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- Herman Gameiro Farinha
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1 A FAMÍLIA COMO CUIDADOR DO IDOSO: UMA RELAÇÃO FORTALECIDA PELA AJUDA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE OLIVEIRA, Monica Caldas de RESUMO Este artigo acerca da família como cuidador do idoso: uma relação fortalecida pela ajuda dos profissionais de saúde tem a finalidade de discutir a importância da parceria entre os profissionais de saúde e a família do idoso no sentido de educar e orientar os familiares envolvidos no processo do cuidar contribuindo para melhora da qualidade do cuidado prestado pela família ao idoso, tendo em vista que a falta de conhecimento por parte da família sobre o processo do envelhecimento e como cuidar do idoso é um dos problemas que a família enfrenta ao assumir o papel de cuidador. Palavras-Chave: Família, Cuidador, Idoso e Profissionais de Saúde.
2 A FAMÍLIA COMO CUIDADOR DO IDOSO: UMA RELAÇÃO FORTALECIDA PELA AJUDA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE OLIVEIRA, Monica Caldas de INTRODUÇÃO O tema que me proponho a desenvolver trata-se de algumas das relações existentes entre os profissionais de Saúde e a família no papel de cuidador de um idoso, destacando a importância de apoiar e orientar estes cuidadores buscando melhorias na relação cotidiana de ambos, idoso e cuidador. A intenção, portanto, é a partir de dados bibliográficos, despertar uma reflexão sobre a importância da parceria entre os profissionais de Saúde e a família, visando fortalecer essa relação de cuidado e propiciar uma ajuda indireta ao idoso, através de melhorias no desempenho e envolvimento do cuidador. O tema apresenta relevância social porque, no Brasil, existe pouco apoio social ou informação para que o cuidador familiar assuma adequadamente o seu papel. Numericamente o idoso brasileiro tem aumentado numa velocidade espantosa nos últimos anos (CIA et al, 2001) exigindo, assim, respostas no que diz respeito, especialmente, às políticas de saúde e sociais dirigidas à população idosa, com a intenção de preservar sua saúde e qualidade de vida, bem como de atendê-la em sua doença. Estudos populacionais demonstram que, no Brasil, 85% dos idosos apresentam pelo menos uma enfermidade crônica e, cerca de 10%, pelo menos cinco (CEIR apud SILVESTRE & COSTA NETO, 2001). Percebe-se que a maioria dos idosos experimenta alguma fragilidade nessa fase da vida necessitando assim de ajuda. A família costuma assumir o papel de cuidador, enfrentando assim um grande desafio, pois na maioria das vezes sente-se despreparada para lidar com as alterações orgânicas e psicológicas sofridas pelo idoso e a medida que o idoso vai perdendo sua independência, acrescenta-se a este desafio, a insegurança em responder às suas novas necessidades, em como se relacionar com ele ou como agir frente a essa responsabilidade. Cabe, portanto questionar: como o profissional de saúde pode intervir junto à família a fim de fortalecer essa relação de cuidado?
3 A Política Nacional de Saúde do Idoso sugere a formação de parcerias entre os profissionais de saúde e as pessoas responsáveis pelas atividades da vida diária e pelo seguimento das orientações emitidas pelos profissionais (BRASIL, 1999). Essa diretriz vem ratificar que a assistência domiciliar aos idosos, cuja capacidade funcional encontra-se comprometida, requer orientação, informação e assessoria de especialistas. O ideal seria que o cuidador familiar de idosos incapacitados fosse alvo de orientações e recebessem constante acompanhamento, supervisão e capacitação de profissional médico, enfermeiro, fisioterapeuta, entre outros, esperando-se, como resultado desta parceria, uma participação mais adequada da família envolvida com alguém em processo de envelhecimento, evitando, na medida do possível, hospitalizações e asilamentos. OBJETIVOS Discutir a importância da parceria entre os profissionais de saúde e a família, no sentido de garantir uma participação mais adequada da família no cuidado com o idoso. Sensibilizar os profissionais de saúde para uma adequada assistência ao idoso e ao seu cuidador. Contribuir para melhora da qualidade do cuidado prestado pela família ao idoso. METODOLOGIA O estudo trata-se de pesquisa do tipo qualitativa, pautada em bibliografias em quantidade satisfatória para descrever e discutir a problemática em questão, garantindo a dinâmica da investigação acadêmica e profissional responsável e ética. REFERENCIAL TEÓRICO A FAMÍLIA E O CUIDAR CAPONI (1997) afirma que o cuidado é primeira e fundamentalmente autocuidado. É o que fazemos para que nosso próprio corpo passe a ser o substrato de uma existência humana. No
4 entanto, existem situações nas quais isso não pode ser garantido. Há momentos, como pode acontecer na velhice, nos quais perdemos a capacidade de nos autocuidar e precisamos da assistência de outro. Pode ser um profissional ou simplesmente quem esteja próximo a nós: um amigo ou um familiar. Experimentamos, na velhice, a perda progressiva da capacidade de autocuidado. CALDAS (2000) ressalta que o grave problema da velhice é quando um dos suportes de uma existência autônoma está comprometido, o momento em que já não nos podemos auto-governar porque já não nos podemos cuidar. WALDOW apud SANTOS (2001), descreve as qualidades essenciais para o cuidar/cuidado: o cuidado requer conhecimento do outro ser; o cuidado deve modificar seu comportamento frente às necessidades do outro; a honestidade, a humildade, a esperança e a coragem devem permear o cuidado, porém nunca criar dependência no ser cuidado, pois o cuidador tem como meta possibilitar ao outro o conhecimento, para que ele possa utilizar suas próprias capacidades. O Ministério da Saúde conceitua o cuidador como sendo a pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano - por exemplo, ir à bancos ou farmácias - excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas, particularmente na área de enfermagem. Os conceitos de cuidadores formais e informais, ou principais e secundários, e fatores que designam o tipo de cuidador requerido para cada idoso dependente é bastante discutido na literatura. Geralmente, utiliza-se a denominação de cuidador formal para o profissional contratado (auxiliar de enfermagem, acompanhante, empregada doméstica, etc.) e de cuidador informal, usualmente, os familiares, amigos e voluntários. A literatura internacional, citada por KARSCH (2003), aponta para quatro fatores, geralmente presentes na designação da pessoa que, preferencialmente, assume os cuidados pessoais ao idoso incapacitado: parentesco (cônjuges); gênero (principalmente, mulher); proximidade física (vive junto) e proximidade afetiva (conjugal, pais e filhos).
5 Geralmente o papel de cuidador é assumido pela família, principalmente pelos filhos adultos, por terem um vínculo afetivo e uma responsabilidade culturalmente definida, segundo BLEISZNER apud CIA et al.(2001) como obrigação filial. NERI apud CIA et al (2001) enfatiza que prestar cuidados a um idoso muitas vezes leva o cuidador a reestruturar sua vida, alterando costumes, rotinas, hábitos e até mesmo a natureza de sua relação com o idoso. Quando a família assume o cuidado de um parente idoso observa-se que ocorre uma alteração na rotina doméstica e freqüentemente há uma perda da atividade social da família. Cuidar de um parente idoso requer respeito, afetividade, entendimento sobre envelhecimento e organização de tarefas diárias que envolvem o cuidador e o idoso. O que cabe aos profissionais de Saúde no cuidado ao idoso e sua família? A NECESSIDADE DO APOIO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE A família predomina como alternativa no sistema de suporte informal aos idosos e apresenta necessidades que vão desde os aspectos materiais e emocionais até a necessidade de informações. De acordo com CALDAS (2000), os cuidadores, quando contam com uma estrutura de apoio institucional, estratégico, material e emocional, têm a possibilidade de exercer o cuidado e permanecer inseridos socialmente sem imobilizar-se pela sobrecarga determinada pela difícil e estafante atenção ao doente dependente. Alguns fatores que dificultam o cuidado à uma pessoa idosa prestado pela família seriam a falta de conhecimento e entendimento sobre o processo de envelhecimento, o pouco tempo que a família moderna dispõe para cuidar de um parente idoso e a complexidade da diversidade das necessidades físicas e sociais peculiares a cada pessoa. CALDAS apud CALDAS (2003) refere que a sobrecarga física, emocional e sócioeconômica do cuidado de um familiar é imensa. Não devemos esperar que os cuidados sejam entendidos e executados corretamente sem que os responsáveis pelo paciente sejam orientados. Seria fundamental que profissionais da Saúde treinassem o cuidador e supervisionassem a execução das atividades assistenciais necessárias ao cotidiano do idoso até que a família se sentisse segura para assumi-las. A família deve ser preparada também para lidar com os
6 sentimentos de culpa, frustração, raiva, depressão e outros sentimentos que acompanham essa responsabilidade. Cabe aos profissionais de Saúde fornecer aos familiares-cuidadores os esclarecimentos e as orientações necessárias, incluindo informações relacionadas à doença crônico-degenerativa com a qual está eventualmente lidando, bem como informações sobre como acompanhar o tratamento prescrito. O cuidador familiar de idoso precisa ser alvo de orientações de como proceder nas situações mais difíceis, e receber em casa periódicas visitas de profissionais de Saúde. Ele também deverá receber atenção médica pessoal, considerando que a tarefa de cuidar de um adulto dependente é desgastante e implica riscos a saúde do cuidador. A parceria entre os profissionais de Saúde e as pessoas que cuidam dos idosos deverá possibilitar a sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e à manutenção da capacidade funcional do idoso dependente e do seu cuidador (BRASIL, 1999). CONCLUSÃO O envelhecimento populacional no mundo, e mais recentemente no Brasil está a exigir novas formas de assistência e novos enfoques por parte das políticas públicas de saúde. O desafio está em oferecermos uma assistência integral ao idoso envolvendo sua família. Tanto nos Estados Unidos, como na Europa, há grandes investimentos das políticas públicas a fim de construir e manter redes de suporte a idosos diretamente, ou prestando apoio a cuidadores: familiares, voluntários e profissionais. Isto é reconhecido porque pesquisas recentes mostram que os cuidadores oriundos de redes informais de apoio constituem a mais importante fonte de suporte a idosos e, por isso mesmo, precisam ser estudados e amparados (KARSCH, 2003). A carência do apoio de profissionais de Saúde junto aos familiares de um idoso dependente acarreta um despreparo familiar por falta de informações e orientações de como atender às necessidades do ser cuidado. Acredito que os profissionais do Programa Saúde da Família deveriam assumir este desafio de atender integralmente o idoso e sua família. A família deveria ser alvo de treinamentos a fim
7 de compreenderem melhor o processo de envelhecimento e refletir sobre o seu papel com outras pessoas que também vivenciam a tarefa de cuidar. O futuro não nos apresenta somente a longevidade do ser humano, mas a possibilidade de garantirmos a este ser uma velhice feliz e com qualidade em decorrência ao apoio familiar e ao trabalho de profissionais de Saúde comprometidos com os idosos e sua família. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA,Osvaldo P.;GARRIDO,Regiane.Distúrbios de comportamento em pacientes com demência: impacto sobre a vida do cuidador.arquivo de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, jun.1999, vol.57, n.2b. BRASIL. Política Nacional de Saúde do Idoso, aprovada pela Portaria nº 1395, de 9 de dezembro de Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, nº 237-E,p , 13 dez. Seção 1. CALDAS, Célia Pereira. A dimensão existencial da pessoa idosa e seu cuidador.textos sobre envelhecimento, Rio de Janeiro, jul. 2000, vol.3, n.4. CALDAS, Célia Pereira. Envelhecendo com dependência: responsabilidades e demandas da família. Caderno de Saúde Pública, jun. 2003, vol.19, n.3, p CALDAS, Célia Pereira. O sentido da ser cuidando de uma pessoa idosa que vivencia um processo demencial Tese de Doutorado - Escola de Enfermagem Ana Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro. CAPONI, G.Concepção do cuidado e a especificidade da enfermagem geriátrica e gerontológica. In: JORNADA DE ENFERMAGEM GERIÁTRICA E GERONTOLÓGICA,1., 1996, Florianópolis. Anais.Florianópolis: UFSC, V 6, N. 2. MAIO/AGO. 1997, P
8 CERQUEIRA,Ana Teresa de Abreu Ramos;OLIVEIRA,Nair Isabel Lapenta de.programa de apoio a cuidadores:uma ação terapêutica e preventiva na atenção à saúde do idoso.psicologia USP,São Paulo,vol.13,n.1,p , CIA,F. et al.de necesidades à intervenção:etapas na organização de um serviço de orientação para cuidadores de idosos.in: IV Seminário de Metodologia para Projetos de Extensão, 2001,São Carlos.Anais. KARSCH,Ursula M.Idosos dependentes: famílias e cuidadores.caderno de Saúde Pública,Rio de Janeiro, vol.19,n.3,p , jun SANTOS, Silvana Sidney Costa. Desenvolvimento sustentável e cuidado ao idoso.textos sobre envelhecimento, Rio de Janeiro, 2001, vol.3, n.6. SILVESTRE,Jorge Alexandre;COSTA NETO,Milton Menezes da.abordagem do idoso em programas de saúde da família. Caderno de Saúde Pública,Rio de janeiro, jun.2003, vol.19, n.3,p.839.
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