O segredo é a conciliação de recrias intensivas, com abates precoces e de alta taxa de ganho.
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- Eric Aragão Carneiro
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1 Atualmente o Brasil confina em torno de 2,5 milhões de bovinos, produzindo cerca de 600 mil toneladas de carne de melhor qualidade, tendo em vista não só o sistema de produção em si, mas também pela menor idade de abate (menor que 36 meses) e pelo alto número de animais oriundos do cruzamento industrial. A tendência normal (foi e será) de um aumento significativo desta técnica, tendo em vista a necessidade imperiosa de se ter giro da pecuária. No entanto, ressalta-se que o confinamento tem de ser encarado como uma arma de manejo, na busca da eficiência da propriedade. O típico confinamento oportunista, aquele que compra os animais pouco antes da época de encerramento dos animais (maio a agosto), para ter lucro na engorda é altamente duvidoso economicamente, com alto risco financeiro. O segredo é a conciliação de recrias intensivas, com abates precoces e de alta taxa de ganho. Deste modo, o objetivo é atingir altas taxas de ganho (maior que 1,20 Kg, cab / dia), desconsiderando ganho compensatório e com alta taxa de conversão. O que é necessário para tal? a - Genética Não confinar animais inferiores, de baixa conversão ou com idade avançada. O bom cruzamento industrial é condição quase que obrigatória para o sucesso do confinamento. b- Alimentação Para assegurar altas taxas de ganho e conversão, deve-se ter: - Volumosos de qualidade; - Concentrados devidamente balanceados. O volumoso é o alimento de maior dificuldade para o confinamento, não só em termos de custo, mas principalmente o de produção e manejo. Atualmente, a situação se agrava pela necessidade dos grandes confinamentos adotarem dietas com pouca participação de volumosos. No entanto, o custo dos volumosos é de extremo valor no cálculo da relação volumoso / concentrado a utilizar.
2 Em qualquer situação, ou seja, na busca de altas taxas de ganho, algum tipo de distúrbio nutricional é passível de ocorrer, em função da maior quantidade de grãos a ser utilizada. Estes distúrbios, dependendo da intensidade e duração, podem colocar em risco o sucesso do confinamento. 2- Distúrbios comuns em Confinamento 1- Acidose Este distúrbio é de alta ocorrência nos confinamentos, muitas vezes não perceptível, por estar em formas sub - clínicas. A acidose é caracterizada pela acidificação do meio ruminal (ph abaixo de 6,0), o que resulta em modificação na produção dos ácidos graxos voláteis, com aumento substancial do ácido láctico. Aumento nas taxas do lactato provoca anorexia (redução do apetite), laminites (inflamação da bainha do casco, rumenites (inflamação da mucosa do rúmen) e abcessos de fígado (devido à passagem de bactérias pela corrente sangüínea) e mortes). O sintoma clássico da acidose é a laminite, o que pode ser notado pela dificuldade de locomoção dos animais, causado pela inflamação e inchaço dos cascos. Possíveis causas da acidose a-falha ou falta de adaptação dos animais à nova dieta Um dos melhores preventivos é o introduzir a dieta aos poucos, num período de 5 a 10 dias, principalmente com relação aos grãos energéticos (milho sorgo etc...). Isto promove uma modificação lenta no padrão de fermentação ruminal, principalmente nas bactérias amilolíticas. b- Freqüência do arraçoamento A distribuição da dieta fracionada ao longo do dia, em número de 4 a 6 tratos, auxilia na prevenção da acidose, pois se evita picos de fornecimento de amido ao rúmen.
3 Foto-A dieta deve ser fracionada em pelo menos 4 vezes ao dia. c-dieta total Por dieta total, entende-se que todos os alimentos sejam fornecidos conjuntamente, bem misturados e balanceados. d- Tamponantes Tampões são substancias que neutralizam as trocas nas concentrações hidrogenio-iônicas, produzidas pela adição de ácidos na ração dos animais, ou seja, substancias que evitam a acidificação do meio ruminal. O ph normal do bovino é 6, 9, e este pode ser reduzido pela adição de alimentos ricos em amido ou acidificantes como as próprias silagens, cana de açúcar, bagaço hidrolizado, etc... Os principais tamponantes são o bicarbonato de sódio (de alto custo), o carbonato de cálcio (mais usado) e o óxido de magnésio, sozinho ou em combinação com o carbonato de cálcio. O carbonato de cálcio (calcário calcítico ou dolomitico) deve ser de textura fina (feeler) para se ter maior reatividade. O uso do tamponante atua em nível de intestino delgado, o que cria condições para a atuação da enzima alfa amilase pancreática e assim, melhor digestão do amido. Tabela 1 - Efeito do tamponante sobre o ph ruminal e intestinal para bovinos em confinamento. (Wheller & Noller, 1980).... Local Tamponante
4 Sem Com... ph Rúmen 5,62 6,05 ph Intestino delgado 5,61 6,68 Resíduo amido fezes (%) Conjuntamente aos tamponantes, ressalta-se que o uso dos chamados ionóforos (lasalocida sódica, monensina sódica), auxilia de sobremaneira na prevenção da acidose, pois atuam na modificação do padrão de fermentação ruminal, diminuindo a produção do ácido láctico. 2- Timpanismo Também conhecido como meteorismo, empanzinamento, é um distúrbio alimentar causado pela distensão acentuada do retículo-rúmen, devido ao acúmulo de gazes provenientes da fermentação. As mais prováveis causas do timpanismo são; a- mudanças bruscas na alimentação; b- alimentos com alto teor de umidade e carboidratos de alta fermentação; c- ingestão excessiva e rápida de alimentos ricos em amido e finamente moídos; d- ingestão de silagens de baixo padrão de fermentação qualitativa - silagens butíricas; e- ingestão de substancias contendo saponinas, presentes em algumas leguminosas. O tratamento do timpanismo dependerá do grau de severidade, Geralmente os sintomas somente são observados tardiamente e deste modo, deve-se usar medidas de emergência, tais como;
5 - Expulsão dos gazes (Trocáter na fossa paralombar esquerda rúmen). - Uso de laxativos - óleo mineral (300 ml via oral); - Fazer caminhadas rápidas dos animais para expulsão de gazes. 3- Intoxicação por amônia É um distúrbio relativamente comum, ocorrendo sub-clinicamente, reduzindo a taxa de conversão dos animais. Este distúrbio é ocasionado pelo desbalanceamento da dieta, notamente na fração nitrogênio não protéico (N.N. P), ou seja, na utilização de uréia e de outros alimentos ricos neste conteúdo (N.N. P). O correto balanceamento ajusta a quantidade máxima do N.N.P, em função da quantidade de energia da dieta. É o chamado potencial de fermentação da uréia (P.F. U), o qual é calculado em função da degradabilidade da proteína (12,5 % do N.D. T), onde o N.N.P pode representar 45 % do total da proteína degradável. No entanto, neste cálculo, entra todo nitrogênio não protéico dos alimentos e não só da uréia. Os sintomas de uma intoxicação por uréia são a apatia (animal isolado do grupo), tremores musculares, micção freqüente (urina), enrijecimento muscular, convulsão e morte. A tentativa de tratamento, quando possível, é o uso de ácidos (vinagre ou ácido acético a 5 % volume), na base de 3 a 5 litros por animal. O melhor tratamento é a prevenção, ou seja, o adequado balanceamento da dieta e seu manejo. 4 - Enteroxemia Esta não é propriamente um distúrbio nutricional, mas uma infeção aguda, não contagiosa, causada pela toxina do Clostrídium perfringens, tipo D, que se caracteriza por distúrbios gastrintestinais, sintomas nervosos e morte súbita.
6 A enteroxemia está associada ao tipo de alimentação, com alta proporção de concentrados e pouca quantidade de fibra. Acredita-se que o alto teor de amido, o qual não devidamente digerido, serve de substrato para a proliferação das bactérias. Não há tratamento específico, pela forma aguda que acontece. A vacinação é recomendada quando houver relatos de sua incidência. Preventivamente, usar um período de adaptação adequado, manter nível adequado de fibra e não mudar bruscamente a dieta. 5- Sodomia Não é um distúrbio nutricional, mas inter-relacionado, pois a grande causa é devido ao manejo alimentar e do piquete. É causa comum de perdas significativas (perda de peso e mesmo baixa de animais), e muito comum nos confinamentos de animais inteiros. Foto-Este distúrbio pode ser atenuado, elaborando uma boa adaptação da dieta, o mais rápido possível. O que se pode fazer para evitar ou pelo menos minimizar este distúrbio?, - adotar lotes menores; - aumentar a freqüência da alimentação (6 vezes ao dia); - dieta balanceada (tamponantes, potássio, etc...); - nunca misturar animais de outros lotes. Algumas indústrias fomentam alguns produtos específicos como homeopáticos para tal distúrbio, mas que carecem de fundamento científico.
7 Foto A lama é sem dúvida, um dos maiores males para os bovinos, com alta perda energética.... Manejo, ainda é a palavra de ordem.... Luiz Carlos Tayarol Zootecnista- Ms
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