Pintura no chão - arte e a ciência como incentivo à alfabetização. Ana Clara Alves de Toledo

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1 Pintura no chão - arte e a ciência como incentivo à alfabetização. Ana Clara Alves de Toledo Afiliação: Bolsista PIBID Pedagogia - FATEA clara.alvest@gmail.com

2 RESUMO: Práticas pedagógicas e técnicas de ensino vem se evoluindo com o decorrer do tempo. Na primeira década do século XXI há uma preocupação em como a criança pensa e como ela aprende. Já se sabe que o conhecimento precisa ser contextualizado, devemos evitar tratar a leitura e a escrita de forma fragmentada e sem contextualização. Mesmo com essa evolução é possível perceber na realidade das escolas, traços do ensino tradicional que descontextualizado, bem como a falta de interdisciplinaridade e do lúdico na alfabetização da criança. Há necessidade de, na própria formação do professor, propôr e colocar em prática metodologias de ensino diferenciadas, que interessem ao aluno e perceba-o como pessoa integral, visando um conhecimento globalizante. PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, Ensino Fundamental, Prática Pedagógica ABSTRACT: Pedagogical practices and teaching techniques has been developed with time. In the first decade of this century there is a concern about how your child thinks and how she learns. It is already known that the knowledge must be contextualized, we must avoid treating reading and writing in a piecemeal fashion and without contextualization. Even with this breakthrough is possible to perceive the reality of schools, traces of traditional teaching that decontextualized, as well as the lack of interdisciplinarity and playful children's literacy. No need to, in their own teacher training, propose and implement differentiated teaching methodologies, which are of interest to the student and perceive it as a whole person, seeking a globalizing knowledge. KEYWORDS: Literacy, Elementary Education, Teaching Practice

3 1 INTRODUÇÃO Práticas pedagógicas e técnicas de ensino vem se evoluindo com o decorrer do tempo. Na primeira década do século XXI há uma preocupação em como a criança pensa e como ela aprende. Já se sabe que o conhecimento precisa ser contextualizado, devemos evitar tratar a leitura e a escrita de forma fragmentada e sem contextualização. Mesmo com essa evolução é possível perceber na realidade das escolas, traços do ensino tradicional que ainda não foram apagados, bem como a falta de interdisciplinaridade e do lúdico na alfabetização da criança. Tendo em vista a necessidade de, na própria formação do professor, propôr e colocar em prática outras metodologias de ensino, que interessem ao aluno e o tratasse como pessoa integral, visando um conhecimento globalizante, trazendo, também, experiência profissional ao futuro professor, o presente projeto foi proposto. Tendo percebido a realidade de uma sala de 1 ano em uma escola pública do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, onde, através de observações e de práticas de sondagem da escrita durante o primeiro semestre de 2012, foi possível perceber que pouco se trabalhava com atividades ludicas e dois alunos, num total de quatorze, estavam no nível alfabético da escrita, ou seja, conseguiam corresponder fonemas e grafias. Desta forma, a questão que norteou este trabalho foi: como organizar uma atividade lúdica, com perfil interdisciplinar como estimulo ao processo de alfabetização? O trabalho teve os seguintes objetivos: propor uma nova forma de escrever o nome, auxiliando no processo de alfabetização; proporcionar um momento de descontração, incentivando o aprendizado a partir do lúdico; auxiliar na formação do professor, proporcionando-o experiência profissional. A pesquisa foi de natureza exploratória, com delineamento em pesquisa-ação, a análise dos dados coletados foram realizadas de forma qualitativa; foi realizada com 14 alunos de uma escola de Ensino Fundamental I, de um município do Estado de são Paulo. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Sabe-se que desde cedo o nome próprio exerce um papel muito forte na vida das crianças, pois ele individualiza. Para as crianças o nome é uma fonte de satisfação, é uma extensão da identidade através da escrita. Além disso, o nome é a peça chave para o início da compreensão do sistema de escrita. Segundo Emília Ferreiro (1995): Tanto para os adultos como para as crianças, ainda que a escrita do próprio nome inicialmente não se dê dentro das normas padrão da língua, ela possibilita pensar sobre o sistema da escrita, uma vez que estão lidando com um modelo estável, que se refere a um único objeto e que, além de não permitir ambiguidade na sua interpretação, tem carga valorativa, pois se relaciona com a identidade do sujeito. Aprende-se a ser a gente mesmo por escrito 105

4 Tendo em vista a importância do nome na alfabetização da criança e buscando atender o objetivo de trabalhar arte e ciência para melhoria no sistema de escrita, foi proposta uma forma diferente e lúdica de escrita do nome. Ana Mae, precursora da arte-educação no Brasil, afirma que as artes plásticas também desenvolvem a discriminação visual, que é essencial ao processo de alfabetização: aprende-se a palavra visualizando, visto que a representação plástica visual muito ajuda a comunicação verbal (BARBOSA, 1991, p. 28). No caso desta aula, o próprio aluno irá escrever seu nome de forma artística, o que, além de trabalhar o fazer artístico, também o traz satisfação. Em 1993, em uma reunião da Unesco, especialistas de diferentes países concordaram a respeito da importância da inclusão de Ciência e Tecnologia no currículo da escola fundamental devido a vários motivos diferentes, dentre eles, os seguintes: As ciências contribuem positivamente para o desenvolvimento de outras áreas, principalmente a língua e a matemática;o ensino de ciências na escola primária pode realmente adquirir um aspecto lúdico, envolvendo as crianças no estudo de problemas interessantes, de fenômenos que as rodeiam em seu cotidiano. 3 METODOLOGIA O presente trabalho foi conduzido por uma bolsista do PIBID, aluna do 2º ano de Pedagogia da FATEA e realizado com 14 alunos do 1º ano do Ensino Fundamental I de uma escola Municipal do interior de São Paulo. A realização durou uma aula de 50 minutos e foram necessários os seguintes materiais, custeados pelo PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência e entregues pela bolsista: Copos plásticos, pincéis, maisena, água e corante alimentício. A sala foi divida em quatro grupos, sendo três grupos com quatro alunos e um com uma dupla, o que não prejudicou a realização pois a atividade seria feita em dupla Foi explicado como seria realizada a atividade e realizado os combinados, como forma de manter a disciplina e obtermos melhor participação dos alunos. Com todas as misturas prontas e após discussão sobre o resultado da mistura, os alunos foram levados até o pátio da escola para escrever o próprio nome no chão usando a mistura feita em sala de aula. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa-ação realizada permitiu à bolsista do PIBID estudar, organizar e desenvolver uma atividade lúdica interdisciplinar para auxiliar o processo de alfabetização. O projeto de pesquisa do PIBID o qual a bolsista participa está cadastrado na Plataforma Brasil. Foram apresentados os materiais aos alunos, posteriormente questionou-se sobre o que eles achavam que seria feito, todos que se pronunciaram acharam que seria comida, 106

5 pois já tinham visto a maisena como ingrediente em suas casas. Explicou-se que seria feita uma mistura com a água e a maisena e perguntado o que aconteceria após essa mistura, um dos alunos disse que a água ficaria branca, mas não soube responder o que aconteceria com a maisena, então outro se pronunciou e disse que a maisena iria derreter. Quando perguntados sobre o que aconteceria se fosse inserido o corante, não houve dúvidas: Ficaria colorido. (Figura 1) Figura 1 Momento de fazer a mistura. Foto de Leandro Osório de Oliveira, 2012 Assim que faziam as misturas os alunos ficavam surpresos com as mudanças que ocorriam dentro do copo e alguns davam suas opiniões sobre o que estava acontecendo. (Figura2) Figura 2 Observando a mudança de cor. Foto de Leandro Osório de Oliveira, 2012 Uma opinião que se repetiu muito foi que a mistura havia virado leite, então, após 107

6 realizar a mistura com todos os alunos, em um bate papo informal, questionei: Será que se provarmos terá gosto de leite? Após refletir a turma chegou a um consenso: Não. (Figura3) Figura 3 - Bate papo informal. Foto de Leandro Osório de Oliveira, 2012 Desse modo, foi atingido um dos objetivos que faz parte do conteúdo do PCN de Ciências Naturais, segundo o qual Os estudos sobre transformações de materiais em objetos estabelecem possibilidades ricas para o desenvolvimento das habilidades de observar, generalizar (sintetizar) e relacionar, por meio do ensino e aprendizagem dos procedimentos correlatos. Ao escrever o nome no chão, os alunos também puderam perceber mudanças na mistura feita, pois a tinta secava após pouco tempo. Uma aluna soube explicar o motivo, dizendo que a tinta secava rápido porque o sol estava forte. Foi um momento satisfatório para os alunos, pois, além de eles mesmos terem feito a tinta eles haviam escrito seu próprio nome no chão. Todos, até mesmo os tímidos, queriam que os amigos e as outras professoras vissem o resultado de seus trabalhos.(figura4) Figura 4 Momento de Escrita. Foto de Leandro Osório de Oliveira,

7 Desse modo, os alunos tiveram a oportunidade de trabalhar a escrita de maneira difirente e que, portanto, os chamou a atenção e fez com que todos, até aqueles com mais dificuldade, se esforçassem até conseguir concluir a atividade. 5 CONCLUSÃO Mediante a conclusão da pesquisa foi possível compreender que a atividade lúdica interdisciplinar par o processo de alfabetização é possível, a partir do estudo e pesquisa sobre o tema pelo docente. Outro fator necessário é a organização da atividade em forma de sequência didática, que facilita o desenvolvimento da mesma, gerando harmonia e interação aluno-aluno e professor e alunos durante a aula. Observou-se o crescente nível de interesse dos alunos quando se trabalha a alfabetização de forma lúdica, bem como com a utilização da Arte e Ciências nesse processo. Todos os alunos participaram de cada etapa do processo da atividade, mostrando-se interessados e trocando informações com os colegas. Os objetivos propostos foram alcançados na medida em que os alunos mostraram-se interessados e participativos, questionando sobre a atividade e respondendo as questões levantadas pela bolsista. Os alunos puderam desenvolver pensamento reflexivo e aprimorar a escrita conforme realizavam a atividade em conjunto com os colegas e de uma maneira diferente da tradicional. A atividade pedagógica realizada foi de grande valia, não só para os alunos, mas também para a aluna pesquisadora, que pode colocar em prática os conhecimentos teóricos vistos e estudados durante o curso, comprovando a eficiência de outras atividades pedagógicas bem como a importância da Interdisciplinaridade no Ensino Escolar, sendo trabalhadas duas disciplinas em conjunto, de forma que os conteúdos se completaram, formando um só, sem causar fragmento, propondo experiência profissional real. REFERÊNCIAS BARBOSA, A.M.T.B. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Fundação IOCHPE, FERREIRO, Emilia. Desenvolvimento da Alfabetização: psicogenêse. In: GOODMAN, Yetta M. (Org). Como as Crianças Constroem a Leitura e a Escrita: Perspectivas Piagetianas. Porto Alegre: Artes Médicas, KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo, EPU/EDUSP, POTTER, Jean e KOHL, F. Mary Ann. Descobrindo a Ciência pela Arte: Propostas de Experiência. Porto Alegra: Artmed, p. 109