FLUTUAÇÃO DAS CHUVAS EM ÁREAS AGRÍCOLAS NO PARÁ
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- Ana Júlia Espírito Santo Wagner
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1 FLUTUAÇÃO DAS CHUVAS EM ÁREAS AGRÍCOLAS NO PARÁ Therezinha Xavier Bastos 1 Nilza AraujoPacheco 2 RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo analisar a flutuação das chuvas em áreas agrícolas no Pará, partindo da hipótese de que o desmatamento para fins agrícolas na região Amazônica pode provocar redução das chuvas na região, considerando a influência dessa variável climática no ciclo hidrológico. Dentro desse contexto efetou-se levantamento e armazenamento de dados meteorológicos de séries históricas de áreas de expressiva e pouca concentração de desmatamento para atividades agrícolas, caracterização do regime pluviométrico e análise temporal dos componentes de balanço hídrico dessas áreas. Os resultados mostraram a seguinte situação: A flutuação da duração em meses de períodos de chuva (chuvoso, estiagem, seco e transição) ao longo do tempo foi bastante variada nos intervalos de tempo estudados, não havendo indicação de redução do período chuvoso ou aumento do período seco; A flutuação de chuva em Belém, Altamira, Itaituba e Marabá nos trimestres mais e menos chuvosos, em diferentes intervalos de tempo, mostrou que em geral houve aumento da pluviosidade nas áreas estudadas em intervalos de tempo mais recente; e a análise de intensidade máximas de chuva de 24 horas em Belém, durante 30 anos ( ), associadas a sazonalidade das chuvas mostrou que os valores das máximas de 24 horas da série anual oscilaram entre 49mm(1983) e 136mm (1985) sendo o tempo médio de retorno para o valor mais elevado de 30 anos. Termos para indexação: Flutuação, Tendência, Chuvas e Desmatamento. INTRODUÇÃO Entre as alterações climáticas prognosticada para a região Amazônica e particularmente para o Estado do Pará, em função do desmatamento para as atividades agrícolas, está a hipótese da redução das chuvas. Em que pese as incertezas sobre mudanças, tal situação vem causando preocupação na sociedade rural, adaptada ao regime das chuvas local, justificável porque de todos os integrantes do processo das mudanças globais, pode-se considerar a mudança no regime das chuvas como a que apresenta um dos potenciais para alterar o funcionamento dos sistemas terrestres, dado o seu efeito direto sobre os sistemas naturais e manejados pelo homem, a sua importância no ciclo hidrológico e a relação com outros elementos climáticos, notadamente, radiação global, temperatura e umidade do ar. O presente trabalho teve por objetivo analisar a flutuação das chuvas em áreas agrícolas no Pará, partindo da hipótese de que o desmatamento para fins agrícolas na região Amazônica pode provocar redução das chuvas na região, considerando a influencia dessa variável climática no ciclo hidrológico e demais componentes do clima. METODOLOGIA O estudo envolveu levantamento de dados meteorológicos de áreas de contrastes quanto a cobertura vegetal natural predominante em termos de grande e pequena concentração de desmatamento. Dentro das áreas consideradas como de grande concentração de desmatamento estudou-se as regiões da Transamazônica e do Nordeste paraense (trecho Belém Bragança). Dentro das áreas consideradas sob pequena pressão de desmatamento, estudou-se a região do Médio Amazonas paraense. A Figura 1 mostra a localização das áreas estudadas. Dentro dessa abordagem foram efetuadas analises de regimes pluviométricos incluindo vários aspectos da variação das chuvas ao longo do tempo, tais como: flutuação de valores mensais extremos; flutuação na duração de períodos das chuvas, considerando a efetividade das chuvas em função da evapotranspiração de referencia e resultados de balanço hídrico climático; flutuação de totais médios mensais e de totais de trimestres mais e menos chuvosos e análise de tendência das chuvas em termos anuais e mensais. Efetuou-se ainda análise climática complementar para o Nordeste paraense no que concerne a distribuição de intensidade máxima de chuva em 24 horas. 1258
2 Oriximiná Bragança Capanema Mte. Alegre Alenquer Fig. 1 Localização das áreas estudadas. RESULTADOS Os principais resultados obtidos foram: Caracterização do regime pluviométrico, e sua variabilidade temporal, em área de grande concentração de desmatamento, envolvendo áreas rurais e urbanas (Altamira, Itaituba, Marabá, Belém e Tomé Açu), visando detectar ou não a tendência de redução de chuva para validação de modelos que preconizam a redução da pluviometria na região. Em todos os aspectos do regime de chuvas analisados, não se observou sinais de redução de chuvas para as áreas estudadas. Apresenta-se os resultados inerentes as áreas de grande concentração de desmatamento, representadas pela Trasamazônica e Nordeste os quais mostram a seguinte situação: 1) A variabilidade temporal de valores extremos de chuva em Altamira, uma das áreas de grande concentração de desmatamento no Estado do Pará, mostrou que os valores máximos e mínimos pluviométricos mensais observados, entre dois períodos de mais de trinta anos, estiveram dentro da mesma ordem de grandeza, com exceção do mês de dezembro, cujo valor máximo na série mais recente foi bem mais elevado do que o valor assinalado na série anterior.: 2) Ainda para a região de Altamira, em termos de tendência, obteve-se o seguinte resultado: A regressão linear da série de 60 anos ao contrário do que se esperava, indicou um pequeno aumento nos totais de chuva em termos de ano e meses com as pendentes da tendência linear, apresentando os seguintes valores: Ano+8mm; variação entre os meses +0,02mm (setembro) e +1,84mm (janeiro). Valores de pendentes acima de +1, foram também observados nos meses de março (1,45mm) e dezembro (1,48mm). A Figura 2 ilustra a tendência da chuva anual para diferentes períodos de tempo em Altamira e Belém. Esta análise indica que não há redução de chuvas na área de estudo, porém um pequeno aumento no regime pluviométrico nas duas localidades. a) Flutuação anual das chuvas. Altamira: , ,
3 b) Flutuação anual das chuvas. Belém: , , Fig 2- Flutuação e tendência anual de períodos de chuva em áreas da Tranzamazônica (Altamira) e nordeste paraense (Belém). 3) A flutuação da duração em meses de períodos de chuva em distintos intervalos de tempo, que retratam épocas, onde ocorreram processos lentos e acelerados de desmatamento nos municípios de Belém, Altamira, Itaituba e Marabá foi acentuada. Houve variação na duração dos diferentes períodos de chuva, em todos os intervalos de tempos estudados, notadamente no período chuvoso. Observou-se ainda certas características com relação a esses períodos que diferenciaram o regime de chuvas nas áreas estudadas tais como: a) o período chuvoso em geral atinge mais de seis meses em Belém e é nesse local que ocorre a maior flutuação de duração entre anos, podendo variar de 5 meses (situação observada em 1922 e 1987) a 11 e 12 meses (situação observada em 1933, 1949, 1959, 1975, 1980, 1988 e 1993). Nos demais locais a oscilação esteve entre 3 e 8 meses; b) Os períodos de estiagem e seca oscilaram entre zero e 6 meses, sendo que Belém e Itaituba apresentaram as maiores flutuações de duração do período de estiagem. Com relação ao período de seca, Belém apresentou a menor oscilação, que variou entre zero e 3 meses sendo a ausência de seca a situação mais observada em Belém; c) O período de transição foi o que assinalou menor flutuação de duração entre os anos, variando entre zero e 3 meses, em todas as localidades. 1- A flutuação da duração em meses de períodos de chuva (chuvoso, estiagem seco e transição ) ao longo do tempo foi bastante variada nos intervalos de tempo estudados, não havendo indicação de redução do período chuvoso ou aumento do período seco (Ver Fig 3). a) nº/mês 10 Altamira: chuvoso estiagem seco transição 1260
4 b) nº/mês Belém: chuvoso estiagem seco transição Fig. 3 Flutuação de períodos de chuva em áreas: a) Transamazônica (Altamira) e b) Nordeste Paraense (Belém) 4) A flutuação de totais de chuva em Belém, Altamira, Itaituba e Marabá nos trimestres mais e menos chuvosos, em diferentes intervalos de tempo para as áreas de estudo, mostrou que em geral houve aumento da pluviosidade nas áreas estudadas em intervalos de tempo mais recente (Ver Fig. 4). mm T+ CHUV T-CHUV Períodos de tempo Fig. 4- Mudança em totais de chuva em mm, trimestre mais chuvoso(t+chu) e trimestre menos chuvoso (T-CHUV) para quatro locais e diferentes períodos de tempo: Belém: 1(1896/1922), 2(1931/1960), 3(1967/1995), 4( ); Altamira: 5(1929/1960), 6(1960/1993), 7( ); Itaituba: 8(1928/1937), 9 ( ); Marabá: 10( ), 11( ). 4- A análise de intensidade máximas de chuva de 24 horas em Belém, durante 30 anos ( ), associadas a sazonalidade das chuvas mostrou que os valores das máximas de 24 horas da série anual oscilaram entre 49mm(1983) e 136mm (1985) sendo o tempo médio de retorno para o valor mais elevado de 30 anos. A época de ocorrência de maior freqüência das máximas em 24 horas correspondeu ao trimestre mais chuvoso (fevereiro, março e abril). Para todas as séries analisadas (anual e mensais), não foi observado tendência de redução ou aumento das chuvas máximas em 24 horas. CONCLUSÃO Como pode ser observado, a análise da flutuação das chuvas nas áreas estudadas associadas ao desmatamento para fins agrícolas, não mostrou sinais de redução de chuva. Tais resultados concordam com estudos realizados na região por outros autores Chu et al (1994). Fisch et al (1998), revisando vários aspectos do clima da Amazônia, comentam dentro do contexto das variações climáticas de longo prazo que até essa data, há pouca evidência observacional de mudança climática na região. 1261
5 Tal situação pode estar associado a vários aspectos entre os quais pode-se citar: O total da área desmatada na região é ainda insuficiente, para causar qualquer alteração no regime das chuvas e a regeneração da vegetação ocorre de maneira acelerada na Amazônia (Moran et al, 1992) reduzindo dessa feita o impacto do desmatamento no clima regional. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHU, P.S.; YU, Z.P.; HASTENRATH, S. Detecting climatic change concurrent with deflorestation in the Amazon Basin. Bulletin of the American meteorological Society. v.75, p , FISH,G. et al. Uma revisão geral sobre o clima da Amazônia. In: Acta Amazônica. v. 28 (2). p MORAN, E.F. Deflorestation and Land Use in the BRAZILIAN Amazonan. Human ou
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