conflitos de ação numa determinada situação, na qual os participantes considerassem como sua tarefa a regulação consensual de uma matéria controversa, não teria sentido querer empreender um Discurso prático. A situação inicial concreta de um acordo normativo perturbado, ao qual os Discursos práticos se referem em cada caso como um antecedente, determina os objetos e problemas que estão na vez de serem debatidos (HABERMAS, 1989, p.126). 20 O Discurso prático é um processo, não para a produção de normas justificadas, mas para o exame da validade das normas consideradas hipoteticamente (HABERMAS, 1989, p.148). Em outra passagem mais esclarecedora, temos o seguinte: O princípio da ética do Discurso refere-se a um procedimento, a saber, o resgate discursivo de pretensões de validez normativas; nessa medida, a ética do Discurso pode ser corretamente caracterizada como formal. Ela não indica orientações conteudísticas, mas um processo: o Discurso prático. Todavia, este não é um processo para a geração de normas justificadas, mas, sim, para o exame da validez de normas propostas e consideradas hipoteticamente (HABERMAS, 1989, p.126).

8 BENJAMIN, Cássio Corrêa III Refeitos, pois, dois momentos que consideramos fundamentais, nos quais se trata da questão dos princípios, vamos então a uma apreciação crítica dos mesmos. Na primeira formulação do problema, em Consciência Moral e Agir Comunicativo, há dois princípios: o princípio moral U e o princípio do discurso D. É com eles que Habermas constrói a ética do discurso. Não ocorre, pelo menos nesses dois textos de Consciência Moral e Agir Comunicativo 21, uma relação de dedução estrita de um princípio a outro. Os dois princípios são introduzidos como momentos necessários e imprescindíveis à construção da ética do discurso (HABERMAS, 1989, p.86-87, p.148). Entretanto, apesar da inexistência de uma relação de dedução entre princípios, parece haver certa prioridade do princípio U. É ele o princípio deduzido através de um argumento transcendental. O princípio D, que sempre aparece depois do princípio U, em Consciência Moral e Agir Comunicativo, funciona nesse momento como um meio de unir a regra de universalização ao discurso prático 22. Se essa interpretação da primeira relação entre U e D estiver correta, então, provavelmente, isso se deve à precedência que Habermas confere à moralidade nesses primeiros escritos 23. Esse aspecto é fundamental porque exatamente nele reside a mudança efetuada em Between Facts and Norms. Em Between Facts and Norms, o princípio do discurso é pensado de forma diferente. O principal objetivo de Habermas, nesse momento, é tornar D um princípio mais abstrato e neutro do ponto de vista moral e legal 24. Além disso, mas seguindo esta lógica, um novo princípio, o da democracia, aparece em cena. As conseqüências dessas mudanças são marcantes e decisivas para a teoria habermasiana. Não nos interessam as várias críticas 21 É importante ressaltar que este artigo abrange apenas uma parte de uma discussão mais ampla, dada a extensão da obra habermasiana e, conseqüentemente, dado o número de textos que tratam desse tema. Não analisamos, por exemplo, a Teoria da Ação Comunicativa de 1981, os Estudos Preliminares e Complementações para a Teoria da Ação Comunicativa de 1984 e os Esclarecimentos sobre a Ética do Discurso de Como afirma Niquet, nesta primeira versão, o princípio D tem como fim traduzir a regra de argumentação U no princípio básico do discurso efetivo da teoria da moral (NIQUET, 1999, p.73, nota 18). 23 Para Niquet, o que é abandonado em Between Facts and Norms é a tese da primazia lógica de uma teoria deontológica da moral que Habermas tinha defendido até agora (exatamente como K.-O. Apel) (NIQUET, 1999, p.66). 24 Em meus escritos prévios sobre a ética do discurso, eu não tinha distinguido suficientemente o princípio do discurso do princípio moral (HABERMAS, 1998a, p.108).

9 Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas possíveis e bastante razoáveis a tal guinada em direção a uma neutralização normativa 25. Limitaremos nossos comentários às conseqüências que percebemos em tal inflexão. O que se nota é uma tentativa determinada de separação entre moralidade e direito ou democracia 26. Criar mais um princípio e tornar D neutro significa um passo decisivo para a separação de esferas distintas ou campos normativos diversos dentro da razão prática. Isso não implica, contudo, para Habermas, uma autonomização completa desses âmbitos. Como se percebe claramente no texto, o princípio D é a base primeira do qual todos os outros princípios são derivados por especificação. O que queremos ressaltar é o quanto essa tentativa de distinção entre princípios afeta pouco a posição que Habermas mantinha em Consciência Moral e Agir Comunicativo, do ponto de vista normativo. E não parece ser essa semelhança o que Habermas pretendia. O princípio D, em Between Facts and Norms, tem a clara intenção de diminuir o peso de uma teoria deontológica da moralidade. Por isso, esse princípio é neutro do ponto de vista normativo e, por isso, também dele derivam o princípio da democracia e o princípio moral. Entretanto, embora Habermas afirme que tal princípio seja neutro, a sua forma normativa é explícita: são válidas aquelas normas de ação com as quais todos os possíveis afetados pudessem concordar como participantes em discursos racionais (HABERMAS, 1998a, p.107). O que fica claro, então, é que, apesar de mudanças na formulação dos princípios e da terminologia empregada, o padrão normativo que Habermas utiliza em sua teoria é essencialmente o mesmo. Do ponto de vista estritamente normativo, há pouca diferença entre o princípio D, em Between Facts and Norms, e o princípio U, em Consciência Moral e Agir Comunicativo, pois se trata sempre de um princípio de universalização 27. A conseqüência dessa posição é a permanência do propósito normativo ou, se quisermos, moralizante do projeto habermasiano. 25 São várias as críticas de Niquet, que argumenta de um ponto de vista simpático a Apel e Alexy. Dada tal filiação, o que mais o incomoda, obviamente, é a separação, que lhe parece problemática, entre moralidade e direito operada por Habermas. Não é nossa intenção aqui refazer todas as suas críticas. Apenas gostaríamos de ressaltar um ponto que nos parece bastante pertinente. Trata-se do que ele aponta como um certo ar de artificialidade circundando a introdução do princípio geral do discurso D (NIQUET, 1999, p.73). Isso se relaciona à tentativa de pensar um princípio de normas de ação de per si. É esse o ônus do postulado abstrato de um princípio neutro moral e legalmente. 26 Talvez seja pertinente a crítica de Niquet, retomada de Apel, à indistinção por parte de Habermas entre um princípio da democracia e um princípio do direito (NIQUET, 1999, p.74). 27 Universalização significando aqui exatamente que a validade é dada pela aceitação, por parte de todos os envolvidos, das conseqüências da norma.

10 BENJAMIN, Cássio Corrêa Sendo assim, parece-nos que Habermas, para o bem do rigor e da clareza de sua própria teoria, teria de se decidir entre duas alternativas. A primeira delas seria uma moralização definitiva do direito, reconhecendo um certo quantum de moralidade na democracia 28. Este parece ser o lado para o qual Habermas mais se inclina, pois basear toda a sua teoria em um princípio D, que indica o modo de verificação de normas válidas, nos parece já algo do âmbito moral, utilizando esse termo em um sentido mais lato. A alternativa seria a separação da praxis humana em distintas esferas, reconhecendo que na modernidade elas se tornam cada vez mais autônomas. Embora mais trágica, esta última possibilidade nos afigura mais interessante. Por fim, gostaríamos de ressaltar que este artigo não pretende ter realizado uma interpretação exaustiva dessa mutável e intricada relação entre princípios que Habermas apresenta. E como também já afirmamos, alguns textos fundamentais não foram consultados. O nosso objetivo mais modesto foi apenas levantar algumas questões que nos parecem pertinentes na obra de Jürgen Habermas. 28 O que coloca a questão, de certo complexa, de ser tal moralidade ou algo fundado universalmente ou produto contingente e histórico de formas sociais e políticas, opção essa que nos parece bem mais acertada.

11 Alguns Aspectos da Relação entre os Princípios da Ética do Discurso em Dois Momentos da Obra de Jürgen Habermas Referências BAYNES, Kenneth. Democracy and the Rechtsstaat: Habermas s Faktizität und Geltung. In: WHITE, Stephen K. (ed.). The Cambrige Companion to Habermas. Cambridge: Cambridge University Press, 1995, p HABERMAS, Jürgen. Between Facts and Norms. Contribution to a Discourse Theory of Law and Democracy. Translated by William Regh. Cambridge: MIT Press, 1998a.. Consciência Moral e Agir Comunicativo. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, The Inclusion of the Other. Studies in Political Theory. Edited by Ciaran Cronin and Pablo De Greiff. Cambridge: MIT Press, 1998b. NIQUET, Marcel. The logical relationship between the spheres of morals and law according to Habermasian discourse ethics and critical sociology: some revisionary remarks concerning theses in Faktizität und Geltung. Kriterion, n.99, p.64-79, jan./jun Submetido em: 28/08/2011 Aceito em: 08/11/2011

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