TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS EM SEMENTES DE COENTRO (CORIANDRUM SATIVUM L.)

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1 TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS EM SEMENTES DE COENTRO (CORIANDRUM SATIVUM L.) A. de A. Ribeiro 1 ; F. J. C. Moreira 2 ; W. M. Eloi 3 ; M. A. de L. Sales 4 ; M. L.M Sales 5 RESUMO: O presente estudo tem como objetivo estudar diferentes tratamentos prégerminativos para aumentar o potencial fisiológico das sementes de coentro. O estudo foi realizado no período de 16 de novembro a 01 de dezembro de 2011, em condições de casa de vegetação, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFCE, Campus de Sobral, na cidade de Sobral-CE. As sementes foram submetidas à embebição em água nos tempos de 0, 24, 48 e 72 horas. As variáveis analisadas foram: primeira contagem, índice de velocidade de germinação (IVG), percentual de germinação e tempo médio de germinação (TMG). A maior germinação foi obtida para o controle. A embebição das sementes a 48 h apresentou melhor índice de velocidade de germinação e tempo médio de germinação. No teste de vigor, verificouse que as sementes embebidas por 48 e 72 h, apresentaram maiores porcentagens de germinação. Portanto, em vista dos resultados obtidos, sugere-se a embebição das sementes de coentro durante 24 h para aumentar seu potencial fisiológico. PALAVRAS-CHAVE: germinação; vigor; embebição. SUMMARY: The present study aims to study different pre-germination treatments to improve the physiological potential of coriander seeds. The study was conducted from November 16 to December 1, 2011, in greenhouse conditions at the Federal Institute of Education, Science and Technology - IFCE, Sobral Campus in the city of Sobral-CE. The seeds were submitted to immersion in water in the 0, 24, 48 and 72 hours. The variables analyzed were: first counting, germination speed index (IVG), germination percentage and mean germination time (GMT). The highest germination was obtained for the control. The imbibition at 48 h showed better germination speed index and average time of germination. In the test of strength, it was found that seeds soaked for 48 and 72 h, showed higher percentages of germination. Therefore, in view of the results, we suggest the coriander seed imbibition for 24 h to increase their physiological potential. KEYWORDS: germination; vigor; soaking. 1 Graduando em Irrigação e Drenagem, IFCE, Sobral CE. alburibeiro@hotmail.com 2 Prof. Mestre, Depto de Recurso naturais, IFCE, Sobral CE 3 Profa Doutora, Depto de Engenharia Civil, IFCE, Fortaleza CE 4 Graduanda em Irrigação e Drenagem, IFCE, Sobral CE 5 Técnica do Laboratório de Solos e Água para Irrigação, IFCE- Campus Sobral

2 INTRODUÇÃO O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma olerícola de valor e importância consideráveis, consumido em várias regiões do Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste (Marques e Lorencetti, 1999; Pereira et al., 2005). Seu cultivo visa à obtenção de massa verde utilizada na composição de diversos pratos, molhos e saladas e no tempero de peixes e carnes. O coentro é amplamente utilizado na indústria, como condimento para carne defumada e na fabricação de pães, doces, picles e licores finos (Pedrosa et al., 1984). Quando sementes viáveis não germinam mesmo quando os fatores externos necessários ao processo de germinação (luz, água, oxigênio) são favoráveis, são ditas dormentes, apresentando alguma restrição interna ou sistêmica à germinação, restrição esta que deve ser superada a fim de que o processo germinativo ocorra (Cardoso, 2004). Na maioria das vezes, a dormência é vantajosa para a sobrevivência da espécie em condições naturais, uma vez que distribui a germinação ao longo do tempo ou permite que a germinação ocorra somente quando as condições forem favoráveis à sobrevivência das plântulas. Por outro lado, a dormência é, freqüentemente, prejudicial às atividades de viveiro onde se deseja que grandes quantidades de sementes germinem em curto espaço de tempo, permitindo a produção de mudas uniformes (MEDEIROS FILHO et al., 2002). Em laboratório foram desenvolvidos diversos métodos, visando a quebra de dormência por impedimento a entrada de água, como a escarificação mecânica e química, a embebição em água e tratamentos com altas temperaturas, sob condição úmida ou seca (BEWLEY; BLACK, 1982; BEBAWI; MOHAMED, 1985; PEREZ; PRADO, 1993). Segundo Eira et al. (1993), todos esses tratamentos apresentaram vantagens e desvantagens, de modo que cada um deles deve ser estudado, levando em conta, também, o custo efetivo e sua praticidade de execução Além disso, as sementes podem apresentar diferentes níveis de dormência. Sendo assim, o método empregado deve ser efetivo na quebra de dormência, sem prejudicar as sementes com baixos níveis de dormência. No Brasil, a tecnologia de sementes agrícolas tem recebido atenção de muitos pesquisadores, enquanto as espécies florestais, que apresentam uma enorme diversidade de espécies, têm sido bastante preteridas. Atualmente, em função da preocupação com o perigo de extinção de muitas delas, bem como do vasto potencial econômico detectado nas matas nativas algum interesse vem sendo dedicado não apenas à identificação das espécies, como à fisiologia e ecologia de suas sementes incluindo-se aqui tratamentos para superação da dormência, denominação do estado em que sementes aptas a germinar suspendem temporariamente o processo de desenvolvimento quando todas as condições externas ordinariamente consideradas necessárias ao seu crescimento são atendidas (Bewley & Black, 1986). Diante do exposto objetivou-se estudar diferentes tratamentos pré-germinativos para aumentar o potencial fisiológico das sementes de coentro. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no período de 16 de novembro a 01 de dezembro de 2011, em condições de casa de vegetação, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFCE, Campus de Sobral, localizado na cidade de Sobral-CE, com coordenadas geográficas (03 40 S

3 e W). O clima da cidade é tropical quente semi-árido com pluviometria média de 854 mm, temperatura média de 30 ºC e a altitude de 70 metros. As sementes foram submetidas à imersão em água a 0h, 24h, 48h e 72h, visando a superação da dormência. Após serem submetidas aos referidos tempos de embebição, as sementes foram colocadas para germinar em bandejas de isopor de 128 células, utilizando-se substrato orgânico comercial, com teor de água próximo a capacidade de campo. Para manter o substrato úmido, para que o processo de germinação pudesse ocorrer, eram realizadas diariamente duas irrigações. As variáveis analisadas foram: primeira contagem, índice de velocidade de germinação (IVG), percentual de germinação e tempo médio de germinação (TMG). A variável primeira contagem foi avaliada 48 horas após a instalação do ensaio. O índice de velocidade de germinação (IVG) foi determinado segundo a metodologia proposta por Maguire (1962): (eq. 01) em que: IVG: índice de velocidade de germinação; E 1, E 2,..E n : número de plântulas germinadas no dia, computadas na primeira, segunda e última contagem; N 1, N 2,..N n : número de dias da semeadura à primeira, segunda... e última contagem. Foram consideradas como emergidas as plântulas que apresentavam os cotilédones totalmente livres. O delineamento estatístico adotado foi em Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), com quatro repetições de 32 sementes cada. Os resultados foram submetidos a análise de variância com o Teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos estão na Tabela 1. A imersão das sementes em água nos quatro períodos de tempo manteve baixos níveis de germinação.verificou-se que a maior germinação foi obtida para o controle, não diferindo estatisticamente daquelas com 24h e 48 h. Com 72 h de embebição, as sementes apresentaram uma menor germinação, com diferença estatística para as demais. Tabela 1: Resultado da análise de variância das variáveis percentual de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG),tempo médio de germinação e primeira contagem% de sementes de coentro submetidas a embebição em água a 0h, 24h,48h e 72h Tempo de embebição % germinação IVG TMG Primeira contagem 0 h 17,18a 7,32a 3a 0,82a 24 h 15,6a 7,71a 3,10a 3,12a 48 h 12.5a 7,97a 4,025a 17,18b 72 h 2,82b 7,33a 2,82a 13,28b *Médias não seguidas de mesma letra na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro Em relação ao Índice de velocidade de germinação (IVG), o tratamento com embebição das sementes por 48 h apresentou o melhor índice de velocidade de germinação, apesar de não diferir estatisticamente dos demais. Em sementes de Cleistanthus collinus Benth., o tratamento mais eficiente para superar a dormência foi a imersão em água por 24 h, apresentando um índice de velocidade de emergência de 6,10 (Sharma et al., 1999). Para o tempo médio de germinação (TMG), obteve-se o melhor valor também em sementes com embebição por 48 h, embora sem diferença significativa entre os demais tratamentos.

4 No teste de vigor, primeira contagem, se verificou que as sementes embebidas por 48h e 72 h, apresentaram maiores porcentagens de germinação, diferindo estatisticamente daquelas embebidas por 24 e 0 h. De maneira geral, os resultados obtidos de acordo Bahia (2005), que destaca que a imersão das sementes em água, a temperatura ambiente por 24 horas, acelerava o processo germinativo em sementes de Luffa cylindrica.em contrapartida,eira et (1993) trabalhando com sementes de Enterolobium contortisiliquum verificou que a imersão em água parada a temperatura ambiente a 24h,48h e 72h não foi suficiente para superação da dormência, tal como para as sementes de Cassia excelsa Scharad (Jeller & Perez, 1999). Resultados similares foram obtidos em sementes de Acacia senegal (L.) Willd e Parkinsonia aculeata L. (Torres & Santos, 1994) e de Mimosa bimucronata (DC.) O. Kuntze (Ribas et al., 1996). CONCLUSÕES A embebição das sementes de coentro por 24 h aumenta o seu potencial fisiológico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAHIA. A cultura da bucha. Disponível em: < Acesso em: 27 de maio de BEBAWI, F. F.; MOHAMED, S. M. The pretreatment o seeds of six Sudanese Acácias to improve their germination response. Seed Science and Technology, v.13, p , BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Physiology and biochemistry of seeds. Berlim: Springer-Verlag, v.1, 540p BEWLEY, J.D. & BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2ed. N.York: Plenum Press p CARDOSO, V. J. M. Dormência estabelecimento do processo. IN: Ferreira, A.G.; Borghetti, F. (ORGS.) Germinação: do Básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed. p EIRA, M.T.S.; FREITAS, R.W.A.; MELLO, C.M.C. Superação da dormência de sementes de Enterolobium contortisiliquum(vell.) Morong. - Leguminosae. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.15, n.2, p , s, Brasília, v.15, p , JELLER, H.; PEREZ, S.C.J.G.A. Estudo da superação da dormência e da temperatura em sementes de Cassia excelsa Schrad. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.21, n.1, p.32-40, MAGUIRE, J. D. Speed of germination-and in selection and evaluation for seeding emergence and vigor. Crop Science, Madison 2: MARQUES, F. C.; LORENCETTI, B. L. Avaliação de três cultivares de coentro (Coriandrum sativum L.) semeadas em duas épocas. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v.5, n.2, p , MEDEIROS FILHO, S.; FRANÇA, E. A.; INNECCO, R. Germinação de Sementes de Operculina macrocarpa (L.) Farwel e Operculina alata (Ham.) Urban. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 24, n. 2, p , PEDROSA, F. S.; NEGREIROS, M. Z.; NOGUEIRA, I. C. C. Aspectos da cultura do coentro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.10, n.120, p.75-78, PEREZ, S. C. J. G.; PRADO, C. H. B. A. Efeitos de diferentes tratamentos pré-germinativos e da concentração de alumínio no processo germinativo de sementes de Copaifera langsdorffii Desf. Revista Brasileira de sementes, v.15, p , PEREIRA, R. S; MUNIZ, M. F. B.; NASCIMENTO, W. M. Aspectos relacionados à qualidade de sementes de coentro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.3, p , 2005.

5 RIBAS, L.L.F.; FOSSATI, L.C.; NOGUEIRA, A.T. Superação da dormência de sementes de Mimosa bimucronata (DC.) O. Kuntze (maricá). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.18, n.1, p , SHARMA, A.; CHOUBEY, O. P.; TIWARI, K. P. Pré-treatmentes for hastenings seed germination and seedling growth Cleistanthus collinus Benth. Journal of Tropical Forestry, 15: TORRES, S.B.; SANTOS, D.S.B. Superação de dormência em sementes de Acacia senegal (L.) Willd. e Parkinsonia aculeata L. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.16, n.1, p.54-57, 1994.