RELATÓRIO V O T O. Contrarrazões apresentadas. É o relatório.

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1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: MARCILIA MARIA DOS SANTOS (e outros) ADVOGADO: MARIA EVANE DE AQUINO MOURA ARRUDA LIMA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CÍNTIA MENEZES BRUNETTA(CONVOCADA) - 2ª TURMA RELATÓRIO Trata-se de apelação de sentença que julgou extinto o feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I e VI, do CPC, por ausência de requerimento administrativo prévio, bem como porque a demanda é inferior ao limite legal de competência dos Juizados Especiais Federais. Em suas razões recursais, as autoras pugnam pela reforma da sentença vergastada para que lhes seja concedido o benefício de salário maternidade, como também a indenização por danos morais. Contrarrazões apresentadas. É o relatório. V O T O Nos termos do art. 3º da Lei /2001, os Juizados Especiais Federais são competentes para processar, conciliar e julgar as causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, sendo esta competência absoluta. In casu, na petição inicial é apresentado um valor da causa no montante de R$ ,00, explicando-se que o total devido a cada autora é de R$52.248,00 (dez autoras, para cada uma 4 parcelas de salário maternidade totalizando o valor de R$2.488,00, e danos morais sugeridos em R$49.760,00). Inicialmente, assevero que não há se falar em indenização por danos morais pelo simples indeferimento administrativo, cabendo comprovar os constrangimentos efetivamente sofridos, hipótese esta que não se configurou na presente lide, onde sequer houve comprovação de ter havido requerimento administrativo. Ademais, observa-se que o valor atribuído a esta indenização, ainda que configurada, se mostra desproporcional, haja vista que dificilmente equivaleria ao valor do benefício pleiteado. Destarte, resta clara a tentativa das autoras de burlar a regra estabelecida no art.3º da Lei /2001, através da formação de litisconsórcio ativo facultativo, com a atribuição de valores irreais a título de indenização por danos morais,

2 com o único fim de levar ao judiciário a erro no tocante à correta competência para julgar e processar o presente feito. Isto posto, deve ser mantida a sentença que reconheceu a incompetência da Justiça Federal Comum para processar e julgar a demanda, com a extinção do processo sem resolução do mérito, posto ser inexequível a remessa dos autos ao Juizado Especial Federal, por este ter rito virtual. Neste sentido é a jurisprudência deste Tribunal Regional Federal, in verbis: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. SALÁRIO MATERNIDADE. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. VALOR DA CAUSA. DANOS MORAIS. LITISCONSÓRCIO ATIVO VOLUNTÁRIO. MONTANTE INDIVIDUAL INFERIOR A 60 SALÁRIOS MÍNIMOS. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. Processo extinto sem resolução de mérito pelo magistrado a quo, nos termos do art. 267, I, do CPC, face a não comprovação da condição das autoras de seguradas obrigatórias da Previdência Social ou que se encontram dentro do período de graça a que se refere o art. 15 da Lei nº 8.213/ Compete ao Juizado Especial Federal cível processar e julgar as causas de competência da Justiça Federal de valor até 60 salários mínimos, nos termos do art. 3º da Lei nº / Sendo o valor da causa inferior ao patamar legal de 60 salários mínimos, a competência é do Juizado Especial Federal para apreciar e julgar a demanda. Precedentes: TRF - 5ª Região, Pleno, Relator Desembargador Federal Geraldo Apoliano, CC2392/CE, DJE 26/06/2012; TRF - 5ª Região, Primeira Turma, Relator Desembargador Federal Emiliano Zapata Leitão (convocado), AC540303/PB, DJE 14/06/ Conforme depreende-se na exordial, as autoras ajuizaram a ação em litisconsórcio ativo voluntário. Considerando-se a hipótese de procedência dos pleitos de indenização por danos morais, evidentemente, de forma moderada e realista, o valor destas condenações, tomadas individualmente, não ultrapassaria o quantum de sessenta salários mínimos. Ademais, conforme já vem sendo pacificado, não se pode afastar a competência do JEF levando-se em conta pedido cumulado de dano moral genérico, estruturado em bases frágeis, em uma evidente manobra de esquiva às disposições legais. 5. Afigura-se necessária a extinção do processo, pois a competência para conhecer da lide é dos Juizados Especiais Federais, sendo inviável a remessa dos autos àquele juízo em razão das disparidades existentes entre os sistemas Tebas (Varas Cíveis) e o Creta (Juizados Especiais Federais). No primeiro, os autos processuais são confeccionados em papel, enquanto que no segundo o processo é virtual. Apelação improvida. (PROCESSO: , AC544108/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA, Primeira Turma, JULGAMENTO: 20/09/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 27/09/ Página 127) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL. SALÁRIO MATERNIDADE. VALOR DA CAUSA FIXADO EM CONFRONTO COM O CONTEÚDO ECONÔMICO DA CAUSA. RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PARA CONHECER DA PRESENTE LIDE. SENTENÇA MANTIDA. 1. A sentença recorrida indeferiu a petição inicial e extinguiu o feito sem apreciação do mérito. 2. As apelantes alegam, em síntese, o direito à percepção do salário-maternidade, assim como à reparação por danos morais; e, ainda, a competência da Justiça Federal para apreciar a presente demanda. 3. Ficou demonstrado, nos presentes autos, ter sido excessivo o valor da causa, por não refletir o conteúdo econômico

3 da demanda. 4. O valor correto encontra-se em patamar bem inferior ao limite de 60 salários mínimos previsto no art. 3º da Lei nº /2001, razão por que devem ser mantidos os termos da sentença recorrida. 5. Apelação improvida. (PROCESSO: , AC545129/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 30/08/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 05/09/ Página 170) PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO DE SALÁRIO-MATERNIDADE CUMULADO COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ART. 267, I E IV DO CPC. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. JUÍZADO ESPECIAL FEDERAL. 1. Trata-se de previsão da Lei nº /01, em seu parágrafo 3º, a competência absoluta do Juizado Especial Federal, no foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, processar e julgar as causas de competência da Justiça Federal relativas às infrações de menor potencial ofensivo de valor inferior a 60 (sessenta) salários-mínimos. 2. Ainda que procedente o pedido indenizatório, desproporcional o valor pretendido por danos morais. Não seria o valor atribuído a este pleito superior ao do benefício de salário-maternidade, pedido principal. 3. Inviável a remessa dos autos ao Juizado Especial Federal porquanto, a despeito da utilização de autos processuais confeccionados em papel na esfera cível, naquele juízo os feitos são processados virtualmente. 4. Apelação não provida. (PROCESSO: , AC548326/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO, Terceira Turma, JULGAMENTO: 18/10/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 23/10/ Página 56) Em face do exposto, nego provimento à apelação. É como voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: MARCILIA MARIA DOS SANTOS (e outros) ADVOGADO: MARIA EVANE DE AQUINO MOURA ARRUDA LIMA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FERNANDO BRAGA DAMASCENO - 2ª TURMA VOTO Busca as autoras o benefício de salário-maternidade e indenização por danos morais, estabelecendo o valor da causa em R$ ,00 (cinquenta e dois mil, duzentos e quarenta e oito reais). A MM. Juíza, considerando que o valor atribuído à mesma, por ser exorbitante, representaria clara tentativa de burlar a competência do Juizado Especial Federal, restou por

4 extinguir o feito, sem resolução do mérito, ao argumento de que os pedidos deveriam ser examinados separadamente. Penso, data venia, de modo diverso. É que se o valor atribuído à causa é superior ao limite fixado para a competência do Juizado Especial, não é possível ao juiz da vara comum, para onde o feito foi distribuído, sem a alteração do valor da causa, extinguir o processo, ao argumento de que a futura liquidação, em sendo deferido o pedido, seja inferior ao valor estimado. Note-se em primeiro lugar, que a majoração ou redução do valor da causa, se não provocada pelo réu, pode ser feita de ofício pelo julgador, solução tal que está expressamente prevista na norma processual. Por outro lado, nos termos do art. 259, II, do CPC, hipótese que envolva cumulação de pedidos, o valor a ser fixado a causa constará sempre da petição inicial e será a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles. Assim, é o postulante que apresenta, junto com a inicial, o valor da causa e, não sendo objeto de impugnação, tem-se por definido o seu valor. Se o juízo, por sua vez, não entender adequado ou proporcional o aludido valor, cabe alterar a sua estimativa, mas não constranger a parte a agir contra o próprio interesse (intimando-o a alterar o seu valor) ou extinguir, de pronto, o feito, sob o fundamento de que o valor seria inferior a 60 (sessenta) salários mínimos e, por isso, declarar a incompetência da Justiça Federal Comum. Assim, repita-se, enquanto não alterado o valor "oficial" da causa, este será o paradigma para a aferição da competência, devendo, portanto, prosseguir o feito neste Juízo, até que haja (e se houver) alguma alteração neste aspecto. No entanto, observa-se que não seria o caso de julgamento nos termos do art. 515, 3º, do CPC, pois, a causa não se encontra madura para julgamento. Note-se que os elementos constantes nos autos são insuficientes para aferição dos requisitos essenciais à concessão do benefício requerido (salário-maternidade). Neste caso, deve-se declarar, de ofício, a nulidade da sentença, com a remessa do feito ao Juízo de origem, para que se dê o seu prosseguimento. Mercê do exposto, DOU PROVIMENTO À APELAÇÃO, para declarar a NULIDADE DA SENTENÇA, determinando a remessa dos autos ao Juízo de origem, para o prosseguimento do feito. É como voto. PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA Desembargador Federal LF PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: MARCILIA MARIA DOS SANTOS (e outros) ADVOGADO: MARIA EVANE DE AQUINO MOURA ARRUDA LIMA

5 APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FERNANDO BRAGA DAMASCENO - 2ª TURMA EMENTA PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. VARA COMUM E VARA DE JUIZADO ESPECIAL. VALOR DA CAUSA COMPATÍVEL COM A COMPETÊNCIA DA VARA COMUM. EXTINÇÃO DO PROCESSO. DESCABIMENTO. NULIDADE DA SENTENÇA. RETORNO DOS AUTOS AO JUÍZO DE ORIGEM PARA O PROSSEGUIMENTO DO FEITO. 1. Caso em que as autoras, na condição de seguradas especiais, pretendem a concessão de salário-maternidade, bem assim o pagamento de indenização por danos morais, equivalentes a R$ R$ ,00 cada uma, tendo o juiz singular extinto o feito sem resolução do mérito, ao fundamento de que a cumulação visava tão somente subtrair a causa da competência dos Juizados Especiais; 2. Se o valor atribuído à causa é superior ao limite fixado para a competência do Juizado Especial, não é possível ao juiz da vara comum, para onde o feito foi distribuído, sem a alteração do valor da causa, seja por provocação do réu, seja de ofício, extinguir o processo ao argumento de que a futura liquidação, em deferido o pedido, seja inferior ao valor estimado; 3. Enquanto não alterado o valor "oficial" da causa, este será o paradigma para a aferição da competência; 4. Considerando que a causa não se encontra madura para julgamento, ante a inexistência de elementos suficientes à concessão do benefício requerido (salário-maternidade), deve ser declarada a nulidade da sentença; 5. Apelação provida, para declarar a nulidade da sentença, determinando a remessa dos autos ao Juízo de origem, para o prosseguimento do feito. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram como partes as acima indicadas. DECIDE a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por maioria, DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO, para declarar a NULIDADE DA SENTENÇA, determinando a remessa dos autos ao Juízo de origem, para o prosseguimento do feito, nos termos do voto do Relator para Acórdão e das notas taquigráficas, que passam a integrar o presente julgado. Recife, 16 de dezembro de PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA Desembargador Federal LF

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