FEDERAL RUBENS DE MENDONCA CANUTO NETO - 1º TURMA

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1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS APELADO: BOMPRECO SUPERMERCADOS DO NORDESTE LTDA ADVOGADO: IVO DE OLIVEIRA LIMA (e outro) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RUBENS DE MENDONCA CANUTO NETO - 1º TURMA RELATÓRIO O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado): Cuida-se de apelação interposta pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face de sentença prolatada pelo MM. Juiz Federal da 4ª Vara da Seção Judiciária de Alagoas, que julgou improcedente Ação Indenizatória Regressiva proposta contra BOMPREÇO SUPERMERCADOS DO NORDESTE LTDA, visando ao ressarcimento de todos os gastos suportados pelo INSS em função da concessão de benefício de auxílio-doença a segurado. O douto magistrado sentenciante acolheu a prejudicial de mérito de prescrição, suscitada pelo demandado, por entender que o prazo prescricional para o ressarcimento de valores pagos a título de benefício acidentário é de três anos, nos termos do artigo 206, 3º,V, do Código Civil, contados da data do afastamento do trabalho ou da concessão do benefício. Nas razões recursais, defende o INSS, preliminarmente, a imprescritibilidade das ações onde se busca o ressarcimento ao erário, nos termos do 5º do art. 37 da CF/88. No mérito, defende o cabimento da presente ação de ressarcimento, tendo em vista restar patente os descuidos da apelada, de não monitorar o dia a dia do seu empregado - que manuseava, diária e ininterruptamente objetos dos mais variados pesos, e que contribuíram diretamente para a lesão na capacidade laborativa, pois caso fossem tomadas as medidas de proteção e feita ostensiva fiscalização, o acidente seria evitado e dispensaria, então, qualquer amparo previdenciário. Apresentadas contrarrazões. Éo relatório. PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS APELADO: BOMPRECO SUPERMERCADOS DO NORDESTE LTDA

2 ADVOGADO: IVO DE OLIVEIRA LIMA (e outro) RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RUBENS DE MENDONCA CANUTO NETO - 1º TURMA VOTO O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado): Consoante sumariado, a pretensão veiculada pelo INSS na presente ação diz respeito ao ressarcimento por parte da demandada dos valores pagos em função da concessão do benefício de auxílio-acidente ao segurado Leandro Possidonio dos Santos. Preliminarmente, no que diz respeito à prescrição, cumpre destacar que o col. STJ firmou posicionamento de que em razão do princípio da isonomia, o prazo para o ingresso da ação regressiva pelo ente previdenciário deve observar aquele aplicável à prescrição nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, ou seja, quinquenal. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO REGRESSIVA DO INSS CONTRA O EMPREGADOR. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PRESCRIÇÃO. 1. A Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do REsp /PR, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC, assentou a orientação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto-Lei /1932, e não trienal, nos termos do art. 206, 3º, V, do CC/ A jurisprudência é firme no sentido de que, pelo princípio da isonomia, o mesmo prazo deve ser aplicado nos casos em que a Fazenda Pública é autora, como nas ações de regresso acidentária. Precedentes: AgRg no REsp /PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe ; AgRg no AREsp /RS, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe ; e AgRg no REsp /SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe "A natureza ressarcitória de tal demanda afasta a aplicação do regime jurídico-legal previdenciário, não se podendo, por isso, cogitar de imprescritibilidade de seu ajuizamento em face do empregador" (AgRg no REsp /PB, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe ). 4. O Tribunal a quo consignou que o acidente de trabalho ocorreu em e o INSS concedeu benefício de pensão por morte à dependente do segurado acidentado, o que vem sendo pago desde 1º A propositura da Ação de Regresso ocorreu em (fl. 524, e-stj). Assim, está caracterizada a prescrição. 5. O agravante reitera, em seus memoriais, as razões do Agravo Regimental, não apresentando nenhum argumento novo. 6. Agravo Regimental não provido...emen: (AGARESP , HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:06/04/2015. Não é outro o entendimento sufragado por esta eg. Corte Regional, consoante se infere dos precedentes adiante transcritos:

3 CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO REGRESSIVA ACIDENTÁRIA. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRESTAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO A QUO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. I - Cuida-se de ação regressiva acidentária proposta pelo INSS em face de BIOSEV S.A., visando ao ressarcimento dos valores despendidos para pagamento de benefício acidentário ao segurado Marcio Pinheiro Valeriano, empregado da demandada, a qual restou extinta, face ao reconhecimento da prescrição da pretensão autoral. II - A natureza ressarcitória da presente demanda não guarda pertinência com normas previdenciárias, pois se trata de pretensão de índole civil, revelando-se incompatível com seu objeto a aplicação da tese de que a prescrição não atinge o fundo de direito. III - O lapso prescricional para a pretensão ressarcitória tem por termo inicial a data da concessão do benefício, momento a partir do qual pode ser exercitada tal pretensão, sendo aplicável o prazo de 5 (cinco) anos, em respeito ao princípio da isonomia. Precedentes do STJ. IV - No entanto, ainda que se aplique a prescrição quinquenal, tem-se que entre a data da concessão do benefício e a propositura da ação passaram-se pouco mais de 7 (sete) anos, devendo ser mantida a decisão que reconheceu a prescrição da pretensão. V - Apelação parcialmente provida. ( , AC/RN, DESEMBARGADOR FEDERAL CESAR CARVALHO (CONVOCADO), 4ª Turma, JULGAMENTO: 23/07/2015) CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO REGRESSIVA. ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL DO DECRETO /32 EM DETRIMENTO DO TRIENAL DO CÓDIGO CIVIL. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO PAGAMENTO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO PARÁGRAFO 5º DO ART. 37 DA CF. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO. EXCLUSÃO. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. É possível ação regressiva proposta pelo INSS contra o empregador, que, por culpa ou dolo, tenha concorrido para o acidente de trabalho que originou o pagamento de benefícios previdenciários, com fulcro nos arts. 120 e 121 da Lei nº 8.213/ Deve-se afastar a aplicação do art. 37, parágrafo 5º, da CF/88, eis que o referido dispositivo pressupõe a existência de um vínculo prévio entre o agente, servidor ou não, e o Poder Público, tendo em vista que está inserido no contexto do art. 37, o qual trata dos princípios regentes da Administração Pública. A presente ação regressiva, portanto, não é ação que visa ressarcir o erário de prejuízos decorrentes de atos praticados por agente com vínculo prévio com a Administração. Trata-se, na realidade,de ação de regresso, em que o INSS busca se ressarcir do benefício de pensão por morte que pagou, em razão de conduta negligente da empresa empregadora. 3. Resta pacificado no âmbito do STJ, em sede de julgamento de recurso repetitivo, o entendimento segundo o qual, nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública, deve ser aplicado o prazo quinquenal previsto no Decreto /1932 e não o trienal contido no CC/2002, haja vista a natureza especial do Decreto em detrimento do caráter geral do Código Civil, cujas disposições não alteram nem revogam o disposto em legislação específica (REsp /PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012). 4. Também, que não se vislumbra, na hipótese, relação de trato sucessivo a ensejar tão somente a prescrição

4 parcial das parcelas vencidas e a aplicação do Enunciado da Súmula 85, do Superior Tribunal de Justiça. O prazo prescricional quinquenal, aplicável à espécie, refere-se à prescrição do próprio fundo de direito. 5. O termo inicial para a contagem do prazo prescricional quinquenal é a data da concessão do benefício previdenciário em debate, ocorrida em 24/12/2005. Desse modo, tendo sido a presente ação regressiva ajuizada apenas em 24/06/2013, encontra-se prescrita a pretensão aduzida na inicial. 6. Quando a parte ré deixa de apresentar contestação e, apesar da revelia, vence a lide, não é cabível a condenação da parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios, vez que dita verba se presta a remunerar a atuação de advogado que, neste caso, inexiste. Precedente desta Corte Regional. 7. Apelação e remessa de ofício parcialmente providas, tão somente para excluir da condenação o pagamento de honorários advocatícios. ( , DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 13/11/2014) PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO REGRESSIVA DO INSS CONTRA A EMPRESA EMPREGADORA. ACIDENTE DE TRABALHO. DEFERIMENTO DE AUXÍLIO ACIDENTE. BENEFÍCIO DEFERIDO HÁ MAIS DE CINCO ANOS. PRESCRIÇÃO CONSUMADA. 1. A pretensão do INSS de recuperar da empresa empregadora, em ação regressiva, o que despendeu com o pagamento de auxílio acidente, prescreve, quando não mais cedo, em 5 anos contados do deferimento do benefício; 2. O fato de o benefício previdenciário ser de prestação continuada não torna imprescritível a ação de regresso; 3. Apelação improvida. ( , AC/RN, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 27/05/2014) PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INSS. AÇÃO DE RESSARCIMENTO. AUXÍLIOACIDENTE. PAGAMENTO SUPOSTAMENTE INDEVIDO. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL DO DECRETO /32 EM DETRIMENTO DO TRIENAL DO CÓDIGO CIVIL. PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ (RECURSO REPETITIVO - RESP ). PRINCÍPIO DA SIMETRIA. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DO DIREITO. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. Ação regressiva proposta pelo INSS, objetivando o ressarcimento de valores despendidos para pagamento de benefício de natureza acidentária. 2. Afastada a tese da imprescritibilidade prevista pelo art. 37, parágrafo 5º, da CF/88, aplicável apenas às ações de ressarcimento propostas em face de agente público que tenha causado prejuízo ao erário. Precedente desta Turma (AC , Desembargador Federal Edílson Nobre, TRF5 - Quarta Turma, DJE - 01/03/2012). 3. É assente, no âmbito do STJ, o entendimento de que, nas ações indenizatórias movidas contra a Fazenda Pública, aplica-se o prazo quinquenal previsto no Decreto /1932 e não o trienal contido no CC/2002, haja vista a natureza especial do Decreto em detrimento do caráter geral do Código Civil, cujas disposições

5 não alteram nem revogam o disposto em legislação específica. Posição firmada em sede de julgamento de recurso repetitivo (REsp /PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012). 4. Inexistindo previsão legal quanto ao prazo prescricional de ação proposta pela Fazenda Pública em face do administrado, pelo princípio da simetria é de se entender pela aplicação da prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto nº /32. Precedentes do STJ (AgRg no Ag /SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2010, DJe 18/08/2010; REsp /MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2013, DJe 12/06/2013). 5. Ao contrário do que ocorre com a relação jurídica formada entre o INSS e os segurados e dependentes do RGPS, a relação existente entre a autarquia previdenciária e a empresa ré não é de trato sucessivo, sendo a hipótese de prescrição do fundo do direito, com termo inicial na data da concessão do primeiro benefício, pois, desde aquele momento, era possível a postulação judicial de reconhecimento da pretensão de ressarcimento ora deduzida. Precedente deste Tribunal (PROCESSO: , APELREEX26565/RN, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO (CONVOCADO), Segunda Turma, DJE 21/03/2013). 6. Hipótese em que a concessão supostamente indevida do benefício teve início em agosto de 2006, de modo que, tendo sido a presente ação ajuizada em junho de 2013, ainda que considerado o prazo quinquenal previsto no Decreto nº /32, a pretensão deduzida encontra-se alcançada pela prescrição. 7. Apelação improvida. ( , AC/RN, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, Quarta Turma, JULGAMENTO: 11/03/2014) No caso concreto, resta patente que a pretensão formulada pela Autarquia Previdenciária encontra-se fulminada pela prescrição, tendo em vista que a concessão do auxílio-doença acidentário data de , tendo cessado em 16/10/2009 (id ), enquanto a presente demanda só foi ajuizada em , ou seja, após o lustro prescricional quinquenal. Frise-se, ademais, que a imprescritibilidade de que fala o artigo 37, 5º, da Constituição Federal, refere-se ao direito da Administração Pública de obter o ressarcimento de danos ao seu patrimônio decorrentes de atos de agentes públicos, servidores ou não, sendo defeso conferir interpretação ampla a tal dispositivo com o escopo de abarcar a ação de reparação proposta pelo INSS, cuja natureza é nitidamente civil. Com essas considerações, nego provimento à apelação e à remessa oficial. É como voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS APELADO: BOMPRECO SUPERMERCADOS DO NORDESTE LTDA ADVOGADO: IVO DE OLIVEIRA LIMA (e outro)

6 RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RUBENS DE MENDONCA CANUTO NETO - 1º TURMA EMENTA PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. AÇÃO REGRESSIVA DO INSS CONTRA O EMPREGADOR. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. APELO IMPROVIDO. 1. Recurso em face de sentença que acolheu a prescrição e extinguiu, com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC, ação indenizatória regressiva proposta pelo INSS em face do empregador visando ao ressarcimento dos gastos suportados em função da concessão de benefício de auxílio-doença a segurado. 2. O col. STJ firmou posicionamento de que em razão do princípio da isonomia, o prazo para o ingresso da ação regressiva pelo ente previdenciário deve observar aquele aplicável à prescrição nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, ou seja, quinquenal. (AGARESP , HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJE 06/04/2015.) 3. No caso concreto, resta patente que a pretensão formulada pela Autarquia Previdenciária encontra-se fulminada pela prescrição, tendo em vista que a concessão do auxílio-doença acidentário data de , tendo cessado em 16/10/2009, enquanto a presente demanda só foi ajuizada em Apelação e remessa oficial desprovidas. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa, nos termos do Relatório, Voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 05 de novembro de (Data de julgamento)

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