NEWSLETTER LABORAL I Setembro, 2015

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1 NEWSLETTER I LABORAL NEWSLETTER LABORAL I Setembro, 2015 I Legislação em Destaque 2 II Legislação 3 III Portarias de Extensão 4 IV Jurisprudência 4

2 NEWSLETTER LABORAL I LEGISLAÇÃO EM DESTAQUE Lei n.º 120/2015 D.R. n.º 170/2015, Série I de A Lei n.º 120/2015 veio proceder à nona alteração ao Código do Trabalho, reforçando os direitos de maternidade e paternidade. Das alterações introduzidas destacamos as seguintes: Alteração/alargamento de períodos de licenças: Aumenta a licença parental obrigatória do pai para 15 dias úteis; Estabelece a possibilidade de gozo simultâneo pelos progenitores da licença parental inicial entre os 120 e os 150 dias; Faz depender de acordo com o empregador o gozo da licença parental inicial em simultâneo de mãe e pai que trabalhem na mesma empresa, caso se trate de uma microempresa; Passa a ser obrigatório o gozo da licença parental exclusiva do pai de 15 dias úteis, seguidos ou interpolados, nos 30 dias seguintes ao nascimento do filho, 5 dos quais gozados de modo consecutivo imediatamente a seguir a este. Teletrabalho: O trabalhador com filho com idade até 3 anos tem direito a prestar trabalho em regime de teletrabalho, quando tal seja compatível com a actividade desempenhada, sem que o empregador se possa opor. Adaptabilidade grupal e banco de horas grupal: Excluem-se da aplicação do regime de adaptabilidade grupal e do banco de horas grupal os trabalhadores com filho menor de 3 anos que não manifestem, por escrito, a sua concordância. Medidas sancionatórias: A falta de comunicação à Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) da não renovação de contrato a termo de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante passa a ser punida como contra-ordenação grave. Estas alterações ao Código de Trabalho entraram em vigor no dia 6 de Setembro, com excepção das referentes à licença parental exclusiva do pai, que apenas entrarão em vigor com o próximo Orçamento do Estado. NEWSLETTER I LABORAL 2/7

3 II LEGISLAÇÃO Lei n.º 129/2015 D.R. n.º 172/2015, Série I de Terceira alteração à Lei n.º 112/2009, de 16 de Setembro, que estabelece o regime jurídico aplicável à prevenção da violência doméstica, à protecção e à assistência das suas vítimas, abrangendo o regime aplicável às faltas e à transferência a pedido de trabalhador vítima de violência doméstica, debruçando-se ainda sobre disposições relativas a instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho. Lei n.º 133/2015 D.R. n.º 174/2015, Série I de Cria um mecanismo para protecção das trabalhadoras grávidas, puérperas e lactantes, nos termos do qual as empresas que, nos 2 anos anteriores à candidatura a subsídios e subvenções públicas, tenham sido condenadas por sentença transitada em julgado por despedimento ilícito de trabalhadoras grávidas puérperas ou lactantes, ficam impedidas de serem beneficiárias dos referidos subsídios e subvenções públicas. Lei n.º 146/2015 D.R. n.º 176/2015, Série I de Regula a actividade de marítimos a bordo de navios que arvoram bandeira portuguesa, bem como as responsabilidades do Estado português enquanto Estado de bandeira ou do porto, tendo em vista o cumprimento de disposições obrigatórias da Convenção do Trabalho Marítimo, 2006, da Organização Internacional do Trabalho, transpõe as Directivas 1999/63/CE, do Conselho, de 21 de Junho de 1999, 2009/13/CE, do Conselho, de 16 de Fevereiro de 2009, 2012/35/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Novembro de 2012, e 2013/54/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Novembro de 2013, e procede à segunda alteração aos Decretos-Leis n. os 274/95, de 23 de Outubro, e 260/2009, de 25 de Setembro, e à quarta alteração à Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro, e revoga o Decreto- Lei n.º 145/2003, de 2 de Julho. NEWSLETTER I LABORAL 3/7

4 III PORTARIAS DE EXTENSÃO Área de Actividade Diploma Prefabricação em Betão Portaria n.º 259/2015 D.R. n.º 164/2015, Série I de Determina a extensão do contrato colectivo entre a ANIPB - Associação Nacional dos Industriais de Prefabricação em Betão e a FETESE - Federação dos Sindicatos da Indústria e Serviços e outros. Indústria das Tripas e Afins Portaria n.º 260/2015 D.R. n.º 164/2015, Série I de Determina a extensão dos contratos colectivos entre a ITA - Associação Portuguesa dos Industriais de Tripas e Afins e a FESAHT - Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e entre a mesma associação de empregadores e o Sindicato do Comércio, Escritórios, Serviços, Alimentação, Hotelaria e Turismo (SinCESAHT). IV JURISPRUDÊNCIA Acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia de (Proc. C- 160/14) - Conceito de transferência de estabelecimento - Ilicitude de despedimento colectivo O presente acórdão reporta-se à dissolução da companhia Air Atlantis ( AIA ) em Fevereiro de 1993, na sequência da qual se procedeu ao despedimento colectivo de 97 pessoas. A partir de Maio de 1993, a Transportes Aéreos Portugueses, S.A. ( TAP ), que era a accionista principal da AIA, passou a realizar parte dos voos já contratados pela mesma, tendo, para tal, utilizado quatro aviões e parte do equipamento de escritório da AIA, tendo também contratado alguns dos trabalhadores da extinta AIA. Os trabalhadores abrangidos impugnaram o despedimento, tendo requerido a sua reintegração na TAP. O Tribunal de Primeira Instância concluiu que se estava perante uma transmissão de estabelecimento e, consequentemente, ordenou a reintegração dos trabalhadores nas categorias correspondentes e o pagamento das respectivas indemnizações. NEWSLETTER I LABORAL 4/7

5 Em sede de recurso, o Tribunal da Relação de Lisboa anulou a mencionada decisão de primeira instância, tendo o Supremo Tribunal de Justiça confirmado a decisão da Relação, declarando que o despedimento colectivo não enfermava de qualquer ilicitude. O referido Supremo Tribunal observou que (i) para haver transferência de estabelecimento, não basta a simples prossecução da actividade, sendo ainda necessário que se verifique a conservação da identidade do estabelecimento, e que (ii) apesar de os trabalhadores terem requerido o reenvio prejudicial para o Tribunal de Justiça da União Europeia ( TJUE ), não existia dúvida relevante na interpretação do direito da União que implicasse o mencionado reenvio. Os trabalhadores intentaram, de seguida, uma acção de responsabilidade civil extracontratual contra o Estado português nas Varas Cíveis de Lisboa. Neste contexto, as Varas Cíveis questionaram o TJUE sobre se, na situação em causa, (i) o Supremo Tribunal de Justiça estava obrigado a submeter um pedido de decisão prejudicial, e se (ii) o conceito de transferência de estabelecimento da directiva europeia aplicável abrangia a situação dos trabalhadores da AIA. O TJEU respondeu afirmativamente a ambas as questões, sublinhando que, no sector dos transportes aéreos, a transferência de equipamento é um elemento essencial para apreciar a existência de uma transferência de estabelecimento na acepção da directiva e que a manutenção do nexo funcional de interdependência entre os vários factores transferidos determinava a possibilidade de a TAP ter prosseguido a actividade anteriormente exercida pela AIA, de forma idêntica ou análoga, ainda que em nova estrutura organizativa. Acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia de (Proc. C- 266/14) - Tempo de deslocação de trabalhadores sem local de trabalho fixo ou habitual - Conceito de tempo de trabalho O Tribunal de Justiça da União Europeia ( TJUE ) foi chamado a pronunciar-se sobre se o tempo despendido na deslocação de trabalhadores de uma sociedade espanhola integrava o conceito de tempo de trabalho ou de período de descanso, na acepção da directiva europeia aplicável. Nos termos desta directiva, o tempo de trabalho é definido como qualquer período durante o qual o trabalhador está a trabalhar ou se encontra à disposição do empregador e no exercício da sua actividade ou das suas funções, de acordo com a legislação e/ou a prática nacional. Qualquer período que não seja tempo de trabalho é considerado período de descanso. Neste caso, os trabalhadores não tinham local de trabalho fixo ou habitual, fazendo parte da sua actividade a deslocação a diversos clientes, localizados em variados pontos geográficos, por vezes a uma distância superior a 100 quilómetros da residência dos trabalhadores. NEWSLETTER I LABORAL 5/7

6 O Tribunal decidiu que, neste caso, o tempo de deslocação residência-clientes constituía tempo de trabalho, pois encontravam-se preenchidos os três elementos constitutivos desse conceito: 1) Durante o tempo das deslocações, os trabalhadores encontravam-se no exercício das suas actividades/funções, pois, atendendo à inexistência de local de trabalho fixo ou habitual, as referidas deslocações são o instrumento necessário à execução das prestações técnicas desses trabalhadores no domicílio dos clientes. 2) Durante esse tempo, os trabalhadores encontrava-se, igualmente, à disposição do empregador, uma vez que é o último que fixa a ordem de visita dos clientes, podendo, neste caso, o empregador alterar essa ordem, bem como anular ou acrescentar visitas aos clientes. Neste contexto, o trabalhador é obrigado a estar fisicamente presente no local determinado pelo empregador, não podendo dispor livremente do seu tempo e dedicar-se aos seus próprios interesses. 3) Durante o tempo das deslocações, os trabalhadores estão a trabalhar, pois as referidas deslocações são inseparáveis da qualidade de trabalhador. Nestes termos, o local de trabalho do mesmo não pode ser reduzido aos locais da sua intervenção física junto dos clientes do empregador, devendo incluir o tempo de deslocação a esses mesmos clientes. É sublinhado ainda que a directiva tem como finalidade a protecção da segurança e da saúde dos trabalhadores, i.e., assegurar um período mínimo de descanso aos mesmos, finalidade essa que seria contrariada por uma acepção de deslocações a clientes como período de descanso. NEWSLETTER I LABORAL 6/7

7 CONTACTOS CUATRECASAS, GONÇALVES PEREIRA & ASSOCIADOS, RL Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada LISBOA Praça Marquês de Pombal, 2 (e 1-8º) I Lisboa I Portugal Tel. (351) I Fax (351) cuatrecasasportugal@cuatrecasas.com I PORTO Avenida da Boavista, I Porto I Portugal Tel. (351) I Fax (351) cuatrecasasporto@cuatrecasas.com I A presente Newsletter foi elaborada pela Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL com fins exclusivamente informativos, não devendo ser entendida como forma de publicidade. A informação disponibilizada bem como as opiniões aqui expressas são de carácter geral e não substituem, em caso algum, o aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos, não assumindo a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, RL qualquer responsabilidade por danos que possam decorrer da utilização da referida informação. O acesso ao conteúdo desta Newsletter não implica a constituição de qualquer tipo de vínculo ou relação entre advogado e cliente ou a constituição de qualquer tipo de relação jurídica. A presente Newsletter é gratuita e a sua distribuição é de car ácter reservado, encontrando-se vedada a sua reprodução ou circulação não expressamente autorizadas. Caso pretenda deixar de receber esta Newsletter, por favor envie um para o endereço cuatrecasasportugal@cuatrecasas.com. NEWSLETTER I LABORAL 7/7