Avaliação de tratamentos pré-germinativos em sementes de Vitex agnus castus L.

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1 Avaliação de tratamentos pré-germinativos em sementes de Vitex agnus castus L. Antonio Marcos E. Bezerra 1 ; Francisco José C. Moreira 2 ; Társio Thiago L. Alves 2 ; Sebastião Medeiros Filho 2 1 UFPI-CCA, Núcleo de Plantas Aromáticas e Medicinais, Teresina-PI; esmeraldo@ufpi.br; 2 UFC-CCA, Depto. de Fitotecnia, C.Postal , , Fortaleza-CE; filho@ufc.br RESUMO A pimenta-dos-monges (Vitex agnus castus L.; Verbenaceae) é uma espécie exótica usada há séculos como medicinal no tratamento das doenças femininas (TPM, menopausa) e em casos de prostratite e como anafrodísiaca. Apesar de ser cultivada como planta ornamental não há relatos a respeito de sua propagação sexuada. Desta maneira, conduziu-se este trabalho com o intuito de avaliar a germinação das sementes mediante a determinação da curva de embebição e aplicação de tratamentos prégermintaivos. Para obtenção da curva de embebição utilizaram-se os seguintes lapsos de tempo: 0, 2, 4, 8, 16, 32 e 64 h. Os tratamentos pré-germinativos testados foram: controle (sementes com 10% de umidade); pré-embebição em H 2 O por 24, 48 e 72 h; imersão das sementes soluções aquosas de GA 3 (100, 200 e 300 ppm) durante 24 h; e, imersão das sementes em KNO 3 (0,2; 0,4 e 0,6;%) por 24 h, dispostos em delineamento inteiramente casualisado, com quatro repetições (25 sementes/repetição). Verificou-se que apesar de não haver nenhuma barreira à absorção d'água pelas sementes, a germinação não ocorreu ou foi muito baixa (28-33%) nas sementes imersas em GA 3, sendo o tempo médio em torno de 9 dias, resultados que sugerem uma provável dormência fisiológica. Palavras-chave: Vitex agnus castus, sementes, germinação, vigor. ABSTRACT Evaluation of treatments pre-germinations in seeds of Vitex agnus castus L. The Vitex agnus castus L. is a used exotic species has centuries as medicinal in the treatment of the feminine illnesses (PMS, menopause) and in cases of inflammation of the prostate and to attenuate the masculine excess of libido. Although to be cultivated as ornamental plant it does not have stories regarding its sexual propagation. In this way, this work with intention was conducted to evaluate the germination of the seeds by means of the determination of the soaking curve and application of treatments pre-germinations. For attainment of the soaking curve the following lapses of time had been used: 0, 2, 4, 8, 16, 32 and 64 h. The tested treatments pre-germinations had been: control (seeds with

2 10% of humidity); pre-soaking in H 2 O for 24, 48 and 72 h; immersion of the seeds in aqueous giberelic acid (AG 3 ) solutions (100, 200 and 300 ppm) during 24 h; and, immersion of the seeds in KNO 3 (0,2; 0,4 and 0.6;%) for 24 h, made use in completely random design, with four repetitions (25 seeds/repetition). It was verified that although not to have no barrier to the absorption of the water for the seeds, the germination it did not occur or she was low very (28-33%) in the immersed seeds in AG 3, being the average time around 9 days, results that suggest a probable dormancy physiological. Keywords: Vitex agnus castus, seeds; germination, vigor. A rbusto que atinge 1,5 a 3,0m de altura, nativo das florestas do sul da Europa e Ásia Ocidental, pertencente a família Verbenaceae, conhecido pelos nomes populares de pimenta-dos-monges, pau-d'angola, liamba, agno-casto e sete-bruxas. Os frutos e as folhas são usados no tratamento da TPM (Tensão Pré-Menstrual), menopausa e como anafrodisíaco (Matos, 2002). A espécie propaga-se por sementes e estacas sendo muito cultivado no Brasil como planta ornamental. O estudo dos métodos de propagação é o ponto de partida na exploração de qualquer espécie vegetal com potencial econômico. Na propagação sexuada, a determinação da curva de embebição e averiguação de tratamentos pré-germinativos são fundamentais em espécies, nativas e exóticas, que apresentam dificuldades na multiplicação por sementes. Em Vitex agnus castus esses estudos são escassos. Assim sendo, objetivou-se nesse trabalho verificar a germinação das sementes de pimenta-dos-monges quando submetidas a tratamentos pré-germinativos, bem como o modelo de absorção d'água pelas sementes. MATERIAL E MÉTODOS Utilizou-se nesse estudo sementes oriundas do Núcleo de Plantas Aromáticas e Medicinais da UFPI, colhidas em 18/11/2003. O ensaio foi realizado no Laboratório de Sementes da UFC, no período de 29/12/03 a 28/01/04. Para obtenção da curva de embebição, avaliou-se o teor de água, em duas repetições de 15 sementes nos seguintes lapsos de tempo: 0; 2; 4; 8; 16; 32 e 64 h, seguindo a metodologia proposta por Bezerra et al. (1997). Os tratamentos pré-germinativos testados foram: 1- testemunha (sementes com 10% de umidade); 2- pré-embebição em H 2 0 por 24 h; 3 -pré-embebição em H 2 O por 48 h; 4- pré-embebição em H 2 o por 72 h; 5- imersão das sementes em solução aquosa de ácido giberélico (GA 3 ) à 100 ppm; 6- imersão das sementes em solução aquosa de GA 3 à 200 ppm; 7- imersão das sementes em solução aquosa de GA 3 à 300 ppm; 8- préembebição das sementes em KNO 3 à 0,2%; 9- pré-embebição das sementes em KNO 3 à

3 0,4% e 10- pré-embebição das sementes em KNO 3 à 0,6%, dispostos em delineamento inteiramente casualisado, com quatro repetições (25 sementes/repetição). As sementes de cada parcela foram imersas nas substâncias químicas nos tempos pré-estabelecidos, exceto a testemunha, sendo em seguida colocadas em placas de Petri (9 cm de diâmetro) forradas com dois discos de papel de filtro, umedecido com 2,5 ml de água destilada. As placas foram colocadas em câmara de germinação, regulada a 25 C com fotoperíodo de 8h de luz/16 h de escuro. As respostas medidas foram: porcentagem de germinação - avaliada aos 12 dias após a semeadura, mediante a contagem das plântulas normais de cada parcela; índice de velocidade de germinação - obtido através de contagens diárias das sementes germinadas, a partir do 7 até o 12 dia após a semeadura, adotando-se a metodologia recomendada por Maguire (1962); tempo médio de germinação - determinado com base nos dados do teste de germinação, através da fórmula citada por Silva & Nakagawa (1995), com o resultado expresso em dias após a semeadura. RESULTADOS E DISCUSSÃO O teor de água das sementes (Figura 1a) aumentou de forma significativa entre 0 e 32 h (cerca de 7,4 vezes), estabilizando-se em 57% no intervalo de 32 a 64 h. Esse padrão de variação mostra que o estágio I situou-se no intervalo compreendido entre 0 e 32 h, enquanto o estágio II teve início a partir de 32 h. Não se observou, nos períodos estudados o início do estágio III, não sendo possível, desta maneira, estabelecer o modelo trifásico de absorção sugerido por Bewley & Black (1994), no entanto, evidenciouse que não houve barreira física à entrada d'água na semente. Quanto à germinação (Figura 1b) constatou-se que a mesma só ocorreu quando as sementes foram imersas em ácido giberélico (GA 3 ) nas concentrações de 100 ppm (31%), 200 ppm (33%) e 300 ppm (28%) (tratamentos 5, 6 e 7). A germinação baixa (tratamentos 5, 6 e 7) e ausente (tratamentos 1, 2, 3, 4, 8, 9 e 10) observada no ensaio indica uma provável dormência, sugerindo estudos posteriores para determinação das causas desse fenômeno e dos mecanismos necessários para superá-la.

4 Teor de água (%) (a) Tempo (h) Germinação (%) (b) Figura 1. Curva de embebição (a) e porcentagem de germinação (b) de sementes de Pimenta-dos-monges submetidas a diferentes pré-tratamentos. Fortaleza, UFC, As barras no topo das colunas referem-se ao desvio padrão. A velocidade de germinação das sementes pré-embebidas nas três soluções aquosas de GA 3 situaram-se no mesmo patamar (Figura 2a), enquanto para o tempo médio de germinação (Figura 2b) houve um decréscimo com o aumento da concentração do regulador de crescimento, situando-se por volta de nove dias. IVG (a) Tm (dias) (b) Figura 2. Índice de velocidade de germinação (a) e tempo médio de germinação (b) de Pimenta-dos-monges em 10 tratamentos pré-germinativos. Fortaleza, UFC, As barras no topo das colunas referem-se ao desvio padrão. Do exposto conclui-se que em Vitex agnus castus não há nenhuma impedimento à absorção d'água pelas sementes e a que a germinação baixa e lenta nas sementes précondicionadas é um indicativo de uma dormência fisiológica. LITERATURA CITADA BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press, p.

5 BEZERRA, A.M.E.; ALCANFÔR, D.C.; MEDEIROS FILHO, S.; INNECCO, R. Germinação de sementes de Moringa (Moringa oleifera Lam.) Ciência Agronômica, Fortaleza, v.28, n.1/2, p.64-69, MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evakuation for seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n.1, p , MATOS, F.J.A. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 4. ed. Fortaleza: Editora UFC, p. SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Estudo de fórmulas para cálculo da velocidade de germinação. Informativo ABRATES, Londrina, v.5, n.1, p.62-73, 1995.