ANTIBIOTICOPROFILAXIA NA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO E RECORRÊNCIA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA HIDROCELE
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1 ANTIBIOTICOPROFILAIA NA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO E RECORRÊNCIA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA HIDROCELE Paulo José de Medeiros Cesar Araújo Britto Rodrigo Trigueiro Morais de Paiva Rodrigo de Carvalho Holanda Leite Thiago Silva da Costa Tássilo Rodrigo Araújo Lopes Pedro Sales Lima de Carvalho NATAL/RN, Junho, 2011.
2 SUMÁRIO 1 RESUMO DO PROJETO INTRODUÇÃO CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVOS E METAS PACIENTES E MÉTODOS RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS CRONOGRAMA RISCOS E DIFICULDADES ORÇAMENTO... 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 9
3 2 1 RESUMO DO PROJETO O tratamento cirúrgico de hidrocele (hidrocelectomia) tem-se associado a um número significativo de complicações na maioria das séries, em geral acima de 20%. A técnica utilizada é o principal alvo das publicações, de forma que a literatura é escassa e os trabalhos estatisticamente pobres quando relatam informações acerca das complicações e seus fatores predisponentes. A análise da antibioticoterapia profilática segue esse mesmo padrão, não obtendo consenso na literatura, embora sua adoção seja a conduta seguida por boa parte dos profissionais. Este trabalho visa analisar as complicações pós-operatórias, buscando fatores de risco que possam estar associados às mesmas. Em especial, estuda a infecção pós-operatória e o impacto do uso de antibioticoprofilaxia neste tipo de cirurgia.
4 3 2 INTRODUÇÃO As cirurgias escrotais são procedimentos de pequeno porte cirúrgico que podem ser executados em regime ambulatorial, obtendo taxas de sucesso de 81 a 98% 2. Incluem hidrocelectomia, espermatocelectomia e ressecção de cisto de epidídimo, entre outros procedimentos. Hidrocele é o acúmulo de líquido na túnica vaginal. Em crianças, resulta da persistência ou fechamento tardio do processo vaginal, sendo muitas vezes vista ao nascimento. No tipo comunicante, congênito por definição, o líquido peritoneal se comunica livremente entre a cavidade peritoneal e o processo vaginal, formando-se a hidrocele. A hidrocele não-comunicante é o tipo mais comum entre adultos. Sua etiologia inclui trauma, infecção e neoplasias, embora na maioria das vezes possa não estar definida (idiopática) 2. A hidrocelectomia consiste no isolamento da túnica vaginal, com esvaziamento do conteúdo líquido, ressecção do excesso de tecido, se existente, e eversão do mesmo. As possíveis complicações para este procedimento incluem hematoma, infecção, recorrência da doença, dor crônica e infertilidade, entre outros. Em revisão bibliográfica, apenas um trabalho avaliou retrospectivamente os fatores de risco para complicações em cirurgias escrotais. Como resultado, evidenciou que a cirurgia de hidrocele por si só, procedimento bilateral, estado de imunocomprometimento e score ASA pré-operatório elevados estiveram associados a desfechos desfavoráveis, embora não tenham sido resultados confirmados em modelos estatísticos. Informações acerca dessas complicações são limitadas, baseadas em estudos retrospectivos, embora sejam procedimentos freqüentemente realizados na prática cirúrgica e urológica 3. As taxas de complicações podem variar substancialmente, indo de um patamar inferior a 10% a até 90%, conforme séries anteriores 3. Em 2 dos estudos mais significativos publicados nos últimos anos, foi de 20% 2,3. Não há uniformidade em relação à complicação mais freqüente, variando desde hematoma 1 até infecção e recorrência 2. A antibioticoprofilaxia não é consensual para este tipo de cirurgia, o que pode ser facilmente percebido nos trabalhos mais recentes. Em uma das séries em que sua utilização foi esporádica, gerou um índice de infecção de 9,3% 2. Os autores concluíram que esse índice é comparável com a classificação das cirurgias limpas-contaminadas (classe II), nas quais a antibioticoprofilaxia é recomendada. Em outro trabalho, a antibioticoprofilaxia foi utilizada de rotina, sendo observado infecção em 3,6% dos pacientes 3. Em comparação com o trabalho anterior, os autores deste último concluíram que a antibioticoprofilaxia foi, provavelmente, o
5 4 fator determinante para níveis mais baixos de infecção. Apesar de dados favoráveis, não encontramos estudos randomizados e prospectivos que comparem o uso ou não da antibioticoprofilaxia. 3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Embora sejam procedimentos comuns e de fácil execução técnica, as hidrocelectomias se apresentam com um número relativamente alto de complicações pós-operatórias, sendo de aproximadamente 20% nas duas séries mais recentes. Os fatores de risco que possam estar associados a mau desfecho não têm sido bem estudados, sendo na verdade investigados em apenas um trabalho retrospectivo que tenhamos conhecimento. A própria análise das complicações encontra divergências na literatura, não sendo possível sequer definir qual delas hematoma, infecção ou recorrência é a mais freqüente. A antibioticoprofilaxia, embora adotada por boa parte dos urologistas, não foi abordada de forma satisfatória em estudos anteriores, não sendo possível recomendar com segurança a sua necessidade. Conforme estudos anteriores sugerem, é necessária uma melhor análise do tratamento cirúrgico da hidrocele, incluindo a identificação de fatores de risco que possam estar relacionados. A indicação de antiobioticoprofilaxia permanece como dúvida, a qual o presente estudo pretende esclarecer.
6 5 4 OBJETIVOS E METAS Objetivos Este estudo pretende realizar, através de um estudo de coorte, uma avaliação dos resultados da antibioticoprofilaxia na redução de complicações pós-operatórias em hidrocelectomias, incluindo seus fatores determinantes, suas incidências e suas formas de tratamento.
7 6 5 PACIENTES E MÉTODOS A análise estatística constará de 50(cinqüenta) pacientes participantes. Serão divididos de forma randomizada em dois grupos: Grupo 1 (G1): receberá antitioticoprofilaxia; Grupo 2 (G2): Grupo controle (não receberá antibioticoprofilaxia). Ambos os grupos receberão procedimento anestésico padrão com sedação e raquianestesia, antissepsia com clorexidina tópica e a 2 % além de tricotomia realizada na sala de cirurgia. Todos os pacientes serão submetidos ao tratamento cirúrgico da hidrocele de forma padronizada, com excisão do excesso de túnica vaginal e eversão. Os procedimentos ocorrerão no Hospital Universitário Onofre Lopes. A antibioticoprofilaxia consistirá na administração de Cefazolina 2 g, IV, dose única, durante o ato anestésico. No pré-operatório serão avaliados: idade, fator etiológico provável, comorbidades, hábitos de vida, score ASA, achados ultra-sonográficos e a indicação da cirurgia. Em um segundo momento, no trans-operatório, serão avaliados: técnica anestésica, esquema de antibioticoprofilaxia, bilateralidade, quantidade de líquido na hidrocele e realização de procedimento simultâneo. Por último, no pós-operatório, serão investigados: tempo de permanência hospitalar, resultado anátomo-patológico, complicações cirúrgicas e formas de tratamento dessas complicações. O seguimento pós-operatório ocorrerá em conformidade com este planejamento: 7 a 10 dias de pós-operatório; e até 12 meses. O tempo mínimo estipulado para se avaliar recorrência será de 6 meses. Os dados serão analisados estatisticamente através de softwares apropriados, considerando-se a significância de 0,05. Serão excluídos do trabalho os pacientes cujo anátomo-patológico evidencie neoplasia maligna.
8 7 6 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS São esperados os seguintes resultados: 1. Redução dos índices de infecção pós-operatória com a utilização rotineira de antibioticoprofilaxia, motivando a mudança de classificação das hidrocelectomias de cirurgias limpas para limpas-contaminadas; 2. Análise segura das complicações das hidrocelectomias, incluindo a identificação de fatores de risco associados a elas. Com isto, será possível identificar o grupo de risco para complicações, abrindo espaço para estratégias mais eficientes para evitálas; 3. Avaliação das formas de tratamento das complicações dessas cirurgias, identificando o tratamento conservador como o mais freqüentemente utilizado; 4. Produzir dados concretos que esclareçam os pacientes que se submetam a esse tipo de procedimento; 5. Publicação de trabalho de conclusão de Residência Médica em Urologia; 6. Publicação do trabalho resultante em periódico indexado; e 7. Apresentação do trabalho em Congresso Brasileiro de Urologia em CRONOGRAMA (previsão de conclusão do projeto em 18 meses) Atividade/ Jul- Out- Jan- Abr- Jul- Out- trimestre Set/11 Dez/11 Mar/12 Jun/2012 Set/2012 Dez/2012 Revisão bibliográfica Realização das operações Coleta de dados Análise dos dados Revisão e envio do manuscrito para publicação
9 8 8 RISCOS E DIFICULDADES O trabalho não acarreta riscos adicionais aos pacientes, visto que todos os procedimentos serão realizados conforme os preceitos técnicos disponíveis na literatura médica. Em relação às dificuldades, poderão ocorrer em relação à adesão dos pacientes no tocante ao seguimento pós-operatório. Para contornar estas dificuldades, os pacientes terão acesso facilitado ao ambulatório de urologia geral realizado diariamente. 9 ORÇAMENTO Tipo Discriminação Qtde Valor unit R$ Total R$ Financiador Material Papel A ,00 15,00 Pesquisador Material Tinta impressão 02 30,00 60,00 Pesquisador Cirurgia Hidrocelectomia , ,50 HUOL/SUS Total ,50
10 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. WEIN, A. J., PARTIN, A. W., KAVOUSSI, L. R., & NOVICK, A. C.. Wein: Campbell- Walsh Urology. Saunders Elsevier, KIDDOO, D. A., WOLLIN, T. A., & MADOR, D. R. A population based assessment of complications following outpatient hydrocelectomy and spermatocelectomy. The Journal of Urology, , SWARTZ, M. A., MORGAN, T. M., & KRIEGER, J. N. Complications of scrotal surgery for benign conditions. Adult Urology, , JAHNSON, S., & JOHANSSON, J. E. Results of window operation for primary hydrocele. Urology, 27, KU, J. H., KIM, M. E., & LEE, N. K. The excisional, plication and internal drainage techniques: a comparison of the results for idiopathic hydrocele. BJU Int., 82-84, MIROGLU, C., TOKUC, R., & SAPORTA, L. Comparison of an extrusion procedure and eversion procedures in the treatment of hidrocele. Int Urol Nephrol, 673, OESTERLING, J. E. Scrotal surgery: a reliable method for the prevention of postoperative hematoma and edema. The Journal of Urology, 1201, RODRIGUEZ, W. C., RODRIGUEZ, D. D., & FORTUÑO, R. F. The operative treatment of hydrocele: a comparison of 4 basic techniques. The Journal of Urology, 804, SHAH, P. A., DEWOOLKAR, V. V., & CHANGLANI, T. T. Ambulatory hydrocele surgery: a review of 50 cases. J R Coll Surg Edinb, 385, WALDRON, R., JAMES, M., & CLAIN, A. Technique and results of trans-scrotal operations for hydrocele and scrotal cysts. Bristish Journal of Urology, , 1986.
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