ANÁLISE DE RECURSO ADMINISTRATIVO PROCESSO LICITATÓRIO 151/2015 PREGÃO ELETRÔNICO N 088/2015

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1 ANÁLISE DE RECURSO ADMINISTRATIVO PROCESSO LICITATÓRIO 151/2015 PREGÃO ELETRÔNICO N 088/2015 LICITANTE RECORRENTE: SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A. LICITANTE RECORRIDA: SERASA S.A. OBJETO DO PROCESSO: REGISTRO DE PREÇO PARA FUTURA E EVENTUAL AQUISIÇÃO DE CERTIFICADO DIGITAL E- CPF A3 EM CARTÃO MAIS LEITORA. Trata-se de Recurso Administrativo interposto pela empresa SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A. com fundamento no item 18 do Edital, respaldado na Lei Federal n.º /2002, em face da decisão desta Comissão que a desclassificou da disputa do certame referente ao Processo Licitatório nº 151/2015, Pregão Eletrônico nº 088/2015, para registro de preço futura e eventual aquisição de certificado digital e-cpf A3 em cartão, mais leitora. I DA TEMPESTIVIDADE Verifica-se a tempestividade e a regularidade do recurso interposto pela empresa SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A., uma vez que foi encaminhado via suas razões recursais no dia 21 de Janeiro de 2016, ou seja, dentro do prazo de 24 (vinte e quatro horas) preconizados pelo Edital, também frisa-se que foi atendido ao previsto no inciso XVIII da norma do artigo 4 da Lei Federal n /2002 e nos termos do item 18 do Edital, bem como é tempestiva as contrarrazões ao recurso, cujo atendimento se prende desta feita a mesma norma supramencionada, contida na Lei n /2002.

2 II DAS FORMALIDADES LEGAIS Cumpridas as formalidades legais, registra-se que foram cientificados todos os demais licitantes participantes da existência e tramitação do respectivo Recurso Administrativo interposto, abrindo-lhes vistas à apresentação de contrarrazões. III DAS RAZÕES DA RECORRENTE Inicia-se pela análise das razões recursais apresentada pela empresa SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A. Alega a Recorrente, em síntese bem apertada, que não concorda com a sua desclassificação no certame, uma vez que o Pregoeiro de forma exacerbada, ao analisar a proposta antes da abertura da seção, resolveu por desclassificar a Recorrente pelo fato de ter sido identificada a empresa através de sua marca. Sustenta ainda a Recorrente nos seus fundamentos, que o Edital possui cláusulas contraditórias. Hora solicita para que a empresa apresente a marca em sua proposta sob pena de desclassificação, outrora que se identificado pelo Pregoeiro algum elemento que a identifique, a empresa será desclassificada. Que também, o Pregoeiro não observou a aplicação do Princípio da Razoabilidade, pois não se pode admitir que fossem feitas exigências inúteis ou desnecessárias, que se anule o procedimento ou fase de julgamento, que inabilite licitantes ou desclassifique propostas, quando diante de simples omissões ou irregularidades na documentação ou na proposta que, por sua irrelevância, não causem prejuízos á Administração ou aos licitantes. Dentro dessa ordem de ponderações e considerando a aplicação do Princípio da Razoabilidade, a empresa Recorrente pede pela revogação da decisão onde ocorre a desclassificação desta no presente certame.

3 IV DAS CONTRARRAZÕES DO RECURSO A empresa SERASA S.A., ora Recorrida, quando da apresentação de suas razões, destacase que sobre editais de licitações, quando constatado a possibilidade de existências, irregularidades e ilegalidades em seu conteúdo, este pode ser impugnado, através de razões escritas formalmente apresentadas na forma e condições previstas na Lei nº 8.666/93 que regula as licitações e contratos administrativos, e ainda que, a lei é bem clara ao dizer que aquele que não a fizer no prazo legal, decairá do direito de posteriormente vir a se manifestar contrariamente ao edital publicado. Portanto, se a Recorrente SOLUTI não o fez tempestivamente, não pode alegar em sede de recurso qualquer suposta irregularidade no instrumento convocatório. Ademais, a apresentação de proposta e a participação do licitante na licitação implica conhecimento integral dos termos e condições inseridos no edital, bem como das demais normas legais que disciplinam a matéria, conforme se observa, inclusive, no item 23.8 do edital. Desta feita, a Recorrente SOLUTI quando apresentou sua proposta, tinha pleno consentimento com todos os termos do edital, não cabendo agora, qualquer questionamento acerca de possível irregularidade. Portanto, tendo a Recorrente descumprido a prescrição prevista no edital, a saber, item 8.2.1, identificando-se em sua proposta comercial, é de rigor que seja mantida a decisão em desclassifica-la, permanecendo todos os atos praticados que constam consignados na ata de sessão pública, no caso, mantendo a habilitação da Recorrida, SERASA S.A., com a consequente declaração de vencedora do certame, sendo certo que o objeto deverá ser a esta adjudicado. É a breve síntese.

4 V DA ANÁLISE Cuida-se da análise do recurso interposto pela empresa SOLUTII SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A., para reconsideração da decisão deste Pregoeiro que a desclassificou da disputa deste certame e das razões apresentadas pela Recorrida SERASA S.A., arrematante do Lote 01. Registre-se que, a metodologia utilizada para a análise das razões apresentadas pelas Recorrentes encontra-se fundamentadas conforme legislações vigentes, sendo as Leis /02 e 8.666/93. Frise-se, ainda, que o objetivo do presente Processo Licitatório é atender as necessidades da i.cismep Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba e dos demais municípios consorciados. O Edital que orientou o presente Processo Licitatório é pautado nos princípios norteadores da Administração Pública e nas cominações legais que baseiam todo o processo licitatório. O processo licitatório foi conduzido por profissionais competentes, quais são nomeados pela Portaria nº 022/2015 de 22 de Dezembro de 2015, publicada em 26 de Dezembro de 2015 no Órgão Oficial de Betim. Sabe-se que o julgamento de qualquer Processo Licitatório deve ser fundamentado em fatores concretos, exigidos pela Administração Pública em confronto com o ofertado pelas empresas licitantes, dentro dos parâmetros fixados no Instrumento Convocatório. Sobre o tema, destaca-se o seguinte entendimento jurisprudencial:

5 AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. PREGÃO ELETRÔNICO. APRESENTAÇÃO DE PROPOSTA INTEMPESTIVA. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO EDITAL. O instrumento convocatório de licitação não impugnado é soberano, vinculando tanto a Administração Pública quanto os licitantes. A proposta apresentada pela impetrante foi intempestiva. Apesar de no site em que foi realizado o certame constar prazo diverso, deveria a empresa ter atentado ao expressamente estabelecido no edital, pois é este que tem caráter vinculante e faz lei entre as partes. Na dúvida, poderia ter realizado consulta. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº , Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Almir Porto da Rocha Filho, Julgado em 17/09/2014, Publicado em 22/09/2014) (Sem grifo no original) APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - LICITAÇÃO - FALTA DE DOCUMENTO EXIGIDO PELO EDITAL - INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO - DECISÃO UNÂNIME. - O edital tem caráter vinculatório entre as partes licitantes, devendo ser cumprido na íntegra, sob pena de desclassificação. (Apelação Cível , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do PR, Relator: Antônio Lopes Noronha, Julgado em 31/08/2000, Publicado em 13/11/2000). (Sem grifo no original) Assim, após avaliação da documentação apresentada e das razões recursais, o Pregoeiro juntamente com a Equipe de Apoio, partindo dos pressupostos elencados anteriormente, aplicando o princípio da vinculação ao instrumento convocatório e o do julgamento objetivo, trazse à análise as seguintes considerações; A empresa SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A., ora Recorrente, em seus questionamentos, aponta discordância do posicionamento do Pregoeiro. É alegado, que no momento em que foi feita à desclassificação da Recorrente, o Pregoeiro faz o uso de exigências inúteis ou mesmo desnecessárias á licitação, para promover a sua desclassificação. A fim de verificar as informações adicionais descritas pela empresa Recorrente no momento do lançamento de sua proposta no sistema vejamos o texto extraído do site sistema utilizado para realizar a disputa:

6 Emissão de Certificados Digitais, nível A3, no padrão ICP-Brasil, com a Cadeia de Certificados da Receita Federal Brasileira (RFB), com validade de 3 (três) anos, contados a partir da data do aceite definitivo do certificado, emitidos sob a hierarquia V2, Tipo: e-cpf; fornecimento do cartão (smart card) e da respectiva leitora para smart card contendo Certificação Digital e-cpf do tipo A3 e entrada USB; compatível com os sistemas operacionais Windows 7, XP, Windows Vista ou superior; possuir compatibilidade com navegadores web: Miscrosoft Internet Explores versão 6.0 e superiores, Mozilla Firefox e superiores e Chrome e superiores. Marca: AC SOLUTI Leitora: Gemalto. (grifo nosso) No momento em que o Pregoeiro foi verificar as propostas cadastradas no sistema, restou verificado que o nome SOLUTI fazia menção a uma empresa, tanto é que no dia 30/12/2015, foi apresentado via solicitação de esclarecimento em nome desta empresa, vale ressaltar que não foi feito menção alguma em intenção de apresentação de impugnação ao Edital, e sim uma solicitação de esclarecimento. Destarte, em face do narrado acima, o Pregoeiro, sabendo de suas obrigações, e presumindo que todos os licitantes tomaram conhecimento das normas previstas em Edital, afim de que causasse prejuízos a Administração e também visando maior competitividade entre os licitantes, se viu no dever de promover a desclassificação da empresa Recorrente, antes mesmo da abertura da sessão de lances. Nesse sentido ainda, o Edital, sendo norma soberana, vinculando tanto a Administração quanto os licitantes, é bem claro quando determina em sua cláusula 8, subitem que qualquer elemento possível de identificação da empresa licitante, importa em desclassificação da sua proposta, conforme podemos observar no trecho retirado do referido Edital Qualquer elemento que possa identificar a licitante, importa desclassificação da proposta, sem prejuízo das sanções previstas nesse Edital.

7 Comungam do entendimento tomado pelo Pregoeiro, os arrestos abaixo transcritos: Se a regra consta do edital ou do regulamento federal, regente da licitação, deve ser motivo suficiente para desclassificar a proposta da licitante que permitir ou ocasionar a sua identificação, para que haja um mínimo de legalidade. Na seara das licitações, deve prevalecer a segurança jurídica. Nesse sentido, confira decisão recentíssima do Tribunal Regional Federal da 1ª Região: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. DESCLASSIFICAÇÃO DE PROPOSTA. VINCULAÇÃO AO EDITAL AGRAVO PROVIDO. I Orientação jurisprudencial assente no sentido que o Edital de Licitação regula as regras do certame, consubstanciando-se na legislação pertinente (precedentes). II A proposta de preço apresentada em desconformidade com o edital não será aceita, sob pena de ferir o princípio da isonomia e conferir privilégio a uma empresa licitante em detrimento das demais. III Hipótese em que tendo a empresa licitante apresentado proposta de preço em que apresentava informação que tornava possível sua identificação junto ao órgão de registro do produto, descumpriu a regra do edital que proibia a indicação de qualquer elemento que pudesse identificar a licitante. IV Indicação do número de registro na ANVISA identifica não só o fabricante, como também o distribuidor, no caso, o licitante. V Ausente qualquer ilegalidade na conduta do pregoeiro, que desclassificou a empresa agravada por descumprimento do edital, tendo em vista constar de sua proposta de preços elemento que facultou sua identificação como distribuidora do produto objeto da licitação. VI Agravo de instrumento a que se dá provimento. (AG / DF, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN, SEXTA TURMA, e-djf1 p.19 de 21/07/2014). Outro ponto que merece ser analisado é quando foi alegado pela Recorrente que o Edital é passível de cláusulas totalmente contraditórias, pois, primeiro determina que qualquer elemento que identifique a licitante o desclassifica e no segundo momento determina de maneira insofismável que a não apresentação da marca pela licitante a desclassificará. Nesse momento, não há que se falar em cláusulas contraditórias, pois havendo dúvidas quanto às normas editalícias, a empresa Recorrente deveria ter apresentado uma impugnação ao edital, visando aparar a existências de irregularidades e ilegalidades em seu conteúdo, o que deve no caso, ser oposto, através de razões escritas formalmente apresentas em momento oportuno, ou seja, antes da data fixada para abertura das propostas. E transcorrido esse prazo, sem

8 manifestação alguma, decairá do direito de impugnar/reclamar os termos do edital de licitação perante a administração. Com relação aos questionamentos apontados pela Recorrente, com relação à presença de cláusulas contraditórias no Edital, isso não parece ter fundamento e nem tão pouco aparente ser um argumento defensável em peça recursal. Pois o ordenamento jurídico, na forma da Lei 8.666/93 e demais regulamentos norteadores da Administração Pública e da Licitação, são claros e sem obscuridades, quando se referem que, tendo dúvidas com relação ao instrumento convocatório, existe um momento certo para que sejam estas apuradas, não cabendo mais questionamento algum, acerca de possível irregularidade, após a realização da disputa. No entanto, á fim de eliminar quaisquer dúvidas em relação às cláusulas abordadas pela Recorrente, necessário se faz esclarece-las. O Edital, em dois momentos, faz menção ao termo Propostas, nas cláusulas 08 e 15. Acontece que são momentos que devem ser analisados separadamente, pois no primeiro momento o termo Proposta se refere ao cadastro do valor total da proposta no sistema licitações-e, e no outro momento, na cláusula 15 Da Aceitabilidade da Proposta, o Edital se refere à proposta que deverá ser encaminhada após o término da seção de disputa, onde o arrematante deverá encaminhar sua proposta juntamente com os documentos de habilitação. Ressalta-se que neste momento, e somente neste, é exigido marca do produto, conforme cláusula Vejamos que são momentos distintos, e que em nada se confrontam um ao outro. Por fim, a alegação da Recorrente de que o Pregoeiro agiu com formalismo exacerbado, tal argumentação não merece prosperar. Não se trata de formalismo, mas sim, de observância aos princípios norteadores da licitação em respeito à isonomia, á competitividade e á vinculação ao instrumento convocatório.

9 VI DA CONCLUSÃO Assim, após detida análise da manifestação de interposição de recurso, obedecendo aos princípios que norteiam a Licitação e a Administração Pública, o Pregoeiro juntamente com a Equipe de Apoio, conclui por: CONHECER o Recurso Administrativo interposto pela empresa SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A. e também as Contrarrazões apresentada pela empresa SERASA S.A., e opina pelo NÃO PROVIMENTO do recurso apresentado pela empresa SOLUTI SOLUÇÕES EM NEGÓCIOS INTELIGENTES S.A. mantendo o julgamento inicial, onde a empresa SERASA S.A., foi declarada vencedora do Lote 01. Ao Sr. Secretário Executivo da i.cismep, João Luiz Teixeira, para decisão. Atenciosamente, Betim - MG, 28 de Janeiro de THALISSON BATEMARQUE SILVA Pregoeiro ISABEL RAFAELA D. S. RODRIGUES Equipe de Apoio DANIELE FERREIRA FARIA Equipe de Apoio