EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 0

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 0"

Transcrição

1 EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 0

2 Ficha técnica Titulo Estratégia de eficiência energética em PME Autores IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia Carboneutral ADENE Agência para a Energia Coordenação IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação AEP Associação Empresarial de Portugal Edição IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação ISBN: novembro 2012 Apoio EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 1

3 Índice Índice de figuras... 4 Índice de tabelas... 5 Siglas... 6 Prefácio... 7 PARTE I - Introdução O projeto EFINERG Enquadramento A eficiência energética no contexto do projeto EFINERG Posicionamento da eficiência energética nas empresas EFINERG - Análise SWOT PARTE II - Estratégia Introdução Eficiência energética associada aos produtos Abordagem setorial Eficiência energética dos produtos agroalimentares O setor agroalimentar Potencialidades de eficiência energética dos produtos agroalimentares Medidas estratégicas a desenvolver para o setor agroalimentar e formas de implementação Eficiência energética dos produtos da cerâmica e do vidro O setor cerâmico Potencialidades de eficiência energética dos produtos cerâmicos Medidas estratégicas a desenvolver para o setor cerâmico e formas de implementação Eficiência energética dos produtos do setor das madeiras, mobiliário e cortiça O setor das madeiras, mobiliário e cortiça Potencialidades de eficiência energética dos produtos de madeira e cortiça Medidas estratégicas a desenvolver para o setor da madeira e mobiliário e formas de implementação Eficiência energética dos produtos da metalomecânica O setor metalomecânico EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 2

4 Potencialidades de eficiência energética dos produtos metalomecânicos Medidas estratégicas a desenvolver para o setor metalúrgico e metalomecânico e formas de implementação Eficiência energética dos produtos do setor têxtil e do vestuário O setor têxtil e vestuário Potencialidades de eficiência energética dos produtos têxteis e do vestuário Medidas estratégicas a desenvolver para o setor têxtil e vestuário e formas de implementação Abordagem transversal Criar incentivos à comercialização de produtos mais eficientes Promoção de sistemas e ferramentas de marketing, disseminação e divulgação de produtos eficientes Revisão de enquadramentos legais Sensibilização Formação Recomendações e resultados a esperar relativos ao produto Eficiência energética nos processos produtivos Potencialidades de poupança de energia nos processos produtivos Ao nível da gestão Ao nível dos sistemas, operações e equipamentos Proposta de medidas estratégicas orientadas para a poupança de energia nos processos produtivos Conceção/design de processos industriais para a eficiência energética Incentivos ao investimento Incentivos fiscais e financeiros Programas de sensibilização/informação e ações de demonstração Redes colaborativas Aconselhamento empresarial Condições para a implementação da estratégia Agentes a envolver Recomendações Fontes bibliográficas EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 3

5 Índice de figuras Figura 1. Politicas Públicas para o Mercado Energético Figura 2. Emissões mundiais de CO 2 por consumo de energia e por cenário do WEO Figura 3. Metas da União Europeia para Figura 4. Objetivos da Estratégia Nacional para a Energia Figura 5. Eixos da Estratégia Nacional da Energia Figura 6. Áreas Específicas abrangidas pelo PNAEE Figura 7. Vetores de atuação do PNAEE Figura 8. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade Figura 9. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade, em tep Figura 10. Evolução do consumo total de energia. em tep Figura 11. Evolução do consumo total de energia, por tipo de energia Figura 12. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2000) Figura 13. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2010) Figura 14 - Evolução do preço da energia elétrica Figura 15. Perspetiva de ciclo de vida Figura 16. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas agroalimentares do projeto EFINERG Figura 17. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da cerâmica e do vidro Figura 18. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da madeira, mobiliário e cortiça Figura 19. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da cerâmica e do vidro Figura 20. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG do setor têxtil e vestuário Figura 21. Especificidades do transporte em frota própria Figura 22. Conhecimento dos sistemas de incentivos Figura 23. Ideia que as empresas têm dos sistemas de incentivo EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 4

6 Índice de tabelas Tabela 1. Eixos da Estratégia Nacional da energia Tabela 2. Medidas transversais selecionadas para o aumento da eficiência energética da Indústria Portuguesa Tabela 3. Medidas Setoriais para o aumento da eficiência energética Tabela 4. Caraterização dos setores EFINERG e da Indústria Transformadora, Erro! Marcador não definido. Tabela 5. Variação do peso dos diferentes tipos de energia no balanço energético total entre 2000 e Tabela 6. Evolução do consumo dos tipos de energia por setor de atividade, entre 2000 e EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 5

7 Siglas ADENE Agência para a Energia AdI Agência de Inovação AIE Agência Internacional de Energia AIMMAP Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal AVAC Aquecimento, ventilação e ar condicionado BREF Documento de referência sobre as MTD CAE Classificação das atividades económicas CATIM Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica DGEG Direção Geral de Energia e Geologia ENE Estratégia Nacional de Energia EU2020 Estratégia Europa 2020 EuP Energy Using Product GEE Gases com efeito estufa GPS Global Positioning System I&DT Investigação e Desenvolvimento Tecnológico IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação ISO International Organization for Standardization ISP imposto sobre os produtos petrolíferos IVA Imposto sobre o valor acrescentado LED Light emitting diode LNEG Laboratório Nacional de Energia e Geologia MTD Melhores técnicas disponíveis OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ONG Organização não-governamental PME Pequena e Média Empresa PNAC Plano Nacional para as Alterações Climáticas PNAEE Plano Nacional para a Eficiência Energética PNAER Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis PNALE Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão PQ Programa quadro PRODER Programa de desenvolvimento rural de apoio ao setor florestal e agro-florestal QREN Quadro de Referência Estratégico Nacional RECET Rede de Centros Tecnológicos de Portugal SCTN Sistema Científico e Tecnológico Nacional SGCIE Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats tep Tonelada equivalente de petróleo UE União Europeia VAB Valor Acrescentado líquido VEV Variadores eletrónicos de velocidade WEO World Energy Outlook EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 6

8 Prefácio As preocupações com o desenvolvimento sustentável fazem cada vez mais parte das grandes inquietações da população mundial, sendo objeto de grande cuidado ao nível político, contando com uma forte presença nas grandes decisões dos líderes em todo o mundo. É um longo caminho, mas que deverá contar com a participação ativa dos agentes da sociedade civil e, sobretudo, do meio empresarial. A AEP Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, desenvolveu ao longo dos últimos anos um conjunto assinalável de iniciativas que visam a dinamização do tecido empresarial nacional, cujos resultados contribuem de forma objetiva para a sustentabilidade empresarial, promovendo simultaneamente a sua competitividade. O presente projeto EFINERG dedicou-se à melhoria do desempenho energético das PME, sendo esta uma das áreas de grande preocupação ao nível da sustentabilidade, quer pela redução da utilização dos recursos do planeta, quer pela redução de emissões com efeitos muito nocivos na sustentabilidade ambiental, quer ainda pela redução dos custos para todo o ciclo de vida do produto. Este projeto é um exemplo das preocupações da AEP, sendo os seus resultados de grande utilidade para a melhoria da competitividade das empresas e, em particular, das PME. Ao longo de cerca de dois anos de trabalho, que compreendeu a recolha de informação de boas práticas ao nível internacional e ao nível nacional, de recolha de informação junto das PME e das melhores práticas disponíveis foi possível verificar a presença de lacunas na implementação de medidas de eficiência energética, a que o presente documento pretende agora dar solução. Note-se que as lacunas estão presentes a diversos níveis, sejam estes no contexto das decisões políticas, sejam ao nível da sensibilização para a implementação prática de soluções nas empresas. Num ambiente competitivo global mais exigente, as empresas necessitam de apoios e de ferramentas que promovam a sua competitividade e apostem em fatores dinâmicos de desenvolvimento. A evolução do preço da energia torna-se cada vez mais um fator crítico para as empresas. Uma atitude preventiva e atempada na área da eficiência energética é, sem dúvida, determinante para o sucesso das empresas face à sua presença no mercado global. O presente documento reúne, assim, de forma integrada, informação especializada na temática da eficiência energética, bem como informação sobre as políticas de energia, resultando num conjunto de orientações com vista à redução da fatura de energia das empresas e do país. Espera-se que possa constituir uma ferramenta útil e um estímulo à adoção de comportamentos amigáveis, com evidentes benefícios para as empresas, para a sociedade e para o planeta que habitamos. José António Ferreira de Barros Presidente da AEP EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 7

9 Prefácio A visão para um crescimento sustentável da economia europeia como um todo, passa hoje, inequivocamente, por recentrar a importância da indústria e das suas empresas no contexto da atividade económica, como o atesta a recente Comunicação da Comissão Europeia COM (2012) 582 final Reforçar a indústria europeia em prol do crescimento e da recuperação económica. Esta perspetiva, partilhada no plano nacional pelo Ministério da Economia e do Emprego, tem vindo a ser operacionalizada no terreno através de iniciativas de natureza distinta mas convergentes e complementares. Estamos perante uma nova abordagem à política industrial que assumidamente se cruza de forma incontornável com a política energética, fator de peso na competitividade das empresas industriais. De facto, não só para muitas empresas o custo da energia se está a tornar cada vez mais importante, como a subida de preços deste fator tem sido significativa e superior para a indústria europeia face ao verificado em países industrializados de outras regiões. É por isso natural que crescentemente se defenda a adoção de políticas energéticas orientadas, entre outros, para uma maior diversificação das fontes de energia e para uma eficiência energética acrescida. Para o IAPMEI, sempre empenhado no desenvolvimento de novas iniciativas de apoio à competitividade e inovação empresariais e na garantia da sua oportunidade e eficácia, o reconhecimento atual da centralidade deste tema e da sua importância para as PME industriais vem validar o objetivo central do Projeto EFINERG, que foi alavancar o potencial de eficiência energética no tecido empresarial dos setores abordados, sensibilizando-o para toda a cadeia de valor. Esta aposta foi ganha através da dinamização e do extenso trabalho colaborativo com todos os parceiros envolvidos, empresas incluídas. Mas, mais importante do que este alinhamento estratégico, o IAPMEI regista com enorme apreço os resultados alcançados seja na sistematização do conhecimento e no reforço das redes de entidades que atuam junto das empresas, seja sobretudo nos benefícios para as próprias empresas. Efetivamente o trabalho efetuado no terreno permitiu a identificação de medidas de melhoria de eficiência energética e a caraterização energética dos setores abordados, elementos fundamentais à definição da presente estratégia. É convicção do IAPMEI que esses resultados, a par das iniciativas de sensibilização desenvolvidas no terreno, contribuem decisivamente para responder à necessidade sentida pelas PME em encontrar instrumentos que, no campo da eficiência energética, facilitem e assistam as suas estratégias de inovação, competitividade e crescimento internacional. Finalmente é desejável que estes resultados mais do que um ponto de chegada constituam uma plataforma de partida para uma atuação mais proativa, consistente e coerente das entidades públicas e privadas rumo à sustentabilidade empresarial e da economia como um todo. Luis Filipe Costa Presidente do IAPMEI EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 8

10 PARTE I - Introdução EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 9

11 1. O projeto EFINERG Observando a fatura anual de energia da UE ou de Portugal percebe-se que a energia representa hoje um valor significativo e relevante para um país ou para uma empresa. Contudo, uma grande parte dessa energia continua a ser desperdiçada, por falta de eficiência dos equipamentos ou de ausência de sensibilização dos utilizadores, traduzindo-se em custos sem benefícios, tanto a nível da produção como da utilização. Este enorme capital desperdiçado poderia ser utilizado para outros fins, como o desenvolvimento de novas práticas, tecnologias e investimentos eficientes do ponto de vista energético. Em mercados que se apresentam cada vez mais concorrenciais e com uma dimensão global, é fundamental que todos os fatores de produção sejam otimizados para que se criem vantagens competitivas perante os concorrentes. O projeto EFINERG perseguiu estas preocupações, procurando recolher informação e criar ferramentas facilitadoras da melhoria da eficiência energética tendo como suporte informação que traduz a realidade das PME, as suas debilidades, as suas preocupações, mas também as suas ambições em termos de melhoria da sua competitividade. A informação produzida e os saberes recolhidos ao longo do projeto EFINERG encontram-se reunidos e organizados nos documentos elaborados no decurso do mesmo, tendo servido de base ao desenvolvimento da presente estratégia. Pretende-se que esta seja um incentivo às empresas no que respeita à melhoria do desempenho energético e uma orientação para políticas de incentivo para práticas de eficiência energética. É também objetivo deste documento propor uma estratégia de abordagem à eficiência energética dos setores e gama de consumos estudados, com uma clara orientação para a implementação prática de medidas devidamente alinhadas com o PNAEE e dedicadas às PME. Por outro lado, a consolidação da informação recolhida junto das PME e das entidades públicas e privadas relevantes em matéria de energia em Portugal, na UE e na OCDE, permitiu conhecer mais aprofundadamente as orientações e políticas em matéria de eficiência energética e possibilitou estabelecer conclusões no que respeita à sua adequabilidade para aplicação nas PME. Considerando a importância atual que a eficiência energética assume em cada região, em cada setor de atividade e em cada empresa, a estratégia aqui apresentada contribui para que possam ser atingidos os objetivos do PNAEE, no que respeita à redução da intensidade energética e carbónica das atividades empresariais, bem como à melhoria da sustentabilidade e da competitividade do tecido empresarial das PME. O projeto EFINERG foi implementado tendo por base uma lógica de bottom-up, procurando auscultar as PME e perceber o seu grau de sensibilização e práticas em matéria de eficiência energética, seguido de uma visão setorial, onde foi possível perceber o perfil de consumo de energia em cinco setores e finalmente foram analisadas as políticas nacionais e europeias, bem como as boas práticas internacionais de eficiência energética em PME. Esta abordagem EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 10

12 permitiu aprofundar o conhecimento sob diferentes perspetivas, enriquecendo as conclusões presentes também neste documento. Das dimensões abordadas neste projeto destacam-se a eficiência energética em PME, a eficiência energética a nível setorial e a nível internacional. As cerca de 100 empresas alvo de diagnóstico (recolha e tratamento de informação), são PME situadas nas Regiões Norte, Centro e Alentejo, de cinco setores de atividade - Têxtil e Vestuário, Metalomecânica, Madeira, Mobiliário e Cortiça, Vidro e Cerâmica e Agroalimentar -, com consumos energéticos significativos, sobretudo entre os 250 e os 500 tep, e com potencial de melhoria de eficiência energética. A realização do diagnóstico consistiu na recolha de dados de consumos de energia através da resposta a um inquérito e na realização de algumas medições de consumo de energia. O tratamento dos dados recolhidos permitiu consolidar a informação de consumos por empresa, contribuindo para a caraterização de cada setor. No entanto, para alguns setores de atividade (ou mesmo subsetores) os consumos previamente estabelecidos (entre 250 e 500 tep), revelaram-se uma limitação tendo em consideração que tipicamente os consumos se situavam muito acima ou muito abaixo. No entanto, de acordo com os objetivos, importava retratar a realidade do consumo de energia, e desta forma, para alguns casos a gama de consumo previamente estabelecida foi alargada, possibilitando também uma maior abrangência e uma maior diversidade de empresas, enriquecendo desta forma o resultado final. Como resultado da recolha de informação junto das empresas, foram elaborados 5 relatórios setoriais que caraterizam cada um dos 5 setores em estudo, onde para além dos dados gerais do setor, é possível constatar com detalhe o perfil de consumo de energia das empresas do setor e de subsetores, podendo desta forma este documento constituir um suporte de benchmarking setorial, sendo esta uma informação relevante para as PME. Para além desta informação, estes documentos consolidam as medidas de eficiência energética com potencial de economia por área e/ou por subsetor de atividade, constituindo este suporte como um documento de trabalho para as empresas do setor. Finalmente, como resultado da experiência acumulada neste projeto e em iniciativas similares, são apresentados casos de sucesso com exemplos práticos de eficiência energética bem como são identificadas boas práticas e tecnologias de eficiência energética com resultados comprovados. Foi também evidente que Portugal segue, tal como os restantes países europeus, orientações e diretivas europeias em matéria de energia e em particular de eficiência energética, pelo que, neste âmbito as empresas europeias deveriam andar a um ritmo semelhante. No entanto, constatou-se no estudo realizado, que no caso da indústria, as iniciativas de eficiência energética se encontram em fase de estudo e expansão de aplicação de medidas, não sendo ainda possível uma análise comparativa dos resultados através de indicadores ao nível dos consumos de energia da empresa e consequentemente ao nível do setor. No entanto, a recolha de informação realizada permitiu concluir que ao nível internacional existe uma preocupação na aplicação de práticas de eficiência energética, sendo estas de iniciativa empresarial com vista à melhoria da competitividade pela redução de custos dos fatores EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 11

13 produtivos, ou pela pressão colocada quer pelo incentivo direto ao investimento nesta área, quer pelo incentivo fiscal indexado à redução da intensidade energética e/ou da intensidade carbónica. Deste trabalho, para além dos relatórios de diagnóstico-flash em eficiência energética para as PME alvo e da presente estratégia, resultaram, em síntese, ainda a produção dos seguintes documentos: Relatório de Estudo contendo uma análise setor a setor e uma síntese dos resultados obtidos; Planos setoriais de melhoria de eficiência energética incluindo a caraterização dos setores abordados e casos de sucesso; Benchmarking internacional; Visão prospetiva. 2. Enquadramento O mundo enfrenta claramente duas grandes ameaças num panorama energético global. Por um lado, a obtenção da energia a preços competitivos e, por outro, os efeitos negativos no ambiente como consequência da procura e consumos energéticos crescentes. É cada vez mais urgente conter o crescimento da procura de energia fóssil, aumentar a diversidade geográfica e de abastecimento de combustível e atenuar as emissões de CO 2 para a atmosfera. A criação de cenários energéticos alternativos e a definição de estratégias para uma energia mais limpa e competitiva no futuro é uma necessidade A implementação de políticas públicas neste sentido garantirá a redução da taxa de procura dos combustíveis fósseis, de emissões para a atmosfera e de conservação dos recursos naturais, para além de que o custo económico associado a estas políticas será absorvido e ultrapassado pelos benefícios de utilização e produção de energia de forma mais eficiente. Esta atual e crescente preocupação em termos ambientais e energéticos têm conduzido, acompanhada da redução de emissões poluentes, a uma melhoria contínua na eficiência de sistemas e equipamentos, visando a melhor utilização e aproveitamento da energia disponível. A grande aposta do futuro em termos energéticos recairá, sem dúvida, sobre o aumento da eficiência energética, sobre a diminuição da intensidade energética e sobre a diminuição da intensidade carbónica. Em todos os setores de atividade, enquadrados em mercados cada vez mais concorrenciais e de dimensão global, existe uma necessidade premente de que todos os fatores produtivos sejam otimizados pela implementação de boas práticas energeticamente eficientes, criando-se assim vantagens competitivas minimizando o risco de perda de competitividade das empresas. Todas as indústrias dos diferentes setores de atividade que Portugal possui terão que consumir menos energia por cada unidade de riqueza que gerarem, sendo que, de nada vale uma EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 12

14 redução de consumo energético associada a uma diminuição de volume de produção ou de riqueza criada. Atualmente, as empresas desenvolvem um papel que pode ser considerado mais importante do que o do governo central. As grandes indústrias já atuam sobre uma estratégia conducente a um bom desempenho em termos energéticos, mantendo uma atenção constante e próativa em questões de eficiência energética e de incentivos financeiros existentes, percebendo assim a redução dos custos energéticos como um imperativo da competitividade, no mercado global atual. Nas PME há um caminho a percorrer atendendo a que num grande número de casos, o tema da eficiência energética não constitui ainda uma prioridade, encontrando a lei vigente alguns obstáculos à sua aplicação. Assim sendo, o interesse pela eficiência energética é assumido ao mais alto nível, traduzindo-se já hoje em políticas públicas que procuram estimular investimentos neste domínio Políticas públicas Na área da energia foram recentemente implementadas em Portugal políticas públicas enquadradas no âmbito das desenvolvidas pela União Europeia (figura1) por entidades com influência política no mercado energético. PNAEE Estratégia Europa 2020 World Energy Outlook 2011 Roadmap 2050 Estratégia Nacional para Energia 2020 Medidas Eficiência Energética para a Indústria Figura 1. Politicas Públicas para o Mercado Energético EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 13

15 World Energy Outlook A Agência Internacional de Energia (AIE), enquanto organismo autónomo criado no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), desenvolve um extenso programa de cooperação energética entre os seus 28 países membros. Anualmente com a sua publicação de destaque o World Energy Outlook (WEO) oferece uma análise e uma visão dos mercados mundiais de energia atuais e para os próximos 25 anos. Na edição de 2011, o WEO disponibiliza as mais recentes projeções em termos da oferta e da procura de energia para vários cenários futuros, detalhados por países, setores e tipos de combustível, para além de desenvolver algumas questões mais específicas ligadas ao setor energético, a referir: As perspetivas energéticas da Rússia e as suas consequências para os mercados mundiais. O papel do carvão no desenvolvimento económico de um mundo com restrições de emissões. As implicações de um possível atraso de investimento nos setores do petróleo e do gás no Médio Oriente e no Norte de África. Em que medida a manutenção de uma infraestrutura altamente consumidora de carbono está a dificultar o êxito da meta climática dos 2 C e a torná-la mais onerosa. O nível de subsídios às energias fósseis e o apoio às energias renováveis, assim como o seu impacte nas tendências da energia, da economia e do ambiente. Um Cenário Nuclear Baixo para perceber as implicações no panorama mundial da energia de uma redução rápida da utilização da energia nuclear. A escala e o tipo de investimentos necessários para oferecer uma energia moderna aos milhares de milhões de pobres no mundo que não dispõem desse acesso. O World Energy Outlook 2011 inclui a análise de três cenários globais e de múltiplos estudos de caso. O Cenário das Novas Políticas cenário central do documento - assume a implementação de novas políticas governamentais de forma cautelosa, ainda que não assentem em medidas sólidas. Neste cenário a eficiência energética aumenta a um ritmo que corresponde ao dobro dos últimos 25 anos, sendo estimulada pela aplicação de medidas em todos os setores de atividade e também pela redução gradual de recurso aos combustíveis fósseis. Por sua vez, o Cenário das Políticas Atuais garante que às medidas assumidas até meados de 2011 não serão acrescentadas mais medidas. O cenário a utilizar em termos comparativos com o das Novas Políticas, ilustra o valor dos novos compromissos e planos definidos. Para cumprir o acordo de limitar a 2 o C o aumento da temperatura global do planeta, o WEO apresenta o Cenário 450, como sendo um compromisso assumido pelos governos a longo prazo para o limite da concentração dos gases com efeito de estufa na atmosfera a 450 ppm de CO 2 equivalente. Neste cenário o ritmo de mudança é rápido e conta com melhorias de eficiência que representam metade da redução adicional de emissões, sendo que a maior EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 14

16 contribuição para atingir a segurança energética e os objetivos definidos para o clima advém da energia que não é consumida. A AIE nas diversas apresentações públicas que fez do documento deixou o alerta de que sem uma modificação radical das políticas públicas, o mundo encerrar-se-á num sistema energético inseguro, ineficiente e com elevada intensidade de carbono, pelo que é premente efetuar as reformas necessárias enquanto ainda há tempo para atuar. "Se não for concretizada uma ação internacionalmente coordenada até 2017, estimamos que todas as emissões de dióxido de carbono no terceiro cenário serão oriundas de infraestruturas existentes nessa altura, pelo que todas as novas infraestruturas até 2035 teriam de ter emissões zero. Teoricamente, isto seria possível a um custo muito elevado, mas provavelmente não seria praticável em termos políticos. AIE 11.Nov.2011 A figura 2 traduz graficamente as emissões mundiais de CO 2 previstas nos três cenários apresentados no WEO Figura 2. Emissões mundiais de CO 2 por consumo de energia e por cenário do WEO 2011 Roadmap 2050 O Roadmap 2050 desenvolvido pela Comissão Europeia define a estratégia para alcançar um setor energético seguro, competitivo e hipocarbónico. Com uma meta a alcançar de redução de mais de 80% das emissões de carbono até 2050, este documento indica o caminho a seguir sem que o aprovisionamento e a competitividade possam sair prejudicados. São vários os cenários analisados no Roadmap 2050, nos quais se exploram as consequências de um sistema energético isento de carbono e paralelamente se define um quadro de políticas EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 15

17 necessário para o efeito. O Roadmap constitui um guia de orientação para os Estados Membros em tomadas de decisão no setor energético, no sentido de se conseguir criar um clima de estabilidade empresarial para o investimento privado num horizonte até A descarbonização do sistema energético defendida pelo Roadmap 2050 é uma solução técnica e economicamente viável, desempenhando a eficiência energética, as energias renováveis e a abordagem europeia comum que integra um mercado comum de energia, um papel crucial na sua concretização. A prioridade de um cenário de descarbonização deve permanecer sobre a eficiência energética em medidas ambiciosas não só ao nível da eficiência energética, mas também de políticas de otimização de custos. Estratégia Nacional para a Energia 2020 Na área da energia foram recentemente implementadas em Portugal políticas públicas que se baseiam num documento principal, a Estratégia Nacional para a Energia 1 (ENE2020) e num documento acessório, mas igualmente representativo, o Plano Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC). A agenda da ENE tem como horizonte o ano de 2020 e está enquadrada no âmbito da União Europeia (UE), na vertente referente à energia e às alterações climáticas da Estratégia Europa 2020 (EU2020) que define as seguintes metas até 2020 (figura 3): Emissões de gases com efeito de estufa (GEE) 20% inferiores ao nível atingido em 1990; 20% da energia proveniente de fontes renováveis no consumo global; Redução de 20% de consumo energético, por aumento da eficiência energética. 1 Resolução do Conselho de Ministros Nº 29/2010, de 15 de abril EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 16

18 20% Aumento da eficiência energética 20% Peso das Renováveis no consumo de energia final 20% Redução de gases de efeito de estufa METAS UE PARA 2020 Figura 3. Metas da União Europeia para 2020 Pelo posicionamento que Portugal tem vindo a ocupar, entre os principais líderes no desenvolvimento das energias renováveis e na promoção integrada da eficiência energética, a ENE 2020 constitui mais um impulso para que o país continue na liderança da sustentabilidade energética pelo cumprimento dos objetivos governamentais definidos e enquadrados nas políticas energéticas europeias, garantindo também a segurança de abastecimento e a desejada sustentabilidade económica e ambiental do modelo energético. A Estratégia Nacional para a Energia prevê alcançar os resultados apontados na figura 4. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 17

19 1. Reduzir a dependência energética de Portugal face ao exterior Passar de 83%, em 2008, para 74% em 2020 equivalente a poupança de 95M barris de petróleo. 2. Cumprir os compromissos para 2020 assumidos por Portugal no contexto europeu 31% de fontes de energia renovável no consumo de energia final. Redução de 20% do consumo de energia final. 3. Reduzir o saldo importador energético com a energia produzida a partir de fontes endógenas Redução de 25% face a 2008 equivalente a redução de importações de M anuais (2020). 4. Consolidar o cluster das energias renováveis em Portugal Assegurar um Valor Acrescentado Bruto de M em Criar mais novos postos de trabalho, a acrescer aos já existentes. 5. Continuar a desenvolver os sectores associados à promoção da eficiência energética Assegurar a criação de novos postos de trabalho. Gerar um investimento previsível de M até 2020 e exportações adicionais de 400M. 6. Promover o desenvolvimento sustentável Criar condições para o cumprimento das metas de redução de emissões assumidas pelo País. Figura 4. Objetivos da Estratégia Nacional para a Energia 2020 São cinco os eixos, que se complementam mutuamente, em que a ENE 2020 centra a sua estratégia conforme apresentado na figura 5. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 18

20 Eixo1 Agenda para a competitividade, o crescimento e a independência energética e financeira Eixo 5 Sustentabilidade da estratégia energética ESTRATÉGIA NACIONAL DA ENERGIA 2020 Eixo 2 Aposta nas energias renováveis Eixo 4 Garantia da segurança de abastecimento Eixo 3 Promoção da eficiência energética Figura 5. Eixos da Estratégia Nacional da Energia 2020 Na tabela 1 apresenta-se uma breve descrição dos eixos e prioridades da Estratégia Nacional de Energia. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 19

21 Tabela 1. Eixos da Estratégia Nacional da energia 2020 EIXOS PRIORIDADES 1 Agenda para a competitividade, o crescimento e a independência energética e financeira A ENE 2020 constitui uma agenda para a competitividade, o crescimento e a independência energética e financeira do país. 2 Aposta nas energias renováveis 3 Promoção da eficiência energética Uma aposta nas energias e nas fontes renováveis de forma a obter delas 31% de toda a energia e 60% da eletricidade consumida em Portugal em Promoção da Eficiência Energética consolidando o objetivo de redução de consumo da energia final em 10% até 2015 e 20% em Garantia da segurança de abastecimento Sustentabilidade da estratégia energética Assegurar a garantia da segurança de abastecimento através da diversificação do mix energético, quer no que diz respeito às fontes quer às origens do abastecimento. Sustentabilidade económica e ambiental, promovendo a redução de emissões e a gestão equilibrada dos custos e dos benefícios da sua implementação PNAEE - Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética O Eixo 3 da Estratégia Nacional para a Energia 2020 Promoção da eficiência energética é considerado com um dos principais objetivos globais da política energética nacional e está consubstanciado no Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética (PNAEE) 2 (documento atualmente em revisão), também designado Portugal Eficiência 2015, que integra as políticas e as medidas de eficiência energética a implementar. O PNAEE estabelece como meta a alcançar até 2015 a implementação de medidas de eficiência energética equivalentes a redução de 10% do consumo final de energia, nos termos previstos na Diretiva Nº 2006/32/CE de 5 de abril, do Parlamento Europeu e do Conselho relativa à eficiência na utilização final de energia e aos serviços energéticos. Este documento engloba um conjunto alargado de programas e respetivas medidas consideradas como fundamentais para que Portugal consiga alcançar os objetivos fixados na diretiva anteriormente referida, estabelecendo também a obrigatoriedade de cada Estado Membro publicar um plano de ação para a eficiência energética, estabelecendo nesse plano metas de 1% (como valor mínimo) de poupança de energia até ao ano de Resolução do Conselho de Ministros Nº 80/2008 EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 20

22 A implementação da ENE e dos planos que intrinsecamente lhe estão associados, tem vindo a ser feita em vários domínios. No domínio da eficiência energética, a aposta do Plano Nacional para a Eficiência Energética (PNAEE) abrange 4 áreas específicas: Transportes, Residencial e Serviços, Indústria e Estado (figura 6). Transportes Residencial e Serviços INDÚSTRIA Estado Figura 6. Áreas Específicas abrangidas pelo PNAEE Adicionalmente, define três vetores transversais de atuação que contribuirão de forma determinante para o cumprimento dos objetivos definidos, a referir (figura7): Utilização de tecnologias mais eficientes; Melhoria de processos organizativos; Alteração de comportamento dos agentes económicos. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 21

23 Alteração de comportame nto dos agentes económicos Melhoria de processos organizativos Utilização de tecnologias mais eficientes Figura 7. Vetores de atuação do PNAEE Com a alteração de comportamento dos agentes económicos o PNAEE pretende garantir uma redução do consumo de energia final em 10%, cerca de tep, até 2015 e 20% até 2020, sendo que se estima que a indústria contribuirá até 2015 com 30% (cerca de tep) para o cumprimento do objetivo definido, que contará com a contribuição na redução de consumo dos seguintes setores de atividade referidos nas figuras 8 e 9. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 22

24 Estado 3% Outros Sectores 1% Serviços 9% Residencial 18% Transportes 39% Indústria 30% Figura 8. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade (Fonte: Ministério da Economia e do Emprego, Dez 2011) Outros Transportes Indústria Residencial Serviços Estado Sectores tep Figura 9. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade, em tep (Fonte: Ministério da Economia e do Emprego Dez 2011) O PNAEE define um conjunto de 12 programas abrangentes para atuar nas várias vertentes da eficiência energética, sendo uma dessas vertentes a indústria, conforme já referido anteriormente. Neste seguimento e para cumprir com os programas implementados propõe EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 23

25 essencialmente dois conjuntos de medidas: Medidas Transversais e Medidas Específicas de cada setor da indústria. O objetivo de implementação destas medidas é a promoção do aumento da eficiência energética, por melhoramento de processos, com a introdução de novas tecnologias e mudança de comportamentos. As Medidas Transversais propostas podem ser aplicadas à grande maioria das indústrias existentes em Portugal. São medidas que proporcionam efeitos superiores no que se prende com o aumento da eficiência energética na indústria. A tabela 2 reúne o conjunto de medidas identificadas no PNAEE como Medidas Transversais para aumentar a eficiência energética da Indústria Portuguesa. Com a implementação destas medidas nos vários setores da indústria estima-se uma poupança total de tep/ano. Tabela 2. Medidas transversais selecionadas para o aumento da eficiência energética da Indústria Portuguesa ÂMBITO MEDIDA/TECNOLOGIA POUPANÇA TOTAL TEP/ANO % Sistemas acionados por motores elétricos Otimização de motores Sistemas de bombagem Sistemas de ventilação Sistemas de compressão TOTAL ,35 0,04 0,01 0,10 0,50 Produção de calor e frio Cogeração Sistemas de combustão Recuperação de calor Frio industrial TOTAL ,50 1,18 1,34 0,02 3,04 Iluminação TOTAL ,04 Eficiência do processo industrial/outros Monitorização e controlo Tratamento de efluentes Integração de processos Manutenção de Equipamentos Isolamentos térmicos Transportes Formação e sensibilização de recursos humanos Redução de energia reativa TOTAL ,20 0,40 1,76 0,46 0,33 0,001 0,06 0,02 2,87 TOTAL DAS MEDIDAS TRANSVERSAIS ,45 Fonte: Medidas de Eficiência Energética aplicáveis à indústria: Um enquadramento tecnológico sucinto. Para além das Medidas Transversais do setor industrial expostas acima, existem Medidas específicas a aplicar a alguns dos mais importantes subsetores industriais. Algumas destas medidas, considerando os setores de atividade estudados neste projeto, são apresentadas na tabela 3. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 24

26 Tabela 3. Medidas Setoriais para o aumento da eficiência energética Setor Medida/Tecnologia Poupança Total TEP/ANO % Têxtil Otimização de banhos Pré-secagem mecânica/infravermelha (IV) Aquecimento de águas por painéis solares Otimização dos processos de produção têxtil TOTAL ,0267 0,0023 0,0119 0,0016 0,0425 Metalomecânica Combustão submersa para aquecimento de banhos Reutilização de desperdícios Otimização de fornos TOTAL ,0013 0,0065 0,0124 0,0202 Madeira e Artigos de Madeira Transportadores mecânicos em vez de pneumáticos Aproveitamento de subprodutos de biomassa Otimização de fornos de secagem contínua TOTAL ,0002 0,0087 0,0009 0,0097 Cerâmica Otimização de fornos Melhoria de secadores Extrusão com secadores Extrusão dura Otimização de produção de pó para prensagem Utilização de combustíveis alternativos TOTAL ,095 0,01 0,016 0,021 0,018-0,161 Vidro Otimização de fornos Utilização de vidro usado (reciclagem) TOTAL ,02 0,04 0,06 Alimentação e Bebida Otimização da esterilização Processo de separação co membranas Mudança de moinhos horizontais para verticais Destilação sob vácuo TOTAL ,052 0,025 0,024 0,014 0,115 Políticas Internacionais A importância de todas as questões relacionadas com a energia para a União Europeia está expressa de forma inequívoca na sua estratégia Europa O desenvolvimento sustentável é uma das prioridades, no âmbito de apoiar a transição para uma economia hipocarbónica com uma utilização eficiente de todos os recursos. As orientações disponíveis, em termos de eficiência energética são inúmeras e têm origem nos organismos internacionais, na Comissão Europeia, nos países e em organizações públicas e privadas que se dedicam a esta temática. Ao nível da UE os objetivos das políticas energéticas, proporcionam boas oportunidades de desenvolvimento às PME. Pode-se considerar que estas empresas se encontram em quatro estados distintos em termos de política energética. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 25

27 1. As empresas utilizadoras de energia deparam-se com algumas dificuldades: a. Desconhecimento das vantagens de uma utilização racional da energia; b. Ausência de medição do impacte das medidas de poupança de energia na sua atividade; c. Quais as escolhas a fazer e a quem recorrer para as realizar; d. Escassez de recursos financeiros para os planos de eficiência energética, alguns dos quais com elevado prazo de retorno. Estas dificuldades acompanham a carência de pessoal especializado para as questões energéticas e ambientais. 2. As empresas com a problemática de retorno do investimento: os montantes de investimento destinados a reduzir o consumo de energia podem atingir valores elevados sendo que a média de retorno destes investimentos pode ir de 3 a 5 anos, o que constitui um entrave às PME; 3. As empresas instaladoras de produtos e sistemas destinados a melhorar a utilização da energia, e as prestadoras de serviços de manutenção com o mesmo objetivo. 4. As empresas ligadas ao serviço de instalação e manutenção de aparelhos de redução de consumo de energia junto de empresas e particulares. Em termos de políticas com influência nas ações de eficiência energética, as orientações da Comissão Europeia são objetivas e operacionais, podendo os diversos países integrar nos seus planos nacionais medidas de melhoria de eficiência energética. Há contudo, um conjunto de práticas distintas que merecem ser destacadas e que já estão implementadas em alguns países: Políticas de Financiamento que atuem na promoção da implementação de medidas de eficiência energética nas empresas com recursos ao financiamento, em que o retorno é medido pelos resultados obtidos, podendo ser refletido na poupança ou na componente fiscal (França, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Suécia); Acordos específicos de eficiência energética para a indústria (Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, França); Promoção da realização de auditorias energéticas para a caraterização dos consumos e medidas a implementar (Espanha, Finlândia, Irlanda, Alemanha, França); Descentralização das políticas de eficiência energética através das agências de energia que englobem todos os setores de atividade económica e não apenas um setor (por exemplo o setor público); Políticas de benefício fiscal e/ou financeiro, avaliados pela redução da intensidade carbónica, estando esta indexada à implementação de medidas de eficiência energética (Reino Unido, Áustria, Finlândia, Irlanda, Alemanha, França). EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 26

28 3. A eficiência energética no contexto do projeto EFINERG A dependência energética de Portugal A sociedade contemporânea tem vindo a ser caraterizada por um consumo sempre crescente de energia, sendo que esta realidade tenderá a manter-se nas próximas décadas, à medida que os países em desenvolvimento e mesmo os mais desenvolvidos vão atingindo os seus objetivos. Acontece também que o nível e a qualidade de vida das populações e a atividade económica desenvolvida pelas empresas estão totalmente dependentes da energia. Esta dependência que ao longo dos anos se tem vindo a verificar, reflete claramente o papel estruturante, integrador e fundamental que o setor energético ocupa ao nível da sociedade e da economia portuguesa. A gestão dos recursos energéticos pode ser considerada como um dos principais desafios, a nível mundial que as sociedades e as empresas enfrentam. Nas últimas décadas verificou-se uma utilização muito intensa de energia produzida com recurso a combustíveis fósseis, sendo que a natureza finita destes recursos naturais e o impacte que a sua produção e utilização têm a nível ambiental, lançaram um alerta para esta problemática, de suporte ao desenvolvimento. Portugal é um país com um nível escasso de recursos energéticos endógenos, particularmente nos recursos que de forma mais clássica e tradicional asseguram as necessidades estratégicas da grande maioria dos países desenvolvidos: o petróleo, o carvão e o gás natural. No ano de 2011, o saldo importador de produtos energéticos aumentou 27,7%, face ao ano anterior, cifrando-se em 7,1 mil milhões de euros, segundo dados de um relatório da Direção Geral de Energia e Geologia. O mesmo relatório acrescenta que, em termos globais, o saldo importador nacional reflete o elevado peso do valor de importação do petróleo bruto e refinados, que cresceu 28,5%, bem como do gás natural, que aumentou 18,7% ou da energia elétrica, que subiu 28,9%. A redução da dependência energética externa tem constituído uma preocupação dos sucessivos governos portugueses, focalizados no aumento da eficiência energética e na redução das emissões de CO 2, pelo estabelecimento de um conjunto de grandes linhas estratégicas para o setor da energia. Os números de fevereiro de 2012 da Direção Geral de Energia e Geologia apontam para uma evolução favorável na dependência energética de Portugal face ao exterior de 76,8% no ano de 2010 e revelam um decréscimo real deste indicador de 12% face a 2005, ano em que se registou o reforço das políticas de incentivo às energias renováveis. Embora se trate de uma evolução energética positiva que implica uma menor compra de energia ao exterior, esta dependência traduz-se ainda num risco elevado para as empresas portuguesas não só em termos de segurança e garantia de abastecimento, mas também na volatilidade de preços, sendo os custos associados agravados sempre que os preços da energia sobem. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 27

29 Face ao atual cenário energético nacional instalado, a integração da dimensão energética na atividade de gestão das empresas é um imperativo, contudo ainda são consideradas em número pouco expressivo as empresas portuguesas que desenvolveram ou implementaram um plano estratégico para a energia. Tal facto pode ser justificado pela qualidade e credibilidade de informação referente a este tema disponível e ao valor elevado dos investimentos a realizar. O desafio para encontrar a solução de longo prazo está assim lançado. Embora ainda longe de ser conhecido, no curto e médio prazo um conjunto de medidas vêm sendo desenvolvidas e que passam obrigatoriamente por uma procura de fontes alternativas de energia, nomeadamente as energias renováveis e pelo aumento da eficiência da utilização das energias disponíveis. As fontes de energia renováveis que o nosso país reúne: hídrica, eólica, solar, geotérmica e biomassa, pela sua disponibilidade e caráter endógeno, assumem um papel de destaque na redução, em termos globais, da dependência energética de Portugal, apresentando um grande desenvolvimento ao longo dos últimos 10 anos orientado para um futuro energético sustentável, A forma como o tecido empresarial português nos seus diferentes setores de atividade e a sociedade em geral utilizam a energia disponível é uma questão determinante na mudança de rumo do novo paradigma energético. O aumento da eficiência energética das operações e processos das empresas é imprescindível para se atingir um conjunto de objetivos propostos ao nível da diminuição da intensidade energética global e do consequente aumento dos resultados económicos. A eficiência energética acaba assim por se constituir como uma excelente oportunidade para as empresas, criando valor real para o negócio complementado pela mais-valia criada à sociedade e ao ambiente. Acresce ainda que o aumento da eficiência energética reduz a exposição da economia portuguesa à evolução dos preços da energia nos mercados internacionais, facilitando o cumprimento de outras metas relacionadas com a sustentabilidade, induzindo, portanto, uma utilização ótima dos recursos energéticos, o que permite continuar a assegurar a execução do PNAEE. A Componente Energética da Indústria A indústria transformadora carateriza-se por desenvolver um conjunto de atividades de transformação por diferentes processos, de matérias-primas provenientes de outros setores económicos, em novos produtos. O desenvolvimento das atividades industriais associadas a estes processos traduz-se em elevados consumos energéticos, recorrendo estas indústrias à utilização de diferentes tipos de energia consoante as suas necessidades e preocupações, para otimização dos seus processos produtivos. Os dados que se apresentam na tabela 4 permitem posicionar em termos de dimensão, importância, e energéticos, os cinco setores alvo de estudo do projeto EFINERG. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 28

30 Tabela 4. Caraterização dos setores EFINERG e da Indústria Transformadora, 2009 Volume de Negócios (milhões de ) VAB (milhões de ) Nº Empresas Nº trabalhadores Consumo Energético, tep * Alimentação e Bebidas Têxtil e Vestuário Metalúrgica e Metalomecânica Cerâmica e Vidro Madeira e Artigos de Madeira Total Indústria Transformadora Fonte: INE Instituto Nacional de Estatística e * DGEG - Estatísticas e preços Balanços e Indicadores Energéticos Balanços Energéticos No que respeita ao total de volume de negócios da indústria transformadora (tabela 4), a contribuição dos setores de atividade representados no EFINERG, atingiu um valor de 36,4% no ano de Atendendo a que, segundo dados da DGEG - Direção Geral de Energia e Geologia, o balanço energético total da Indústria Transformadora, em tep, no ano de 2009 atingiu o valor de tep, verificou-se que o peso dos cinco setores em análise correspondeu a 45,6%. Ainda segundo a mesma fonte, em 2010, em Portugal a indústria transformadora foi responsável por 29% do consumo total de energia, num total de tep. Estes dados são representativos da importância da informação recolhida dos setores em análise no projeto, sem deixar de lado a importância de outros setores, quer pela sua influência para a indústria transformadora quer pelo consumo de energia. Observado com mais detalhe o consumo de energia nos setores em análise, no que respeita às fontes de energia, a figura 10 apresenta a evolução do consumo total de energia em tep. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 29

31 Balanço energético, tep Balanço energético, tep (Indústria Transformadora) ano 0 Petróleo Gás Natural Electricidade Calor Renováveis sem Hídrica Indústria Transformadora Figura 10. Evolução do consumo total de energia (Fonte: DGEG - Estatísticas e preços Balanços e Indicadores Energéticos Balanços Energéticos) Na figura 10 é possível observar a regularidade de consumo ao longo dos anos, que permite inferir da representatividade dos setores em análise face ao consumo de energia da indústria transformadora. Nos setores em análise, os consumos energéticos mantêm-se praticamente constantes no período de 2000 a 2005, com pequenas variações de no balanço energético, que volta a estabilizar até %. Em 2005 verifica-se uma redução Em 2009, ano de crise generalizada com a contração da economia nacional e mundial, uma redução de 13% no balanço energético dos setores em estudo é verificada e contribui para quebras de consumo de energia na indústria transformadora de 12% refletidas por quebras de produção de 16,7%. Entre 2009 e 2010 os consumos energéticos aumentam 5% nos setores em avaliação e 8% no global da indústria transformadora (figura 11). EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 30

32 Balanço Energético, tep Petróleo Electricidade Renováveis (sem Hídrica) Gás Natural Calor Figura 11. Evolução do consumo total de energia, por tipo de energia (Fonte: DGEG - Estatísticas e preços Balanços e Indicadores Energéticos Balanços Energéticos) A Figura 11 espelha a evolução do balanço energético, em tep, por tipo de energia ao longo da última década, dos cinco setores em estudo. Uma referência de destaque deverá ser dada ao petróleo com uma diminuição de balanço energético de 64% e à utilização do gás natural e das energias renováveis (sem considerar a hídrica), com aumentos no consumo de 12 e 14%, respetivamente. O consumo de energia elétrica entre 2000 e 2010 baixou em 8%, pese embora se tenha verificado um aumento deste valor entre 2009 e 2010 de 12 pontos percentuais. Considerando a contribuição de cada um destes tipos de energia, ao estabelecer um comparativo entre os anos 2000 e 2010, verifica-se uma evolução favorável enquadrada no consumo global. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 31

33 3% 19% Petróleo 28% Gás Natural Electricidade 25% Calor 25% Renováveis (sem Hídrica) Figura 12. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2000) (Fonte: DGEG - Estatísticas e preços Balanços e Indicadores Energéticos Balanços Energéticos) 24% 12% Petróleo Gás Natural 7% 31% Electricidade Calor 26% Renováveis (sem Hídrica) Figura 13. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2010) (Fonte: DGEG - Estatísticas e preços Balanços e Indicadores Energéticos Balanços Energéticos) Da análise das figuras 12 e 13 é clara uma diminuição de mais de 50% da contribuição do petróleo para o consumo energético total, passando este valor de 28% para 12%. Os aumentos de consumo verificados em termos de gás natural e de energias renováveis (sem a energia hídrica), quando avaliados em termos de contribuição no consumo global passam a representar respetivamente 31% e 24%. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 32

34 A tabela 5 sistematiza a evolução da contribuição dos diferentes tipos de energia consumida. De entre as fontes de energia utilizadas para o exercício da atividade industrial nos setores em estudo, entre o período , foi o petróleo a fonte de energia que sofreu uma evolução mais marcada, com uma redução de 64% em termos da quantidade consumida e de 16 p.p. no peso do consumo energético global. As restantes fontes de energia passaram a ter uma maior representatividade, sendo o gás natural a que apresentou a variação positiva mais elevada em 6p.p. Tabela 5. Variação do peso dos diferentes tipos de energia no balanço energético total entre 2000 e 2010 Fontes de Energia Variação, p.p. Petróleo - 16 Gás Natural + 6 Eletricidade + 1 Calor + 4 Renováveis (sem hídrica) + 5 Como referido anteriormente o contributo das diferentes fontes de energia no consumo energético global destas indústrias, tem vindo a apresentar um comportamento regular apresentando uma tendência para a utilização de determinadas fontes de energia, como resultado dos incentivos em termos de políticas para a gestão de energia e eficiência energética, visando alcançar maiores benefícios decorrentes da implementação deste tipo de políticas. É já evidente a contribuição que os diferentes setores de atividade industrial têm dado ao longo da última década ao setor energético, no que respeita à utilização das diferentes fontes de energia. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 33

35 Tabela 6. Evolução do consumo dos tipos de energia por setor de atividade, entre 2000 e 2010 Alimentação e Bebidas Têxtil Metalúrgica e Metalomecânica Cerâmica e Vidro Madeira e Artigos de Madeira Petróleo Gás Natural = Eletricidade Calor Renováveis sem Hídrica A tabela 6 expõe de forma simples a evolução do grau de utilização de diferentes fontes de energia no consumo, entre 2000 e 2010 nos cinco setores de atividade referenciados. A sua leitura servirá de reforço aos dados apresentados na tabela 5. Assim verifica-se que todos os setores de atividade contribuíram para uma forte redução do consumo do petróleo, recorrendo a fontes de energia alternativas como são o gás natural e as energias renováveis. Da análise da informação acima referida, constata-se uma redução do consumo de energia, embora esta seja influenciada pela redução da atividade industrial que teve o seu início em Desta forma, para a indústria transformadora, com base na informação disponível não se pode concluir quanto à influência das medidas de eficiência energética implementadas na indústria. De acordo com o relatório síntese do SGCIE de setembro de 2012, as empresas com plano de racionalização aprovado apresentam uma redução de consumo de energia de 7,8% (entre o ano de referência e o ano final do plano de racionalização). Este dado é representativo do esforço de colocação em prática de medidas de eficiência energética, no entanto, esta informação diz respeito a consumidores intensivos de energia, que não é o objeto do público empresarial do projeto EFINERG. Note-se também que de acordo com o relatório de execução do PNAEE relativo ao ano de 2010 (ADENE), a taxa de execução para a indústria em consumo de energia (tep) representa 33% face ao objetivo de 2015, embora também nesta informação os dados digam respeito sobretudo às empresas ao âmbito do SGCIE. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 34

36 Custos de Eletricidade (Cêntimos do /KWh) A eficiência energética nas empresas EFINERG No que respeita às empresas EFINERG, não abrangidas pelo SGCIE a informação é ainda escassa. Observando os dados recolhidos na fase de diagnóstico nas Empresas EFINERG, é possível constatar, os seguintes factos: A importância dos custos com a energia nos custos totais é de 3% no setor têxtil e vestuário, 4% no setor da madeira, mobiliário e cortiça, 5% no setor da metalomecânica, 7% no setor agroalimentar e 15% no setor cerâmico., o que pode explicar a menor importância que estas empresas ainda colocam no consumo de energia e o baixo esforço na implementação prática de medidas de eficiência energética; Não se encontra formalizada a figura de gestor de energia, sendo esta tarefa normalmente atribuída em acumulação com funções administrativas, técnicas e de gestão, neste ultimo caso, quando os consumos atingem valores mais significativos. Por outro lado, a atuação destas funções centra-se essencialmente na análise das faturas de energia e na negociação de contratos; No que respeita às fontes de energia, na sua globalidade é na energia elétrica que se concentra o consumo, com exceção do setor da cerâmica, onde o consumo de gás natural se reveste de grande importância; No que respeita aos maiores consumidores de energia, destaca-se a força motriz para todos os setores em análise, seguido dos fornos a gás e estufas na cerâmica e da iluminação no têxtil e cerâmica. De acordo com o acima referido, a fonte de energia mais utilizada nos setores em análise é a energia elétrica, que teve a evolução de preço nos últimos anos conforme expressa a figura Figura 14 - Evolução do preço da energia elétrica EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 35

37 Observando a clara predominância de utilização de energia elétrica e a tendência que se verificou nos últimos anos para o crescimento do respetivo preço, a manter-se este crescimento, pode-se apontar para um incremento de preocupação sobre o consumo de energia nos setores em análise. Desta preocupação deverá resultar uma necessidade de, tendencialmente as empresas com consumos mais baixos (de 250 a 500 tep) implementarem medidas de eficiência energética. Será também um fator preponderante a redução dos períodos de retorno dos investimentos a realizar para a implementação de medidas de eficiência energética. Para a redução do retorno do investimento poderá contribuir o incremento do custo de energia, mas também a aplicação de políticas de incentivo ao investimento nesta área ou de aplicação de incentivo fiscal pela redução da intensidade energética ou pela redução da intensidade carbónica. 4. Posicionamento da eficiência energética nas empresas EFINERG - Análise SWOT A informação trabalhada e reproduzida nos pontos anteriores permitiu a identificação dos principais pontos fortes e fracos bem como das ameaças e oportunidades que se perspetivam para as empresas dos setores abordados com características idênticas às estudadas. Numa ótica empresarial, esta análise contribuiu decisivamente para a definição da proposta de estratégia, que se apresenta na parte II do presente documento, tendo igualmente sido determinante para a definição das recomendações que concluem este trabalho, e que permitem minimizar os pontos fracos e as ameaças e potenciar as oportunidades, reforçando os pontos fortes. De seguida apresenta-se o resultado da análise SWOT efetuada com vista a otimizar a implementação de eficiência energética nas PME. Pontos Fortes Preocupação generalizada com o custo energia Potencial de melhoria da eficiência energética Tomada de decisão mais rápida do que em empresas de maior dimensão Flexibilidade em adotar novos procedimentos Maior margem de atuação na redução dos custos de energia, face aos outros custos da empresa Algumas das medidas de eficiência energética correspondem a boas práticas de gestão e estão associadas a investimentos baixos ou marginais Capacidade para valorizar experiências positivas de outras empresas EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 36

38 Pontos Fracos Níveis de envolvimento insuficientes por parte da gestão de topo Conhecimento insuficiente das necessidades e potencialidades do mercado Desconhecimento de legislação/regulamentos Baixa perceção dos instrumentos de apoio disponíveis Deficiente orientação dos instrumentos de apoio para PME Desconhecimento das experiências de sucesso empresariais nacionais nesta área Deficiente sensibilização e formação dos colaboradores na área de energia Escassez de competências internas em recursos humanos e falta de tradição no acesso a competências externas Não existem atribuições de responsabilidades na área da energia (gestor de energia) Deficiente preocupação com a eficiência energética uma vez que os custos de energia são relativamente baixos face ao total Baixo nível de informação sobre novas tecnologias para a eficiência energética e benefícios potenciais Dificuldade em integrar o risco associado à introdução de novas tecnologias Custo inicial elevado de algumas tecnologias mais eficientes com períodos de retorno relativamente altos Equipamentos produtivos com idade elevada, com baixas eficiências energéticas Deficiente monitorização dos consumos de energia parcelares Insuficiência de indicadores de produtividade correlacionados com a energia Escassez de recursos financeiros e dificuldade no acesso a crédito Oportunidades Liberalização dos mercados de energia Aumento da sensibilização para as questões energéticas Disponibilidade de novas tecnologias relativas à eficiência energética e à utilização de novas fontes de energia Existência de Planos de ação nacionais e comunitários para a eficiência energética Políticas públicas favoráveis à eficiência energética Gradual adaptação dos sistemas públicos de apoio às necessidades das PME Existência de competências em eficiência energética na rede de Centros Tecnológicos e noutras entidades do SCTN Mercado com oferta de serviços de energia e de instrumentos para a melhoria da eficiência energética Ameaças Gradual afastamento das cadeias de valor com maior nível tecnológico Aumento do preço de energia Dificuldade no financiamento na banca EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 37

39 Perda gradual de posição competitiva Incumprimento das disposições legais e diretivas comunitárias Redução ao incentivo de investimentos produtivos Desconfiança do consumidor final face Inércia organizacional e cultural EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME 38

40 PARTE II - Estratégia EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 39

41 1. Introdução O reforço da competitividade das empresas, a redução da fatura e da dependência energéticas para além da minimização da intensidade energética da sociedade e das emissões de poluentes, incluindo os gases de efeito de estufa, são os principais impactes que se esperam da eficiência energética. Outros benefícios são ainda a poupança em termos de materiais e água, a redução de resíduos e de ruído, uma maior produtividade e controlo dos processos produtivos e o aumento do emprego e da segurança. A melhoria da eficiência energética pode ser encarada segundo diversas perspetivas, parecendo importante a existência de uma ampla abrangência de domínios, de atores e de formas de pensar. O pensamento de ciclo de vida procura identificar possíveis melhorias nos bens e serviços reduzindo os impactes associados e a utilização de recursos ao longo dos vários estágios do ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas e conversão, o processamento e distribuição até à utilização e consumo, terminando com a reutilização de materiais, recuperação de energia e deposição final (figura 15). O objetivo central desta abordagem é evitar o acumular de problemas (evitando por exemplo resolver um problema criando outro), o que significa minimização de impactes de uma forma global. Por exemplo, poupando energia durante a fase de uso de um produto sem necessitar de maior quantidade de material na fase de processo para o conseguir. Distribuição Uso Produção e venda Design Recolha Extração de recursos e processamento Reutilização. Reciclagem. Recuperação de energia. Deposição (adaptada de Figura 15. Perspetiva de ciclo de vida A perspetiva de ciclo de vida implica ampla visão e cooperação ao longo da cadeia de valor, ao mesmo tempo que constitui uma oportunidade para conseguir vantagens económicas. Esta perspetiva pode ajudar a identificar oportunidades e à tomada de decisão que leva à melhoria do desempenho, imagem e benefícios económicos, ao mesmo tempo que é demonstradora de responsabilidade empresarial. As empresas nem sempre consideram as suas cadeias de valor ou a utilização dos seus produtos pela sociedade e os processos de fim de vida associados, enquanto que as ações governamentais por vezes focam-se em regiões específicas (países, regiões) e não nos impactes que podem existir noutras devido aos seus próprios níveis de consumo, resultando em desempenhos e reputação empobrecidos. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 40

42 A perspetiva de ciclo de vida leva à identificação de melhorias nos bens e serviços, gerando menores impactes e menores utilizações de recursos ao longo dos ciclos de vida para os vários atores: os consumidores querem fazer escolhas mais acertadas, os políticos querem promover o consumo e produção sustentável como resposta aos desafios energéticos e ambientais e as empresas precisam melhorar a eficiência dos seus processos e a competitividade, enquanto contribuintes para a sustentabilidade da sociedade. Neste sentido, a estratégia para a eficiência energética de pequenas e médias empresas, com consumos abaixo de 500 tep, dos setores agroalimentar, da cerâmica e do vidro, da madeira, mobiliário e cortiça, da metalomecânica e do têxtil e vestuário, agora proposta, abrange os processos de produção e ainda os aspetos de eficiência energética associados aos produtos das empresas. Assim, apresentam-se as potencialidades de eficiência energética identificadas nos processos de produção e aquelas associadas aos produtos colocados no mercado e utilizados pela sociedade em geral. Para além das potencialidades de eficiência energética, apresentam-se alguns desenvolvimentos de linhas estratégicas que podem estimular a concretização das potencialidades identificadas, tanto a nível dos processos de produção como associadas ao produto na sociedade. 2. Eficiência energética associada aos produtos Os aspetos de eficiência energética associados aos produtos que as empresas colocam no mercado são abordados no presente capítulo, em que se desenvolvem para cada um dos setores abordados no projeto EFINERG (agroalimentar, da cerâmica e do vidro, da madeira, mobiliário e cortiça, da metalomecânica e do têxtil e do vestuário), as considerações relativas ao setor, potencialidades de eficiência energética, medidas estratégicas a desenvolver, resultados esperados, as partes a envolver e as condições para a melhoria da eficiência energética Abordagem setorial Eficiência energética dos produtos agroalimentares O setor agroalimentar A indústria agroalimentar é considerada a maior indústria portuguesa, devido ao seu volume de negócios (em 2010 foi aproximadamente milhões de euros), representando 19% do total da Indústria Transformadora. Em 2010, este setor possuía cerca de empresas e 110 mil efetivos, considerando o CAE 10 (Indústria Alimentar) e CAE 11 (Indústria de Bebidas). A Indústria Alimentar (CAE 10) é composta por 9 subsetores com o objetivo de transformar as matérias-primas em bens alimentares em que o peso relativo dos diferentes subsetores é bastante diferenciado. A representatividade da indústria alimentar (CAE 10) na indústria agroalimentar (CAE 10 + CAE 11) é significativa em termos de volume de negócios (79%), de EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 41

43 número de empresas (90%), de número de empregados (87%) e do VAB (Valor Acrescentado Bruto) (76%). Na Indústria Alimentar (CAE 10) a maioria das empresas tem menos de 50 trabalhadores (cerca de 97%), sendo que cerca de 80% tem menos de 10 trabalhadores. Estima-se que estas empresas tenham consumos de energia inferior a 500 tep/ano. Na Indústria de Bebidas (CAE 11) verifica-se a mesma realidade da Indústria Alimentar, ou seja, em 2008 e 2009 as micro empresas representavam, respetivamente, 74,7% e 77,2% do total das Indústrias de Bebidas. De igual forma, estima-se que estas empresas apresentem consumos de energia inferiores a 500 tep/ano. Em relação às exportações e importações verificou-se, em 2009, que as vendas para o mercado externo representaram 15% face às vendas totais, enquanto as vendas para o mercado interno representaram 85% face às vendas totais, na indústria alimentar. No mesmo ano, as vendas para o mercado externo representaram 25,3%, face às vendas totais, e para o mercado interno representaram 74,7%, na Indústria de bebidas. Nas empresas EFINERG, isto é, naquelas que foram alvo do diagnóstico flash realizado no âmbito do Projeto EFINERG, os custos com energia representam 7% relativamente aos custos totais das empresas e representando os custos de transporte nos custos totais das empresas cerca de 6%. O levantamento energético realizado às empresas EFINERG permitiu apurar que nesta gama de empresas, a eletricidade é o tipo de energia com mais peso no consumo das empresas com 69%, seguindo-se o gasóleo com 13%, fuelóleo com 7%, o gás natural com 5% e o propano e biomassa com 3% cada (figura 16). 3% 3% 7% 5% 13% 69% Electricidade Gasóleo Gas natural Biomassa Gasolina Propano Fueloleo Figura 16. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas agroalimentares do projeto EFINERG A indústria agroalimentar engloba uma grande variedade de produtos e de processos produtivos que se dividem essencialmente em indústrias alimentares e indústrias de bebidas. A sua classificação, em termos de indústrias alimentares, quanto ao tipo de produto final, pode ser dividida nas seguintes áreas: Abate de animais, preparação e conservação de carnes e de produtos à base de carne; Preparação e conservação de peixes, crustáceos e moluscos; Preparação e conservação de frutos e produtos hortícolas; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 42

44 Produção de óleos e gorduras animais e vegetais; Indústria de laticínios; Transformação de cereais e leguminosas, fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins; Fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha; Fabricação de outros produtos alimentares; Fabricação de alimentos para animais. No que se refere ao conhecimento das diretivas relativas aos produtos, a partir do estudo realizado no âmbito do projeto EFINERG, identifica-se um desconhecimento tanto da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização) como da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das 15 empresas EFINERG que representaram o setor agroalimentar, apenas duas tinham conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto no que se referia ao conhecimento da diretiva de 2009, nenhuma das empresas conhecia e não as aplicam na conceção e desenvolvimento dos seus produtos. As empresas agroalimentares envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os seguintes pesos: Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios, utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) 21% Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais, antiguidade, proximidade e origem dos materiais) 28% Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados, utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos, evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia necessária ao armazenamento e manuseamento) - 22% Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção (prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva, disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e manutenção via internet) 18% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização (disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético, autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de consumíveis) 6% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida (facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 43

45 materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de materiais) 5% Potencialidades de eficiência energética dos produtos agroalimentares As exigências energéticas, na indústria agroalimentar, encontram-se essencialmente associadas à energia elétrica e ao gás natural consumidos na preparação e conservação dos alimentos. No caso da indústria das bebidas o consumo é essencialmente de energia elétrica, para refrigeração. Uma das potencialidades de melhoria de eficiência energética no setor será a que se consiga através da otimização da dimensão das embalagens dentro do que seja ajustado às necessidades do utilizador. A grande maioria dos produtos do setor é embalada nas unidades produtivas, sendo o produto agroalimentar com essa embalagem transportado através de vários meios, comercializado e novamente transportado até ser consumido, justificando uma atenção especial a dar às dimensões da embalagem, em termos de peso e de volume. De fato, a energia necessária para transportar uma unidade de produto pode ser minimizada em função da otimização da dimensão da embalagem, não só por poder corresponder a uma menor massa a transportar como também em termos do espaço necessário para armazenar e transportar o produto embalado. Outra potencialidade do contributo do produto deste setor para a eficiência energética está ligada ao desenvolvimento de produtos que reduzam o consumo energético na produção e em todas as fases do seu ciclo de vida, especialmente no que se refere às indústrias alimentares. A valorização de desperdícios e resíduos alimentares é também uma boa aposta uma vez que promove a recuperação tanto de materiais como de energia associada aos respetivos produtos não consumíveis (desperdícios e resíduos). Dentro das possibilidades de valorização energética, pode-se referir a digestão anaeróbia, com produtos de valor energético incorporado, como o metano, ou eventualmente a queima de alguns materiais que a possibilitem, com a recuperação do calor libertado. A valorização material é outra possível vantagem que pode levar à obtenção de subprodutos com valor acrescentado, como seja o caso da recuperação de amido a partir das águas de lavagem de batata, entre outros exemplos Medidas estratégicas a desenvolver para o setor agroalimentar e formas de implementação As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos agroalimentares são desenvolvidas nos pontos seguintes. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 44

46 Promoção do empreendedorismo - novas oportunidades de negócio Pese embora as dificuldades colocadas ao tecido empresarial, considera-se importante desenvolver mecanismos que apoiem a criação de novas empresas inovadoras ou a reconversão das empresas atuais, dotando-as de capacidade para desenvolver novos produtos mais eficientes, inovadores, com valor acrescentado. Em termos do setor, parece importante apoiar a criação de empresas para a produção de aquacultura oceânica, dadas as condições privilegiadas da costa portuguesa, que origine produtos de qualidade e competitivos em termos nacionais. Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas É frequente as empresas terem escassez de recursos para desenvolver novos produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know how. Uma forma de apoiar as empresas nacionais é a criação de apoios específicos para projetos para o desenvolvimento de novos produtos, sempre com uma preocupação em inovação, sustentabilidade e eficiência energética no seu ciclo de vida. Devem ser apoiados projetos nas seguintes áreas de atuação: Desenvolvimento de novas embalagens, mais eficientes numa perspetiva de ciclo de vida Otimização da armazenagem e conservação de alimentos e bebidas Transporte mais eficiente de alimentos e bebidas Minimização da geração de resíduos e subprodutos Valorização e tratamento de resíduos e subprodutos Valorização de embalagens A investigação e desenvolvimento é também um ponto-chave para o sucesso e desenvolvimento de qualquer setor. Nos produtos do setor agroalimentar, uma das grandes potencialidades de redução dos consumos de energia, está relacionada com as formas de conservação mais eficientes, parecendo fundamental desenvolver projetos de investigação para o desenvolvimento, identificação e validação de novas formas de conservação de alimentos e bebidas. A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a divulgação e demonstração das suas potencialidades junto das empresas permite melhorar o grau de informação existente. Também a criação de parcerias estratégicas e o apoio a cooperativas ou associações de produtores parece ser de todo o interesse ao desenvolvimento do setor e à procura de caminhos para a melhoria da eficiência energética associada aos produtos agroalimentares Eficiência energética dos produtos da cerâmica e do vidro O setor cerâmico O setor cerâmico em Portugal, apesar da sua qualidade e versatilidade encara atualmente graves problemas, resultado não só da forte concorrência de outros países, alguns dos quais EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 45

47 com formas de atuar no mercado não compatíveis com a resposta das empresas portuguesas, mas também com a crise económica atual, com especial foco nos setores relacionados, direta ou indiretamente com a habitação. Grande parte das empresas nacionais têm recursos limitados, quer em termos financeiros, quer em termos de recursos humanos, existindo lacunas sérias no desenvolvimento e promoção de novos produtos mais eficientes. Produtos estes que são um fator chave para a evolução e sucesso das empresas nos exigentes mercados atuais. Embora o setor enfrente uma crise severa, existe um bom potencial para o seu desenvolvimento, o qual continua a ter uma importância fundamental no tecido empresarial nacional. De modo a fazer face aos desafios atuais, as empresas têm de desenvolver produtos inovadores, com mais-valias em relação à forte concorrência de que são alvo e que se adequem às exigentes necessidades dos consumidores atuais. O apoio ao desenvolvimento de produtos mais eficientes, em termos financeiros e de know how, é fundamental para o desenvolvimento das empresas e do setor cerâmico em Portugal. A indústria cerâmica engloba uma grande variedade de produtos e de processos produtivos. Como consequência, os produtos dos subsetores apresentam diferenças, tanto a nível tecnológico como de necessidades energéticas. A sua classificação, quanto ao tipo de produto final, é tradicionalmente dividida em 3 grandes áreas: A cerâmica de construção, onde se engloba a cerâmica de construção estrutural, que inclui os produtos utilizados na construção de edifícios, telha, o tijolo e as abobadilhas e a cerâmica de acabamentos, onde se incluem os pavimentos, os revestimentos e os sanitários). A cerâmica utilitária e decorativa, normalmente distribuída pelos 3 grupos com características distintas, a porcelana, faiança e grés. A cerâmica técnica, muito específica e na sua maioria fornecedora de componentes para outros setores industriais inclui os grupos dos refratários e eletrotécnicos. A indústria dos pavimentos e revestimentos cerâmicos foi o subsetor que maior volume de negócios faturou no ano de 2010, representando cerca de 42 % do valor global da indústria cerâmica. Nas empresas EFINERG do setor da cerâmica, os custos com energia representam 15% relativamente aos custos totais das empresas e representando os custos de transporte nos custos totais das empresas cerca de 1%. Nesta gama de empresas, o gás natural é o tipo de energia (em tep) com mais peso no consumo das empresas com 70%, seguindo-se a eletricidade com 20%, o gasóleo com 8%, o propano com 2% e a gasolina com valores muito residuais (figura 17). EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 46

48 0% 2% Electricidade Gasóleo 20% Gas natural 8% Biomassa 70% Gasolina Propano Fueloleo Figura 17. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da cerâmica e do vidro. No que se refere ao conhecimento das diretivas relacionadas com os produtos, a partir do estudo realizado no âmbito do projeto EFINERG, percebeu-se um desconhecimento de cerca de 69% da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização) e de 92% da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das 15 empresas EFINERG que representaram o setor da cerâmica e do vidro, apenas quatro tinham conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto no que se referia ao conhecimento da diretiva de 2009, apenas uma das empresas referiu conhecê-la, não as aplicando na conceção e desenvolvimento dos seus produtos. As empresas cerâmicas envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os seguintes pesos: Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios, utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) 29% Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais, antiguidade, proximidade e origem dos materiais) 19% Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados, utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos, evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia necessária ao armazenamento e manuseamento) - 27% Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção (prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva, disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e manutenção via internet) 15% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização (disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético, EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 47

49 autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de consumíveis) 5% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida (facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de materiais) 5% Potencialidades de eficiência energética dos produtos cerâmicos O setor cerâmico tem uma forte ligação à habitação, quer ao nível da construção e reabilitação como também a nível de produtos domésticos. Deste modo é fundamental que o produto cerâmico se adeque aos novos padrões de consumo, desenvolvendo produtos que pelas suas caraterísticas permitam influenciar positivamente o desempenho energético dos edifícios, quer de uma forma passiva, ao nível da sua estrutura, design e materiais, quer de uma forma ativa, incorporando tecnologias e componentes que atuem por exemplo na produção ou recuperação de energia, que contenham sistemas inovadores de autolimpeza, de aumento da sua durabilidade, entre outros fatores que permitam aumentar a função e o ciclo de vida do produto, reduzindo os seus impactes ambientais. É também importante referir que os modelos de construção e de aplicação têm evoluído e que o produto cerâmico deve acompanhar essa evolução oferecendo soluções inovadoras e competitivas. A aplicação de novas tecnologias externas ao processo cerâmico aliando as ótimas características da cerâmica com outros materiais ou mesmo outras tecnologias inovadoras, como, por exemplo, a utilização da nanotecnologias pode permitir que este setor consiga produzir para novos mercados gerando mais riqueza para as empresas nacionais. A aposta no design do produto é outro fator fundamental para o desenvolvimento eficiente do setor. Deve existir uma forte capacidade de desenvolvimento de produto, integrando critérios de ecoeficiência e sustentabilidade, permitindo assim a redução de impactes em todo o seu ciclo de vida. Uma sólida aposta de design, deve levar ao desenvolvimento de novos produtos que para além de cumprir as suas funções básicas, devem, por exemplo, considerar a otimização da produção, equacionando e otimizando os ciclos de cozedura, reduzindo colagens e acabamentos, considerando o consumo direto e indireto do produto na sua fase de utilização, otimizando as lavagens, entre muitos outros aspetos que podem ser melhorados na fase de design. As empresas devem criar condições para que as equipas de design, internas ou externas possam desenvolver novos produtos inovadores e eficientes para suprir as necessidades dos mercados alvo nos vários subsetores da produção cerâmica. Outro potencial para o desenvolvimento deste setor é a aposta em novos modelos de negócio. Um exemplo são os sistemas produto/serviço, modelos de negócio que combinam o fornecimento de produtos e serviços com o objetivo de acrescentar valor e atender às necessidades dos clientes de uma forma mais sustentável. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 48

50 Trata-se um sistema competitivo de bens, serviços, redes de suporte e infraestruturas. O sistema inclui a manutenção de produtos, reciclagem de peças e eventual substituição do produto, de modo a satisfazerem as necessidades dos clientes de uma forma competitiva e com menor impacte ambiental ao longo do ciclo de vida. Este conceito base de sistema é que os consumidores não comprem o produto em si, mas a utilidade que os produtos e serviços oferecem. Deste modo, mudando o foco do produto físico para um serviço que possa satisfazer as necessidades dos utilizadores, mais necessidades podem ser satisfeitas com menos recursos materiais e energia. Um exemplo de produto/serviço que pode ser aplicado no setor cerâmico pode ser um serviço de aluguer de louça. Por vezes devido a uma ocasião especial é necessário comprar mais louça ou mesmo recorrer a louça descartável. Existindo a possibilidade de alugar louça recorrendo a um serviço eficiente, poupam-se recursos, e satisfazem-se as necessidades do utilizador Medidas estratégicas a desenvolver para o setor cerâmico e formas de implementação As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos cerâmicos são desenvolvidas nos pontos seguintes. Promoção do empreendedorismo qualificado novas oportunidades Embora o tecido empresarial nacional tenha sido reduzido substancialmente nos últimos anos com o encerramento de inúmeras empresas deste e de outros setores, considera-se importante desenvolver mecanismos que apoiem a criação de novas empresas inovadoras ou a reconversão das empresas atuais, dotando-as de capacidade para desenvolver novos produtos eficientes, inovadores, com valor acrescentado e que se adaptem às reais necessidades dos mercados atuais e futuros, muitos deles focados em novos conceitos de negócio e com necessidades específicas e muito exigentes. Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas A maioria das empresas tem uma grande escassez de recursos para desenvolver novos produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know how. Uma forma de apoiar as empresas nacionais é a criação de apoios específicos para o desenvolvimento de projetos para novos produtos, sempre com uma preocupação em inovação, sustentabilidade e eficiência energética adequados às novas necessidades dos mercados. Um exemplo de um novo produto mais eficiente que pode ser explorado pelas empresas nacionais é o desenvolvimento de tijolos com termoargilas, um produto mais eficiente que os produtos atuais. A investigação e desenvolvimento é também um ponto-chave para o sucesso e desenvolvimento do setor cerâmico. É fundamental que o setor inove, e para isso esta inovação tem de ser fundamentada por projetos de investigação aplicada às empresas. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 49

51 É também fundamental promover a criação de parcerias e redes de cooperação envolvendo, se possível, toda a cadeia de valor. É necessário também que a investigação seja orientada para a promoção da sustentabilidade do setor, apostando por exemplo no desenvolvimento de novos produtos que influenciem o consumo energético dos edifícios, que consumam menos energia na produção, que sejam mais leves, otimizando os consumos de energia de transporte, que recorram a novos materiais ou formas mais eficientes de utilização dos materiais tradicionais, que empreguem novas tecnologias, entre muitos outros aspetos que permitam criar valor nos produtos reduzindo os seus impactes ao longo do ciclo de vida. A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. A demonstração permite que as empresas adotem melhores práticas de uma forma consciente e com um potencial de sucesso elevado. Existem atualmente projetos, soluções, tecnologias e produtos que têm sido desenvolvidos e que têm um bom potencial de aplicação no setor cerâmico. É necessário que esse conhecimento chegue às empresas e que a sua aplicação seja testada e validada em contextos empresariais. Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem ações de demonstração, quer pela disponibilização de recursos financeiros, quer pela criação de plataformas, redes e parcerias que possibilitem uma disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis. Devem ser também consideradas as informações incluídas no documento BREF (documento de referência sobre as melhores técnicas disponíveis (MTD) intitulado Fabrico de produtos cerâmicos" o qual descreve as principais constatações e sintetiza as principais conclusões em MTD). Estas técnicas apresentadas devem ser demonstradas e adotadas pelas empresas de modo a tornarem os seus produtos e os seus processos mais ecoeficientes, quer a nível de consumos energéticos, quer ao nível da redução dos impactes ambientais do ciclo de vida dos produtos cerâmicos Eficiência energética dos produtos do setor das madeiras, mobiliário e cortiça O setor das madeiras, mobiliário e cortiça Nesta secção agrupam-se numa mesma denominação dois setores diferentes e atividades que abrangem, por vezes, um diferente enquadramento económico, ambiental e económico. O setor da madeira e mobiliário apresenta-se como uma indústria extremamente fragmentada e elevado nível de concentração geográfica. Em Portugal é um setor significativo em termos de emprego, cerca de pessoas, representando 5% do emprego da indústria transformadora, onde ainda predomina o recurso à mão-de obra intensiva. A fabricação de mobiliário integra-se na CAE 361 (fabricação de mobiliário e colchões), que, de acordo com dados de 2003, agregava 6925 empresas. Cada empresa emprega, em média, apenas 7 EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 50

52 trabalhadores. Apresenta-se como um conjunto de atividades diversificadas, todas de algum modo relacionadas com a utilização da madeira, desde atividades muito a montante (secagem e primeira transformação: serração) até aplicações quase sempre de algum modo relacionadas com a construção de edifícios (carpintaria) e com a utilização mais comum e mais universal destes edifícios, a habitação (mobiliário). Tem sofrido recentemente um acentuado decréscimo que se assume ainda mais grave depois do início da crise económica e financeira. Dos dados disponíveis, as exportações rondarão entre os 30 e 50% da produção nacional. A progressiva orientação para o mercado externo não reflete fidedignamente o caráter das PME deste setor, também devido aos preços que estarão longe de assegurar a necessária rentabilidade. No entanto é uma boa evolução, e esclarece a resiliência das empresas da indústria portuguesa deste setor. Neste sentido, espera-se que internamente se desenvolvam competências adequadas a uma maior e intensa competitividade em mercados externos, onde a inovação será essencial. De considerar que o atraso que carateriza este setor provém em grande medida duma mão-de-obra pouco qualificada e indiferenciada e duma produtividade inferior aos valores médios de outros setores ou do mobiliário na União Europeia (UE). Existem no entanto, e reforçando a ideia atrás descrita, novas oportunidades de crescimento e diferenciação. Têm sido ultimamente revelados alguns exemplos neste setor no que se refere às melhores práticas na área da inovação e sustentabilidade e à atribuição de alguns prémios. A integração e desenvolvimento de metodologias, práticas e materiais inovadores só serão possíveis se houver vontade das empresas aliada à existência de sistemas de incentivos. Há a necessidade de pessoas mais qualificadas, de uma maior aposta no fator tecnológico, apontando como áreas críticas a gestão, a tecnologia, o marketing e o design. Tal como em outros setores descritos, grande parte das empresas nacionais têm recursos limitados, quer em termos financeiros, quer em temos de recursos humanos, existindo lacunas sérias no desenvolvimento e promoção de novos produtos mais eficientes. No entanto, e referindo dados EFINERG só 2% das empresas recorrem a Universidades e aos Centros Tecnológicos como fontes de inovação, tendência que terá de ser fortemente combatida. É assim desejável que estas empresas cooperem entre si a nível nacional, de modo a fortalecerem o seu poder negocial e trabalhem com a grande indústria e universidades, em parcerias, de modo a permitirem uma transferência de conhecimento e a contrariarem o impacte de um cenário macroeconómico interno muito adverso: dos baixos níveis de crescimento do PIB à crise do setor da construção civil. Por outro lado, para o real aumento da competitividade empresarial, há que adequar a estrutura de financiamento do capital e fortalecer a capacidade de inovação e exigência dos quadros técnicos e dirigentes e dos produtos fabricados. Por sua vez, o setor da cortiça, ao contrário da madeira e mobiliário, tem evoluído de forma positiva, apostando na internacionalização da atividade. De uma forma geral, não regista desemprego e o nível de formação tem sido regular. É de pensar, que a sua forte capacidade de inovação tenha servido de alavanca aliada à nobreza do material, que se fortaleceu tecnicamente, ao mesmo tempo que cresceu dentro de alguns grupos industriais, mais fortes internacionalmente. Ao nível do design/conceção e engenharia do produto, tem-se vindo a EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 51

53 alcançar níveis técnicos de exigência global enquadrados com um conhecimento e produção nacional especialmente favoráveis. Como foi referido, as atividades industriais enquadradas neste setor são vastas e englobam diferentes processos e produtos. O setor do mobiliário, pode então classificar-se quanto ao produto fornecido como: Fabricação de mobiliário de cozinha; Mobiliário de escritório e outros; Outros artigos de madeira; Pavimentos e revestimentos em madeira; Materiais para construção; Extração e processamento de madeiras. Com o surgimento de novos fatores de competitividade torna-se decisivo neste processo a atuação das empresas líderes do setor, já detentoras de uma organização e posicionamento no mercado, capaz de arrastar outras empresas para uma estratégia de diferenciação. As empresas nacionais, para vencerem no mercado mundial, terão de procurar oferecer um produto de maior componente tecnológica, conceção e design, e a um preço competitivo. Nas empresas EFINERG do setor da madeira, mobiliário e cortiça, os custos com energia representam 4% relativamente aos custos totais das empresas e os de transporte cerca de 3,5%. Nesta gama de empresas, a eletricidade é o tipo de energia com mais peso no consumo das empresas com 60%, seguindo-se o gás natural com 26% e o gasóleo com 11%. O propano e a gasolina são muito pouco consumidos, com valores de 1,7% e 0,7%, respetivamente (figura 18). 0% 2% 0% Electricidade 26% 11% 60% Gasóleo Gas natural Biomassa Gasolina Propano Fueloleo Figura 18. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da madeira, mobiliário e cortiça No que se refere ao conhecimento das diretivas, a partir do estudo realizado no âmbito do projeto EFINERG, percebeu-se um desconhecimento da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização) e da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das 14 empresas EFINERG que representaram o setor das madeiras, mobiliário e cortiça, apenas duas tinham EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 52

54 conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto no que se referia ao conhecimento da diretiva de 2009, nenhuma das empresas referiu conhecê-la, não as aplicando na conceção e desenvolvimento dos seus produtos. As empresas do setor das madeiras, mobiliário e cortiça envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os seguintes pesos: Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios, utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) 31% Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais, antiguidade, proximidade e origem dos materiais) 22% Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados, utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos, evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia necessária ao armazenamento e manuseamento) - 21% Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção (prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva, disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e manutenção via internet) 19% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização (disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético, autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de consumíveis) 5% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida (facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de materiais) 3% Potencialidades de eficiência energética dos produtos de madeira e cortiça O setor tem uma forte ligação à habitação, quer ao nível da construção e reabilitação quer a nível de produtos domésticos, à semelhança da cerâmica. Deste modo é fundamental que o produto dê resposta aos novos padrões de consumo, desenvolvendo produtos que pelas suas caraterísticas permitam influenciar positivamente o desempenho energético dos edifícios, principalmente de uma forma passiva, ao nível da sua estrutura, design e materiais, entre outros fatores que permitam aumentar o conforto térmico, e recuperação energética de materiais no fim do ciclo de vida do produto, reduzindo os seus impactes ambientais. É necessário assim, que se convertam e apliquem materiais de madeira com outros materiais, EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 53

55 que funcionem como compósitos verdes e que à semelhança da inovação de produtos de cortiça, permitam novas funções e diminuição dos consumos energéticos ao longo da cadeia de valor. De uma forma geral, uma das maiores potencialidades é repensar a construção e reabilitação do edificado (responsável por uma quota expressiva de energia primária) de modo a utilizar materiais equivalentes. Podendo referir-se vários estudos, é um fato consistente, que um aumento do uso de materiais lenhosos na construção terá um efeito positivo e diminuirá o uso de energia ao longo da cadeia de valor. Por exemplo, o recurso a uma estrutura de madeira versus uma estrutura em material metálico ou em cimento reduzirá em média 15% o consumo energético. Em vários estudos produtos de madeira e mobiliário revelam-se mais favoráveis energeticamente quando comparados com diferentes produtos, por exemplo: caixilhos, portas, pisos, etc. Deve existir uma forte capacidade de desenvolvimento de produto, integrando critérios de ecoeficiência e sustentabilidade, permitindo assim a redução de impactes em todo o ciclo de vida do produto. Uma sólida aposta no design levará ao desenvolvimento de novos produtos mais competitivos. As empresas devem criar condições para que as equipas de design, internas ou externas possam desenvolver novos produtos inovadores e eficientes. Além de poderem fortalecer o conforto, por exemplo térmico, também devem mais facilmente desenvolver produtos com maior durabilidade. Em produtos de mobiliário de escritório e outros, é importante ter em conta que a ergonomia, tons e outras funcionalidades podem influenciar positivamente o consumo energético no interior do edificado e isto deverá ser tido em conta, e aproveitado no seu marketing e na sua força de vendas. Este tipo de argumentação também se aplica a produtos decorativos e ornamentais e que sirvam para influenciar os utilizadores assim como em pavimentos, revestimentos de parede, coberturas e materiais para construção (lamelados, prumos e vigas maciças, etc.). Nestes pavimentos e revestimentos de parede assim como nos referidos materiais de construção, há uma enorme vantagem de otimização energética ao privilegiar-se desde a conceção dos novos produtos, funcionalidades e caraterísticas, que reduzam o consumo energético quer na produção quer em todas as fases do seu ciclo de vida. Também é de ter em conta novos modelos de construção e aplicação, historicamente menos enraizados, mas que podem ter uma boa evolução no mercado, como por exemplo a construção modular. Também em produtos como embalagens, deverá ter-se em conta a vantagem da construção de produtos modulares, que possam ser facilmente acrescentados, de modo a aumentar a sua funcionalidade, a sua distinção competitiva e a sua reutilização. As potencialidades descritas assentam num eixo de inovação ligada a uma melhor gestão de recursos, quer energéticos quer humanos, e no seu enquadramento estratégico. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 54

56 Medidas estratégicas a desenvolver para o setor da madeira e mobiliário e formas de implementação As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos deste setor são apresentadas nos pontos seguintes. Promoção do empreendedorismo qualificado novas oportunidades Embora o tecido empresarial nacional tenha sido reduzido substancialmente nos últimos anos com o encerramento de inúmeras empresas deste e doutros setores, e principalmente associado a uma vertiginosa queda na construção civil é importante neste momento, e enquadrando a eficiência energética ao nível do produto e da sua cadeia de valor, que se apoiem e criem empresas para produção de novos produtos inovadores eficientes e de valor acrescentado. Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas A maioria das empresas tem uma grande escassez de recursos para desenvolver novos produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know-how. Uma forma de apoiar as empresas nacionais é revitalizar as empresas existentes para o desenvolvimento de novos produtos, mais eficientes e adequados às novas necessidades do mercado, e proporcionar a transferência de conhecimento técnico e de gestão do produto de empresas mais experientes. Como foi descrito anteriormente, a investigação e desenvolvimento é também um pontochave para o sucesso e desenvolvimento do setor. Para isto, é necessário apoiar a ligação das empresas a entidades de investigação. É fundamental que o setor inove, e para isso esta inovação tem de ser fundamentada por projetos de investigação aplicada às empresas. É também fundamental promover a criação de parcerias e redes de cooperação envolvendo, se possível, toda a cadeia de valor. Desta forma, e alavancado por estratégias mais alargadas (Diretivas Europeias) de diminuição dos consumos energéticos no edificado, é positivo desenvolver novos produtos que influenciem o consumo energético dos edifícios, que consumam menos energia na produção, mais leves, otimizando os consumos de energia de transporte, entre outros aspetos. A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. É necessário que esse conhecimento chegue às empresas e que a sua aplicação seja testada e validada em contextos empresariais. Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem ações de demonstração, pela criação de plataformas, redes e parcerias que possibilitem uma disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis, oferecendo exemplos vencedores. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 55

57 Eficiência energética dos produtos da metalomecânica O setor metalomecânico O peso do setor metalúrgico e metalomecânico na indústria transformadora em Portugal (com base em dados do INE de 2009) é de 23% quanto ao número de empresas e de 26% quanto ao volume de negócios. Dentro do setor metalúrgico e metalomecânico, em número de empresas, a divisão com maior representatividade é a de produtos metálicos (CAE 25) com 79%, seguindo-se a de máquinas e equipamentos (CAE 28) com 10%, a de equipamento elétrico (CAE 27) com 5%, a de veículos automóveis (CAE 29) com 3%, a de metalurgia de base (CAE 24) com 3% e a de outros equipamentos de transporte (CAE 30) com 1%. O setor metalúrgico e metalomecânico, composto por metalúrgicas, siderurgias e metaloeletromecânicas, consome 9 % do valor total atribuído à indústria transformadora. Em termos nacionais as principais fontes da energia consumida no setor metalúrgico e metalomecânico são a eletricidade (64%) e o gás natural (23 %). Com menor representatividade é consumido petróleo (10%), energias renováveis (exceto hídrica) (2 %) e carvão (1 %). No entanto, no universo EFINERG os valores levantados são diferentes (figura 19): 72% corresponde a eletricidade, 11% a propano, 9% a gasóleo e 8% a gás natural, mostrando o maior recurso energia elétrica em empresas de menor dimensão. Por outro lado, nesta gama de empresas ainda não está tão generalizado o recurso a gás natural, fazendo-se ainda muito uso do propano. Nesta gama de empresas os custos com energia representam 5% relativamente aos custos totais das empresas e representando os custos de transporte nos custos totais das empresas cerca de 3%. 0% 9% 8% 11% 0% 72% Electricidade Gasóleo Gas natural Biomassa Gasolina Propano Fueloleo Figura 19. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da metalomecânica A Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) juntamente com o Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM) realizaram no final de 2010 um estudo para identificação de fabricantes cujos produtos estivessem no âmbito de aplicação da diretiva 2009/125/CE e verificaram que as empresas fabricantes de bens de equipamento, desconhecem a legislação em vigor e as obrigações a que poderão vir a estar sujeitas, por força da entrada em vigor dos instrumentos legais de política de eficiência energética da União Europeia. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 56

58 No que se refere ao conhecimento das diretivas, a partir do estudo realizado no âmbito do projeto EFINERG, infere-se um desconhecimento tanto da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização) como da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das 25 empresas EFINERG que representaram o setor metalomecânico, quatro tinham conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto sete das empresas conheciam a diretiva de No caso particular dos fabricantes de máquinas não há produtos fabricados pelas empresas do setor representado pela AIMMAP aos quais seja, para já, aplicável a diretiva "EuP". Os principais obstáculos à definição de medidas para satisfação dos requisitos de ecoeficiência que venham a ser impostos residem na dificuldade de padronização de soluções aplicáveis à grande diversidade de produtos (no caso concreto das máquinas-ferramentas identificaram-se cerca de 2000 tipos de máquinas diferentes) representados no universo da AIMMAP, assim como na mudança de mentalidade e atitude face aos problemas ecológicos e ambientais. Grande parte das empresas nacionais têm recursos limitados, quer em termos financeiros, quer em temos humanos, existindo lacunas sérias no desenvolvimento de novos projetos de novos produtos. As empresas metalomecânicas envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os seguintes pesos: Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios, utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) 28% Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais, antiguidade, proximidade e origem dos materiais) 24% Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados, utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos, evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia necessária ao armazenamento e manuseamento) - 33% Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção (prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva, disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e manutenção via internet) 11% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização (disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético, autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 57

59 consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de consumíveis) 4% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida (facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de materiais) 1% Potencialidades de eficiência energética dos produtos metalomecânicos A importância do consumo de energia na competitividade da economia das empresas é cada vez mais um fator decisivo, sendo a energia um dos pilares do desenvolvimento sustentável e um segmento cada vez mais estratégico para a indústria. O impulsionamento de medidas que visam a conceção ecológica de produtos relacionados com o consumo de energia, permitem reduzir significativamente os impactos ambientais e realizar poupanças de energia, através da melhoria da sua conceção, o que leva em simultâneo a uma economia de custos para as empresas e para os consumidores finais. A conceção ecológica dos produtos é considerada pelos fabricantes e utilizadores uma abordagem preventiva, que visa otimizar o desempenho ambiental, ao mesmo tempo garantindo as respetivas características funcionais, otimizando os recursos energéticos existentes, integrando desde a fase de conceção medidas de utilização sustentável. É necessário que as empresas desenvolvam novos produtos, mais eficientes, que reduzam o consumo energético na produção, nomeadamente através da aplicação de novas tecnologias de eficiência no processo produtivo, e em todas as fases do seu ciclo de vida e que se adaptem às necessidades dos mercados atuais, legislação e diretivas existentes. Neste desenvolvimento há que introduzir critérios de eficiência energética e ecodesign nomeadamente os que constam das diretivas. Um outro aspeto importante será o desenvolvimento de veículos consumidores de energias alternativas. A diretiva Ecodesign 2009/125/CE estabelece um quadro para a definição dos requisitos de conceção ecológica dos produtos que consomem energia, sendo aplicável a todo o produto que utilize energia para efetuar a função para a qual foi concebido, fabricado e colocado no mercado, permitindo melhorar a sua eficiência energética e o desempenho e contribuindo para uma redução global do seu impacte ambiental. Tem como um dos objetivos garantir a livre circulação destes produtos no mercado interno, existindo a obrigatoriedade da marcação CE. Em Portugal, esta legislação comunitária foi transposta pelo Decreto-Lei n.º 12/2011, de 24 de Janeiro. Um outro aspeto importante dentro desta temática prende-se com a utilização do rótulo energético, que é obrigatório para os produtos abrangidos por medidas de aplicação adotadas no âmbito da Diretiva Rotulagem Energética. O sistema de rotulagem energética fornece aos consumidores informações úteis e comparáveis, que lhes permitem considerar a possibilidade de investir em aparelhos dotados de um melhor desempenho a fim de realizar poupanças tendo em conta os custos correntes (principalmente o consumo de energia durante a EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 58

60 utilização) e ajuda os fabricantes a posicionar os seus produtos no mercado e a receber uma compensação pelo investimento feito na introdução de aparelhos melhores e mais inovadores. Este sistema é, por isso, considerado um instrumento vantajoso a todos os níveis para os consumidores, a indústria e o ambiente Medidas estratégicas a desenvolver para o setor metalúrgico e metalomecânico e formas de implementação As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos metalúrgicos e metalomecânicos são apresentadas nos pontos seguintes. Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas Face às dificuldades de mercado e à concorrência existente uma das formas das empresas sobreviverem passa pelo desenvolvimento de produtos mais eficientes que possam ser competitivos. No entanto, à maioria das empresas faltam recursos financeiros, humanos e até de know how para pôr em prática esse desenvolvimento. Uma das formas de colmatar esta lacuna será através de apoios específicos a projetos de eficiência energética e ecodesign, nomeadamente no que diz respeito a projetos para o cumprimento das diretivas nesta área. A investigação e desenvolvimento são aspetos importantes para o sucesso e desenvolvimento deste setor. É fundamental apoiar e promover projetos de I&D nas empresas, criar parcerias com centros de investigação e outros stakeholders de modo a desenvolver novos produtos que consumam menos energia na produção, mais leves, otimizando os consumos de energia de transporte, ou seja produtos mais eficientes e com maior valor. A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. A demonstração permite que as empresas adotem melhores práticas de uma forma consciente e com um potencial de sucesso elevado. Uma outra medida, que poderá ajudar, será a promoção de ações de brainstorming com ecodesigners e engenheiros de projeto para identificar oportunidades de melhoria em processamento industrial e no produto final. Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem a investigação com projetos de demonstração, quer pela disponibilização de recursos financeiros, quer pela criação de plataformas, redes e parcerias que juntem os vários stakeholders e que possibilitem uma disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis. Estas medidas apresentadas devem ser demonstradas e adotadas pelas empresas de modo a tornarem os seus produtos e os seus processos mais ecoeficientes, quer a nível de consumos energéticos, quer ao nível da redução dos impactes ambientais do ciclo de vida dos produtos. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 59

61 Eficiência energética dos produtos do setor têxtil e do vestuário O setor têxtil e vestuário O setor têxtil e vestuário em Portugal, tal como todos os outros, enfrenta graves problemas, fruto não só da concorrência como da atual crise económica mundial, e tem vindo, ao longo dos anos, a diminuir quer em termos de produção quer de volume de negócios, registando-se no entanto um ligeiro aumento de 2009 para Em relação às exportações e importações verifica-se uma estabilização ao longo dos anos tendo as exportações sofrido uma pequena quebra entre 2008 e 2009, ligeiramente recuperada em Em Portugal, os setores da fabricação de têxteis (CAE 13) e indústria do vestuário (CAE 14), de uma forma global, devido à produção intensiva que os caracteriza, são grandes consumidores de energia, nomeadamente as empresas verticais com toda a fileira têxtil. É uma das mais importantes indústrias na economia portuguesa, sendo na sua maioria constituída por PME localizadas no norte de Portugal. As empresas têxteis e do vestuário no âmbito do projeto EFINERG são pequenas empresas com baixos consumos de energia, correspondendo essencialmente a empresas de confeção. Nestas empresas a percentagem dos custos de energia nos custos totais das empresas é de cerca de 3%, sendo a percentagem dos custos de transporte nos custos totais das empresas de 2%. Entre 2008 e 2009, na Indústria Transformadora, verifica-se uma redução no número de empresas que também foi sentida na Indústria Têxtil e do Vestuário: na fabricação de têxteis, foi de - 7% e, na indústria do vestuário de - 11%. Apesar do decréscimo sentido nestes setores, a sua percentagem continua a representar cerca de um quinto da indústria transformadora em termos de número de empresas. Em termos do universo EFINERG, verificou-se uma descida dos valores de faturação entre 2008 e 2009, mas uma recuperação em Verifica-se que em termos nacionais, na fabricação de têxteis (CAE 13) a maioria das empresas tem menos de 50 trabalhadores (cerca de 95%), sendo que cerca de 77% tem menos de 10 trabalhadores. Em 2009, na fabricação de têxteis, as PME com efetivos inferior a 10, tinham uma representatividade de 78%, demonstrando que as micro empresas dominam o setor. Na indústria do vestuário verifica-se a mesma realidade da fabricação de têxteis, ou seja, em 2008 e 2009 as micro empresas representavam, respetivamente, 77,4% e 77,6% do total das Indústrias do Vestuário. Nas empresas EFINERG, a eletricidade é o tipo de energia com mais peso no consumo das empresas com 80%, seguindo-se o gasóleo com 7%, fuelóleo com 5%, o gás natural e o propano com 4% (figura 20). EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 60

62 4% 0% 4% 5% 7% Electricidade Gasóleo Gas natural Biomassa 80% Gasolina Propano Fueloleo Figura 20. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG do setor têxtil e vestuário As exigências energéticas, na utilização dos produtos lançados no mercado, pela indústria têxtil e do vestuário, são essencialmente o consumo de energia elétrica na lavagem, secagem e engomagem dos artigos têxteis (vestuário, roupa de cama, atoalhados, toalhas de mesa, etc.). No que se refere ao conhecimento das diretivas, a partir do estudo realizado no âmbito do projeto EFINERG, infere-se um desconhecimento tanto da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização) como da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das 18 empresas EFINERG que representaram o setor do têxtil e do vestuário, nenhuma referiu conhecer quer a diretiva de rotulagem energética quer a de As empresas do têxtil e do vestuário envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíramlhes os seguintes pesos: Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios, utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) 31% Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais, antiguidade, proximidade e origem dos materiais) 20% Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados, utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos, evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia necessária ao armazenamento e manuseamento) - 32% Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção (prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva, disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e manutenção via internet) 12% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização (disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético, EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 61

63 autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de consumíveis) 3% Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida (facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de materiais) 2% Potencialidades de eficiência energética dos produtos têxteis e do vestuário Apesar da situação atual do setor é necessário que as empresas desenvolvam novos produtos, mais eficientes e que se adaptem às necessidades dos mercados atuais. O produto têxtil e do vestuário, não é um tipo de produto que consuma diretamente energia na sua fase de utilização, no entanto pode ter uma grande influência na eficiência energética do sistema em que se insere. Os produtos deste setor devem ser desenvolvidos tendo em consideração todo o seu ciclo de vida. Se analisarmos o ciclo de vida de um produto têxtil e vestuário, vamos ver que grande parte do impacte ambiental destes produtos se deve ao grande consumo de água, energia e detergentes na sua lavagem e conservação (lavagem, secagem e passagem a ferro). O desenvolvimento de produtos easy care com características especiais, com menores necessidades de energia e consumo de materiais para a limpeza e conservação permite um aumento da eficiência do produto ao longo do seu ciclo de vida. Esta é uma área que tem vindo a ser desenvolvida existindo inúmeros projetos de investigação em novos materiais e tecnologias, por exemplo as nanotecnologias, dos quais têm resultado soluções inovadoras, de valor acrescentado e que podem, a prazo, constituir uma boa aposta no desenvolvimento sustentável deste setor em Portugal. Outra potencialidade do contributo do produto deste setor para a eficiência energética está ligada ao desenvolvimento de produtos com maiores níveis de conforto térmico, melhorando as características de uso. Esta medida tem influência na necessidade de sistemas alternativos de climatização (aquecedores, ar condicionado e outros). O desenvolvimento da produção de fibras nacionais é também uma boa aposta uma vez que promove o produto nacional, com qualidade e valor acrescentado e reduz a dependência de fornecedores externos. Ao adotar esta estratégia, o consumo de energia, principalmente ao nível do transporte é minimizado. Ainda a nível da matéria-prima, a adoção e desenvolvimento de produtos/cores naturais e pigmentos de base natural pode ser uma estratégia interessante para alguns produtores nacionais, conseguindo a produção de um produto de qualidade, mais sustentável, permitindo assim penetrar em novos mercados mais exigentes e, atingindo deste modo uma diferenciação da concorrência externa, nomeadamente dos países asiáticos que colocam no mercado EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 62

64 produtos com custos muito reduzidos e com os quais as empresas têm muita dificuldade em concorrer Medidas estratégicas a desenvolver para o setor têxtil e vestuário e formas de implementação As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos têxteis e do vestuário são apresentadas nos pontos seguintes. Promoção do empreendedorismo qualificado novas oportunidades Embora o tecido empresarial nacional tenha sido reduzido substancialmente nos últimos anos com o encerramento de inúmeras empresas deste e outros setores, considera-se importante desenvolver mecanismos que apoiem a criação de novas empresas inovadoras ou a reconversão das empresas atuais, dotando-as de capacidade para desenvolver novos produtos mais eficientes, inovadores, com valor acrescentado e que se adaptem às reais necessidades dos mercados atuais e futuros, muito deles focados em novos conceitos de negócio, com necessidades específicas e muito exigentes. É importante também referir a necessidade e importância de criar infraestruturas para o desenvolvimento de novas matérias-primas com caraterísticas inovadoras e a adoção de sistemas de reciclagem e ou aproveitamento de fibras. Considera-se importante o apoio à criação de novas empresas que apostem em produtos ecoeficientes numa lógica de produção sustentável no que se refere ao vestuário e moda, têxteis lar, vestuário técnico ou funcional, têxteis técnicos e fios, filamentos & corda e tecidos & malhas. No que se refere aos têxteis técnicos salienta-se a necessidade de apostar em produtos para o mercado da proteção ambiental. Relativamente ao grupo que se dedica à produção de fios, filamentos & corda, tecidos & malhas, refere-se a utilização de matériasprimas recicladas ou reaproveitadas como abordagem inovadora. Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas Também neste setor as empresas têm uma grande escassez de recursos para desenvolver novos produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know-how. Uma forma de apoiar as empresas nacionais é incentivar o desenvolvimento de novos produtos, canalizando apoios para projetos, nomeadamente: Destinados ao mercado da proteção e salvaguarda ambiental. Que pela valorização de resíduos ou pela adaptação de processos (utilização mais eficaz dos recursos) comprovem incorporar um menor conteúdo energético. Que visem a adoção e implementação de novos processos tecnológicos de acabamentos e tinturaria, que vão de encontro à lógica de intensificação de processos menos água e energia por unidade de produto transformado. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 63

65 No âmbito do desenvolvimento de novos projetos deve-se também desenvolver mecanismos que favoreçam o estabelecimento de parcerias entre empresas de desenvolvimento/ produtoras de têxteis para aplicação técnica (proteção ambiental, produção e condução de energia, têxteis condutores, fotovoltaicos flexíveis, etc.) e empresas integradoras dessas soluções. Outo aspeto a ser apoiado é o desenvolvimento de projetos de investigação com o objetivo de identificação e validação de matérias-primas alternativas que contribuam para um menor conteúdo energético dos produtos, que, por exemplo potenciem um melhor isolamento térmico, diminuição das necessidades energéticas associadas ao aquecimento/arrefecimento de edifícios, etc. A investigação e desenvolvimento é também um ponto-chave para o sucesso e desenvolvimento de qualquer setor. Apesar de este ser um setor no qual a inovação e o desenvolvimento de novos produtos têm um ritmo muito elevado, em parte devido à influência que a moda exerce, é fundamental que a inovação seja baseada em projetos de investigação com objetivos mais ambiciosos que o caráter meramente estético destes produtos. No produto do setor têxtil, uma das grandes potencialidades de redução dos consumos de energia, embora de uma forma indireta, está relacionada com os materiais. É deste modo fundamental desenvolver projetos de investigação para o desenvolvimento, identificação e validação de matérias-primas alternativas. Estes projetos devem ter como objetivo a procura de soluções inovadoras que promovam a eficiência energética do produto têxtil e vestuário em todo o seu ciclo de vida. A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. A demonstração permite que as empresas adotem melhores práticas de uma forma consciente e com um potencial de sucesso elevado. Apoiar projetos de demonstração e validação de materiais e tecnologias inovadoras, por exemplo na área da Intensificação de processos Menos água, corantes, químicos e energia, por unidade de produto transformado. Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem ações de demonstração, quer pela disponibilização de recursos financeiros, quer pela criação de plataformas, redes e parcerias que possibilitem uma disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis e identificação de oportunidades em novos mercados de aplicação para têxteis técnicos e funcionais destinados ao mercado da Green Economy Abordagem transversal Criar incentivos à comercialização de produtos mais eficientes A criação de incentivos à comercialização de produtos mais eficientes, quer através de benefícios fiscais ou outro tipo de incentivos atua como um catalisador para a melhoria da EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 64

66 eficiência dos produtos, das empresas e dos setores, uma vez que torna a eficiência energética um objetivo e mais-valia para a diferenciação dos produtos. Também é importante a criação de incentivos que promovam a utilização de produtos que tenham benefícios na ecoeficiência dos sistemas em que são inseridos, nomeadamente na utilização de têxteis no edificado que promovam a redução dos consumos energéticos dos edifícios. As compras públicas têm neste campo um papel importante na adoção de critérios de sustentabilidade nos requisitos para aquisição de produtos. Estes benefícios, a desenvolver pelas entidades competentes, potenciam assim o desenvolvimento das empresas nacionais e da economia Promoção de sistemas e ferramentas de marketing, disseminação e divulgação de produtos eficientes Para o sucesso de qualquer produto é importante que seja efetuada uma boa promoção. Existem atualmente disponíveis várias ferramentas, rótulos e outros instrumentos que permitem uma divulgação credível das caraterísticas dos produtos em geral. São exemplo as declarações ambientais de produto com especificações e formas de divulgação definidas e fiáveis. É possível elaborar declarações ambientais de produto, rótulos ecológicos e com indicação por exemplo do conteúdo energético dos materiais, percentagem de reciclados e emissões, que serão elemento essencial na promoção assim como na exportação para mercados mais desenvolvidos. Aplicar estes instrumentos exige recursos de tempo, humanos e financeiros que nem sempre as empresas dispõem, por isso é essencial a existência de apoios, naquelas áreas, de entidades externas às empresas. É importante criar mecanismos de apoio às empresas para a adoção destas medidas de promoção, quer a nível financeiro, quer na criação de parcerias com entidades externas dotadas de capacidade de desenvolver estas ferramentas no setor industrial nacional. É necessário também trabalhar com grandes distribuidores e fortalecendo com campanhas de marketing que promovam as características de eficiência do produto. Existem em Portugal entidades a desenvolver investigação nestas áreas, sendo importante fomentar e apoiar a ligação das empresas a estas entidades. É necessário voltar a promover de forma nobre um recurso endógeno e torná-lo distintivo. Esta é uma área particularmente sensível no setor da metalomecânica porque existem já diretivas comunitárias concretas para alguns dos produtos abrangidos pelo setor estando a lista dos mesmos a ser continuamente atualizada. Se por um lado a aplicação das diretivas poderá requerer das empresas um grande esforço, o fato de os produtos passarem a ser rotulados é uma garantia das suas caraterísticas para os potenciais utilizadores e representa por isso uma boa promoção dos mesmos. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 65

67 No caso dos produtos agroalimentares parece especialmente importante desenvolver um tipo de rotulagem de produtos de proximidade, que se relacionem essencialmente com baixo consumo de energia no transporte, e muitas vezes, associado ao transporte a baixo consumo de energia associado à conservação/refrigeração dos produtos Revisão de enquadramentos legais A revisão da legislação nacional, com medidas e ações referentes à utilização e comercialização de produtos mais eficientes é uma forma de promover o desenvolvimento de produtos mais eficientes. Em termos das políticas de compras, principalmente nas compras públicas, devem ser incluídos critérios que valorizem os produtos com padrões de qualidade mais elevados, produtos com menores consumos de energia, quer diretamente, quer de forma indireta e que tenham menos impactes ambientais em todo o seu ciclo de vida. A criação de um tipo de rótulo relativo ao consumo de energia na produção e distribuição de produtos agroalimentares pode ser uma via de incentivar a eficiência energética. Em termos do setor têxtil e do vestuário, existem atualmente fibras que apesar das suas ótimas características técnicas não são utilizadas devido a dificuldade de ordem legal. A revisão das limitações existentes relativas ao plantio para fibras de cânhamo é um exemplo. Estas medidas devem, a prazo, tornar as empresas nacionais mais competitivas, com melhores padrões de qualidade e mais sustentáveis Sensibilização A sensibilização das empresas e dos funcionários para a adoção de práticas de projeto com critérios de ecoeficiência e adoção de metodologias mais eficientes em termos energéticos é crucial para a melhoria da eficiência e consequentemente da competitividade das empresas. A nível empresarial também é fundamental sensibilizar as empresas para a adoção de matériasprimas locais ou optar por opções de logística ambientalmente mais favoráveis. É importante informar o consumidor final sobre as caraterísticas dos produtos e a influência das suas escolhas na utilização do produto. Um consumidor informado pode fazer uma escolha fundamentada promovendo assim o desenvolvimento de produtos nacionais mais competitivos, contribuindo também para uma gradual redução dos consumos de energia e redução dos impactes dos produtos no seu ciclo de vida. No contexto atual, um fator muito importante para a comercialização de produtos continua a ser o preço de venda, não sendo no entanto contabilizado o custo do ciclo de vida dos produtos. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 66

68 Atividades de sensibilização para os benefícios dos produtos desenvolvidos com melhorias ambientais incluindo a sua eficiência energética, ao longo de todo o ciclo de vida, são fundamentais. No caso dos produtos agroalimentares, parece importante que se proceda à sensibilização para a promoção e adoção de formas de cozinhar mais eficientes no que se refere aos produtos resultantes da preparação e conservação de peixes, crustáceos e moluscos, frutos e produtos hortícolas, carnes, produtos de padaria e outros. Esta sensibilização pode tomar forma não só nas unidades empresariais de cozinhar alimentos como também nos cidadãos comuns, contribuído para a criação de hábitos de processamento alimentar mais sustentáveis. Os produtos locais e da época têm impactes ambientais muito reduzidos, pois a eles não estão associados gastos muito elevados de combustíveis para o seu transporte e o consumo de energia na sua armazenagem e preservação. A sensibilização dos consumidores para estes aspetos pode ter um potencial de aumento da eficiência energética deste setor. Quanto ao setor da cerâmica e do vidro, para os materiais para a construção, é fundamental desenvolver ações de sensibilização junto dos arquitetos, construtores, promotores imobiliários, entre outros agentes da cadeia de valor, para demonstrar a mais-valia da utilização destes produtos. No que se refere ao setor têxtil e do vestuário, é fundamental sensibilizar os utilizadores para a utilização de têxteis mais eficientes evidenciando o ciclo de vida dos produtos e demonstrando as suas caraterísticas. Deve ser também incentivada a reciclagem, a manutenção, a utilização de produtos easy care com menores necessidades energéticas, e promover novos hábitos de consumo mais sustentáveis orientados para uma compra consciente de produtos com maior valor, com qualidade, eficientes e de preferência nacionais. É também necessário sensibilizar o consumidor para um correto uso dos têxteis: estes devem ser usados, não só pelas suas caraterísticas estéticas mas também de forma a potenciar as suas características técnicas Formação A formação é um fator chave para o desenvolvimento. No âmbito do plano de formação das empresas deve ser contemplada formação na área da eficiência energética para todos os colaboradores, não só ao nível da produção mas também em todas as fases do ciclo de vida dos produtos Recomendações e resultados a esperar relativos ao produto Espera-se que as medidas propostas conduzam a produtos nacionais com pegada energética inferior à atual com menores impactes ambientais e que se adaptem às necessidades dos consumidores, para além de, naturalmente, contribuírem para a melhoria da competitividade empresarial. Uma outra medida a ter em consideração em vários setores será a otimização de ferramentas para reaproveitamento de materiais no fim de vida dos produtos. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 67

69 O apoio ao desenvolvimento de novos projetos de produtos mais eficientes nas empresas será um catalisador do seu desenvolvimento e a aposta em produtos mais eficientes contribuirá a médio/ longo prazo para uma redução significativa do consumo energético ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos. Outro resultado será o das empresas ficarem mais conhecedoras das diretivas existentes, de como as pôr em prática e vantagens. Também aumentará a cooperação entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico. Dentro do conhecimento existente, recomenda-se que as empresas do setor agroalimentar promovam ações que levem à minimização dos resíduos e subprodutos gerados no processamentos dos produtos e de valorização dos mesmos cuja geração não possa ser evitada, numa ótica de sustentabilidade. A redução de consumos de energia, que se estima para este setor relaciona-se com as necessidades associadas à embalagem, armazenamento/ conservação e transporte dos produtos e ainda à energia necessária para o processamento alimentar. No setor do têxtil e do vestuário, recomenda-se a opção por novos produtos easy care com menores necessidades energéticas para a limpeza e conservação (lavagem, secagem e passagem a ferro) ao longo do ciclo de vida do produto, têxteis mais eficientes ao nível do conforto térmico, melhorando as caraterísticas de uso. 3. Eficiência energética nos processos produtivos Para além dos aspetos de eficiência energética associada ao ciclo de vida dos produtos dos vários setores abrangidos no projeto EFINERG, importa ainda considerar os aspetos de eficiência energética dos processos produtivos. A abordagem seguida no presente capítulo recorreu à informação recolhida junto das empresas EFINERG, bem como à informação constante no relatório de estudo realizado no âmbito deste projeto. Foi também utilizada informação contida nos Planos Setoriais elaborados, para cada um dos setores envolvidos e o relatório Benchmarking internacional - eficiência energética. Recorreu ainda a fontes de informação bibliográfica externa ao projeto (por exemplo o relatório da ADENE Medidas de Eficiência Energética aplicáveis à indústria Portuguesa e o coordenado pela RECET relativo ao Guia de boas práticas de medidas de utilização racional de energia e energias renováveis Potencialidades de poupança de energia nos processos produtivos Ao nível da gestão A fim de se atingir uma gestão energética mais eficaz é essencial que se verifique toda uma série de práticas em termos da forma de gestão, abordagem, definição de objetivos e metas bem como implementação de processos de avaliação e monitorização com os correspondentes indicadores energéticos, tal como é apontado de seguida. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 68

70 Gestão de eficiência energética Implementar e operacionalizar um sistema de gestão de eficiência energética (por exemplo, no âmbito da norma ISO 50001) que inclua os seguintes aspetos: o Garantir o empenho dos quadros superiores (compromisso da gestão de topo); o Definir uma política de eficiência energética para a instalação; o Planear e definir objetivos e metas com base em indicadores e baselines definidos para a instalação em causa; o Desenvolver e aplicar procedimentos, com particular atenção para a estrutura e responsabilidades do pessoal; a formação, sensibilização e competências; a comunicação; a participação dos trabalhadores; a documentação; um controlo eficaz dos processos; os programas de manutenção; a prevenção e capacidade de resposta a emergências; a salvaguarda da conformidade com a legislação e com os acordos no domínio da eficiência energética; o Estabelecer parâmetros de referência e proceder a análise comparativa; o Monitorizar os desempenhos e consumos de energia e implementar medidas corretivas, com particular atenção para a adoção de planos de medição e verificação da poupança energética; conservação de registos; auditorias internas, quando possível independentes, que permitam determinar se o sistema de gestão da eficiência energética se mantém em conformidade com os mecanismos previstos; o Garantir a revisão periódica, por parte dos quadros superiores e do pessoal técnico especializado, do sistema de gestão e da respetiva sustentabilidade, adequação e eficácia permanentes; o Aquando da conceção de uma nova unidade, tomar em consideração o impacte ambiental da futura fase de desmantelamento da mesma; o Promover o desenvolvimento de tecnologias eficientes em termos energéticos e o acompanhamento da evolução das técnicas de eficiência energética; o Otimizar a localização da instalação fabril aquando da construção inicial ou da reformulação da existente. Avaliar as vantagens de inserção num parque ou zona industrial existente. Realizar auditorias energéticas e publicar periodicamente os relatórios respetivos; Garantir a análise e validação externas do sistema de gestão e dos procedimentos de auditoria; Reforçar a participação em redes de cooperação empresariais de forma a maximizar os resultados. Alguns dos aspetos acima referidos merecem destaque: EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 69

71 Abordagem de sistema da gestão energética Otimizar a eficiência energética tendo em consideração medidas específicas que serão detalhadas mais adiante: o Unidades de processo; o Equipamentos térmicos; o Sistemas AVAC; o Sistemas frigoríficos / frio industrial; o Força motriz; o Iluminação; o Sistemas de cogeração e microprodução (que no universo EFINERG observado são inexistentes). Garantir a aplicação e manutenção de metodologias destinadas a evitar e minimizar os consumos de água e de energia e a produção de resíduos; Definir procedimentos documentados, como sejam a manutenção do equipamento, armazenamento, manuseamento, dosagem e utilização de produtos químicos; Promover o bom conhecimento de todo o processo (balanços de massa e energia da instalação): o Entradas (matérias-primas, materiais auxiliares, energia e água); o Saídas (produto, águas residuais, emissões para a atmosfera, lamas, resíduos sólidos e subprodutos, ruído). Alterar práticas de trabalho (por exemplo mudar para semana de sete dias, prolongar o período entre clean ups). Processos de avaliação e monitorização Definir indicadores de eficiência energética adequados às especificidades da instalação; definir metodologias de ajuste dos consumos de referência em função de variáveis independentes e fatores estáticos com influência nos consumos de água e energia; Medir e verificar o desempenho energético da instalação e, quando necessário, de determinados processos, sistemas e/ou unidades. Monitorizar a sua evolução ao longo do tempo ou após a aplicação de medidas de eficiência energética; Identificar e registar os limites adequados associados aos indicadores; Definir indicadores energéticos, como por exemplo: o Potência instalada em cada sistema por unidade de superfície ou de produção; o Consumo de cada um dos tipos de energia consumida por unidade de superfície ou de produção; o Consumo em cada ciclo de operação para cada atividade. Identificar e registar os fatores que fazem variar a eficiência energética dos processos, sistemas e/ou unidades correspondentes; Avaliação comparativa - Proceder a comparações sistemáticas e regulares com valores de referência setoriais, nacionais ou regionais, sempre que existam dados; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 70

72 Seguimento e medição - Estabelecer e manter procedimentos documentados para o seguimento e medição regulares das principais caraterísticas das operações e atividades que possam ter impacte significativo na eficiência energética; Aquisição e reforço de competências em eficiência energética e em sistemas consumidores de energia através de: o Recrutamento de pessoal especializado e/ou formar pessoal. A formação poderá ser prestada por pessoal interno ou por peritos externos, através de cursos ou de autoformação e desenvolvimento pessoal; o Partilha de recursos internos da instalação; o Recurso a consultores com as competências necessárias e/ou à contratação externa de sistemas, funções especializadas, etc. Realização de auditorias que garantam a identificação de aspetos como: o Consumos globais associados às diferentes formas de energia utilizadas na instalação; o Condições de fornecimento e de utilização; o Balanços dos principais equipamentos e sistemas consumidores de energia; o Desempenho energético dos principais equipamentos e sistemas consumidores de energia; o Desagregação dos consumos de energia por principais equipamentos e sistemas consumidores de energia, identificando potenciais medidas de racionalização dos consumos de energia. A grande maioria das empresas EFINERG nunca realizou auditorias energéticas, e as respostas afirmativas recolhidas dizem respeito a empresas que consomem mais de 500 tep Melhoria contínua do ambiente Implementar um sistema de gestão ambiental normalizado (ISO ou EMAS); Minimizar de forma contínua o impacte ambiental de uma instalação; Criar uma cadeia de responsabilidade ambiental. Contratação, abastecimento e faturação energética Algumas medidas que devem ser asseguradas na gestão da eficiência energética em função das variáveis de contratação, abastecimento e faturação energética são apontadas de seguida: Escolher o tipo de energia mais adequado para o processo produtivo, do ponto de vista técnico, económico e ambiental; Estudar a modalidade de contratação para cada uma das energias; Foi verificado durante o estudo EFINERG que 82% das empresas procede a revisões regulares dos seus contratos de fornecimento de energia Ajustar de forma adequada a tarifa ao consumo diário de gás e de energia elétrica; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 71

73 Melhorar o fator de potência da empresa (redução da potência reativa consumida e emitida); 17% das empresas EFINERG tem encargos significativos com a energia reativa Instalar bancos de condensadores adicionais e melhorar a distribuição dos bancos de condensadores já instalados; Verificou-se que 81% das empresas EFINERG possui condensadores Verificar o fornecimento de energia elétrica para eliminar ou reduzir eventuais harmónicas e se necessário aplicar filtros; No estudo EFINERG verificou-se que apenas 22% das empresas efetua análises da qualidade da energia Analisar a possibilidade de alterar os consumos de hora de ponta para horas de baixo consumo e/ou de tarifa reduzida; Apenas 10% das empresas EFINERG gere a produção em função da disponibilidade Introduzir interfaces de potência para compensar os regimes de baixa eficiência motriz a favor da rede elétrica; Analisar periodicamente a faturação. Verificou-se que 90% das empresas EFINERG procede a este tipo de análises Integração de processos É necessário conhecer o problema na sua globalidade para que da integração de processos possam resultar benefícios que se traduzem em processos mais competitivos. No entanto há alguns condicionantes a esta integração: o layout da empresa, questões de segurança e de qualidade do produto. Como noutras alterações há que ser feito um estudo económico e decidir sobre a viabilidade desta integração. Monitorização e controlo Para implementar um sistema de monitorização terão que ser adotadas algumas medidas como as que se apresentam de seguida. Realizar um diagnóstico energético às instalações para: o Identificar e definir os principais equipamentos e sistemas consumidores de energia; o Avaliar a necessidade de colocação de aparelhos de medida nas instalações; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 72

74 o o Estabelecer metas de redução do consumo energético; Implementar medidas para o aumento da eficiência energética. Garantir um controlo efetivo dos processos através da aplicação de técnicas como: o A implantação de sistemas que garantam que os procedimentos sejam conhecidos, entendidos e cumpridos; o A garantia da identificação, da otimização em termos de eficiência energética e do seguimento dos principais parâmetros de desempenho dos processos; o A documentação ou o registo desses parâmetros. Monitorizar periodicamente os consumos de energia e a produção e proceder a uma atualização das metas sempre que se justifique; Estabelecer e manter procedimentos documentados para o seguimento e medição regulares das principais caraterísticas das operações e atividades que possam ter impacte significativo na eficiência energética. Na abordagem efetuada no projeto EFINERG verificou-se que no conjunto apenas 12,5% das empresas procede à monitorização dos consumos de energia por secção fabril, sendo que esta percentagem é inferior em alguns dos setores abordados, como seja no caso do setor cerâmico em que a percentagem de empresas que o faz é nula Formação e sensibilização de recursos humanos Para implementar as medidas de eficiência energética é necessária a colaboração de todos os recursos humanos da empresa. É portanto essencial a sua sensibilização e formação nesta área fazendo estas parte do sistema de gestão de energia da empresa. Se bem que a maioria das empresas considera que os seus colaboradores se encontram devidamente formados para as funções que exercem, há cerca de 14% de empresas do universo EFINERG que afirma haver carências neste domínio. Em 38% das empresas não existem programas de motivação dos colaboradores para a temática da eficiência energética Recomendações Realizar ações de sensibilização e formação sobre os seguintes temas: o Impactes ambientais da utilização da energia; o Benefícios da economia de energia; o Dependência energética da empresa e o que esta pode fazer para economizar energia; o Atitude cívica individual para economizar energia. Informar e comunicar aos colaboradores as medidas de poupança de energia que a empresa quer adotar; Implementar a figura do gestor de energia (como agente responsável pelos programas de gestão eficiente da energia e pelas auditorias energéticas); Promover a participação dos colaboradores na gestão energética (caixas de sugestões). EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 73

75 Ao nível dos sistemas, operações e equipamentos Os motores elétricos associam à facilidade de transporte, limpeza e simplicidade de comando, a construção simples e grande versatilidade de adaptação às mais diversas cargas razões que justifica o serem tão utilizados. Face à elevada utilização a sua operação e conservação representam oportunidades para a poupança de energia que se traduz não só na redução dos custos de produção mas também no aumento da competitividade. Estes são os equipamentos mais disseminados em todos os setores e representam por isso fontes de grande consumo elétrico na União Europeia - cerca de 70% da energia elétrica total consumida na indústria. Também em Portugal são responsáveis por mais de 70% do consumo da eletricidade da indústria, e por cerca de 30% do consumo elétrico global do país. A poupança de energia acima referida começa logo com a seleção dos motores mais adequados para cada aplicação. As maiores poupanças de energia elétrica obtêm-se quando o motor funciona na sua máxima eficiência, havendo para cada situação soluções mais apropriadas que terão em conta diversos fatores como sejam dimensão, potência, condições de operação, arranque, regulação de velocidade, etc. As condições de utilização e o dimensionamento dos motores não são muitas vezes as mais adequadas, trabalhando em regime de carga parcial ou variável ao longo do tempo, sendo muito frequente o sobredimensionamento dos motores elétricos que alimentam bombas, ventiladores, compressores, transportadores mecânicos, etc. Algumas medidas que podem ser implementadas com vista a uma maior eficiência energética: Substituir os motores elétricos convencionais avariados ou em fim de vida por motores de alto rendimento quando o investimento assim o permitir; No universo das empresas EFINERG verificou-se que, em cerca de 42%, na aquisição de motores é tido em consideração o rendimento dos mesmos e em 35% apenas o investimento inicial. Por outro lado, apenas 19% das empresas EFINERG refere utilizar motores de alto rendimento Otimizar todo o sistema em que o motor está integrado; Otimizar o motor presente no sistema de acordo com os requisitos de carga, em função da respetiva viabilidade; Otimizar os restantes motores de acordo com critérios como sejam a substituição prioritária dos motores que estejam em funcionamento mais de h/ano; em relação aos motores elétricos com carga variável que funcionem a menos de 50% da capacidade motriz durante mais de 20% do seu tempo de funcionamento e que estejam em funcionamento mais de h/ano, ponderação da possibilidade de se utilizarem variadores de velocidade; Em 76% dos casos EFINERG os motores são desligados para não funcionarem em vazio EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 74

76 Avaliar todos os sistemas de bombagem e identificar aqueles que necessitam de ser rapidamente melhorados; Avaliar o potencial de utilização de variadores eletrónicos de velocidade (bombas, ventiladores, compressores e outros equipamentos) para ajustar a velocidade do motor de acordo com a carga vários artigos apontam esta medida como a de maior potencial de poupança em sistemas motorizados devido ao seu papel extremamente importante na poupança direta de energia. No entanto para além de dever ser analisada a relação custo - beneficio, há que fazer uma análise técnica mais profunda (regime de carga, potência, ) a fim de evitar perturbações na qualidade de energia; Instalar variadores eletrónicos de velocidade ou em situações em que aplique, usar arranjos com múltiplas bombas para garantir uma variação do caudal; Cerca 59% das empresas EFINERG já utilizam variadores de velocidade, existindo ainda cerca de 40% deste universo em que este tipo de equipamento não foi adotado Substituir correias de transmissão em V por correias de transmissão síncrona; O levantamento efetuado no âmbito do projeto EFINERG mostrou que em 40% das empresas são usadas preferencialmente transmissões mecânicas do tipo mais eficiente Desligar os motores nos momentos de stand by; Desligar bombas desnecessárias ou usar interruptores de pressão de modo a controlar o número de bombas em funcionamento; Substituir ou modificar as bombas sobredimensionadas; Evitar o arranque e a operação simultânea de motores. Realizar o arranque de forma sequencial e planificada; O arranque de forma sequencial e planificada é efetuado em 44% das empresas EFINERG Utilizar arrancadores estrela - triângulo ou arrancadores suaves para evitar picos de corrente durante o arranque; Verificou-se que apenas 33% das empresas EFINERG utiliza arrancadores suaves de velocidade Verificar o número de arranques do motor; Verificar o desequilíbrio entre fases; Verificar o dimensionamento e evitar o sobredimensionamento dos motores e desligar os mesmos quando estes não estão a ser utilizados. Comprovar que operam com fator de carga entre os 65% e os 100%; Em 11% das empresas EFINERG existem casos de sobredimensionamento de motores EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 75

77 Verificar as horas de funcionamento anuais de cada motor, analisar a eficiência e identificar aqueles que possam ser substituídos por outros com melhor desempenho energético; Verificar a existência de possíveis perdas por más ligações ou na distribuição de energia; Retificar o correto alinhamento do motor com a carga da alimentação, evitando possíveis perdas por atritos desnecessários; Verificar a existência de variações de tensão e o correto dimensionamento dos cabos; Instalar equipamentos de controlo de temperatura do óleo de lubrificação dos rolamentos dos motores de grande capacidade a fim de minimizar as perdas por fricção e elevar a eficiência; Retificar a correta ventilação dos motores, pois um sobreaquecimento traduz-se em maiores perdas, pode danificar isolamentos e originar uma diminuição de eficiência; Proceder à inspeção periódica do motor incluindo leituras de corrente, potência, velocidade, resistência de isolamento, etc. a fim de verificar as condições apropriadas de funcionamento e eficiência e realizar ações corretivas quando necessário. Garantir a manutenção adequada dos motores; Reparar fugas e válvulas deficientes e eventualmente conservar ou modificar os impulsores das bombas; Repor as folgas internas da bomba de acordo com as especificações do fabricante; Efetuar periodicamente a limpeza do motor para eliminar sujidade, pó e objetos estranhos que impeçam o seu bom funcionamento; Estabelecer um programa de manutenção específico e periódico. Em 20% das empresas EFINERG é feita a inspeção periódica dos motores Na substituição dos motores elétricos convencionais avariados ou em fim de vida por motores mais eficientes é de esperar reduções significativas do consumo de energia. Apesar de serem motores mais caros esta substituição é justificada pois o investimento é amortizado ao fim de um tempo normalmente inferior a 3 anos. Quanto aos VEV pode-se esperar uma poupança energética (até 50%, com um valor médio de 20-25%) como consequência de um consumo mais adequado à carga exigida, diminuição dos picos de potência nos arranques e paragens do motor, aumento da duração do motor, aumento do fator de potência e diminuição da parcela de energia reativa, melhorias no controlo do processo, na qualidade do produto e na produtividade. O tempo de recuperação deste investimento costuma ser muito curto, em muitos casos inferior a um ano. Sistemas de ar comprimido A maioria das instalações fabris utiliza ar comprimido devido à sua versatilidade, flexibilidade e segurança na transmissão de energia, ajudando a melhorar a produtividade da empresa e permitindo automatizar e acelerar trabalhos. O grande inconveniente são os custos envolvidos devido ao baixo rendimento dos compressores, perdas no processo, utilizações incorretas, etc. A energia elétrica consumida com ar comprimido representa uma fração importante da EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 76

78 utilizada na indústria, mas parte desta energia é perdida devido a fugas de ar, má utilização do ar comprimido ou falta de manutenção. O custo elevado deve-se também a situações de ineficiência: Pressão de operação mais elevada do que a necessária; Períodos desnecessários de operação em stand by; Excessiva reserva de ar usado em momentos de pico de consumo; Falta de verificação das fugas de ar existentes no circuito; Utilização inadequada do ar comprimido. A otimização energética dos sistemas de ar comprimido deverá passar por intervenções nas seguintes áreas: produção e tratamento do ar comprimido; redes de distribuição de ar comprimido; dispositivos de utilização final; projeto e operação do sistema global. Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência energética: Produção de ar comprimido Otimizar a utilização do sistema: ajuste dos controlos e regulação da pressão, desligar quando não utilizado; Em 70% das empresas EFINERG o ar comprimido é desligado quando não utilizado Reduzir a temperatura do ar de admissão, mantendo uma ótima filtragem na tomada de ar. Aspirar ar frio reduz os custos de operação. O pré arrefecimento do ar de admissão do compressor melhora em grande medida a sua eficiência; Em 57% das empresas EFINERG a admissão de ar permite utilização de ar frio, seco e limpo Filtrar e secar o ar até aos requisitos mínimos do sistema (possivelmente mediante instalação de filtros/secadores pontuais para necessidades especificas); Melhorar o sistema de controlo do compressor; Garantir que os compressores não ficam ligados em stand by já que isso significa um custo elevado. Iniciar o seu funcionamento só quando necessário; Otimizar o nível de pressão do ar comprimido do sistema em função das necessidades dos dispositivos de utilização final; deve fixar-se no valor mais baixo possível compatível com os equipamentos consumidores uma vez que o consumo de energia é muito mais elevado ao aumentar a pressão de funcionamento; Evitar o sobredimensionamento do compressor, sendo preferível utilizar dois equipamentos em caso de exigência total, e um quando da exigência parcial; Estudar a possibilidade de instalação de um compressor local numa zona concreta, na qual a exigência (horário, pressão, etc.) é diferente do resto da fábrica; A utilização de compressor local é prática corrente em 10% das empresas EFINERG EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 77

79 Estudar a possibilidade de utilização de um sistema de múltiplas pressões, com a utilização de sobrepressores para aumentar a pressão em determinados locais; Aumentar a capacidade do reservatório principal de ar comprimido assegurando-se de que os depósitos de armazenamento são do tamanho adequado para o tipo de atividade que se desenvolve, permitindo que os compressores funcionem com um rendimento otimizado e evitando arranques e paragens bruscas; Substituir compressores exageradamente sobredimensionados por outros com menores consumos específicos de energia e ajustados às necessidades do sistema; Utilizar secadores de ar depois do compressor e antes da sua distribuição; Recuperar e utilizar o calor desperdiçado através dos sistemas de arrefecimento dos compressores e utilizá-lo para aquecer ar ou água, ou aquecimento de naves industriais; Nas empresas EFINERG foi estudada a possibilidade de recuperar o calor do compressor em cerca de 20% dos casos Utilizar variadores eletrónicos de velocidade após análise de viabilidade; Em 40% das empresas EFINERG são utilizados VEV Otimizar as mudanças de filtros (em função da queda de pressão). Verificar o estado de limpeza dos pré e pós filtros de ar pois são origem de elevadas perdas de carga e consequente aumento do consumo energético e de ar; Em 78% das empresas EFINERG é corrente efetuar-se manutenção periódica Utilizar lubrificantes sintéticos. Rede de distribuição de ar comprimido Instituir um programa regular para a verificação de fugas de ar comprimido e sua reparação. Ao reparar as fugas consegue-se otimizar o funcionamento do compressor e evitar que opere continuamente com uma pressão de ar excessiva Em 48% das empresas EFINERG existe um programa regular para a verificação de fugas de ar comprimido Reduzir fugas com a utilização de adaptadores de fugas reduzidas, uniões rápidas de elevada qualidade, etc.; Dividir o sistema em zonas, com reguladores de pressão apropriados ou válvulas de corte. Fechar linhas que estão fora de serviço; Utilizar purgas de condensados do tipo sem perdas de ar ; Instalar reservatórios suplementares de ar comprimido próximos de cargas variáveis; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 78

80 Dimensionar adequadamente as capacidades de armazenamento, permitindo que os compressores funcionem com um rendimento otimizado e evitando arranques e paragens bruscas; O dimensionamento da rede de ar é adequado em 63% das empresas EFINERG Diminuir a extensão da rede e criar rede em anel com possibilidade de setorização; Eliminar tubagens de ar comprimido obsoletas pois normalmente estas linhas são fonte de fugas; As linhas redundantes encontram-se fechadas em 47% das empresas EFINERG Otimizar o diâmetro da tubagem; Limitar o número de cotovelos, de mudanças de direção e de mudanças de secção; Sistemas de controlo sofisticados. Utilização final Promover a monitorização do consumo de ar comprimido; A monitorização do consumo de ar comprimido é efetuada em cerca de 11% das empresas EFINERG Organizar a utilização de ar comprimido pela sua utilização por hora (horário pré determinado, variável ou de forma aleatória); Desligar o ar comprimido quando o dispositivo não está em operação; Eliminar utilizações não apropriadas de ar comprimido, nomeadamente para tarefas de limpeza. Para limpeza, usar preferencialmente aspiradores elétricos. Estes consomem menos energia que os aparelhos insufladores de ar (bicos de sopro ou pistolas de ar); Utilização não apropriada de ar comprimido é prática corrente em 55% das empresas EFINERG Reparar ou substituir equipamentos com fugas de ar comprimido; Verificar e otimizar a necessidade de dispositivos específicos de regulação de pressão, filtros e secadores; Substituir ferramentas pneumáticas pelos seus equivalentes elétricos. Normalmente as ferramentas elétricas equivalentes são mais seguras, mais fáceis de operar e consomem menos energia, mas há que fazer um estudo técnico económico prévio; A substituição de ferramentas pneumáticas pelos seus equivalentes elétricos é feita em 7% das empresas EFINERG EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 79

81 Verificar que as ferramentas trabalham com a pressão mínima. Um aumento de 7 para 8 bar, se desnecessário, origina um aumento do consumo elétrico dos 9%. As ferramentas trabalham com a pressão mínima de ar comprimido em 57% dos casos EFINERG Este tipo de medidas pode potenciar os seguintes resultados: Com a reparação das fugas conseguem-se reduzir os custos sendo o período de retorno de investimento habitualmente reduzido; Poupanças importantes ao evitar utilização não adequada; A recuperação do calor residual pode chegar a representar uma poupança anual de energia; A utilização de secadores de ar depois do compressor e antes da sua distribuição pode poupar no consumo de ar comprimido; Eliminação de fugas de ar comprimido poupança de energia; Com sistemas de controlo adequados na distribuição conseguem-se poupanças. Climatização / ventilação Os custos energéticos associados aos sistemas AVAC podem representar uma percentagem significativa do consumo global de uma instalação, e portanto há que ter em consideração este aspeto, embora com medidas muito simples, como um controlo adequado da regulação da temperatura ambiente, o mesmo se possa reduzir de forma considerável. Na maioria das empresas em que foram feitos, no âmbito do projeto EFINERG, os diagnósticos flash, apenas os espaços de serviços de escritórios e eventualmente algum laboratório tinham climatização, o que se verificou em 66% dos casos. Por outro lado, verificou-se que em 50% das empresas existia isolamento térmico Ao projetar um sistema de climatização vários fatores devem ser considerados: localização, ocupação e utilização do espaço a climatizar (diferente se for uma nave industrial ou uma sala de escritório). Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência energética: Implementar isolamento extra das coberturas dos edifícios; Existe isolamento extra das coberturas dos edifícios em 32% das empresas EFINERG Calafetar portas e janelas; Em 34% das empresas EFINERG as portas e janelas são calafetadas. A existência de tetos falsos é comum em 61% dessas empresas; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 80

82 Alertar para a conveniência de fechar portas e janelas nos períodos de climatização; As portas e janelas são fechadas durante a climatização em 64% das empresas alvo do estudo Implementar um sistema de gestão de energia controlando os sistemas de climatização instalados, nomeadamente com o recurso a termóstatos; Instalar termóstatos para controlo eficaz das temperaturas; Em 53% das empresas EFINERG existem termóstatos para controlo das temperaturas Garantir que a temperatura de regulação dos termóstatos não ultrapassa a temperatura de conforto (20 o C para a estação de aquecimento e 25 o C para a de arrefecimento); A temperatura de regulação dos termóstatos não ultrapassa a temperatura de conforto em 38% das empresas EFINERG. A regulação da temperatura em função das necessidades é efetuada em 23% deste universo Retificar e reduzir a temperatura de aquecimento durante os períodos em que não há utilização dos espaços ou naquelas zonas onde não é preciso um nível elevado de aquecimento; Evitar o uso excessivo dos termóstatos e impedir que sirvam como interruptores; Analisar a possibilidade de substituir os termóstatos bimetálicos por termóstatos eletrónicos; Retificar os ajustes de termóstatos anti-gelo; Introduzir a medida de baixar o nível de aquecimento quando esteja calor em vez de abrir as janelas; Instalar unidades de climatização adequadas aos espaços. Evitar o sobredimensionamento dos equipamentos; Em 34% das empresas EFINERG existem aquecedores diferenciados para zonas pouco utilizadas Montar os equipamentos de ar condicionado em locais frescos, ventilados e à sombra; Verificar que não se obstruem as superfícies de calor para não diminuir a sua eficiência; Verificar se existem fontes de calor indesejadas, tais como tubagens mal isoladas que originam um maior gasto de ar condicionado; 43% das empresas EFINERG considera que os tubos de fluidos térmicos se encontram isolados Garantir que as superfícies de permuta de calor e os filtros dos aparelhos de ventilação são limpos periodicamente; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 81

83 Retificar o lugar de localização dos termóstatos e sensores de temperatura, assegurandose de que estejam numa zona representativa do espaço a climatizar; Se não existe no sistema de climatização a possibilidade de programação temporal, instalar crono-termostatos eletrónicos que permitam ajustes semanais, diários e horários; Em 23% das empresas EFINERG existe sistema de climatização a possibilidade de programação temporal Verificar se a fatura elétrica está otimizada caso se utilize aquecimento elétrico. Analisar a possibilidade de trocar o sistema de aquecimento por outro a gás ou gasóleo; Assegurar-se que o ajuste dos equipamentos de ar condicionado e aquecimento não permita o funcionamento em simultâneo; Analisar a possibilidade de recuperar o calor resultante da extração de ar quente das zonas de trabalho; Comprovar o correto funcionamento das válvulas e dos ventiladores dos equipamentos de aquecimento e ventilação; Selecionar o ventilador mais adequado. Se o sistema de ventilação dispõe de ventiladores monofásicos analisar a possibilidade de os substituir por ventiladores trifásicos, quando a rede assim o permitir; Determinar a velocidade do ar como parte do projeto de dimensionamento; Verificar e otimizar o sistema de ventilação ajustando os variadores à velocidade adequada e realizar inspeções e limpezas periódicas; Selecionar o tipo adequado de motor para o ventilador. Considerar o uso de motores de alta eficiência nos ventiladores; Efetuar uma instalação correta; Desligar os ventiladores de extração quando não são necessários; Efetuar manutenção regular com limpeza periódica dos filtros, verificar o correto funcionamento das válvulas e dos ventiladores; A manutenção regular é prática corrente em 56% das empresas EFINERG Efetuar uma revisão anual; Analisar a possibilidade de modificar o sistema de ventilação para incorporar a recirculação de ar caso esta não exista; Ajustar o sistema de despoeiramento para a velocidade de arrastamento das poeiras a aspirar; Implementar um sistema de ajuste do fluxo de ar às necessidades; Analisar a possibilidade de instalar bombas de calor; Analisar se a chaminé está bem estruturada em relação ao ar extraído; Ponderar a possibilidade utilizar cortinas de ar nas portas que permanecem de forma habitual abertas e que pressupõem uma zona de separação entre uma zona climatizada e outra não climatizada; Colocar hipótese de refrigeração Free Cooling no sistema de climatização. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 82

84 Com a melhoria da eficiência da climatização conseguem-se reduções de custo e melhorando os sistemas de despoeiramento conseguem-se reduções do consumo de energia. Caldeiras, fornos e secadores Nesta rubrica consideram-se a eficiência energética de caldeiras, fornos e secadores. Nalgumas empresas são os equipamentos maiores consumidores de energia, razão porque devem merecer especial atenção nesta problemática. Se não houver especial cuidado com a manutenção das caldeiras e com a sua correta operação as perdas podem atingir um valor máximo próximo dos 30% do total de energia consumida (perdas por radiação e convecção e perdas através dos gases, por deficientes condições de queima ou de permuta). Algumas ações de melhoria da eficiência energética: Diminuição das perdas térmicas num sistema de combustão Algumas medidas para reduzir a temperatura de saída dos gases de combustão: o Otimizar o processo de transferência de calor; o Promover a integração energética de modo a alimentar processos que necessitem de calor; o Promover a limpeza e manutenção das superfícies de transferência de calor de modo a evitar a deposição de resíduos sólidos e a manter elevadas taxas de transferência; Em termos das empresas EFINERG, são efetuadas periodicamente a inspeção e a limpeza das superfícies de transferência de calor das caldeiras e a manutenção dos queimadores em 20% das empresas. No caso dos fornos e estufas esse valor médio no conjunto dos cinco setores é de 16% sendo de 33% e 28% na cerâmica e metalomecânica, respetivamente Otimizar o excesso de ar de combustão; Em média, para o caso das caldeiras 14% das empresas alvo do EFINERG fazem o ajuste de ar para o mínimo possível, sendo que no setor agroalimentar esse valor é de 27%. No caso dos fornos, o valor médio de todos os setores é de 17%, sendo de 40% no caso do setor metalomecânico Utilizar isolamentos térmicos mais eficientes e substituição de isolamentos danificados. Verificou-se que em média 13% das empresas EFINERG possuem o equipamento de caldeiras/geradores de calor convenientemente isolado. No caso das tubagens e flanges, apenas 8% das mesmas afirmam que o isolamento é o adequado EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 83

85 Aumento da eficiência energética das caldeiras Analisar a utilização de combustíveis mais eficientes; Observou-se que no projeto EFINERG, em média 14% das empresas tinha avaliado a opção por outros combustíveis alternativos mais favoráveis sob ponto de vista ambiental e de eficiência energética Melhorar o armazenamento, a preparação e a distribuição do fuelóleo e de combustíveis sólidos; Proceder à modernização tecnológica das caldeiras mais antigas por modelos energeticamente mais eficientes; Substituir queimadores por unidades mais eficientes; Inspecionar (luzes de alarme, possíveis fugas, ruídos anormais, bloqueio de condutas) e proceder à manutenção da caldeira e dos queimadores; Garantir que na sala das caldeiras as aberturas de ventilação estão desimpedidas, não existindo restrições no abastecimento de ar e a ventilação é a adequada não havendo acumulação de gases; Atualizar o sistema de controlo de funcionamento da caldeira; Adequar a produção da caldeira às necessidades do processo; Proceder à manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos e fugas; Se existirem várias caldeiras no processo, instalar controlos de sequência que desliguem as caldeiras que previsivelmente não se usarão; Efetuar remoção preventiva de depósitos nas superfícies de transferência de calor; Limpar os tubos de fumos; Analisar a possibilidade de instalar desgaseificadores; Tratar as águas e efetuar purgas adequadas; Minimizar purgas das caldeiras; Recuperar calor nas correntes de purga; Implementar programas de controlo, reparação e substituição de purgadores; Utilizar água aquecida à temperatura adequada, em vez de injeção de vapor; Utilizar economizadores para pré-aquecimento da água de alimentação da caldeira; Assegurar que as mangueiras de água quente estão desligadas e que os procedimentos para as operações de limpeza locais demoram o tempo correto; Adequar os bicos das mangueiras à função, evitando o desperdício; Instalar um pré-aquecedor de ar; O ar de entrada do queimador é o mais quente em 11% em média das empresas EFINERG Investigar o potencial de recuperação de calor dos gases de exaustão para pré aquecer o ar de combustão; A recuperação de calor dos gases de exaustão para pré aquecer o ar de combustão é efetuada em 7% das empresas agroalimentares, como se observou na amostra EFINERG EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 84

86 Recuperar calor de efluentes líquidos através de permutadores; Recolher condensados para reutilização na caldeira; Tratar os derramamentos sólidos como resíduos sólidos, limpando em vez de lavar; Desligar os equipamentos quando não usados. Em 20% em média das empresas EFINERG os equipamentos são desligados quando não usados Aumento da eficiência energética dos fornos Controlar a qualidade e dosagem de matérias-primas; Inspecionar e proceder à manutenção dos fornos e queimadores realizando limpeza periódica do forno, melhorando a transferência de calor e com isso o rendimento energético; São efetuadas periodicamente a inspeção e a limpeza das superfícies de transferência de calor dos fornos e a manutenção dos queimadores em 16% das empresas do universo EFINERG Verificar a estanquicidade e isolamento dos fornos; Controlar a combustão através da análise dos gases de combustão (regulação do excesso de ar). Instalação de um controlador de teor de oxigénio nos gases de combustão (ajuste em tempo real do excesso de ar); A análise dos gases de combustão é prática em 13%, 28% e 7% das empresas EFINERG cerâmicas, metalomecânicas e de processamento da madeira, respetivamente Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar; Verificar os sistemas de controlo de combustão; Otimizar o grau de utilização do forno e programar as cargas - evitar que os fornos estejam a funcionar mais tempo que o necessário; Os fornos funcionam apenas o tempo necessário em 27% em média das empresas EFINERG Nos tempos de espera entre as cargas, superiores a meia hora, desligar o equipamento; Nos tempos de espera entre as cargas superiores a meia hora o equipamento é desligado em 17% das empresas EFINERG Aproveitar os calores residuais ou tempos de espera para a carga do forno com produtos alternativos; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 85

87 Aproveitar o calor dos gases de exaustão dos fornos e o calor residual do ar dos processos de secagem para o aquecimento de água para processos industriais, aquecimento de águas sanitárias e o pré aquecimento do ar requerido no forno; Em 33% das empresas cerâmicas e 8% das metalomecânicas existe sistema de recuperação de calor dos gases, sendo nula esta resposta para os restantes setores Substituir fornos elétricos por fornos que consumam gás natural a fim de reduzir o consumo energético. A utilização de gás natural foi considerada apenas por uma minoria de empresas (entre 4 e 7%) dos setores cerâmico, metalomecânico e de processamento da madeira. Aumento da eficiência energética dos secadores Controlar a humidade do produto a secar; Pré aquecer o ar à entrada dos secadores; Usar pré-secagem mecânica antes da secagem térmica; Não secar os produtos mais do que o necessário; Controlar as condições de humidade do ar de secagem; Instalar um sistema de controlo do processo; Efetuar a manutenção dos isolamentos, evitando fugas de ar quente e/ou entradas de ar parasita; Estudar a recuperação de calor residual; Otimizar os regimes de carga; Uniformizar temperatura no interior do secador; Implementar ferramentas de monitorização do processo de secagem; Substituir queimador a propano por um alimentado a resíduos de madeira (exemplo: serrim); Armazenar as matérias-primas em condições ambientais controladas; Utilizar pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de prensagem; Utilizar prensas mais precisas para evitar desperdício de energia em operações de calibração; Utilizar o tipo de secador com consumo energético mínimo; Otimizar as condições de funcionamento do secador. Tecnologia de combustão com ar a alta temperatura Utilizar recuperadores ou permutadores de calor; Utilizar regeneradores ou queimadores regenerativos. Quanto à limpeza e manutenção das superfícies de transferência de calor sabe-se que o aumento de 1 mm na espessura dos depósitos nas superfícies de transferência significa um aumento de 2% de consumo de combustível. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 86

88 Sistemas de geração e distribuição de vapor Os sistemas de geração e distribuição de vapor são equipamentos importantes como forma de transporte de entalpia nos processos. Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência energética na geração e distribuição de vapor: Reduzir a pressão de vapor à mínima necessária ao processo; A pressão de vapor é mínima em 33% das empresas têxteis e 20% das agroalimentares estudadas no âmbito do projeto EFINERG Utilizar permutadores de calor (economizadores) para pré-aquecer a água de alimentação à caldeira; De notar que o ar de entrada do queimador é o mais quente em 28% das empresas têxteis e 13% das agroalimentares do projeto EFINERG Utilizar as perdas de calor para pré-aquecer a água de alimentação da caldeira; Proceder ao tratamento da água; Nas empresas EFINERG o tratamento da água é efetuado em 17% das empresas têxteis, 7% das de madeira e 20% das agroalimentares Remover depósitos de calcário e/ou de fuligens das superfícies de transferência de calor; Em 28% das empresas têxteis e 20% das agroalimentares do projeto EFINERG é efetuada regularmente a inspeção e a limpeza das superfícies Maximizar o retorno dos condensados; Nas empresas EFINERG este procedimento é corrente em 6% das empresas têxteis, 7% nas de processamento de madeira e 20% nas agroalimentares Programar controlo, manutenção e substituição dos purgadores; Recuperar calor das purgas; Cerca de 13% das empresas EFINERG agroalimentares possuem sistema de recuperação de calor dos gases Evitar perdas por vapor flash no retorno de condensados. Reutilização do vapor flash (por exemplo vapor gerado por expansão de condensados); EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 87

89 Reutilização do vapor flash é prática em cerca de 6% das empresas têxteis, mas não foi identificada nos restantes setores estudados Proceder à recompressão mecânica do vapor; Melhorar a captura de vapor; Reparar fugas de vapor; Nas empresas EFINERG alvo do estudo, foram registadas fugas visíveis de vapor em 22% das empresas têxteis e 7% das agroalimentares Isolar as tubagens, válvulas e flanges; No universo EFINERG, 17% das empresas têxteis e 13% das empresas agroalimentares têm esta medida implementada Proceder à manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos; Fechar tubagens não utilizadas; Nas empresas EFINERG, existem 6% dentro do setor têxtil e vestuário e 7% no agroalimentar em que se identificou a existência de tubagens que podem ser eliminadas Melhorar o lay out da rede de distribuição; Realizar manutenção eficaz. Verificou-se que as respostas das empresas EFINERG acerca da realização de manutenção e diagnóstico dos equipamentos apenas foram afirmativas em cerca de 8% dos casos globais, sendo de 20% no setor agroalimentar e 11% no têxtil e vestuário A fim de melhorar a transferência, evitar e remover os depósitos nas superfícies de transferência. Um depósito com 1 mm de espessura representa uma diminuição de 89% na transferência de calor através dessa superfície. Ao recolher os condensados para reutilização no gerador reduz-se a quantidade de água a tratar, o consumo de combustível diminui e há redução do caudal de purgas das caldeiras. Ao pré aquecer o ar através dos gases de combustão há um aumento da eficiência da caldeira. O ar aquecido pode ser utilizado para secar o combustível (carvão, matéria orgânica, por exemplo) ou ser utilizado como ar de combustão. Frio industrial Muitos processos, com especial incidência no setor agroalimentar exigem baixas temperaturas, perto dos 0 o C. Estes processos são grandes consumidores de energia EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 88

90 (particularmente os que exigem congelação) e daí que seja importante ter em atenção a otimização energética. Existem muitas medidas que permitem aumentar a eficiência energética, com diferentes investimentos necessários e respetivos períodos de retorno do investimento. Listam-se em seguida algumas dessas medidas: Implementar a termoacumulação (acumulação de energia latente) que consiste na produção de gelo nos períodos em que a eletricidade é mais barata (períodos de vazio); Utilizar novos fluidos frigorígenos; Retificar a vedação das câmaras frigoríficas garantindo o isolamento e fecho corretos; Agrupar os produtos segundo o seu grau de congelação ótimo e analisar a possibilidade de dispor de câmaras mistas (conservação e congelação) ou de câmaras independentes, trabalhando a diferentes temperaturas; Agrupar os produtos segundo o seu grau de congelação ótimo é corrente em 60% das empresas agroalimentares do EFINERG Levar a cabo uma manutenção preventiva que inclua: o Limpeza do evaporador e condensador; o Revisão de pressões do evaporador e condensador; o Avaliar a possível existência de vibrações no compressor; o Avaliar a possível formação de gelo no compressor; A manutenção preventiva é realizada em 80% das empresas EFINERG agroalimentares Estabelecer normas de comportamento no interior das câmaras frigoríficas: o Evitar manter portas abertas muito tempo; o Evitar a abertura de portas frente a frente; o Evitar introduzir produtos com temperaturas acima dos 35-40ºC; Existem normas de comportamento no interior das câmaras frigoríficas definidas em 67% das empresas agroalimentares do projeto EFINERG Assegurar a correta localização do condensador e do evaporador; Garantir que as tubagens e a rede de frio estão isoladas; As tubagens e a rede de frio estão isoladas em 20% das empresas agroalimentares Certificar-se da dimensão correta da câmara de congelação; Cerca de 67% das empresas agroalimentares do projeto EFINERG considera correta a dimensão da câmara de congelação EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 89

91 Analisar os valores de temperatura e humidade das salas próximas da câmara de congelação. Recuperação de calor Alguns processos podem recuperar e reutilizar calor perdido de outros processos, a partir de várias fontes, utilizando para isso tecnologias variadas. Ao longo dos itens anteriores referentes a equipamentos e processos, este aspeto foi sendo referido, no entanto face à sua importância, e correndo o risco de repetição, ele merece destaque individualizado. É possível distinguir as 3 principais fontes de recuperação de calor: Gases de combustão: caldeira forno ou secagem; Condensados; Outras fontes de recuperação de energia térmica. Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência energética: Recuperação de calor em gases de combustão o Analisar a possibilidade de produzir vapor a partir da utilização de caldeiras de recuperação do calor dos gases de alta e média temperatura de fornos, secadores ou outras caldeiras de vapor; o Recuperar o calor do ar de exaustão para pré-aquecimento do ar de combustão; o Pré aquecer a água de alimentação das caldeiras; o Instalar condensadores de vapores residuais para aquecimento de água; o Aquecer o ar comburente a partir do calor dos gases de combustão instalando permutadores de ar comburente na conduta de saída dos gases de combustão de fornos, secadores ou caldeiras; o Instalar sopradores para as limpezas das superfícies de permuta. Recuperação de calor em condensados o Avaliar a possibilidade e rentabilidade de aproveitar de forma direta os condensados injetando-os diretamente no circuito de alimentação às caldeiras; o Estudar o aproveitamento indireto dos condensados através de permutadores; o Avaliar a possibilidade de aproveitar o calor do circuito de refrigeração Injetar diretamente na caldeira ou misturá-lo com a água de compensação no depósito de alimentação (águas não contaminadas ou após o seu tratamento adequado); Promover o aproveitamento de águas contaminadas pelo recurso a permutadores; Recuperar o calor da água do circuito de refrigeração através de bombas de calor. o Analisar a possibilidade de instalar secadores recuperativos; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 90

92 o o Avaliar a possibilidade de substituir as torres de refrigeração por circuitos fechados e aproveitar a energia térmica dissipada, por exemplo, em sistemas de aquecimento; Evitar perdas de calor garantindo que o isolamento das tubagens do fluido térmico é o correto e que não existem fugas em tubagens, válvulas e acessórios; Recuperar energia térmica a partir de: o Efluentes quentes ou frios; o Ar de exaustão; o Produtos quentes ou frios ou restos de produção; o Água de arrefecimento e óleo hidráulico; o Fontes termais naturais; o Solar térmica; o Solar fotovoltaica; o Solar passiva; o Eólica; o Biomassa; o Calor de sobreaquecimento e calor de condensação rejeitado dos processos de refrigeração; o Outras fontes; Recuperar calor do ar de exaustão do compressor para a climatização ambiental; Recuperar calor gerado pelos geradores de eletricidade a diesel e usá-lo para o aquecimento dos escritórios adjacentes; Utilizar permutadores de calor para fazer uso direto do calor no mesmo estado em que se encontra; Manter a eficiência dos permutadores de calor através: o Do seguimento periódico do mesmo; o Da prevenção ou remoção dos resíduos acumulados; Usar bombas de calor e recompressão de vapor, que transformam o calor de modo a gerar trabalho mais útil do que se este se encontrasse à sua temperatura inicial; Utilizar operações multiestágio, tais como evaporadores multiefeito, expansão de vapor e combinações das técnicas acima mencionadas. Os períodos de retorno do investimento, em equipamentos para este processo (economizadores e recuperadores de calor), são muito pequenos. A recuperação do calor do ar de exaustão do compressor para a climatização ambiental pode representar poupanças interessantes. Cogeração Por cogeração entende-se a produção sequencial e simultânea de energia térmica e mecânica. No tipo e dimensão das empresas EFINERG, não se verificou ser corrente a cogeração, tendo-se apenas encontrado casos isolados de empresas que a possuem, nos setores metalomecânico e cerâmico EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 91

93 A cogeração através do aproveitamento de uma parte importante da energia térmica que normalmente é perdida nas unidades convencionais, aumenta a eficiência energética global do processo, levando a uma diminuição de consumo de combustível e a uma redução das emissões dos gases poluentes. Quase todos os combustíveis podem ser utilizados em cogeração, mas o mais fácil de aplicar do ponto de vista tecnológico e menos nocivo para o ambiente é o gás natural. Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência energética: Procurar possibilidades de cogeração; Aproveitar a energia térmica, normalmente perdida nas centrais termoelétricas convencionais; Analisar a possibilidade da utilização de outros tipos de combustível (biomassa, gás natural, etc.); Utilizar energia térmica para aquecimento ambiente do edifício entre outras aplicações; Recuperar o calor dos circuitos de refrigeração da central de cogeração para produzir água quente. Da implementação deste tipo de medidas, podem-se esperar resultados como os apontados: Redução da fatura energética; Possibilidade da unidade industrial ser energeticamente autossuficiente; Possibilidade de venda de eletricidade à rede de distribuição nacional caso a unidade de cogeração produza energia elétrica; Redução dos custos de produção; Melhorias no fornecimento e distribuição da eletricidade aos processos industriais. Tratamento de águas residuais Qualquer processo industrial gera normalmente efluentes que necessitam, de uma forma mais ou menos profunda, de acordo com a sua natureza, serem tratados. Algumas medidas podem ser aplicadas para de uma forma mais eficiente tratar os efluentes, como sejam o tratamento com tecnologia de membranas ou anaeróbio de águas residuais, que podem conduzir ao cumprimento da legislação em vigor relativa ao tratamento de efluentes de forma mais eficiente do ponto de vista energético. Iluminação Em média entre 5 e 7% do consumo global de energia elétrica de uma instalação industrial deve-se aos sistemas de iluminação. Face a estes valores torna-se necessário ajustar as caraterísticas de iluminação, instalando equipamentos que proporcionem os níveis iluminação necessários e recomendados para o desempenho das atividades em cada posto de trabalho, EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 92

94 reduzindo o consumo de energia elétrica e também os custos de manutenção dos sistemas, de forma a contribuir para a otimização da eficiência económica. A utilização de equipamentos mais eficazes traduzir-se-á em reduções significativas de consumos energéticos. No geral os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de implementar soluções de eficiência energética. Estas são aplicadas localmente e normalmente não é necessário intervir maioritariamente nas instalações. Os investimentos associados aos sistemas de iluminação são recuperados geralmente num prazo de três meses a dois anos através das economias de energia que proporcionam. O período dependerá diretamente da quantidade de horas de uso e do tipo de tecnologia sugerida para a mudança. Para além de medidas mais específicas para a melhoria da eficiência da iluminação, e que serão apresentadas a seguir, existem algumas boas práticas que devem ser promovidas junto dos trabalhadores quer através de campanhas de sensibilização, quer de cartazes colocados em locais estratégicos, e de que são exemplo a utilização correta dos sistemas, o desligar das luzes sempre que não sejam necessárias ou quando se é a última pessoa a sair e ainda o evitar iluminar locais vazios. Para reduzir os consumos energéticos com a iluminação, mantendo ou melhorando as condições globais de iluminação nos espaços considerados, há que ter em atenção alguns aspetos, desde a conceção das instalações de iluminação: Dar prioridade à iluminação natural, mantendo limpas as áreas de entrada de luz, aproveitando ao máximo a luz natural e diminuindo assim a necessidade de iluminação artificial; A luz natural é convenientemente aproveitada em 65% das empresas EFINERG Instalar claraboias para aproveitamento de luz natural; Sempre que possível pintar paredes e tetos de cores claras para favorecer a reflexão da luz e diminuir a necessidade de iluminar o espaço; Em 89% das empresas EFINERG as paredes e tetos são pintados de cores claras Dimensionar corretamente os níveis de iluminação necessários para os diferentes postos de trabalho, reduzindo a iluminação naquelas zonas que não são realmente críticas e que não precisam de iluminação relevante, como sejam os corredores; As empresas EFINERG consideraram que o nível de luminosidade é adequado em 76% dos casos, em 6% dos casos que excede o recomendado e que em 14% se encontra abaixo EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 93

95 Substituir os sistemas de iluminação existentes por outros mais eficientes e de baixo investimento inicial. Utilizar sempre equipamentos de rendimento elevado (lâmpadas, luminárias e acessórios); Nas empresas EFINERG são utilizadas lâmpadas de elevada eficiência em 30% dos casos Instalar luminárias com refletores espelhados que permitem elevar o rendimento total do sistema; É prática corrente em 50% das empresas alvo do estudo a existência de luminárias com refletores espelhados Implementar a utilização de balastros eletrónicos em lâmpadas fluorescentes; A utilização de balastros eletrónicos em lâmpadas fluorescentes é prática corrente em 32% das empresas EFINERG Substituir as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas economizadoras de energia; Utilizar tecnologia LED sempre que possível; Substituir lâmpadas de halogéneo por lâmpadas de sódio de alta pressão; Utilizar, sempre que possível, luminárias que permitam uma integração com o ar condicionado na generalidade das instalações de iluminação, apenas uma parte da energia radiada é luminosa (21%), sendo a maior parte emitida sob a forma de calor (79%), contribuindo assim para o aquecimento dos edifícios; Garantir que os interruptores são facilmente acessíveis e identificáveis e que indicam corretamente o circuito sobre o qual operam; Os interruptores são facilmente acessíveis e identificáveis em 87% das empresas EFINERG Optar pelo tipo de iluminação mais adequada para cada local e para as tarefas a executar. Efetuar a separação da iluminação por zonas de utilização; Verificou-se que existe subdivisão adequada dos circuitos de iluminação em 82% dos casos. A iluminação local é tida em conta em 21% das empresas EFINERG, sendo importante considerá-la nas restantes Utilizar temporizadores programáveis; Existem temporizadores programáveis em 12% das empresas alvo do estudo Reduzir a iluminação nas zonas de passagem; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 94

96 Utilizar sistemas de controlo e comando automático nas instalações de iluminação, permitindo que o nível de iluminação seja apenas o necessário para a atividade desenvolvida, reduzindo assim o consumo energético; Existem meios automáticos para ligar/desligar/variar luzes em 35% das empresas EFINERG Instalar sensores de luz e de movimento para controlar a iluminação em armazéns; Verificou-se a existência de sensores de luminosidade em 17% e de sensores de presença em 26% das empresas EFINERG Reduzir ao mínimo a iluminação exterior; Proceder a operações de limpeza regulares e manutenção das instalações, de acordo com um plano estabelecido; Em 40% das empresas observadas é feita manutenção dos sistemas de iluminação Definir corretamente os períodos de substituição das lâmpadas e optar sempre pela substituição em grupos; Verificar as normas de iluminação com um luxímetro. Verificou-se que 66% das empresas EFINERG já efetuaram medições ou algum estudo de iluminância. Com as medidas apontadas são de esperar os seguintes resultados: Melhoria da eficiência de iluminação; As lâmpadas fluorescentes compactas consomem menos 85% que as incandescentes alem de terem uma maior duração (8 a 10 vezes mais que as convencionais); A substituição de lâmpadas fluorescentes de 38mm por 26mm ou 16mm dão origem a poupanças; A substituição de balastros convencionais por eletrónicos faz prever uma poupança do consumo energético um arranque mais suave, eliminação do ruído e incandescência e uma maior duração. Equipamentos informáticos Face à sua utilização frequente, o mau uso dos equipamentos informáticos pode ser causa de ineficiência energética, pelo que lhe deve ser dedicada alguma atenção. Algumas medidas que têm a ver com boas práticas e que contribuem para a eficiência energética: Desligar os equipamentos se não se forem utilizar por um período superior a uma hora e no final do dia de trabalho; Apagar os monitores quando não estiverem a ser usados; Utilizar o estado de stand-by nas impressoras. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 95

97 % Transportes Numa empresa existe todo um sistema de transportes internos, de fora para dentro e de dentro para fora que se for mal gerido implicará grandes ineficiências. Na figura 21 representa-se para todos os setores estudados no âmbito do projeto EFINERG a percentagem de respostas afirmativas relativamente à existência de gestor de tráfego, controlo do retorno do cliente em vazio, otimização de rotas por GPS, utilização de GPS pelos motoristas, sistema de localização de frota e formação dos motoristas Gestor tráfego Retorno em vazio Otimização rotas GPS Motoristas usam GPS Sistema localização frota Formação motoristas Têxtil e vestuário Cerâmico Metalomecânico Madeira Agroalimentar Setor Figura 21. Especificidades do transporte em frota própria Verifica-se que em todos os setores o item com mais respostas afirmativas refere-se à existência de gestor de tráfego e do controlo do retorno das viaturas em vazio após deslocação aos clientes. No que se refere à otimização das rotas com GPS, apenas nos setores da madeira, mobiliário e cortiça e agroalimentar existe alguma expressão. As empresas em que os motoristas usam GPS representam cerca de 20% no setor da madeira, mobiliário e cortiça e nos restantes as percentagens são muito baixas. Os sistemas de localização são inexistentes no setor têxtil e vestuário e nos restantes variam entre cerca de 5% e o máximo de 15% no setor da madeira, mobiliário e cortiça. A formação específica e regular dos motoristas apresenta percentagens muito baixas, exceto no setor da metalomecânica que atinge perto de 25% das empresas. Algumas medidas a ter em conta nos vários tipos de transporte considerados: Analisar e otimizar as cargas e os motores elétricos no que respeita o transporte de matérias-primas, combustíveis e produtos acabados; Implementar um sistema de gestão de combustível; Monitorizar a gestão do combustível através de: o Implementar o registo regular dos consumos; o Relacionar o consumo com o trabalho efetuado; o Identificar padrões a atingir e informar os condutores do seu desempenho; o Tomar ações para reduzir o consumo de combustível; Promover a formação específica e regular dos condutores; Promover uso de GPS pelos motoristas para otimização de rotas; Promover sistemas de localização de frota. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 96

98 Manutenção de equipamentos Para que os equipamentos sejam eficientes é necessário haver um plano de manutenção preventiva e corretiva dos mesmos. Algumas das medidas aqui apresentadas já foram aparecendo ao longo dos vários itens a que dizem respeito. Para otimizar a eficiência energética, a manutenção deverá considerar as seguintes medidas gerais: Alocar de forma clara a responsabilidade pelo planeamento e execução da manutenção; Estabelecer um programa estruturado de manutenção, com base na descrição técnica dos equipamentos, normas, etc., bem como nas eventuais falhas dos equipamentos e nas respetivas consequências. Poderá ser preferível programar determinadas atividades de manutenção para os períodos de paragem da instalação; Suportar o programa de manutenção pela adoção de sistemas de registo de dados apropriados e por testes de diagnóstico; Identificar, através das operações de manutenção de rotina, avarias e/ou anomalias de funcionamento, eventuais perdas de eficiência energética ou situações em que a mesma possa ser melhorada; Identificar e retificar rapidamente qualquer fuga ou equipamento em falha, rolamentos gastos, etc., que possam condicionar o consumo de energia e retificação tão rápida quanto possível dessas situações; Identificar de um modo mais específico por tipo de equipamento, a manutenção que deve ser realizada de modo a otimizar o consumo energético, otimizando assim o processo; Gerir e minimizar a utilização de água, energia e detergentes na limpeza de equipamentos e de instalações. Caldeiras Medir a produção de vapor na caldeira, direta ou indiretamente, medindo-se o total da água de alimentação e calculando as quantidades perdidas nas descargas de fundo da caldeira. A relação vapor/combustível é a melhor medida de eficiência da caldeira e deve ser mantida a um nível elevado; Manter um registo permanente da eficiência da caldeira de modo que os sinais de mau funcionamento possam ser detetados com antecedência; Vistoriar com regularidade o sistema de tubagem; Isolar as tubagens fora de uso ou retirá-las se redundantes; Calcular o consumo o fornecimento de energia à casa das caldeiras de forma mais realista possível; Inspecionar periodicamente a caldeira permitindo detetar os problemas rapidamente: o Luzes de alarme; o Possíveis fugas; o Ruídos anormais; o Bloqueio de condutas. Garantir a revisão da sala de caldeiras (aberturas de ventilação desimpedidas, sem restrições de abastecimento de ar, ventilação adequada sem acumulação de gases); EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 97

99 Rever a manutenção da casa das caldeiras, principalmente no que diz respeito ao equipamento de combustão, aos controlos e aos instrumentos. Adotar uma rotina de verificação regular; Garantir a limpeza periódica das superfícies de transferência de calor ou dos tubos de fumo; Reparar prontamente as fugas de vapor de modo a se evitar desperdícios de energia e potenciais acidentes; Fazer a revisão e limpeza periódica da caldeira e dos queimadores; Testar a eficiência de combustão e ajustar a proporção da mistura ar/ combustível; Controlar a redução de oxigénio; Verificar a possibilidade de instalar desgaseificadores nos sistemas de vapor industriais; Retificar o correto modo de operação das caldeiras; Verificar se o tamanho da caldeira é o adequado; Se existirem várias caldeiras no sistema, instalar controlos de sequência que desliguem as caldeiras que previsivelmente não se usarão; Ponderar a possibilidade de dispor de duas caldeiras diferentes uma para a água quente e outra para o aquecimento; Retificar o isolamento da caldeira e de todas as tubagens de distribuição, válvulas e acoplamentos; Analisar a correta escolha de combustível; Analisar a antiguidade da caldeira, a eficiência associada à tecnologia e a possibilidade de modernizá-la ou substituí-la; Inspecionar as canalizações subterrâneas de exaustão, em instalações de caldeiras mais antigas, com vista à deteção de possíveis infiltrações de água; Rever a manutenção da casa das caldeiras, principalmente no que diz respeito ao equipamento de combustão, aos controlos e aos instrumentos. Adotar uma rotina de verificação regular; Fazer a limpeza periódica das superfícies de transferência de calor ou dos tubos de fumo; Verificar periodicamente o estado dos isolamentos térmicos e do sistema de exaustão das caldeiras; Reparar prontamente as fugas de vapor de modo a evitarem-se desperdícios de energia e potenciais acidentes. Permutadores de calor Fazer limpeza (química ou mecânica) das superfícies de transferência de calor. Sistemas de iluminação Realizar operações de limpeza e de manutenção de acordo com um plano préestabelecido. Outros equipamentos Efetuar manutenção aos equipamentos consumidores de energia de acordo com o mencionado anteriormente em cada equipamento. Isolamentos térmicos Para evitar perdas deve-se isolar termicamente: o Tubagens de vapor; o Tubagens de água quente; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 98

100 o Tubagens de termofluido; o Tubagens de condensados. Inspecionar periodicamente o isolamento térmico das tubagens e das válvulas; Evitar o sobredimensionamento da espessura do isolamento Proposta de medidas estratégicas orientadas para a poupança de energia nos processos produtivos Conceção/design de processos industriais para a eficiência energética A integração da eficiência energética nos processos produtivos deve ser encarada na fase de projeto da empresa ou da instalação ou aquando de uma remodelação importante, tendo em consideração os seguintes aspetos, conforme aconselhado pelos documentos de referência em melhores técnicas disponíveis: É importante que se encare a eficiência energética logo nas primeiras etapas dos projetos das empresas. Mesmo que ainda não exista a certeza do tipo de equipamentos a incluir nos processos produtivos estes aspetos devem ser equacionados nos concursos a realizar; O desenvolvimento ou seleção das tecnologias a adotar nos processos de fabrico deverão ter presentes a eficiência energética; Para a conceção/design de processos tendo em conta a eficiência energética pode ser necessário contar com peritos em energia; É importante estimar o consumo de energia da futura empresa e otimizar a instalação. Na fase de projeto de uma nova empresa ou instalação (ou na sua reformulação) devem ser calculados e tidos em conta os custos de energia do processo e equipamentos ao longo da vida. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 99

101 O mapa seguinte traduz sinteticamente as fases na vida das empresas e as principais atividades de design para a eficiência energética a elas associadas. Design básico/ design conceptual Design detalhado Processo de adjudicação /propostas Construção e montagem Encomenda Fase operacional Recolha de informação sobre a utilização de energia Estimativa das necessidades reais de energia Estimativa dos custos de energia ao longo da vida Revisão dos parâmetros básicos de design que influenciam o consumo de energia Identificação das pessoas chave e das partes que influenciam a eficiência energética de novas instalações Minimização dos serviços de energia Introdução das melhores tecnologias disponíveis Design de sistemas e instalações de processo ótimos Estimativa de necessidades para controlo e instrumentação Processo de sistemas de integração / recuperação de calor Minimização de perdas de pressão, temperatura, etc. Seleção de motores, bombas etc. eficientes Especificações suplementares para propostas de material com vista à eficiência energética Solicitar a fornecedores e fabricantes soluções mais eficientes energeticamente Controlo de qualidade do design da empresa e das especificações no caderno de encargos Controlo de qualidade das especificações do equipamento instalado comparado com o especificado no caderno de encargos Otimização do processo e instalações de acordo com as especificações Auditorias energéticas Gestão de energia Incentivos ao investimento Os incentivos ao investimento são referidos em larga escala pelos empresários dos vários setores abordados no estudo como meio de melhorar a eficiência energética das empresas que gerem. As empresas alvo do estudo EFINERG foram questionadas acerca do conhecimento dos sistemas de incentivos existentes tendo como referência o conjunto de instrumentos de apoio ao investimento empresarial disponíveis no âmbito do QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013, nomeadamente: 1.Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME ( 2.Sistema de Incentivos à Investigação & Desenvolvimento ( 3.Sistema de Incentivos à Inovação ( 4.Apoios à formação Profissional, no quadro do Programa Operacional Potencial Humano/QREN ( EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 100

102 Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME Sistema de Incentivos à Investigação & Desenvolvimento Sistema de Incentivos à Inovação Apoios à formação Profissional PRODER % empresas que conhecem 5.PRODER Programa de desenvolvimento rural de apoio ao setor florestal e agroflorestal (se aplicável) ( No global das empresas que responderam a estas questões 79% afirmam ter conhecimento dos sistemas de incentivos previstos para a sua empresa/negócio, encontrando-se 21% dentro do grupo de empresas que não conhece ou não responde especificamente à questão. Dentro das empresas que conheciam os sistemas de incentivo, a maior parte conhece os sistemas de incentivos à qualificação e internacionalização de PME e à inovação (42% e 41%, respetivamente), seguindo-se as que conhecem os sistemas de incentivo à investigação e desenvolvimento (30%), os apoios à formação profissional (26%) e o PRODER (11%) (figura 22) Figura 22. Conhecimento dos sistemas de incentivos Sistema de incentivo As fontes de informação acerca dos sistemas de incentivo são essencialmente as associações empresariais (57%), o IAPMEI (47%), consultores e Centros Tecnológicos ou outras entidades do Sistema Científico e Tecnológico (30%). Com menor importância na transmissão do conhecimento acerca dos sistemas de incentivo surgem os seminários e workshops com 22%, os sites dos programas de apoio com 20%, a imprensa com 17%, a televisão com 12% e outras empresas com 13%. Também as redes de contacto transmitem esta informação em 8% dos casos, havendo ainda cerca de 1% de empresas em que a informação lhes chega por outras vias, como sejam a internet. Quanto às candidaturas, 54% das empresas afirmou ter já passado por esse processo. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 101

103 Em relação à imagem que têm dos sistemas de incentivos, foi pedido às empresas que se posicionassem numa escala de 1 a 4, em que 1=discorda totalmente, 2=discorda em parte, 3=concorda em parte e 4=concorda totalmente à seguinte lista de afirmações: Vale a pena concorrer É fácil aceder aos formulários É fácil preencher os formulários São para quem já conhece os procedimentos São só para empresas de maior dimensão Respondem às necessidades de melhoria do desempenho Dão resposta às necessidades financeiras Possível reforçar competências internas O esforço é compensador Oportunidade para renovar a empresa Os critérios são transparentes Dá demasiado trabalho concorrer A apresentação dos resultados médios das várias empresas dos vários setores que responderam à questão é feita na figura 23, separando-se as respostas em que as empresas já tinham concorrido a algum dos sistemas de incentivo daquelas em que nunca tinham concorrido. Pela análise da figura 23 pode verificar-se que a opinião das empresas que já concorreram aos sistemas de incentivo não coincide com a das empresas que nunca concorreram. As que nunca concorreram referem em maior grau relativamente às que já concorreram que dá demasiado trabalho a concorrer, que os incentivos são só para as empresas de maior dimensão e para quem já conhece os procedimentos. Por outro lado, quem já concorreu considera de forma mais positiva que os critérios de atribuição dos incentivos são transparentes, que constituem uma oportunidade para renovar a empresa, que o esforço é compensador, que dão resposta às suas necessidades financeiras e respondem às necessidades de melhoria do desempenho. Também as que já concorreram percecionam de forma mais positiva a facilidade de acesso e de preenchimento dos formulários e que vale a pena concorrer relativamente às que nunca o fizeram (figura 23). As ideias com que um maior número de empresas concorda estão relacionadas com os benefícios dos sistemas de incentivos, nomeadamente que estes constituem uma oportunidade para renovar a empresa. EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 102

104 Dá demasiado trabalho concorrer não concorreram Os critérios são transparentes já concorreram Oportunidade para renovar a empresa O esforço é compensador Possível reforçar competências internas Dão resposta às necessidades financeiras Respondem às necessidades de melhoria do desempenho São só para empresas de maior dimensão São para quem já conhece os procedimentos É fácil preencher os formulários É fácil aceder aos formulários Vale a pena concorrer pontuação Figura 23. Ideia que as empresas têm dos sistemas de incentivo As empresas EFINERG foram ainda questionadas acerca do conhecimento de outros programas de apoio ao investimento, tendo nomeadamente como referência: 1. Linhas PME Investe 2. Financiamento de projetos I&D no âmbito do 7º PQ de I&DT 3. Benefícios fiscais ao investimento 4. Programas de cooperação transnacional e inter-regional Europeia Outros Pelas respostas obtidas, as linhas PME Investe são as mais conhecidas pelas empresas, sendo os benefícios fiscais ao investimento conhecidos por 22% enquanto que os financiamentos de projetos de I&D no âmbito do 7º programa quadro de IDT conhecidos por 11% das empresas. Apenas 1% das empresas tem conhecimento da existência dos Programas de cooperação transnacional e inter-regional Europeia Algumas empresas EFINERG referiram faltar os seguintes incentivos de apoio: À exportação; À construção e reformulação de infraestruturas e aquisição de equipamento; Específicos da área de energia, incluindo informação e apoio nas auditorias energéticas e incentivos à utilização de energias alternativas; Formação e qualificação de recursos humanos; Bancários, fundo de maneio e incentivos ao investimento; À gestão de produção e otimização; As empresas consultoras para diagnóstico e estudo dos investimentos; Vale I&DT sempre abertos com entrega de candidaturas quando oportuno. Sobre o que mudariam nos sistemas atuais de incentivo, se bem que a maioria das empresas não apresente sugestões, as indicações de algumas das empresas apontaram as seguintes necessidades: Maior transparência nos critérios de aprovação, e condições gerais de acesso; Menor burocratização dos processos; EFINERG Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 103

Novo Modelo para o Ecossistema Polos e Clusters. Resposta à nova ambição económica

Novo Modelo para o Ecossistema Polos e Clusters. Resposta à nova ambição económica Novo Modelo para o Ecossistema Polos e Clusters Novo Modelo para o Ecossistema Polos e Clusters Resposta à nova ambição económica Resposta à nova ambição económica 02-07-2012 Novo Modelo para o Ecossistema

Leia mais

Tecnologia nacional potencia sustentabilidade

Tecnologia nacional potencia sustentabilidade Tecnologia nacional potencia sustentabilidade 1 Tecnologia nacional potencia sustentabilidade O desenvolvimento de soluções inovadoras que melhoram a eficiência das organizações e a qualidade de vida das

Leia mais

Seminário sobre Energia Elétrica Luanda, 8 e 9 de Setembro de 2011

Seminário sobre Energia Elétrica Luanda, 8 e 9 de Setembro de 2011 Seminário sobre Energia Elétrica Luanda, 8 e 9 de Setembro de 2011 A política energética europeia para a promoção da competitividade, sustentabilidade e segurança de abastecimento Jorge de Sousa Professor

Leia mais

Portugal 2020 Lançados Programas Operacionais

Portugal 2020 Lançados Programas Operacionais Portugal 2020 Lançados Programas Operacionais Novos PO detêm um valor global de quase 12,2 mil M de financiamento comunitário Alerta de Cliente Dezembro de 2014 Temas/Assuntos: Numa cerimónia realizada

Leia mais

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020 Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020 Medida 2 CONHECIMENTO Ação 2.2 ACONSELHAMENTO Enquadramento Regulamentar Artigos do Regulamento (UE) n.º 1305/2013, do Conselho e do Parlamento

Leia mais

A inovação e essencial à competitividade

A inovação e essencial à competitividade Crédito A inovação e essencial à competitividade das empresas Financiamento para a inovação e desenvolvimento do sector agrícola, agro-alimentar e florestal sai reforçado no mais recente Quadro Comunitário

Leia mais

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL Ana Rita Ramos 1 Cristina Silva 2 1 Departamento de Análise de Riscos e Solvência do ISP 2 Departamento de Estatística e Controlo de Informação do ISP As opiniões

Leia mais

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO RESUMO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO. que acompanha o documento

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO RESUMO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO. que acompanha o documento COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 10.7.2013 SWD(2013) 252 final DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO RESUMO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO que acompanha o documento Proposta de Decisão do Parlamento Europeu

Leia mais

Apresentação do Manual de Gestão de IDI

Apresentação do Manual de Gestão de IDI Seminário Final do Projeto IDI&DNP Coimbra 31 de março Miguel Carnide - SPI Conteúdos. 1. O CONCEITO DE IDI (INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO) 2. OVERVIEW DO MANUAL 3. A NORMA NP 4457:2007 4. A

Leia mais

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. ADENE Agência para a Energia Maio de 2010

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. ADENE Agência para a Energia Maio de 2010 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ADENE Agência para a Energia Maio de 2010 0 PLANO NACIONAL DE ACÇÃO PARA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA RESULTADOS 1 Programas do Portugal Eficiência 2015 Transportes Residencial e Serviços

Leia mais

1. Tradicionalmente, a primeira missão do movimento associativo é a de defender os

1. Tradicionalmente, a primeira missão do movimento associativo é a de defender os A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO ASSOCIATIVO NA DINAMIZAÇÃO DA ACTIVIDADE EMPRESARIAL 1. Tradicionalmente, a primeira missão do movimento associativo é a de defender os interesses das empresas junto do poder

Leia mais

NERSANT Torres Novas. Apresentação e assinatura do contrato e-pme. Tópicos de intervenção

NERSANT Torres Novas. Apresentação e assinatura do contrato e-pme. Tópicos de intervenção G ABINETE DO M INISTRO NERSANT Torres Novas Apresentação e assinatura do contrato e-pme Tópicos de intervenção Senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação, António Castro Guerra Senhor

Leia mais

FUNDO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

FUNDO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA FUNDO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Seminário de Eficiência no Consumo de Energia na Indústria Comportamentos e Medidas 24.02.2016 Fernando Martins Utilização Racional de Energia (URE) URE utilização da quantidade

Leia mais

SEMINÁRIO OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES PARA AS EMPRESAS INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES

SEMINÁRIO OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES PARA AS EMPRESAS INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES SEMINÁRIO OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES PARA AS EMPRESAS INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS OPORTUNIDADES E SOLUÇÕES Jaime Andrez Presidente do CD do IAPMEI 20 de Abril de 2006 A inovação

Leia mais

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT A análise do quadro jurídico para a ratificação da Convenção 102 da OIT por Cabo Verde, inscreve-se no quadro geral da cooperação técnica prestada

Leia mais

Equilíbrio de Género nos Conselhos de Administração: as Empresas do PSI 20

Equilíbrio de Género nos Conselhos de Administração: as Empresas do PSI 20 1 Equilíbrio de Género nos Conselhos de Administração: as Empresas do PSI 20 Relatório 2014 ACEGIS Associação para a Cidadania, Empreendedorismo, Género e Inovação Social 8 de março de 2014 Dia Internacional

Leia mais

Não é tarde demais para combater as mudanças climáticas O sumário do IPCC diz:

Não é tarde demais para combater as mudanças climáticas O sumário do IPCC diz: Sumário dos resultados-chave do Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, Grupo de Trabalho III de Mitigação de Mudanças Climáticas Bangkok, Maio de 2007 Não é

Leia mais

GUIA DE PROJECTO INTEGRADO PARA O CLIENTE VERSÃO FINAL

GUIA DE PROJECTO INTEGRADO PARA O CLIENTE VERSÃO FINAL GUIA DE PROJECTO INTEGRADO PARA O CLIENTE VERSÃO FINAL AUTORES Andy Sutton BRE, Reino Unido TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO PARA A VERSÃO PORTUGUESA Carlos Laia CONTACTO Carlos Laia CEEETA ECO, Consultores em Energia,

Leia mais

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO DE UMA POLÍTICA DE INTENSIFICAÇÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO EMPRESARIAL EM PORTUGAL E POTENCIAÇÃO DOS SEUS RESULTADOS 0. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Leia mais

EDITAL. Iniciativa OTIC Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento

EDITAL. Iniciativa OTIC Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento EDITAL Iniciativa OTIC Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento A difusão de informação e do conhecimento tem um papel fundamental na concretização de projectos inovadores e com grande

Leia mais

Artigo 1.º. Âmbito e objeto

Artigo 1.º. Âmbito e objeto PROJETO DE REGULAMENTO DO CONCURSO PÚBLICO PARA A SELEÇÃO DE INFRAESTRUTURAS DE INVESTIGAÇÃO E SUA INTEGRAÇÃO NO ROTEIRO NACIONAL DE INFRAESTRUTURAS DE INVESTIGAÇÃO DE INTERESSE ESTRATÉGICO Artigo 1.º

Leia mais

Comentários ao relatório Uma década para Portugal promovido pelo PS

Comentários ao relatório Uma década para Portugal promovido pelo PS Comentários ao relatório Uma década para Portugal promovido pelo PS Ao definir uma estratégia de crescimento económico sustentado, centrada em propostas políticas concretas, o relatório Uma década para

Leia mais

Valorizar os produtos da terra. Melhorar a vida das nossas aldeias. documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015

Valorizar os produtos da terra. Melhorar a vida das nossas aldeias. documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015 PROGRAMA VISEU RURAL Valorizar os produtos da terra Melhorar a vida das nossas aldeias documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015 CONSELHO ESTRATÉGICO DE VISEU Apresentação. O mundo rural

Leia mais

diretamente na fatura energética, o que equivale a mais de 23GWh de energia.

diretamente na fatura energética, o que equivale a mais de 23GWh de energia. Save: to Compete 1 Save: to Compete Num contexto económico exigente, com elevada concorrência, pressão de custos e reduzido acesso a financiamento, as empresas necessitam de se tornar mais eficientes e

Leia mais

Guia Prático do Certificado Energético da Habitação

Guia Prático do Certificado Energético da Habitação Guia Prático do Certificado Energético da Habitação Fonte: ADENE O QUE É UM CERTIFICADO ENERGÉTICO? Um Certificado Energético (CE) de um edifício ou fracção autónoma é o documento emitido no âmbito do

Leia mais

Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana.

Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana. Desenvolvimento Sustentável para controlo da população humana. O aumento da população humana é frequentemente citado como a principal causa de problemas para o planeta. De facto a humanidade está a crescer

Leia mais

Referenciais da Qualidade

Referenciais da Qualidade 2008 Universidade da Madeira Grupo de Trabalho nº 4 Controlo da Qualidade Referenciais da Qualidade Raquel Sousa Vânia Joaquim Daniel Teixeira António Pedro Nunes 1 Índice 2 Introdução... 3 3 Referenciais

Leia mais

O FOCO NOS RESULTADOS

O FOCO NOS RESULTADOS O FOCO NOS RESULTADOS Uma análise aplicada ao Programa Operacional Regional do 2014- O FOCO NOS RESULTADOS Uma análise aplicada ao Programa Operacional Regional do 2014- Os programas operacionais para

Leia mais

Cluster Habitat Sustentável

Cluster Habitat Sustentável Seminário Mercado de Tintas Associação Portuguesa de Tintas Luso - 26.03.2015 Cluster Habitat Sustentável Victor Ferreira Plataforma Construção Sustentável Entidade Gestora do Cluster Habitat Sustentável

Leia mais

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO Gostaria de começar por agradecer o amável convite que a FCT me dirigiu para

Leia mais

Energias Renováveis (ER) Sustentabilidade Económica e Ambiental

Energias Renováveis (ER) Sustentabilidade Económica e Ambiental Seminário de Boa Governação das Energias Renováveis Energias Renováveis (ER) Sustentabilidade Económica e Ambiental Madival Alva das Neves Meteorologista (Direção Geral do Ambiente) São Tomé, 30 de junho,

Leia mais

ESTUDO STERN: Aspectos Económicos das Alterações Climáticas

ESTUDO STERN: Aspectos Económicos das Alterações Climáticas Resumo das Conclusões Ainda vamos a tempo de evitar os piores impactos das alterações climáticas, se tomarmos desde já medidas rigorosas. As provas científicas são presentemente esmagadoras: as alterações

Leia mais

Seminário Eficiência Energética : Políticas, Incentivos e Soluções. Sertã, 06 de Junho 2011

Seminário Eficiência Energética : Políticas, Incentivos e Soluções. Sertã, 06 de Junho 2011 Seminário Eficiência Energética : Políticas, Incentivos e Soluções Promover a eficiência energética É tornar o mundo melhor e mais assustentável tá e ADENE Agência para a Energia Paulo Nogueira Auditório

Leia mais

Título Economia de baixo carbono, desafios e oportunidades para o setor elétrico Veículo Canal Energia Data 16 dezembro 2015 Autor Claudio J. D.

Título Economia de baixo carbono, desafios e oportunidades para o setor elétrico Veículo Canal Energia Data 16 dezembro 2015 Autor Claudio J. D. Título Economia de baixo carbono, desafios e oportunidades para o setor elétrico Veículo Canal Energia Data 16 dezembro 2015 Autor Claudio J. D. Sales Estiveram reunidos nas duas últimas semanas em Paris,

Leia mais

PROJECTO DE RELATÓRIO

PROJECTO DE RELATÓRIO ASSEMBLEIA PARLAMENTAR PARITÁRIA ACP-UE Comissão do Desenvolvimento Económico, das Finanças e do Comércio ACP-EU/101.516/B/13 18.08.2013 PROJECTO DE RELATÓRIO sobre a cooperação Sul-Sul e a cooperação

Leia mais

INVESTIR EM I&D - PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 - NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS

INVESTIR EM I&D - PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 - NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 - NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS 1 ENQUADRAMENTO - I - Os objectivos delineados na Estratégia de Lisboa e as conclusões do Conselho de Barcelona,

Leia mais

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS O GPL Auto Uma opção com futuro Como é do conhecimento público, há muito que a APETRO defendia que o regime jurídico português relativo à utilização do GPL

Leia mais

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Reforçar a Competitividade das Empresas

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Reforçar a Competitividade das Empresas AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS PROGRAMA OPERACIONAL DA 2014-2020 (MADEIRA 14-20) EIXO PRIORITÁRIO 3 Reforçar a Competitividade das Empresas PRIORIDADE DE INVESTIMENTO (PI) 3.b Desenvolvimento

Leia mais

CANDIDATURAS À MEDIDA FORMAÇÃO-AÇÃO PARA PME

CANDIDATURAS À MEDIDA FORMAÇÃO-AÇÃO PARA PME CANDIDATURAS À MEDIDA FORMAÇÃO-AÇÃO PARA PME Destinatários do projeto Micro, Pequenas e Médias empresas com: Dimensão até 250 trabalhadores Localizadas nas regiões Norte, Centro e Alentejo Estatuto PME

Leia mais

INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES. Eng. Mário Lino. Cerimónia de Abertura do WTPF-09

INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES. Eng. Mário Lino. Cerimónia de Abertura do WTPF-09 INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Eng. Mário Lino Cerimónia de Abertura do WTPF-09 Centro de Congressos de Lisboa, 22 de Abril de 2009 (vale a versão

Leia mais

Comunicado. Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014

Comunicado. Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014 Comunicado Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014 De acordo com os procedimentos estabelecidos no Regulamento Tarifário foi submetida, em outubro, à apreciação do Conselho Tarifário, da Autoridade

Leia mais

Programa Horizon 2020. Algumas Regras de Participação. Disposições Gerais

Programa Horizon 2020. Algumas Regras de Participação. Disposições Gerais Programa Horizon 2020 Fonte: Proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece as Regras de Participação e Difusão relativas ao «Horizonte 2020 Programa-Quadro de Investigação

Leia mais

INTERVENÇÃO DE S.EXA. O SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO, DR.BERNARDO TRINDADE, NA SESSÃO DE ABERTURA DO XXXIII CONGRESSO DA APAVT

INTERVENÇÃO DE S.EXA. O SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO, DR.BERNARDO TRINDADE, NA SESSÃO DE ABERTURA DO XXXIII CONGRESSO DA APAVT INTERVENÇÃO DE S.EXA. O SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO, DR.BERNARDO TRINDADE, NA SESSÃO DE ABERTURA DO XXXIII CONGRESSO DA APAVT TURISMO: TENDÊNCIAS E SOLUÇÕES Exmos. Senhores Conferencistas, Antes de

Leia mais

Anexo A - Estrutura de intervenção

Anexo A - Estrutura de intervenção Anexo A - Estrutura de intervenção As ações de formação-ação no âmbito do presente Aviso têm, obrigatoriamente, de ser desenvolvidas com a estrutura a seguir indicada. 1.Plano de ação para o período 2016-2017

Leia mais

ENQUADRAMENTO. emergentes, promova o networking, essencial ao sucesso nos seus negócios e permita o crescimento no cenário internacional.

ENQUADRAMENTO. emergentes, promova o networking, essencial ao sucesso nos seus negócios e permita o crescimento no cenário internacional. ENQUADRAMENTO Portugal plataforma intercontinental e polo de inovação Portugal tem de conseguir capitalizar nos negócios, na academia e nas instituições a enorme vantagem que é integrar o espaço lusófono.

Leia mais

SEMINÁRIO MAXIMIZAÇÃO DO POTENCIAL DA DIRETIVA SERVIÇOS

SEMINÁRIO MAXIMIZAÇÃO DO POTENCIAL DA DIRETIVA SERVIÇOS SEMINÁRIO MAXIMIZAÇÃO DO POTENCIAL DA DIRETIVA SERVIÇOS Eliminação de Barreiras à livre Prestação de Serviços Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Esquema 1. PORTUGAL- UMA ESPECIALIZAÇÃO COM

Leia mais

6.º Congresso Internacional dos Hospitais. Inovar em Saúde Mito ou realidade?

6.º Congresso Internacional dos Hospitais. Inovar em Saúde Mito ou realidade? 6.º Congresso Internacional dos Hospitais. Inovar em Saúde Mito ou realidade? 23, 24 e 25 novembro 2016 O mundo e os sistemas de saúde e sociais estão em transformação, muito por força das atuais pressões

Leia mais

Certificado Energético Pequeno Edifício de Comércio e Servicos IDENTIFICAÇÃO POSTAL

Certificado Energético Pequeno Edifício de Comércio e Servicos IDENTIFICAÇÃO POSTAL Válido até 09/09/2025 IDENTIFICAÇÃO POSTAL Morada RUA DO SOBREIRO, 290, LOJA AC-56 Localidade SENHORA DA HORA Freguesia SÃO MAMEDE DE INFESTA E SENHORA DA HORA Concelho MATOSINHOS GPS 41.191499, -8.652745

Leia mais

Guia Sudoe - Para a elaboração e gestão de projetos Versão Portuguesa Ficha 3.1 Construção de projetos

Guia Sudoe - Para a elaboração e gestão de projetos Versão Portuguesa Ficha 3.1 Construção de projetos Guia Sudoe - Para a elaboração e gestão de projetos Versão Portuguesa Ficha 3.1 Construção de projetos 2 Ficha 3.1 Construção de projetos Índice 1 Lógica de intervenção: uma abordagem centrada nos resultados...

Leia mais

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO Começo por saudar os presentes e agradecer a disponibilidade demonstrada pelos distintos oradores que

Leia mais

PLANO DE PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA NO CONSUMO (PPEC) REVISÃO DAS REGRAS

PLANO DE PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA NO CONSUMO (PPEC) REVISÃO DAS REGRAS PLANO DE PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA NO CONSUMO (PPEC) REVISÃO DAS REGRAS Intervenção do Senhor Presidente da CIP Confederação da Indústria Portuguesa, Eng.º Francisco van Zeller, na Audição Pública (CCB, 04/04/2008)

Leia mais

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS. Parecer

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS. Parecer Parecer COM(2013)627 Proposta de REGULAMENTO DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO que estabelece medidas respeitantes ao mercado único europeu das comunicações eletrónicas e destinadas a criar um continente

Leia mais

WORKSHOP SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E SUA CERTIFICAÇÃO. Onde estão os Riscos?

WORKSHOP SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E SUA CERTIFICAÇÃO. Onde estão os Riscos? WORKSHOP SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E SUA CERTIFICAÇÃO Onde estão os Riscos? No Futuro... que pode ser duvidoso e nos forçar a mudanças... Nas Mudanças... que podem ser inúmeras e nos forçam a decisões...

Leia mais

Os Parceiros Sociais têm desempenhado uma verdadeira missão de serviço público, a qual, nem sempre, tem sido devidamente reconhecida pelos Governos.

Os Parceiros Sociais têm desempenhado uma verdadeira missão de serviço público, a qual, nem sempre, tem sido devidamente reconhecida pelos Governos. High Level Conference - A New Start for Social Dialogue (5.março.2015, Bruxelas) Workshop B: Strengthening industrial relations and capacity building at national level Começo por felicitar a iniciativa

Leia mais

01. Missão, Visão e Valores

01. Missão, Visão e Valores 01. Missão, Visão e Valores 01. Missão, Visão e Valores 06 Missão, Visão e Valores Missão A missão do ICP-ANACOM reflecte a sua razão de ser, concretizada nas actividades que oferece à sociedade para satisfazer

Leia mais

Produtos e materiais inovadores provenientes da reciclagem. Como promover a sua efetiva introdução na economia?

Produtos e materiais inovadores provenientes da reciclagem. Como promover a sua efetiva introdução na economia? Produtos e materiais inovadores provenientes da reciclagem. Como promover a sua efetiva introdução na economia? PRINCIPAIS MARCOS SOCIEDADE PONTO VERDE PRINCIPAIS MARCOS SOCIEDADE PONTO VERDE ÍNICIO 1996

Leia mais

Melhor Contabilidade, Condição de Planeamento e Gestão Eficaz da Despesa Pública

Melhor Contabilidade, Condição de Planeamento e Gestão Eficaz da Despesa Pública Melhor Contabilidade, Condição de Planeamento e Gestão Eficaz da Despesa Pública Teodora Cardoso Apresentação na Conferência UM NOVO OLHAR SOBRE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: O SNC-AP, Instituto Politécnico

Leia mais

Voltar a explorar o mar

Voltar a explorar o mar Voltar a explorar o mar Voltar a explorar o mar Com uma visão de longo prazo, a EDP está constantemente a analisar as tecnologias de aproveitamento das energias renováveis, com vista à futura comercialização

Leia mais

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS

PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE QUADROS NOTA INFORMATIVA A. Plano Nacional de Formação de Quadros, Instrumento de Execução da Estratégia Nacional de Formação de Quadros 1. Por Despacho de 16 de Novembro

Leia mais

Análise de sustentabilidade da empresa

Análise de sustentabilidade da empresa Análise de sustentabilidade da empresa Em 2014, a NAV Portugal manteve a prática de integração dos princípios de sustentabilidade nas políticas e processos da sua gestão, como suporte à promoção do seu

Leia mais

SISTEMA DE INCENTIVOS

SISTEMA DE INCENTIVOS Organismo Intermédio Formação Ação SISTEMA DE INCENTIVOS PROJETOS CONJUNTOS FORMAÇÃO-AÇÃO FSE O objetivo específico deste Aviso consiste em conceder apoios financeiros a projetos exclusivamente de formação

Leia mais

Apostar na cadeia de valor

Apostar na cadeia de valor Apostar na cadeia de valor 1 Apostar na cadeia de valor A Bosch acredita que uma parte do sucesso empresarial reside na capacidade de alterar e melhorar os processos dos seus fornecedores. Na visão da

Leia mais

Sumário executivo. Em conjunto, as empresas que implementaram

Sumário executivo. Em conjunto, as empresas que implementaram 10 Sumário executivo Conclusões coordenadas pela Deloitte, em articulação com os membros do Grupo de Trabalho da AÇÃO 7 Sumário executivo Em conjunto, as empresas que implementaram estes 17 projetos representam

Leia mais

Comunicado. Proposta de Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014

Comunicado. Proposta de Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014 Comunicado Proposta de Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014 Nos termos regulamentarmente previstos, o Conselho de Administração da ERSE apresenta, a 15 de outubro de cada ano, uma proposta

Leia mais

PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL CONTINENTE 2014-2020. DESCRIÇÃO DA AÇÃO Versão: 1 Data: 28/10/2013

PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL CONTINENTE 2014-2020. DESCRIÇÃO DA AÇÃO Versão: 1 Data: 28/10/2013 PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL CONTINENTE 2014-2020 DESCRIÇÃO DA AÇÃO Versão: 1 Data: 28/10/2013 M7. AGRICULTURA E RECURSOS NATURAIS A7.5 USO EFICIENTE DA ÁGUA NA AGRICULTURA NOTA INTRODUTÓRIA O desenvolvimento

Leia mais

ACEF/1112/20967 Relatório final da CAE

ACEF/1112/20967 Relatório final da CAE ACEF/1112/20967 Relatório final da CAE Caracterização do ciclo de estudos Perguntas A.1 a A.10 A.1. Instituição de ensino superior / Entidade instituidora: Fundação Minerva - Cultura - Ensino E Investigação

Leia mais

O Sector Metalúrgico e Metalomecânico Português

O Sector Metalúrgico e Metalomecânico Português O Sector Metalúrgico e Metalomecânico Português 27 de setembro de 2013 AIMMAP Uma Associação de direito privado, sem fins lucrativos, criada em 1957 e constituída por empresas singulares ou coletivas que

Leia mais

ENERGIA XXI O FUTURO DO SETOR ELÉTRICO

ENERGIA XXI O FUTURO DO SETOR ELÉTRICO SEMINÁRIO ENERGIA XXI O FUTURO DO SETOR ELÉTRICO 5 de novembro de 2015 DISCURSO DE ABERTURA Prof. Vítor Santos Gostaria de começar por agradecer a presença de todos e o interesse por esta iniciativa da

Leia mais

Conferência: A indústria naval no horizonte 2020: Potencial económico e perspetivas 28 de junho de 2012 Biblioteca Municipal de Viana do Castelo

Conferência: A indústria naval no horizonte 2020: Potencial económico e perspetivas 28 de junho de 2012 Biblioteca Municipal de Viana do Castelo Conferência: A indústria naval no horizonte 2020: Potencial económico e perspetivas 28 de junho de 2012 Biblioteca Municipal de Viana do Castelo José Ventura de Sousa Secretário-Geral da AIN Potencial

Leia mais

Certificação ambiental a) Sistema de Gestão Ambiental

Certificação ambiental a) Sistema de Gestão Ambiental Certificação ambiental A certificação dos sistemas de gestão atesta a conformidade do modelo de gestão de fabricantes e prestadores de serviço em relação a requisitos normativos. Os sistemas clássicos

Leia mais

PROJETO COLABORATIVO DE GESTÃO DE CAUDAIS INDEVIDOS NO GRUPO AQUAPOR LUSÁGUA

PROJETO COLABORATIVO DE GESTÃO DE CAUDAIS INDEVIDOS NO GRUPO AQUAPOR LUSÁGUA PROJETO COLABORATIVO DE GESTÃO DE CAUDAIS INDEVIDOS NO GRUPO AQUAPOR LUSÁGUA Sara CARRIÇO 1 ; Susana BARRETO 2 ; Filipe ALPUIM 3 ; Paulo OLIVEIRA 4 RESUMO A melhoria da eficiência dos sistemas de drenagem

Leia mais

POLÍTICA DE PROMOÇÃO E COOPERAÇÃO EM PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS NO MERCOSUL

POLÍTICA DE PROMOÇÃO E COOPERAÇÃO EM PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS NO MERCOSUL MERCOSUL/CMC/DEC. N 26/07 POLÍTICA DE PROMOÇÃO E COOPERAÇÃO EM PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS NO MERCOSUL TENDO EM VISTA: O Tratado de Assunção, o Protocolo de Ouro Preto, as Decisões N 02/01, 03/02,

Leia mais

Impostos sobre os veículos automóveis ligeiros de passageiros *

Impostos sobre os veículos automóveis ligeiros de passageiros * P6_TA(2006)0334 Impostos sobre os veículos automóveis ligeiros de passageiros * Resolução legislativa do Parlamento Europeu sobre uma proposta de directiva do Conselho relativa à tributação aplicável aos

Leia mais

Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Prioridades da presidência portuguesa da União Europeia na área de Ciência e Tecnologia Construir o futuro da Ciência e da

Leia mais

NOTA INFORMATIVA. O acompanhamento e a monitorização técnica da execução do Compromisso cabe ao Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI).

NOTA INFORMATIVA. O acompanhamento e a monitorização técnica da execução do Compromisso cabe ao Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI). NOTA INFORMATIVA Execução do Compromisso para a Competitividade Sustentável do Sector da Construção e do Imobiliário, celebrado entre o Governo e a CPCI Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário,

Leia mais

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 26 de Outubro de 2010 (04.11) (OR. en) 15449/10 AUDIO 37 COMPET 311 CULT 98

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 26 de Outubro de 2010 (04.11) (OR. en) 15449/10 AUDIO 37 COMPET 311 CULT 98 CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA Bruxelas, 26 de Outubro de 2010 (04.11) (OR. en) 15449/10 AUDIO 37 COMPET 311 CULT 98 NOTA de: Secretariado-Geral do Conselho para: Comité de Representantes Permanentes (1.ª

Leia mais

Candidatura 2010 ENERGIA. Utilização racional de energia e eficiência energético - ambiental em equipamentos colectivos IPSS e ADUP

Candidatura 2010 ENERGIA. Utilização racional de energia e eficiência energético - ambiental em equipamentos colectivos IPSS e ADUP Candidatura 2010 ENERGIA Utilização racional de energia e eficiência energético - ambiental em equipamentos colectivos IPSS e ADUP ÍNDICE: 1. ENQUADRAMENTO 2. EIXO 2 APOIO AS ENERGIAS RENOVÁVEIS 3. OBJECTIVOS

Leia mais

Identificação da empresa

Identificação da empresa Identificação da empresa Missão e Visão A Missão da Parque Expo consiste na promoção da qualidade da vida urbana e da competitividade do território. Para cumprimento desta Missão, a empresa realiza operações

Leia mais

VALE EMPREENDEDORISMO

VALE EMPREENDEDORISMO V A L E E M P R E E N D E D O R I S M O Page 1 VALE EMPREENDEDORISMO (PROJETOS SIMPLIFICADOS DE EMPREENDEDORISMO) Março 2015 V A L E E M P R E E N D E D O R I S M O Pag. 2 ÍNDICE 1. Enquadramento... 3

Leia mais

Construção e Energias Renováveis. Volume IV Energia das Ondas. um Guia de O Portal da Construção. www.oportaldaconstrucao.com

Construção e Energias Renováveis. Volume IV Energia das Ondas. um Guia de O Portal da Construção. www.oportaldaconstrucao.com Construção e Energias Renováveis Volume IV Energia das Ondas um Guia de Copyright, todos os direitos reservados. Este Guia Técnico não pode ser reproduzido ou distribuído sem a expressa autorização de.

Leia mais

REGULAMENTO ESPECÍFICO DO DOMÍNIO DA COMPETITIVIDADE

REGULAMENTO ESPECÍFICO DO DOMÍNIO DA COMPETITIVIDADE 07 de abril de 2015 REGULAMENTO ESPECÍFICO DO DOMÍNIO DA COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAÇÃO Foi publicada no passado dia 27 de fevereiro a Portaria n.º 57-A/2015 que aprova o Regulamento Específico

Leia mais

SISTEMA DE APOIO AO FINANCIAMENTO E PARTILHA DE RISCO DA INOVAÇÃO (SAFPRI)

SISTEMA DE APOIO AO FINANCIAMENTO E PARTILHA DE RISCO DA INOVAÇÃO (SAFPRI) AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO Nº 03 / SAFPRI / 2009 SISTEMA DE APOIO AO FINANCIAMENTO E PARTILHA DE RISCO DA INOVAÇÃO (SAFPRI) CONSTITUIÇÃO OU REFORÇO DE FUNDOS DE CAPITAL DE RISCO (FCR) PROJECTOS FASE

Leia mais

Projeções para a economia portuguesa: 2014-2016

Projeções para a economia portuguesa: 2014-2016 Projeções para a Economia Portuguesa: 2014-2016 1 Projeções para a economia portuguesa: 2014-2016 As projeções para a economia portuguesa apontam para uma recuperação gradual da atividade ao longo do horizonte.

Leia mais

SESSÃO TÉCNICA SOBRE O VALE I&DT E VALE INOVAÇÃO NOS SISTEMAS DE INCENTIVOS ÀS EMPRESAS

SESSÃO TÉCNICA SOBRE O VALE I&DT E VALE INOVAÇÃO NOS SISTEMAS DE INCENTIVOS ÀS EMPRESAS SI À INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO SI À QUALIFICAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DE PME SESSÃO TÉCNICA SOBRE O VALE I&DT E VALE INOVAÇÃO NOS SISTEMAS DE INCENTIVOS ÀS EMPRESAS Data: 13 de Outubro

Leia mais

Bona: Chamada para a Ação

Bona: Chamada para a Ação Bona: Chamada para a Ação Texto da posição conjunta da AIEA e da OMS A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) realizou em dezembro de 2012, em Bona (Alemanha), a "Conferência Internacional de

Leia mais

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009 IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões Lisboa, 15 de Abril de 2009 Foi com todo o gosto e enorme interesse que aceitei o convite do Diário Económico para estar presente neste IV Fórum do sector

Leia mais

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS 4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS A abordagem estratégica que se pretende implementar com o Plano Regional da Água deverá ser baseada num conjunto de princípios nucleares que, sendo unanimemente

Leia mais

eficiência energética. Quando a sustentabilidade dá lugar a novos negócios

eficiência energética. Quando a sustentabilidade dá lugar a novos negócios VAMOS Ouvir 1 VAMOS Ouvir O setor financeiro, em particular o setor bancário, está sujeito a um intenso escrutínio, fortes pressões reputacionais e regulatórias, num ambiente de conjuntura económica e

Leia mais

Percepção do setor: O que está provocando as ações a respeito das mudanças climáticas nas maiores companhias do mundo?

Percepção do setor: O que está provocando as ações a respeito das mudanças climáticas nas maiores companhias do mundo? Percepção do setor: O que está provocando as ações a respeito das mudanças climáticas nas maiores companhias do mundo? As empresas enfrentam cada vez mais riscos climáticos e choques políticos. Como as

Leia mais

Estrutura do Plano de Acção de Energia e Sustentabilidade - Pacto dos Autarcas

Estrutura do Plano de Acção de Energia e Sustentabilidade - Pacto dos Autarcas Estrutura do Plano de Acção de Energia e Sustentabilidade - Pacto dos Autarcas Cascais, 26 de Agosto de 2010 1 P á g i n a ÍNDICE 1.ENQUADRAMENTO... 1 2.METAS E OBJECTIVOS... 2 3.MEDIDAS A IMPLEMENTAR...

Leia mais

A Importância do Aproveitamento Energético da Biomassa em Portugal

A Importância do Aproveitamento Energético da Biomassa em Portugal A Importância do Aproveitamento Energético da Biomassa em Portugal Conferência Biomassa Financiar uma Fonte Limpa de Produção Energética Lisboa, 7 de Julho de 2010 Clemente Pedro Nunes: Professor Catedrático

Leia mais

MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS: Enquadramento, Visão das Empresas e Tópicos

MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS: Enquadramento, Visão das Empresas e Tópicos WWW.FORUMCOMPETITIVIDADE.ORG MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS: Enquadramento, Visão das Empresas e Tópicos para Reflexão Dezembro 215 Apoio Contextoe objetivos desta reflexão O Forum para a Competitividade

Leia mais

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A.

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A. 01. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA 2 01. Apresentação da empresa é uma empresa criada em 2001 como spin-off do Instituto Superior Técnico (IST). Desenvolve tecnologias e metodologias de inovação para rentabilizar

Leia mais

Portugal 2020 O Financiamento às Empresas. Empreender, Inovar, Internacionalizar. Speaking Notes. Fevereiro 10, 2015. Vila Nova de Famalicão

Portugal 2020 O Financiamento às Empresas. Empreender, Inovar, Internacionalizar. Speaking Notes. Fevereiro 10, 2015. Vila Nova de Famalicão Portugal 2020 O Financiamento às Empresas Empreender, Inovar, Internacionalizar Speaking Notes Fevereiro 10, 2015 Vila Nova de Famalicão Casa das Artes Miguel Frasquilho Presidente, AICEP Portugal Global

Leia mais

DECLARAÇÃO POLÍTICA DESAFIOS DO FUTURO NO MAR DOS AÇORES BERTO MESSIAS LIDER PARLAMENTAR DO PS AÇORES

DECLARAÇÃO POLÍTICA DESAFIOS DO FUTURO NO MAR DOS AÇORES BERTO MESSIAS LIDER PARLAMENTAR DO PS AÇORES DECLARAÇÃO POLÍTICA DESAFIOS DO FUTURO NO MAR DOS AÇORES BERTO MESSIAS LIDER PARLAMENTAR DO PS AÇORES Sra. Presidente Sras. e Srs. Deputados Sr. Presidente do Governo Sra. e Srs. Membros do Governo Já

Leia mais

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS O PAPEL DA FORMAÇÃO ACADÊMICA Segundo diversos autores que dominam e escrevem a respeito do tema,

Leia mais

3 de Julho 2007 Centro Cultural de Belém, Lisboa

3 de Julho 2007 Centro Cultural de Belém, Lisboa Intervenção do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago na abertura da Sessão pública de apresentação das actividades do Conselho Europeu de Investigação (ERC) 3 de Julho 2007

Leia mais

CIRCULAR. N.Refª: 98/2015 Data: 02/12/15. ASSUNTO: ORIENTAÇÃO TÉCNICA N.º 2/2015 Projetos de Formação-Ação Modalidade Projetos Conjuntos

CIRCULAR. N.Refª: 98/2015 Data: 02/12/15. ASSUNTO: ORIENTAÇÃO TÉCNICA N.º 2/2015 Projetos de Formação-Ação Modalidade Projetos Conjuntos CIRCULAR N.Refª: 98/2015 Data: 02/12/15 ASSUNTO: ORIENTAÇÃO TÉCNICA N.º 2/2015 Projetos de Formação-Ação Modalidade Projetos Conjuntos Exmos. Senhores, No seguimento da publicação do Aviso 34/SI/2015 e

Leia mais