SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLOPROCTOLOGIA (SBCP) COMISSÃO DE ENSINO E APERFEIÇOAMENTO MÉDICO
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- Filipe de Barros Ventura
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1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLOPROCTOLOGIA (SBCP) COMISSÃO DE ENSINO E APERFEIÇOAMENTO MÉDICO PROPOSTA DE CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA ESPECIALIDADE DE COLOPROCTOLOGIA Abril de 2010 À Comissão Nacional de Residência Médica Ref: Programa recomendado pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) para Residência Médica na Especialidade Introdução: A presente proposta tem por objetivo definir e padronizar a estrutura e os procedimentos necessários para prover a um médico, já devidamente qualificado como cirurgião geral, as habilidades cognitivas e psicomotoras mínimas para o exercício da especialidade de Coloproctologia em toda sua extensão, incluindo aquelas de alta complexidade nas áreas cirúrgica e endoscópica. Além disso, propõe se um programa teórico mínimo e outras sugestões que propiciem a este médico os conhecimentos mínimos relativos ao diagnóstico e tratamento das afecções coloproctológicas. Sumário I) Objetivo Geral II) Objetivos Específicos III) Conteúdo Programático e Funcionamento do Serviço IV) Locais de Treinamento, Estrutura Médico Hospitalar V) Considerações Finais
2 1 ) Objetivo Geral: O programa de residência médica em coloproctologia deve habilitar o médico especialista nas seguintes áreas: Atendimento ambulatorial de pacientes. Atendimento de pacientes internados. Realização de procedimentos diagnósticos relacionados à especialidade. Cirurgias ambulatoriais. Cirurgias de pequeno, médio e grande porte da especialidade. Urgência coloproctológica. 2 ) Objetivos Específicos: 1 o ANO: Ao final do primeiro ano de residência o médico deverá ter alcançado os seguintes objetivos, estando apto a : 2.1 ) Atendimento a Pacientes Atendimento rotineiro a pacientes portadores de afecções coloproctológicas em nível ambulatorial e de internação. Recomenda se o número mínimo de cinqüenta consultas mensais. 2.2 ) Procedimentos Diagnósticos: Realizar procedimentos diagnósticos relacionados à especialidade. São eles: Anuscopia Retossigmoidoscopia rígida Retossigmoidoscopia flexível
3 Colonoscopia. Sugere se o mínimo de 30 colonoscopias realizadas ao final do primeiro ano. 2.3 ) Procedimentos Terapêuticos (pequeno porte) Incluem se sob esta denominação os procedimentos terapêuticos realizados em conjunto com a atividade de consultas clínicas ou em bloco cirúrgico, realizados com anestesia local ou geral. São eles: Cauterizações químicas ou cirúrgicas de pequenas lesões como condilomas anais ou distúrbios de cicatrização. Ligaduras elásticas, fotocoagulação ou esclerose de hemorróidas. Drenagens de processos inflamatórios restritos e não complicados Exérese de pequenos plicomas anais Injeções de agentes miorrelaxantes como toxina botulínica Dilatações anais moderadas Retirada de fecalomas e corpos estranhos (de baixa complexidade). 2.4 ) Procedimentos Terapêuticos (porte médio) Incluem se sob esta denominação os procedimentos cirúrgicos de complexidade superior aos acima citados, requerendo em sua maioria a participação de anestesiologistas através da realização de bloqueios anestésicos ou anestesias gerais. São eles: Doença hemorroidária Fístulas anais e abscessos complexos Fissura anal Doença pilonidal
4 Estenoses anais Prolapsos mucosos Plicomas de grande porte Incontinências fecais de baixa complexidade Reparo de lesões traumáticas perineais de baixa complexidade O médico residente ao final do primeiro ano deverá ter participado de forma regular deste grupo de procedimentos possibilitando o desenvolvimento de suas habilidades. Sugere se o mínimo de quinze operações supervisionadas, de pequeno ou médio porte, ao final do primeiro ano. 2 o Ano: Ao final do segundo ano de residência o médico deverá ter alcançado os seguintes objetivos, estando apto a : 2.5 ) Atendimento a Pacientes: Atendimento rotineiro a pacientes ambulatoriais ou internados, portadores de afecções coloproctológicas. Recomenda se o número mínimo de cinqüenta consultas mensais. 2.6 ) Procedimentos Diagnósticos: Realizar procedimentos diagnósticos relacionados à especialidade. São eles: Anuscopia Retossigmoidoscopia rígida Retossigmoidoscopia flexível Colonoscopia. Sugere se o mínimo de 30 colonoscopias realizadas durante o segundo ano. 2.7 ) Procedimentos Terapêuticos: Além dos procedimentos de pequeno e médio porte, caberá ao médico residente do segundo ano a participação em procedimentos de grande porte. Incluem se sob esta denominação os
5 procedimentos cirúrgicos de maior complexidade na especialidade, requerendo em sua totalidade a participação de anestesiologistas através da realização de bloqueios anestésicos ou anestesias gerais. São eles: Laparotomias para tratamento de afecções coloproctológicas, a saber: colectomias segmentares e totais, amputação do reto, derivações intestinais, correção de prolapso por via abdominal Fechamentos de ostomas intestinais. Ressecções intestinais extracorpóreas como prolapso de estomas ou prolapsos retais por via perineal. Acessos posteriores à pelve. Procedimentos perineais e anorretais de maior complexidade incluindo ressecções tumorais, reparos esfincterianos e de lesões traumáticas. Caberá ao formando participar deste grupo de procedimentos de forma regular na própria instituição de forma a desenvolver suas habilidades e apresentar, ao final da sua formação, um relatório contendo 10 (dez) operações realizadas sob supervisão ) Videocirurgias Colorretais Definem se com esta denominação os procedimentos cirúrgicos abdominais realizados para o tratamento de afecções coloproctológicas utilizando para tal o acesso videolaparoscópico através das seguintes modalidades: Acesso Videolaparoscópico Exclusivo: nos casos em que todo o procedimento é realizado através dos portais laparoscópicos, excetuando se a retirada de espécimes. Acesso videolaparoscópico em assistência: nos casos em que o procedimento abdominal é realizado pelos portais laparoscópicos possibilitando uma abordagem laparotômica exclusivamente pélvica através de incisão transversa baixa.
6 Caberá ao médico residente do segundo ano participar de um número mínimo de 15 videocirurgias colorretais, na própria instituição ou em instituição conveniada. Deverá, também, participar de um curso teórico prático de Cirurgia Videolaparoscópica com duração mínima de 15 (quinze) horas. 2.8 ) Atividades Recomendadas Embora não considerados como pré requisitos para a existência do programa de formação, recomenda se que seus participantes tenham acesso, em instalações próprias ou conveniadas, ao aprendizado de outros procedimentos diagnósticos e terapêuticos. São eles: Manometria Anorretal Defecografia Ultrassonografia Anorretal 3 ) Conteúdo Programático e Funcionamento do Serviço 3.1 ) Atendimento a Pacientes O funcionamento de Serviços de Coloproctologia responsáveis por programas de formação deverá incluir uma rotina de atendimento a pacientes portadores de afecções coloproctológicas a nível de internação e ambulatório. Tais atividades deverão ocorrer sempre com a participação diária e efetiva dos membros especialistas do serviço. É vedada ao cirurgião em período de formação a realização de atendimentos a pacientes sem a devida supervisão. 3.2 ) Estrutura de Ensino
7 Além da supervisão prática aos cirurgiões em formação em suas atividades clínicas e cirúrgicas, deverá o programa incluir necessariamente atividades teóricas (com doenças e técnicas relativas à coloproctologia, ética em pesquisa) realizadas com periodicidade regular. Estas atividades teóricas podem ser por meio de aulas, reuniões científicas, seminários, reuniões com outras especialidades, discussão de casos ou qualquer outro encontro que contemple em seu conteúdo temas relacionados aos diferentes aspectos da especialidade. Propõe se um conjunto mínimo de temas a serem necessariamente discutidos e apresentados com a finalidade de prover conhecimento teórico sobre a especialidade: Exame proctológico e colonoscopia Emprego racional de exames em coloproctologia Pré e pós operatório em coloproctologia Câncer colo retal e do canal anal Doença diverticular dos cólons Megacólon Doenças inflamatórias intestinais Doenças anorretais comuns Distúrbios da evacuação 3.3 ) Atividades de Pesquisa Além das atividades práticas e teóricas, os programas deverão conter atividades relacionadas à pesquisa, com o duplo objetivo de fornecer aos formandos os conhecimentos e interesses necessários para esta, assim como contribuir para a organização e produtividade científica dos serviços. Para tal, sugere se a definição de linhas de pesquisa e o estabelecimento de metas de
8 produtividade, a qual não deverá ser inferior a um mínimo de três publicações por triênio em periódicos relevantes de circulação nacional e internacional. 4 ) Locais de Treinamento, Estrutura Médico Hospitalar É necessário que os programas de formação de especialistas em coloproctologia sejam realizados em uma estrutura hospitalar dotada dos recursos necessários para a realização de operações de grande porte incluindo: Unidade de internação hospitalar com um mínimo de 50 leitos. Centro cirúrgico com um número mínimo de quatro salas de operações. Unidade de terapia intensiva com um número mínimo de quatro leitos, e dotada dos requisitos mínimos segundo a Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. Serviço de radiologia dispondo dos equipamentos necessários à realização de, no mínimo, os seguintes exames: a. Radiologia convencional. b. Ultrassonografia. c. Tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética. (Os itens a e b deverão estar disponíveis dentro da própria instituição hospitalar responsável pelo programa, enquanto o item c poderá pertencer a instituição conveniada com fácil acesso). Serviço de endoscopia digestiva incluindo equipamentos para endoscopia digestiva alta e colonoscopia dentro da própria instituição hospitalar ou em instituição conveniada com fácil acesso.
9 Serviço de anatomia patológica dentro da própria instituição hospitalar ou em instituição conveniada de fácil acesso. Demais serviços hospitalares de apoio necessários para a realização de operações de grande porte como nutrição, fisioterapia, comissão de infecção hospitalar e enfermagem dentro dos princípios mínimos de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Considerações Finais O programa acima está de acordo com a legislação do Conselho Federal de Medicina (CFM), Resoluções números 1634/02, 1666/03 e 1785/06 e, da CNRM, Lei número 6932/81, Decretos números 80281/77 e 91364/85 e Resolução da CNRM número 02/2006, todos relativos ao tema, assim, não havendo conflitos que impossibilitem sua aceitação pela Comissão Mista de Especialidades. Aproveitamos a oportunidade para sugerir idéias no sentido de aperfeiçoar o programa, como: 1 Sugerir um mínimo de três publicações científicas e seis apresentações de trabalhos científicos em congressos da especialidade no período de três anos, para a manutenção do credenciamento dos serviços de formação de especialistas. 2 Ao final do primeiro e do segundo anos de especialidade, a avaliação dos médicos residentes deverá ser realizada através de: a) prova teórica; b) discussão de caso clínico; c) apresentação de monografia (ou trabalho de conclusão do primeiro ano e de conclusão do segundo ano de especialidade) junto à SBCP, para ser avaliado pela Comissão de Ensino e Residência Médica. Tudo para possibilitar mais dados para melhor fiscalização de qualidade dos serviços de formação de especialistas. 3 Ter como pré requisito para manutenção do credenciamento do serviço a aprovação, no período de três anos, de pelo menos ¼ dos médicos em formação pelo serviço no exame de título de especialista da SBPC.
OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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