CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUES / INGLÊS
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- Joana Leão de Mendonça
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1 CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUES / INGLÊS ORIENTAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES DE PPPIII CIRCUITO 9 3º PERÍODO ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DOS PROJETOS DE INTERVENÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA Caro (a) Educando (a): O Projeto de Intervenção também conhecido como pesquisa-ação pode ser definido como um tipo de pesquisa empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema pontual, individual ou coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo participativo. O Projeto de Intervenção se constrói a partir de um problema detectado em determinado setor que no nosso caso é educação; ele é feito para intervir na situação real e difere do projeto de pesquisa que pode ser teórico e não precisa necessariamente servir como um projeto de ação. A partir das observações feitas por você dos documentos da escola (planos de aula, de unidade e de curso) e das observações da prática docente, tanto na Disciplina Língua Portuguesa como na Disciplina Língua Inglesa, é possível perceber as lacunas existentes no processo de ensino-aprendizagem na turma escolhida para a observação. Portanto, escolha um tema pertinente com essa lacuna, dentro dos conteúdos de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa e elabore dois projetos de intervenção contemplando cada uma das disciplinas. Esta atividade deverá ser entregue ao tutor no primeiro momento do Seminário Presencial III. Bom trabalho! Equipe de PPP IIII
2 Como se trata de dois Projetos de Intervenção, a serem realizados individualmente, poderá ser feito de forma resumida. Assim, para este primeiro projeto, você poderá distribuir os passos da seguinte forma: DESCREVENDO OS PASSOS: 1. Tema O tema descreverá o objetivo do projeto. Deverá evidenciar qual a intervenção pretendida, esclarecendo o assunto a ser abordado e delimitando-o. Além disso, o tema é mais extenso do que o título, pois seu objetivo é esclarecer a intenção do estudo. Por ter uma função de convidar o conhecimento, deve causar impacto, curiosidade e sedução a quem ler. Por isso, o tema deve ser uma das últimas tarefas a cumprir quando se produz um texto acadêmico, pois no decorrer do processo de construção do trabalho muitas mudanças podem ocorrer propiciando nomeações mais pertinentes. O tema do seu projeto de intervenção deverá estar de acordo com a pesquisa feita por você no processo de observação da escola escolhida. Portanto, deverá alcançar as necessidades do público-alvo do projeto, ou seja, os alunos da turma que você observou. Procure analisar todo o processo que envolveu a observação que você fez e escolher um tema que tenha significado para o aprendizado desses alunos. É bom lembrar que este tema deve estar voltado para a disciplina de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa. EX: ENTRE NA RODA, A LEITURA ESTÁ VIVA. 2. Problema Problematizar é especificar um ponto para ser resolvido, aquilo que significa debate, discordância, discussão ou conflito em relação à temática escolhida, portanto, é uma questão, um enunciado que interroga sobre como chegar a uma boa conclusão. Na análise da problemática é importante identificar os principais problemas concretos enfrentados e suas causas, porém você deverá se definir por um problema. Sendo assim, o problema de seu projeto estará voltado para as lacunas que você encontrou durante a observação da prática docente em sala de aula. A problematização descreve um aspecto negativo que a realidade mostra, e você poderá modificá-lo, resolvê-lo ou minorá-lo, através do desenvolvimento de atividades com esta intenção, que neste caso será o projeto de intervenção.
3 EX: Percebe-se que a leitura tem ocupado espaço cada vez menor no cotidiano das crianças de um modo geral e, especialmente em crianças do 4º ciclo do Ensino Fundamental. Após a realização de uma pesquisa de campo com crianças da 7ª série do Ensino fundamental em uma escola da Rede Municipal de Educação da cidade de Salvador-BA, percebeu-se que, em casa, é muito pobre o material de leitura com que nossos alunos têm contato, por outro lado, o mundo moderno exige para o mercado de trabalho, funcionários cada vez mais criativos, sendo que atualmente é quase impossível sobreviver na sociedade sem conhecer o código escrito e sem saber fazer uma leitura crítica leitura. 3. Público-alvo Caberá, nesse momento, fazer hipótese referente à solução do problema, são idéias formuladas a partir de incertezas, e colocadas em teste para serem aplicadas, na tentativa de darem certo ou não. (a partir do exposto podendo constituir uma possível solução). Neste caso, o público-alvo são os alunos que você observou. EX: Professores, equipe técnica e gestores de uma escola pública municipal da cidade de Salvador-BA de ensino fundamental; bibliotecários, alunos de 4º ciclo (7ª série) do ensino fundamental e integrantes da comunidade (pais, parentes, amigos, etc.). 4. Justificativa É constituída pela argumentação sobre a relevância do estudo e remete à problematização e ao objetivo geral, mostrando a importância da abordagem para encontrar o rumo pensado como solução da questão identificada. EX: O Projeto nasceu de uma pesquisa de campo feita em uma escola da rede municipal de educação da cidade de Salvador-BA com alunos de 4º ciclo do ensino fundamental (7ª série) com a intenção de contribuir com o desenvolvimento desses alunos, utilizando a arte enquanto promoção da cidadania. Escolhemos a literatura porque a mesma estava escolarizada, e partimos do princípio que a literatura enquanto arte deveria ser resgatada nas escolas para poder despertar o prazer da leitura entre as crianças e jovens. No Brasil, o tratamento da arte literária nas escolas ainda está vinculado ao ensino de língua portuguesa, e, muitas vezes, exercitado por pré-concepções de interpretação de texto. Ou seja, o aluno deve se submeter às definições analíticas e críticas de um adulto, hierarquizando o processo de aprendizagem, o que consequentemente diminui o interesse do aluno pela arte Objetivo Cabe ao objetivo nortear o rumo do estudo, ou seja, do conhecimento acadêmico desejado. Uma vez que é projeto de intervenção, seu objetivo deve referir-se ao saber. Por isso são necessários, uso correto de verbos adequados aos temas, como: pesquisar, estudar, averiguar, indagar, questionar, esclarecer, explicitar, etc... Ex: Ao invés de escrever, melhorar o desempenho do aluno, optar pelos verbos alfabetizar, formar ou educar.
4 O objetivo pode ser subdividido em Objetivo Geral e Específico: Objetivo Geral O objetivo geral manifesta o rumo do conhecimento acadêmico desejado, monopolizando seja a pesquisa, o projeto, o material, a monografia, etc., como uma proposta ampla. EX: Fomentar uma cultura de valorização da leitura na escola e na comunidade, desenvolvendo nos alunos do 4º ciclo do ensino fundamental e na comunidade em geral o gosto pela leitura e sua competência como leitores, por meio de atividades diversificadas. Objetivo(s) Específico(s) Para o cumprimento do objetivo geral, o(s) específico(s) deve(m) manifestar as etapas previstas para completar a finalidade almejada. É recomendável subdividir o objetivo geral em etapas a atingir através de objetivos específicos. Os objetivos específicos irão nortear, também, o cronograma de atividades. EX: Contribuir com o aumento do desempenho dos professores em sala de aula; Contribuir com a diminuição da evasão e da repetência, bem como do rendimento dos alunos; Contribuir com a ampliação do repertório leitor do aluno. 6. Revisão de literatura Neste item que posteriormente será ampliado e aperfeiçoado para constituir o corpo do texto do projeto, deve-se tratar a temática segundo os vários autores, relacionando-os. Uma revisão bem elaborada mostra as visões das autoridades sobre o assunto, as convergências e divergências dessas visões, como se fosse uma mesa redonda, propiciando a simulação de um diálogo entre teóricos aos quais se teve acesso. A revisão literária irá fundamentar o projeto de intervenção, pois qualquer que seja a proposta ela deve estar apoiada em bases científicas que justifiquem a sua validade. EX: A escola tem por responsabilidade proporcionar aos seus alunos condições para que estes tenham acesso ao conhecimento. Nesse ciclo de criação e recriação do conhecimento, próprio da vida escolar, a leitura ocupa, sem dúvida alguma, um lugar de grande destaque. Se for relativamente fácil constatar a presença de leitura na escola, torna-se um pouco mais difícil discutir as condições concretas de produção de leitura. A relevância e a necessidade do ato de ler para professores e alunos são irrefutáveis, porém, é necessário analisar criticamente as condições existentes e as formas pela qual esse ato é conduzido no contexto escolar. O discurso e o bom senso mostram que a leitura é importante no processo de escolarização das pessoas, porém, os recursos reais para a prática da leitura na escola podem, entretanto, contrapor-se àquele discurso.
5 O gosto literário da criança pode ser estimulado introduzindo o livro, desde cedo, nas suas brincadeiras. Quando a criança ainda não lê, é bom que alguém lhe conte histórias. Poderá ser o primeiro passo para que mais tarde a criança tenha o gosto pela leitura. (Silveira 1996) Silveira (1996, p. 11) diz que "a seleção de histórias para serem oferecidas na Hora do Conto segue alguns critérios que são básicos. A estrutura da narrativa é bom que seja linear. Desaconselham-se as efabulações, comuns na ficção moderna. O conto foi feito para interessar de modo progressivo. A ação deve ser ininterrupta e crescente para desenvolver com presteza e terminar com um final efetivo". Os contos de fada dirigem a criança para a descoberta de sua própria identidade e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Eles alimentam a imaginação e estimulam as fantasias, pois nem todos os nossos desejos podem ser satisfeitos através da realidade. Daí a importância da fantasia como recurso adaptativo. Na seleção de histórias para serem oferecidas na hora do conto, é importante incluir contos de fadas. (Silveira, 1996, p. 12) A leitura não só desperta na criança o gosto pelos bons livros e pelo hábito de ler como, também, contribui para despertar a valorização exata das coisas, desenvolver suas potencialidades, estimular sua curiosidade, inquietar-se por tudo que é novo, ampliar seus horizontes e progredir. 7. Metodologia O sentido da metodologia é facilitar o cumprimento dos objetivos. É preciso descrevê-la, esclarecendo quais os caminhos para o estudo e sua sistematização, ou seja, projetando as possibilidades da travessia pretendida. A opção metodológica decorre do prisma sob o qual se observa o objetivo e respaldo ao projeto. Uma pesquisa documental deve prever as diversas fontes, categorizando-as segundo autores específicos. As atividades propostas podem variar desde uma exposição de cartazes, da ministração de aulas a uma oficina em laboratório de ensino ou de uma semana da cultura a um projeto de extensão, só depende de você, da sua visão reflexiva e da sua criatividade. EX: Propor aos alunos atividades que despertem o interesse e o gosto pela leitura como o uso de textos diversificados, histórias em quadrinhos, poesias, teatros, atividades com fantoches, roda de conversa, dramatizações, hora da leitura, reprodução oral e escrita etc.; Criar condições para o uso eficaz da linguagem relacionada às ações efetivas do cotidiano. Desenvolvendo o hábito da leitura, favoreceremos a reflexão crítica e imaginativa e despertaremos o interesse formando alunos leitores. 8. Recursos humanos e materiais Relacione e/ou descreva os recursos que serão necessários para o desenvolvimento do projeto de intervenção. Lembre-se que os recursos podem ser materiais ou humanos, mas o seu projeto pode ficar inviável caso você necessite de um recurso de difícil acesso, por isso nesse momento planeje com bastante atenção e pense em
6 tudo que irá precisar. EX: Módulo com o conteúdo. Livros diversificados de literatura infanto-juvenil. Retro-projetor. Quadro e giz. Alunos de 4ª ciclo do ensino fundamental Professores de 4º ciclo do ensino fundamental Equipe técnica e gestores da escola Pais de alunos e outras pessoas da comunidade 9. Cronograma Pode ser feito em forma de texto ou tabela (a maioria prefere fazer em forma de tabela), consiste no planejamento das etapas de trabalho necessárias à construção do texto, distribuídas no tempo previsto para o estudo. Assim, é uma previsão do agendamento das tarefas que permitirão alcançar os objetivos propostos, desde a escolha temática até a redação final. EX: Mês Janeiro Fevereiro Março Atividades para desenvolver 1- Apresentar o Programa Secretaria Municipal de Educação. 2 Selecionar as escolas que irão participar do programa. 3 Apresentar o Programa à diretoria e coordenação da escola a ser atendida. 4 Fechar parceria com a escola. 5 Conseguir doações de livros para o projeto. 6 Definir as séries e turmas. 7 - Mobilizar os professores 8 Capacitar os professores, os voluntários e a equipe técnica. 10. Resultados Esperados Você deverá apresentar os resultados que espera alcançar com o seu projeto de intervenção. É evidente que estes resultados devem estar coerentes com os objetivos, mas sob a forma de meta a atingir.
7 EX: Formar professores leitores multiplicadores. Melhorar o desempenho dos professores em sala de aula. Contribuir com o aumento do rendimento dos alunos. Contribuir com a diminuição da evasão e da repetência escolar. Contribuir com a ampliação do repertório leitor do aluno e do professor. Promover a interação entre as atividades do programa e os pais dos alunos. 11. Referências Todos os autores e/ou documentos utilizados na construção do seu projeto, devem ser listados, seguindo as normas da ABNT. Da mesma forma, todos os autores citados no texto devem estar referenciados. Lembre-se de relacionar também os sites pesquisados. EX: ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, AGUIAR, Vera Teixeira de. Leituras para o primeiro grau: critérios de seleção e sugestões. In: ZILBERMAN, Regina (org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, p , (Série Novas Perspectivas). CHARTIER, Roger. A aventura do livro: de leitor ao navegador. São Paulo, Unesp, Veja, a seguir, um exemplo de modelo de organização e apresentação do Projeto de Intervenção e, em seguida, um modelo completo de um projeto de intervenção. Vale lembrar que este modelo seve apenas como ilustração para que você possa construir o seu projeto de acordo com a realidade por você observada.
8 MODELO DE CAPA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO 3 cm FTC EaD CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS e INGLÊS 3 cm 2 cm TÍTULO(11cm) NOME (Todas as medidas são distâncias da borda superior) LOCAL E DATA 2 cm
9 MODELO DE FOLHA DE AGRADECIMENTO 3 cm 3 cm 2 cm AGRADECIMENTO Fica por conta do gosto do autor e a seu critério a forma,tipo de letra, moldura, etc 2 cm
10 MODELO DE ESTRUTURA DO CORPO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO 3 cm Problema: Público-alvo: Justificativa: TEMA (centralizado, negrito) (três espaços duplos) 3 cm Objetivos (geral e específicos): Revisão da literatura: Metodologia: Recursos: Cronograma: Resultados esperados: Referências: Anexos Obs: os conteúdos devem estar em sequência. Não se introduz nova página 2 cm 2 cm
11 FTC EaD CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS ENTRE NA RODA, A LEITURA ESTÁ VIVA. FULANO DE TAL Salvador -2007
12 AGRADECIMENTO Fica por conta do gosto do autor e a seu critério a forma,tipo de letra, moldura, etc
13 ENTRE NA RODA, A LEITURA ESTÁ VIVA Problema Percebe-se que a leitura tem ocupado espaço cada vez menor no cotidiano das crianças de um modo geral e, especialmente em crianças do 4º ciclo do Ensino Fundamental. Após a realização de uma pesquisa de campo com crianças da 7ª série do Ensino fundamental em uma escola da Rede Municipal de Educação da cidade de Salvador-BA, percebeu-se que, em casa, é muito pobre o material de leitura com que nossos alunos têm contato, por outro lado, o mundo moderno exige para o mercado de trabalho, funcionários cada vez mais criativos, sendo que atualmente é quase impossível sobreviver na sociedade sem conhecer o código escrito e saber realizar uma leitura crítica das diferentes linguagens. Público-alvo Professores, equipe técnica e gestores de uma escola pública municipal da cidade de Salvador-BA de ensino fundamental; bibliotecários, alunos de 3º ciclo (7ª série) do ensino fundamental e integrantes da comunidade (pais, parentes, amigos, etc). Justificativa O Projeto nasceu de uma pesquisa de campo feita em uma escola da rede municipal de educação da cidade de Salvador-BA com alunos de 4º ciclo do ensino fundamental (7ª série) com a intenção de contribuir com o desenvolvimento desses alunos, utilizando a arte enquanto promoção da cidadania. Escolhemos a literatura porque a mesma estava escolarizada, e partimos do princípio que a literatura enquanto arte deveria ser resgatada nas escolas para poder despertar o prazer da leitura entre as crianças e jovens.
14 No Brasil, o tratamento da arte literária nas escolas ainda está vinculado ao ensino de língua portuguesa, e muitas vezes, exercitada por pré-concepções de interpretação de texto. Ou seja, o aluno deve se submeter a definições analíticas e críticas de um adulto, hierarquizando o processo de aprendizagem, o que consequentemente diminui o interesse do aluno pela arte. Diversos estudos já demonstraram que educar pela arte pode ser um meio eficaz de aprendizagem, porém no caso de sua má utilização pode até mesmo constituir-se em grave empecilho, já que poderá criar resistência nos alunos. Infelizmente, na maioria das escolas, o hábito da leitura não é visto associado ao prazer e a necessidade de se implementar um programa de incentivo à literatura nas escolas, é a de resgatar esse vínculo para que o aluno e o professor possam aproveitar os ganhos de uma relação mais positiva com a literatura. A realidade das escolas é a de alunos desinteressados pelas histórias e resistentes ao processo de escrita. Uma das principais conquistas sinalizadas através de gráficos e dos professores atendidos é o de que os alunos passam a ter outra relação com a escrita. Devido a ampliação de conhecimentos através dos livros, as crianças produzem um maior volume de textos escritos. Até os que primeiramente se recusam a escrever, passam, num segundo momento, a fazer desse ato um momento de diversão e diálogo com o professor e com o mediador. A leitura possibilita a aquisição da maior parte dos conhecimentos acumulados pela humanidade. Mas o brasileiro lê pouco. Embora a produção de livros venha aumentando, apenas um em cada cinco brasileiros tem o hábito de ler o que também é dificultado pelo elevado custo do livro. Por razões econômicas e sociais, muitos brasileiros têm contato com a leitura apenas na escola. É lá que crianças e jovens podem ser conquistados para o livro, se seus primeiros contatos com a leitura forem interessantes e agradáveis. Mas nem sempre as escolas trabalham bem a leitura. A formação inicial precária de boa parte do corpo docente das escolas públicas, aliada à falta de investimentos na formação continuada dos educadores, não permite efetivar um ensino de boa qualidade. Decorre daí que a leitura e a escrita deficientes têm-se constituído no resultado mais visível desse fracasso da escola. Embora
15 exista hoje um movimento do poder público no sentido de equipar as escolas com acervos, é bom lembrar que, para incentivar o gosto pela leitura e formar leitores. No entanto, não basta colocar as pessoas em contato com materiais escritos. É preciso incentivá-las, ajudá-las a compreender textos complexos, o que pode ser feito comentando textos, fazendo perguntas, lendo junto, trazendo informações sobre autores e temas, ajudando a descobrir o significado de palavras etc. Na escola, isso é feito pelo professor, mas, em outros contextos, esse estímulo pode ser propiciado por um adulto leitor, um orientador de leitura. Não é difícil imaginar a importância da ação desses colaboradores para o incentivo à leitura. Objetivos Objetivo Geral Fomentar uma cultura de valorização da leitura na escola e na comunidade, desenvolvendo nos alunos de 4º ciclo do ensino fundamental e na comunidade em geral o gosto pela leitura e sua competência como leitores, por meio de atividades diversificadas. Objetivo(s) Específico(s) Contribuir com o aumento do desempenho dos professores em sala de aula. Contribuir com a diminuição da evasão e da repetência, bem como do rendimento dos alunos. Contribuir com a ampliação do repertório leitor do aluno. Promover a interação entre as atividades do programa com os pais dos alunos e com o professor. Incrementar a participação de parceiros locais e nacionais com as atividades de leitura dos alunos.
16 Revisão de literatura A escola tem por responsabilidade proporcionar aos seus alunos condições para que estes tenham acesso ao conhecimento. Nesse ciclo de criação e recriação do conhecimento, próprio da vida escolar, a leitura ocupa, sem dúvida alguma, um lugar de grande destaque. Se é relativamente fácil constatar a presença de leitura na escola, torna-se um pouco mais difícil discutir as condições concretas de produção de leitura. A relevância e a necessidade do ato de ler para professores e alunos são irrefutáveis, porém, é necessário analisar criticamente as condições existentes e as formas pelas quais esse ato é conduzido no contexto escolar. O discurso e o bom senso mostram que a leitura é importante no processo de escolarização das pessoas, porém, os recursos reais para a prática da leitura na escola podem, entretanto, contrapor-se àquele discurso. Assim, a dimensão quantitativa (mais ou menos leitura) e a dimensão qualitativa (boa ou má leitura) do processo, dependem das condições escolares concretas para a sua produção. O caráter livresco do ensino e as formas autoritárias através dos quais os livros são apresentados em sala de aula, tendem a contribuir com a docilização dos estudantes, gerando a falsa crença de que tudo que está escrito ou impresso é necessariamente verdadeiro. Os processos de memorização do conteúdo (textos, apostilas ou livros apostilados) impedem que o leitor se torne sujeito do trabalho que executa. Freire (1985) chama isto de "educação bancária" o professor passa para o aluno um conjunto de informações apenas para encher a cabeça do aluno. Daí a passividade, o amortecimento da crítica e da criatividade, o consumo mecânico e não significativo das idéias propostas nos textos, etc. A leitura de textos, tomada como fins em si mesmos, em função da mistificação daquilo que está escrito, gera uma outra consequência nefasta para a
17 formação do leitor. Se um texto, quando trabalhado não proporcionar um salto de qualidade no leitor para a sua visão de mundo, tanto no aspecto social, quanto no cotidiano do leitor, a leitura perde a sua validade. Na leitura onde não existe compreensão de idéias, será melhor uma mera reprodução de palavras ou trechos veiculados pelo autor do texto. Infelizmente, esse tipo de leitura é uma constante nas escolas brasileiras de primeiro e segundo graus e até mesmo no terceiro grau. Muitas vezes, a estruturação de um trabalho escrito aparece repleto de outros autores, permanecendo no nível de mera edição ou colagem, conforme fulano, segundo sicrano, a voz do estudante não soa dentro do trabalho que ele próprio produziu. Tal problema não ocorre ao acaso e nem por culpa total dos estudantes, é uma decorrência da não integração curricular entre as diferentes disciplinas ofertadas pela escola. Sem dúvida, a busca do conhecimento pode e deve ser mediada pela leitura de determinados textos, porém, o ato pedagógico vai exigir muito mais do que isto. A formação e manutenção de bibliotecas escolares ainda não se transformou em preocupação política na realidade educacional. Além disso, são poucos os professores que visitam a biblioteca para conhecer os seus recursos e tentar um trabalho integrado com os bibliotecários. Essa prática seria um meio de colaborar com os alunos para a investigação de determinados assuntos. O caráter propedêutico do ensino brasileiro conjugado ao fenômeno da transferência de responsabilidade (repasse da aprendizagem real dos alunos para a série seguinte ou grau) constituem o cerne daquelas expectativas, fazendo com o que o professor de uma determinada série pressuponha a existência de habilidades pré-adquiridas pela turma em séries anteriores. Muitas das reclamações dos professores, do aluno que chega às suas mãos sem pré-requisitos, são frutos de radical apego ao programa pré-estabelecido. O aluno tem que seguir em frente apesar das dificuldades encontradas.
18 Os alunos, numa situação de desespero, principalmente por sentirem-se incapazes de realizarem as tarefas propostas, desmotivam-se, aparecendo como resultado a repetência e a evasão escolar. Surge também o "pacto da mentira": os alunos fingem que leram e compreenderam os textos e os professores fingem que acreditam. Daí a importância de eliminar os "ledores" e formar os "leitores", tão necessários a nossa sociedade brasileira. Mostrar o valor da leitura aos educandos não é uma tarefa difícil, pois esse processo, bem estruturado, com supervisores e/ou bibliotecários, significa uma possibilidade de repensar o real pela compreensão mais profunda dos aspectos que o compõem. No ensino, não basta discutir ou teorizar o valor da leitura. É preciso construir e levar a prática que a leitura venha a ser cada vez mais sedimentada na vida do educando. Ler é um ato libertador. Quanto maior vontade consciente de liberdade, maior terá que ser o índice de leitura. O professor brasileiro, dado a sua condição de oprimido, também é carente de leitura. O número excessivo de aulas bloqueia os momentos para leitura. Além disso, o salário não é suficiente para comprar livros e enriquecer o seu intelecto. Um dos efeitos da leitura é o aprimoramento da linguagem, da expressão, tanto individual como coletivamente. Uma sociedade que sabe se expressar, sabe dizer o que quer, é menos manobrável. No plano familiar, verifica-se a influência de uma estrutura social onde impera o utilitarismo, o consumismo e a alienação. A troca social de informações é preenchida com o uso de televisão, vitrine de moda e conceitos de filmes. A crise do livro e da leitura no Brasil é uma característica normal dentro da classe trabalhadora. Essa disfunção na área de leitura, em verdade cumpre uma função muito clara, a de bloquear o crescimento e a emancipação do povo.
19 A reflexão a respeito disto fica a nível de que como instrumento facilitador do desencadeamento do habito de leitura, a biblioteca brasileira, de modo geral, carece de estruturação para assumir tal responsabilidade. O desenvolvimento das novas tecnologias, nas últimas décadas, vem afetando todos os setores da atividade humana, proporcionando maior agilidade de comunicação, reduzindo esforços nas rotinas diárias e ampliando as possibilidades de acesso à informação em todo mundo. O gosto literário da criança pode ser estimulado introduzindo o livro, desde cedo, nas suas brincadeiras. Quando a criança ainda não lê, é bom que alguém lhe conte histórias. Poderá ser o primeiro passo para que mais tarde a criança tenha o gosto pela leitura. (Silveira 1996) Silveira (1996, p. 11) diz que "a seleção de histórias para serem oferecidas na Hora do Conto segue alguns critérios que são básicos. A estrutura da narrativa é bom que seja linear. Desaconselham-se as efabulações, comuns na ficção moderna. O conto foi feito para interessar de modo progressivo. A ação deve ser ininterrupta e crescente para desenvolver com presteza e terminar com um final efetivo". Os contos de fada dirigem a criança para a descoberta de sua própria identidade e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Eles alimentam a imaginação e estimulam as fantasias, pois nem todos os nossos desejos podem ser satisfeitos através da realidade. Daí a importância da fantasia como recurso adaptativo. Na seleção de histórias para serem oferecidas na hora do conto, é importante incluir contos de fadas". (Silveira, 1996, p. 12) A leitura não só desperta na criança o gosto pelos bons livros e pelo hábito de ler como, também, contribui para despertar a valorização exata das coisas, desenvolver suas potencialidades, estimular sua curiosidade, inquietar-se por tudo que é novo, ampliar seus horizontes e progredir. A biblioteca infantil ou escolar deveria ter como uma atividade de rotina ler
20 histórias para crianças. Conforme Silveira (1996) é importante existir a cumplicidade entre a criança e o contador de histórias, do ponto de vista afetivo, porque a ilustração e o texto ajudam o acesso ao mundo dos adultos. A técnica da narrativa é defendida por alguns autores. Para que esta tarefa tenha êxito é necessário um preparo prévio da pessoa que vai ministrá-la. O contato da criança com o livro necessita ser compartilhado com alguém que o aprecie. Ao encarregado desta tarefa sugere-se levar em conta alguns princípios elementares requeridos, como: extensão da narrativa (de acordo com a idade das crianças), suspense; inflexão da voz; linguagem a ser usada; gestos; atenção dos ouvintes, escolha do tema; lugar da reunião e demais recursos para conseguir o clima adequado. Silveira (1996) afirma que: Ajudando a criança a compreender seus próprios problemas, estimulando a imaginação, promovendo o desenvolvimento linguístico, suscitando o gosto pelas boas leituras e recreando, o bibliotecário escolar centra seu trabalho num aspecto essencialmente educativo, cumprindo uma função de importância relevante, a busca do leitor, pois é a biblioteca que muitas vezes deve ir ao encontro dele. Acreditando na importância da leitura, o estímulo através da concretização do hábito de leitura na formação das crianças espera-se contribuir com atividades desenvolvidas nas Bibliotecas Escolares. Metodologia Propor aos alunos atividades que despertem o interesse e o gosto pela leitura através do uso de textos diversificados, histórias em quadrinhos, poesias, teatros, atividades com fantoches, roda de conversa, dramatizações, hora da leitura, reprodução oral e escrita etc.
21 Criar condições para o uso eficaz da linguagem relacionada às ações efetivas do cotidiano. Desenvolvendo o hábito da leitura, favoreceremos a reflexão crítica e imaginativa e despertaremos o interesse formando alunos leitores. Formar voluntários da comunidade para que: usufruam as atividades do Projeto; desenvolvam rodas de leitura e outras atividades do Projeto com grupos formados por integrantes da própria comunidade. Formar membros da equipe técnica, para que: desenvolvam e/ou usufruam as atividades dos grupos de leitura; compreendam as propostas que os professores irão desenvolver e possam apoiá-los no trabalho docente; acompanhem o trabalho dos professores e a aprendizagem dos alunos; ajudem a organizar as rodas de leitura e demais atividades do Projeto, fazendo as intervenções necessárias à implementação da proposta. As atividades de formação dos voluntários e dos membros da equipe técnica das escolas serão realizadas em sete oficinas de capacitação, com 4 horas de duração cada uma, distribuídas em intervalos regulares ao longo do ano. Em 2007 haverá uma por mês, no período de maio a dezembro. Nas oficinas são desenvolvidas atividades de leitura de diferentes gêneros discursivos, seguidas de reflexão, debate e estudo. O material de apoio do Projeto, destinado aos educadores e voluntários, compõe-se um módulo com orientações teórico-metodológicas para o desenvolvimento das oficinas de leitura. O acompanhamento do Projeto realizar-se-á por meio de um conjunto de ações: visitas às escolas para observar atividades do Projeto com alunos e com a comunidade; entrevistas com gestores, orientadores das rodas e participantes; aplicação de instrumentos de coleta de dados; reuniões com gestores da Secretaria de Educação. Recursos humanos e materiais Módulo com o conteúdo. Livros diversificados de literatura infanto-juvenil. Retro-projetor. Quadro e giz. Alunos de 4º ciclo do ensino fundamental
22 Professores de 4º ciclo do ensino fundamental Equipe técnica e gestores da escola Pais de alunos e outras pessoas da comunidade Cronograma Mês Janeiro Atividades para desenvolver 1- Apresentar o Programa Secretaria Municipal de Educação. 2 Selecionar as escolas que irão participar do programa. 3 Apresentar o Programa à diretoria e coordenação da escola a ser atendida. 4 Fechar parceria com a escola. Fevereiro 5 Conseguir doações de livros para o projeto. 6 Definir as séries e turmas. 7 - Mobilizar os professores Março 8 Capacitar os professores, os voluntários e a equipe técnica. Abril 9 Aplicar as oficinas literárias durante o horário de aula para que os professores possam aprender novas técnicas de leitura. Maio 10- Iniciar a avaliação mensal dos alunos Registrar diariamente todas as oficinas literárias realizadas Julho 12 - Produzir relatório de Atividades para Avaliação. Agosto 13 Entregar um livro para que cada professor crie individualmente uma oficina literária Observar os professores durante suas aulas. 15 Fazer com que os professores apliquem as oficinas
23 literárias Observar a aplicação das oficinas. Setembro 17 - Estimular a criação de novas técnicas da prática da literatura fornecendo material para os professores Outubro 18 - Estimular os professores a desenvolver atividades lúdicas em horários além daqueles destinados ao programa de leitura. Novembro Dezembro Produção de relatório final Produção de relatório final Resultados Esperados Formar professores leitores multiplicadores. Melhorar o desempenho dos professores em sala de aula. Contribuir com o aumento do rendimento dos alunos. Contribuir com a diminuição da evasão e da repetência escolar. Contribuir com a ampliação do repertório leitor do aluno e do professor. Promover a interação entre as atividades do programa e os pais dos alunos. Incrementar a participação de parceiros locais e nacionais com a finalidade de sustentabilidade e disseminação do programa. Que os objetivos sejam alcançados. Espera-se que ao final deste ano, os alunos apresentem um rendimento superior em relação a outros anos, que gostem de ler e apliquem os conhecimentos adquiridos no cotidiano.
24 Referências ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, AGUIAR, Vera Teixeira de. Leituras para o primeiro grau: critérios de seleção e sugestões. In: ZILBERMAN, Regina (org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, p , (Série Novas Perspectivas). CHARTIER, Roger. A aventura do livro: de leitor ao navegador. São Paulo, Unesp, DIAZ BORDENAVE, Juan, PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensinoaprendizagem. 2. ed. Petrópolis: Vozes, FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 10 ed. São Paulo: Autores Associados Cortez, FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, LAJOLO, Marisa. Leitura em crise na escola, Porto Alegre: Mercado Aberto, MANGEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Cia das Letras, MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 16. ed. São Paulo: Brasiliense, (Série Primeiros Passos). RANGEL, Mary. Dinâmica de leitura para sala de aula. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1990 REYES, Antonio Basanta. Temas para debate. Espanha-Madri, SILVA, Ezequiel T. Leitura na escola e na biblioteca. Papirus, SILVA, Ezequiel T. Elementos de pedagogia da leitura, São Paulo: Martins Fontes, 1993.
25 SILVA, Ezequiel T. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez - Autores Associados, SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. São Paulo: Cortez, SILVEIRA, Itália Maria Falceta da. Ensinar a pensar: uma atividade da biblioteca escolar. R Bibliotecon. & Comun., Porto Alegre, v. 7, p. 9-30, jan./dez
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