CRESCIMENTO E ÍNDICE DE VELOCIDADE DE GERMINAÇÃO EM OLERÍCOLA SUBMETIDA À DIFERENTE ADUBAÇÃO ORGÂNICA

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1 CRESCIMENTO E ÍNDICE DE VELOCIDADE DE GERMINAÇÃO EM OLERÍCOLA SUBMETIDA À DIFERENTE ADUBAÇÃO ORGÂNICA Leane Castro de SOUZA 1 ; Luma Castro de SOUZA 2 ; Francisca das Chagas Bezerra ARAÚJO 3 ; Fábio Júnior de OLIVEIRA 4 ; Antonia Vanderlane Albuquerque da COSTA 5 ; Antonio Robson MOREIRA 6 ; Cândido Ferreira de OLIVEIRA NETO 7 Resumo O pimentão, pertence à família botânica Solanaceae. O substrato para plantas pode ser definido como o meio em que as raízes conseguem se desenvolver fora do solo in situ. O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento e o índice de velocidade de germinação de Capsicum annuum L. submetida à adubação orgânica. O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus de Capitão Poço. O delineamento experimental foi em bloco casualisado, com onze tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram cinco proporções de esterco de gado (EG), sendo 10% EG+90% substrato; 20% EG+80% substrato; 30% EG+70% substrato; 40% EG+60% substrato; 50% EG+50% substrato, 100% de terriço, e cinco proporções de esterco de frango (EF), sendo 10% EF+90%substrato; 20% EF+80% substrato; 30% EF+70% substrato; 40% EF+60% substrato; 50% EF+50% substrato e 100% terriço e uma espécie. As características analisadas em 30 dias após a germinação foram altura de plantas e índice de velocidade de germinação. Para o parâmetro altura das plantas o melhor tratamento foi 40% e 30% de EG e10 e 50% de EF. Para o parâmetro índice de velocidade de germinação o melhor tratamento foi o 20% EG e 10% EF. Palavras-chave: Capsicum annuum L. Esterco de frango. Esterco de gado. Introdução O pimentão, Capsicum annuum L. pertence à família botânica Solanaceae. É uma hortaliça que apresenta grande importância socioeconômica no Brasil, é muito comercializada como fruto verde, vermelho, amarelo, laranja, creme e roxo. Além disso, a cloração influencia no sabor e aroma do fruto (FRIZZONE; GONÇALVES; REZENDE, 2001). O substrato para plantas pode ser definido como o meio em que as raízes das plantas conseguem se desenvolver fora do solo in situ (KÄMPF, 2000), sendo sua principal função a de promover suporte às plantas nele cultivadas (Kämpf, 2000), além de poder regular a disponibilidade de nutrientes (KÄMPF, 2000) e de água (FONTENO, 1996). Além disso, o substrato tem o objetivo de proporcionar condições viáveis à germinação e desenvolvimento inicial da muda; é importante para que as raízes das plantas se desenvolvam bem, devendo apresentar baixa densidade, boa capacidade de absorção e retenção de água, boa aeração e drenagem para evitar o acúmulo de umidade, além de estar isento de pragas, doenças e substâncias tóxicas (KÄMPF, 2000; WENDLING; GATTO,2002). O uso de adubos orgânicos de origem animal pode se tornar uma prática útil para os pequenos e médios produtores, dessa forma contribui para melhorar a fertilidade e a conservação do solo tendo assim maior aproveitamento dos recursos que existem na propriedade (GALVÃO et al., 1999). Tem-se observado que a adubação orgânica tem efeito benéfico na produção de hortaliças. Filgueira (1982), afirma que as hortaliças reagem positivamente a essa adubação, tanto quando se trata de produtividade como de qualidade dos produtos que se obtém, destacando-se o esterco bovino a fonte que é 1 Estudante do Curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Capitão Poço; leany_castro11@hotmail.com. Bolsista do PIBIC_CAPES. 2 Estudante de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal da Amazônia; lumasouza30@hotmailcom. Bolsista do CNPQ 3 Estudante de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal da Amazônia; fran.chagas13@gmail.com. 4 Estudante de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal da Amazônia; fjoliveira13@gmail.com. Bolsista CAPES 5 Estudante do Curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Capitão Poço; delanealbuquerque@hotmail.com. 6 Estudante do Curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Capitão Poço; E- mail:robson.n.13@hotmail.com. 7 Prof. Dr. da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capitão Poço; candido.neto@ufra.edu.br.

2 mais utilizada pelos olericultores, por isso deve ser empregado principalmente em solos pobres em matéria orgânica. Segundo Araújo (2005), para o cultivo de pimentão Sonnenberg (1985) recomenda uma dose de pelo menos 20 toneladas por hectare de esterco bovino ou 7,0 toneladas por hectare de esterco de galinha quando se trata de solos pobres em matéria orgânica. O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento e o índice de velocidade de germinação do pimentão (Capsicum annuum L.) submetida a diferentes proporções e adubação orgânica. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus de Capitão Poço PA, localizado na região nordeste do Pará (01º 44' S, 47º 03' W e altitude média de 47 m). O clima da região é classificado como Ami, conforme Köppen, e a temperatura média anual do mês menos quente maior que 18 C. A precipitação pluviométrica está em torno de mm anuais, sendo os meses de janeiro a abril o período com maior precipitação e o de menor precipitação os meses de setembro a novembro (SILVA et al., 1999). Esse experimento foi realizado no período de Janeiro a Fevereiro de O delineamento experimental foi em bloco casualisado com onze tratamentos e cinco repetições, totalizando 55 plantas. Foram semeados 3 sementes em sacos de polietileno com capacidade para 1 kg, sendo os mesmos colocados em casa de vegetação. Aos dez dias após a germinação foi feito o desbaste, deixando apenas 1 planta por saco de polietileno. Foram realizados dois experimentos com tratamentos de diferentes proporções de esterco de gado (EG) e esterco de frango (EF), sendo utilizadas as seguintes proporções: 10% de EG+90% de substrato; 20% de EG+80% de substrato; 30% de EG+70% substrato; 40% de EG+60% de substrato; 50% de EG+50% de substrato, 100% de terriço. E cinco proporções de esterco de frango (EF), sendo 10% de EF+90% de substrato; 20% de EF+80% de substrato; 30% de EF+70% substrato; 40% de EF+60% de substrato; 50% de EF+50% de substrato e 100% de terriço e uma espécie (Capsicum annuum L.). A análise química do solo indicou as seguintes características: esterco de galinha (P = 6,91 g/kg; K = 14,45 g/kg; N = 11,3 g/kg; matéria orgânica = 265,00 g/dm 3 e relação C/N = 12/1), esterco bovino (P = 5,1 g/kg; K = 4,80 g/kg; N = 8,72 g/kg; matéria orgânica = 113,07 g/dm 3 e relação C/N = 13/1). A irrigação foi realizada manualmente com a utilização de regadores de crivos finos, tendo-se o cuidado para não drenar o substrato. As características variáveis analisadas em 30 dias após a germinação foram altura de plantas, em que se mediu com régua graduada do colo das plântulas até a extremidade superior da última folha emitida e o índice de velocidade de germinação (IVG), avaliado com a contagem feita diariamente das plântulas que germinaram, até quando os cotilédones não estavam mais em contato com o substrato, e foi calculado pela seguinte fórmula proposta por Maguire (1962): IVG = G1/ N1 + G2/ N Gn /Nn; Em que: IVG = Índice de velocidade de germinação G1, G2, Gn = Número de sementes que germinaram, sendo as mesmas computadas na primeira contagem, na segunda contagem e na última contagem n: N1, N2, Nn = Número de dias do semeio à primeira, segunda e contagem n. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do software ASSISTAT 7.6 beta (2012) (SILVA, 2012), e quando pertinentes comparadas pelo teste de Tukey 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Para o parâmetro crescimento das plantas (cm) o melhor tratamento foi com 40% de EG (4,22 cm), porém não diferiu estatisticamente dos tratamentos 20% (3,70 cm) e 30% (4,01 cm) de EG quando comparado ao tratamento controle, que corresponde a 100% de terriço peneirado (Figura 1A). O esterco de gado mostrou ser eficaz no crescimento de plantas de pimentão, pois é considerado fonte de nitrogênio, o que favorece o crescimento vegetativo e aumenta o potencial produtivo das culturas (FILGUEIRA, 2000). Esse elemento é o principal responsável pela estimulação do crescimento vegetativo e também da produção de biomassa, com isso os resíduos vegetativos podem apresentar alto teor de proteínas e de aminoácidos solúveis (SILVA, 1998). Além disso, para Filgueira (2000), a superioridade do esterco bovino se deve provavelmente ao fato deste adubo orgânico elevar a CTC, possibilitando boa retenção de umidade e de nutrientes. Além do mais a elevação no crescimento em altura já foi verificada em alface, coentro e pimentão em função da adição de esterco bovino (OLIVEIRA et al. 2002). Enquanto para o esterco de frango os melhores tratamentos foram com 10 e 50%, o que corresponde a 3,24 e 3,55 cm respectivamente, quando comparado ao controle (1,81 cm) (Figura 1A). Isso se deve provavelmente ao fato da cama de frango ser uma boa fonte de nutrientes, principalmente de nitrogênio, e quando se faz o manejo adequadamente, esse adubo orgânico pode suprir parcial ou totalmente, o uso de

3 fertilizante químico (LUZ et al., 2009). Além disso, esse elemento químico induz o rápido desenvolvimento da vegetação e conseqüentemente influencia na produção. Para Lima et al. (2006) avaliando a produção de mudas de mamoneiro (Ricimus communis L.) em saquinhos, verificaram que 25% de cama de frango possibilitou o melhor crescimento das plantas. Esse valor está entre 10 e 50% que são os melhores tratamentos encontrados neste trabalho. Os mesmos autores afirmam que a cama de frango mostrou-se uma fonte orgânica quimicamente ativa, compondo um bom substrato quando está associada com algum material que proporcione boas características físicas, tais como: boa retenção de água, boa porosidade total, baixa resistência a penetração de raízes dentre outras. Para o parâmetro índice de velocidade de germinação, o melhor tratamento foi 20% de EG (0,81 cm), diferindo estatisticamente do tratamento controle (0,28) (Figura 1B). Enquanto para o esterco de frango o melhor foi o de 10% (0.68) quando comparado com o controle (0,28) (Figura 1B). Esse trabalho mostrou resultado satisfatório quando comparado com trabalho feito por Neves et al. (2010), em que observou-se que o substrato esterco de aves não apresentou resultados satisfatórios quando se refere aos seguintes parâmetros: matéria seca da parte aérea (MSA), índice de velocidade de emergência (IVE) e altura de plântulas (ALT). Figura 1. Valores médios de crescimento (cm) e índice de velocidade de germinação (IVG) de plântulas de Capsicum annuum. 1A 1B Fonte: Autoria pessoal. Os resultados expressados pela análise de variância demonstram que para o crescimento e índice de velocidade de germinação a espécie estudada foi influenciada pelas proporções de esterco de gado e esterco de frango. Conclusões Para o parâmetro altura (cm) das plantas o melhor tratamento foi 40% e 30% de EG e 10 e 50% de EF. Para o parâmetro índice de velocidade de germinação o melhor tratamento foi o 20% EG e 10% EF.

4 Referências ARAÚJO, E. N.; Rendimento do pimentão (Capsicum annuum L.) adubado com esterco bovino e biofertilizante, f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, FILGUEIRA, F. A. R. Manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000, 402 p. FILGUEIRA, F. A. R. Tomates: a mais universal das hortaliças. In: FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura, 2.ed. São Paulo: CERES, cap. 8, p FONTENO, W. C. Growing media: types and physical/chemical properties. In: REED, D.W. (Ed.) A Growers Guide to Water, Media, and Nutrition for Greenhouse Crops. Batavia: Ball, p FRIZZONE, J. A.; GONÇALVES, A. C. A.; REZENDE, R. Produtividade do pimentão amarelo, Capsicum annuum L., cultivado em ambiente protegido, em função do potencial mátrico de água no solo. Acta Scientiarum, Maringá-PR, v.23, n.5, p , GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y. S.; PORTES, M. C. G. O.; VICENTINI, A. Avaliação da deposição de serapilheira em diferentes fases serais de Floresta Ombrófila Mista. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, , Blumenau. Resumos... Blumenau: [Sociedade Botânica do Brasil], p KÄMPF, A. N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A.N.; FERMINO, M.H. (Eds.). Substratos para plantas: a base da produção vegetal em recipientes. Porto Alegre: Gênesis, p LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S.; SILVA, M. I. L. S; JERÔNIMO, J. F.; VALE, L. S.; BELTRÃO, N. E. M. Substrato para produção de Mamoeiro composto por Misturas de Cinco Fontes de Matéria Orgânica. Ciência Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 3, p , maio-jun, LUZ, J. M. Q.; MORAIS, T. P. S.; BLANK, A. F.; SODRÉ, A. C. B.; OLIVEIRA, G.S. Teor, rendimento e composição química do óleo essencial de manjericão sob doses de cama de frango. Horticultura Brasileira, Vitória da Conquista, v.27, p , MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n.2, p , NEVES, F.S.; BRAGA, R. F.; ESPIRITO-SANTO, M. M.; DELABIE, J. H. C.; FERNANDES, G. W.; SÁNCHEZ-AZOFEIFA, G. A. Diversity of arboreal ants an a brazilian Tropical Dry Forest: Efects of seasonality and successional Stage. Sociobiology, Athens, v.56, p , OLIVEIRA, A. B.; OLIVEIRA, A. O.; MIGUEL, M. D.; ZANIN, S. M. W.; KERBER, V. A. O Hipotireoidismo sob a Ótica Farmacêutica Generalista. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 3, n. 2, p , Jul.-Dez SILVA, D.J. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa, MG: UFV, p. SILVA, B. N. R.; SILVA, L. G. T.; ROCHA, A. M.A.; SAMPAIO, S. M. N. Interação biofísica e do uso da terra na dinâmica da paisagem do município de Capitão Poço - PA, em sistema de informação geográfica. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 10). SILVA, F. de A.S. Assistat 7.6 beta. DEAG-CTRN, Campina Grande, PB, Brasil, SONNENBERG, P. E. Olericultura especial II. 3.ed. Goiânia: UFG EAV, 1985.

5 WENDLING, I.; GATTO, A. Substratos, adubação e irrigação na produção de mudas. Viçosa: Aprenda Fácil Editora p.