Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Câmara de Julgamento

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Câmara de Julgamento Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOVA VENÉCIA Benefício: 41/ Espécie: APOSENTADORIA POR IDADE Recorrente: EDGARD VALLE DE SOUZA - Procurador Recorrente: MARIA JOSE DOS SANTOS SARMENTO Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório [1] Cuida-se de Recurso Especial interposto por MARIA JOSÉ DOS SANTOS às fls. 105/107, inconformada com o v. acórdão nº 2886/2015 proferido pela 24ª JRPS às fls. 92/94, que negou provimento ao Recurso Ordinário interposto no evento 01, porquanto não alcançou carência suficiente a concessão do benefício. Consta inicialmente, que a interessada formulou pedido de aposentadoria por idade em 04/02/2015, nascida em 17/04/1951, contando com a idade de 64 anos na DER. A interessada requer o reconhecimento de atividade rural como comodatária com contrato verbal, no período de a , na propriedade rural PA Gaviãozinho, pertencente a Rosa Cabral de Oliveira (fl.09) e do período de a , laborados em terras próprias. Instruíram os autos os seguintes documentos: Documentação pessoal - fls.06/08; Termo de declaração de atividade rural fl. 09; Documentação da comodante fls.10/12; Declaração do sindicato rural para comprovação de atividade rural no período de a , como comodatária, na propriedade rural da Sra. Rosa Cabral de Oliveira, denominada Fazenda Conquista, em regime de economia familiar fls.13/15; Documentação do imóvel da comodante dos anos de 1992, 1995, 1996, 1997, 2000 a fls. 16/20; Termos de declaração de testemunhas fls.21/25; Espelho da CTPS - fls. 26;

2 Certidão de casamento da interessada contraído com Haroldo Gonçalves Sarmento, em , profissão operário e doméstica fl. 27; Declaração do sindicato rural para comprovação de atividade rural no período de a , como proprietária, assentamento PA Gaviãozinho Sítio Izabele em regime individual fls.28/29; Termo de declaração de testemunha fls.30; Certidões do INCRA informando a atividade rural desenvolvida pela interessada no lote rural assentada desde , emitidas em 21/01/2015, 04/12/2013, , fls.31/32; Espelho de cadastro da Unidade Familiar do assentamento de titularidade da interessada fl.35; Termo aditivo de contrato de concessão de crédito para benfeitorias do assentamento, firmado entre o INCRA e a interessada em fl. 36; Contrato de concessão de uso firmado entre a INCRA e a interessada em 24/05/2010, para uso de imóvel rural PA Gaviãozinho assentamento fls. 37/38; Relatório de inscrição do imóvel rural fl.39; ITR 2008 a fls. 40; Ficha de Saúde de Cadastro da Família em nome próprio, emitido em 13/02/2003 fl. 47 Cartão da Mulher com primeiro atendimento em 11/02/2004 fl.48; Declaração do PRONAF em nome próprio, emitida em 04/12/2013 fls. 49; Declaração de contribuinte Produtor Rural, 19/07/2012 fl. 50; Recibo de mensalidade do STR referente aos meses de , , , 12/2011 fls. 51/52 Em entrevista rural a interessada afirma que laborou no primeiro período na terra rural Sra. Rosa Cabral de Oliveira, cultivando diversas culturas e recebia mensalmente; que sempre exerceu atividade rural; que no segundo período labora em terras próprias individualmente no assentamento; que o que produz vende; que é beneficiária de pensão por morte (fls.56/57). Foi colacionado CNIS da interessada com vínculo vertido na qualidade de celetista no período de a (fl.60). Consta ainda, que a interessa é beneficiária de pensão por morte, proveniente do benefício previdenciário aposentadoria por tempo de contribuição na qualidade de comerciário do cônjuge falecido (fl.63). Diante da documentação acostada, a autarquia homologou o período rurícola de a , como proprietária. Não houve homologação do período de a , pois considerou que no referido período a interessada laborava na condição de diarista (fl.64). Resumo de cálculos computando 132 meses de atividades urbanas e rurais e 112 meses de atividades rurais (fls. 65).

3 O benefício foi indeferido por falta de carência para a concessão do benefício (fl.69). Diante do indeferimento, a interessada constituiu mandatário à fl. 79 e interpôs recurso ordinário, aduzindo em síntese que a interessada completou 55 anos em 2006, portanto deveria comprovar 150 meses de carência; que na DER a interessada computou carência suficiente para a concessão do benefício; que no período que não foi homologado pela Autarquia foi comodatária e diarista e que o fato de exercer atividade de diarista, bóia-fria ou safrista não é óbice para o reconhecimento do período; alega que a Autarquia computou para carência o período de 2005 a 2005, na condição de diarista, que na realidade a interessada foi diarista e comodatária; que a lei previdenciária não veda a atividade concomitante de diarista e meeiro e/ou comodatária; requer o reconhecimento do período de 1996 a 2005 na Fazenda Conquista, pois o Sindicato realizou pesquisa, confirmou e declarou a atividade campesina exercida (fls.74/76) Destaque-se, que a procuração assinada a rogo sem firma reconhecida. O INSS apresentou suas contrarrazões aduzindo que "não foram apresentados novos elementos que possibilitem a reforma da decisão denegatória do benefício, razão pela qual mantemos o indeferimento do pedido" (fl.89). A d. 24ª JRPS, através do v. acórdão nº 2886/2015, negou provimento ao recurso da interessada, porquanto não comprovou atividade rural no período que não fora homologado pela Autarquia (fls.92/94). A interessada interpôs Recurso Especial no dia 16/10/2015, discordando da r. decisão alegando os mesmos argumentos e fundamentos deduzidos no recurso ordinário e requerendo a homologação do período de a e pugnando pela concessão da aposentadoria rural ou aposentadoria híbrida (fls.105/107). O INSS apresentou contrarrazões à fl.113, pugnando pela mantença da decisão, pois não foram apresentadas provas materiais suficientes para comprovar a atividade rurícola no período de a , ademais, no período de a , o cônjuge da interessada foi aposentado na qualidade de segurado urbano. É o relatório. [1] A numeração constante no relatório e voto refere-se ao processo completo em formato pdf. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 28/01/2016 para sessão nº 0087/2016, de 05/02/2016. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. IDADE SUFICIENTE A DER. CARÊNCIA EXIGIDA NÃO IMPLEMENTADA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 182 DO DECRETO Nº 3.048/99; ARTIGOS 48 E 142 DA LEI Nº 8.213/91. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO SEGURADO Menciona-se, inicialmente, que o Recurso interposto por MARIA JOSÉ DOS SANTOS SARMENTO é tempestivo nos termos do 1º do artigo 305, do Decreto nº 3.048/99. Trata-se de aposentadoria por idade rural, requerida nos moldes do artigo 1º 48 da Lei nº 8.213/91: Destaca-se ter a interessada implementado o quesito etário rural de 55 (sessenta e cinco) anos em 17/04/2006, devendo, em tese, comprovar carência correspondente a 150 (cento e cinqüenta) meses. Analisando os autos, foram computando 132 meses de atividades urbanas e rurais e 112 meses de atividades rurais (fls. 65).

4 O ponto nodal gira em torno da comprovação da qualidade de segurado especial para nos intervalos de a , laborado em um lote rural, sito no assentamento - PA Gaviãozinho, pertencente a Rosa Cabral de Oliveira. Feitas tais considerações, passo a análise do mérito dos autos. Primeiramente, diante da documentação acostada, cumpre destacar alguns excertos quanto da comprovação do período rural não reconhecido pela Autarquia e pela d. JRPS, porquanto não alcançou tempo mínimo para a concessão do benefício. Quando se fala que a comprovação do efetivo exercício da atividade rural far-se-á, pelo menos, com base em "início de prova material", tem-se em vista que a própria Lei dos Benefícios prevê no artigo 106 alguns documentos, os quais, por estarem enumeradas em lei, são considerados como "início de prova material", isto é, não carecem de corroboração por prova testemunhal: contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS; comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA. No caso de produtores em regime de economia familiar; bloco de notas do produtor rural; notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o 7º do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor; documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante; comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção; cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural; ou licença de ocupação ou permissão outorgada pelo INCRA. Por esses documentos previstos na legislação serem considerados, se dá com base em "início de prova material", resta pacificado que o rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, inscrito no art. 106, parágrafo único da Lei 8.213/91, é taxativo, mas tem-se admitidos outros documentos além dos previstos no mencionado dispositivo. No entanto, há de observar que o início de prova material deve ser contemporânea ao período a que ela pretende comprovar a atividade rural, não podendo, pois ser aceito um documento recente com intuito retroativo, a fim de provar fato passado. Por exemplo, uma declaração emitida hoje, mesmo informando que o segurado trabalha como agricultor num determinado imóvel há 05 (cinco) anos, isoladamente só serve para comprovar a atividade nos dias atuais; porém, se acostada a ela estiverem outros "inícios de prova material" do período todo, valerá com um único documento com tal característica. É isso que se extrai da Súmula 34 da TNU: "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar". Como se vê da documentação acostada pela interessada, houve provas materiais suficientes para comprovar o período a , como proprietária em exercício de atividade rural no lote rural sito no assentamento do PA Gaviãozinho. No entanto, para o período de a , não há início de prova material para comprovação de atividade campesina na propriedade rural pertencente a Sra. Rosa Cabral de Oliveira, em que afirma que laborou como comodatário/diarista. Destaque-se, que apenas as declarações do sindicato rural, da suposta comodante e das testemunhas não possuem força probante para atestar a atividade campesina e consequentemente permitir a homologação do período vindicado, sendo necessários outros documentos elencados no rol do art. 106 da lei Benefícios, ex vi, contratos de comodato, meeiro ou parceiro agrícola, para subsidiar atividade rural em propriedade rural de terceiros. Diante do exposto, uma vez que não foram alcançadas 180 (cento e oitenta) contribuições, a interessada não

5 implementa as condições necessárias que enseje a concessão vindicado no requerimento inicial ou mesmo na sua forma híbrida. Conclusão: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER do recurso da interessada, para no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). ENEIDA DA COSTA ALVIM Conselheiro(a) Titular Representante das Empresas Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). MARIEDNA MOURA DE ARRUDA Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Presidente concorda com voto do relator(a). LIVIA VALERIA LINO GOMES Presidente Decisório Nº Acórdão: 998 / 2016 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 2ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ENEIDA DA COSTA ALVIM e MARIEDNA MOURA DE ARRUDA. Relator(a) LIVIA VALERIA LINO GOMES Presidente