Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves dâ1.ito de A. D. Ferreira
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1 AC no /002 Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves dâ1.ito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /002 -:S USA RELATORA: Desa Maria das Neves do Egito de KrD errei3 APELANTES: Maria da Penha Gomes Cordeiro e Antemi ordeiro da Silva ADVOGADO: Osmando Formiga Ney APELADA: A Justiça Pública PRELI I9AR. CERCEAMENTO DE DEFESA. IN OC RKENCIA. REJEIÇÃO. - Quando o feito estiver nutrido de prova essencial ao deslinde da causa, seja para abraçar o pedido exordial, seja para rejeitá-lo, a demanda pode ser julgada de forma antecipada, nos termos do art. 330, I, do CPC, não havendo que se falar em cerceamento dei defesa. PRELIMINAR: NULIDADE DA SENTENÇA ANTE A AUSÊNCIA DA MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO - PÚBLICO EM.1 GRAU. PRESCINDIBILIDADE DIANTE DA 'MATÉRIA EM. APREÇO E ANÁLISE PELO MESMO ÓRGÃO EM 2 GRAU. REJEIÇÃO. - Os apelantes, ao tentarem obter a adoção da menor, não obedeceram. a certos requisitos legais, notadamente atendimento à lista de inscritos, no que perene à ordem cronológica de espera, ferindo, por conseguinte, a Lei Federal no 8.069/90. Desse modo, seria desnecessária a intervenção do Ministério Público, haja vista existir óbice para deferir-se, de plano, a adoção buscada. Ademais, o Órgão Ministerial se pronunciou no 2 0 grau de jurisdição, suprindo a falha junto à Instância a quo.
2 AC no / Rejeição da - pre'limtinar qúe visa à anulaçãá - cla sentença por causa da ausênci de 11f -estação do Parquet: APELAÇÃO cívfr ADOÇÃO PLENA. INOBSERVÂNCIA D LISTA DE PRETENDENTES. COMPROVAÇÃO. INFRINGÊNCIA AOS ARTS. 45 E 50 DO ECA. DESPROVIMENTO. Restando demonstrado nos autos que a parte apelante' não atentou para certos requisitos legais, mormente a lista de espera de pretendentes para adoção, prevista nas Leis no 8.069/90 e no /2009, é mister negar provimento ao recurso que objetiva tal instituto. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDA a Colenda Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento à apelação. Trata-se de apelação cível interposta por MARIA DA PENHA GOMES CORDEIRO e ANTÔNIO CORDEIRO DA SILVA, já qualificados, contra sentença proferida pelo Juízo de Direito da' 2a Vara da Comarca de Sousa-PB, que, nos autos da ação de adoção plena, -por eles ajuizada, julgou extinta a demanda sem resolução do mérito./ sob o' argumento de' que não foram atendidos certos requisitos exigidos pelo ECA e pela Lei no /2009 para adotar a menor Maria Vitória Gomes Cordeiro (desobediência à' ordem cronológica de espera para adoção). Em sede de preliminar, os apelantes aduzem que existiu cerceamento de defesa, haja vista não lhes ter sido dada oportunidade de produção de prova para que o feito tivesse um deslinde voltado às suas pretensões. Ainda, em sede de, preliminar, os apelantes suscitaram a
3 AC no /002 nulidade da sentença, uma vez que, em se tratando de : in eresse de-ménor, é imprescindível a manifestação do Parquet na causa, o gile ao ocorreu junto à Instância a quo. Neste grau de jurisdição, com a dos autos, a Procuradoria de Justiça, no parecer de fls. 77/83, posicionou-se pela rejeição das preliminares e, no mérito, opinou pelo desprovimento do recurso. E o relatório. VOTO: Desa MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA Relatora DAS PRELIMINARES: 1. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não assiste razão aos apelantes, conforme veremos adiante. Os recorrentes alegam que existiu cerceamento de defesa, tendo em vista não lhes ter sido dada a oportunidade de produção de provas e outros consectários legais, de modo que a causa tivesse um deslinde regular, razão da necessidade de anulação da sentença. Tal argumento não prospera, pois, quando o feito estiver nutrido de prova essencial ao deslinde da causa, seja para abraçar o pedido exordial, seja para rejeitá-lo, a demanda pode ser julgada de forma antecipada, nos termos do art. 330, I, do CPC. E justamente o caso em testilha. Ao ajuizar a ação, os autores/apelantes anexaram à inicial toda a documentação que entendiam ser necessária para o bom e regular deslinde da causa. No entanto, a sentença atacada concebeu a desobediência dos autores a certos requisitos exigíveis por leis específicas, notadamente as Leis no 8.069/90 e n /2009, que regulam a adoção e outros interesses
4 AC no /002 4 referentes a menores. Portanto, se houvé infringência, pelos autores/apelantes, dessas normas, seria desnecessária a produção de oi latras provas, o que permite ao Magistrado julgar o feito de forma antecipada. Por tais argumentos, rejeito arprelimi 2. NULIDADE DA..EN74:ÇA POR AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PUE3LICQ.. Não merecem acolhida os argumentos dos apelantes. Ora, basta ser racional para concluir-se que, embora o feito verse acerca de interesse de incapaz, notadamente a pretensão adotiva, a intervenção do Ministério Público seria desnecessária, mormente quando verificada que houve irregularidade quanto ao procedimento de adoção tomado pelos autores, ficando o processo a arrastar-se sem qualquer necessidade. Assim, é desnecessária a intervenção do Ministério Público em ação de adoção, antes da prolação da. sentença, quando o feito encontrase com vicio insanável. É que de nada adiantaria o Parquet se manifestar, levando-se em consideração a formação do convencimento da Magistrada naquele momento processual. Além disso, caso o Ministério Público não tenha emitido parecer de mérito em 1 grau, segundo a jurisprudência pátria, quando da interposição de recurso, em 2 grau, poderá o Órgão Ministerial manifestar-se, o que aconteceu justamente no caso em exame, suprindo-se, portanto, a suposta falha acontecida junto ao Juizo a quo.. Eis julgado nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. INTERESSE DE MENOR. MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - EM PRIMEIRO GRAU. INEXISTÊNCIA. POSTERIOR INTERVENÇÃO, EM SEGUNDO GRAU. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À PARTE. NULIDADE SANADA. PRECEDENTES. 1. Pacificou-se nesta Corte entendimento de que, em respeito ao princípio da
5 AC no /002 5 instrumentalidade das formas, con idera-s -anada a nulidade decorrente da falta ai'-rvenço, em primeiro grau, do Ministério P e posteriormente o Parquet intervém no fet em segundo grau de jurisdição, sem ocorrê de qualquer prejuízo à parte. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido. 1 Da leitura do decisuin vergastado, verifica-se, de forma inequívoca, que entendera existir irregularidade quanto à adoção da citada menor, ou seja, os autores/apelantes não atenderam aos critérios exigíveis pela legislação pátria. Assim, mesmo que o Ministério Público se pronunciasse, com certeza apontaria o mesmo defeito encontrado pela Magistrada sentenciante, sendo, pois, prescindível sua manifestação, in casu. Por tais motivos, rejeito também essa preliminar. No mérito, também não comungo com os termos do apelo, conforme veremos adiante. Pois bem. A pretensão exposta na exordial e ratificada na apelação é a adoção plena da menor Maria Vitória Gomes Cordeiro, uma vez que, segundo relatam os autores, a mãe biológica lhes entregou a criança desde seus primeiros dias de vida, alegandci não ter condições de criá-la, e que seu atual companheiro não residiria com ela se a menina permanecesse sob seu poder. Quando do ajuizamento da ação, os autores/apelantes anexaram uma declaração da mãe biológica da menor, em que afirmava que nada tinha contra a adoção buscada, conforme se verifica às fls. 11. Porém o interesse da menor e seu bem-estar encontra-se acima da vontade das partes, pois é regido por leis específicas, não podendo ficar à mercê de interesse de terceiros, até mesmo dos pais biológicos. afirmou que: Quando 'ouvida em juízo (fis. 16), a genitora da menor 1 Si) AgRg no Resp /RO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura. Sexta Turma. Julgado em 18/09/2008, Die 06/10/2008.
6 AC no /002 Estava ainda no hospital qua e levaram um documento para que assinas e nem sabia direito do que se tratava porque ain a estava sob o efeito do parto. Pois bem. Partindo dessa declaração, facilmente verificamos que o pedido de adoção plena ajuizado pelos autores já começou de forma errada, tendo em vista anexarem aos autós um documento que, em tese, não tem idoneidade nenhuma. Ademais, criança não é um 'objeto ou mercadoria para ser entregue de forma espontânea, atropelando certos requisitos legais - o que aconteceu no caso em testilha. É cediço que as medidas de Colocação em família substituta - através de guarda, tutela e adoçãci - são situações extremas e rigorosas que, por isso, exigem a demonstração cabal das circunstâncias que as justifiquem. Sem dúvidas, são atitudes que devem ser precedidas de uma análise criteriosa dos fàtos, exigindo rigor do Julgador, atenção e zelo na condução do processo e na observância das cautelas legais. Nesse contexto, para corroborar o acima exposto, cito os artigos 45 e 50 da Lei no 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente, In verbis: Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. Art. 50. 'A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, uml registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. 1 0 O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. Os apelantes juntaram acis autos a declaração de fls. 11, em. que a mãe biológica da criança expressamente consentiu a sua adoção. Mas não demonstraram estar inscritos no cadastro judicial de pretendentes à
7 AC n adoção, na forma das Leis no 8.069/90 e no /2009 extinção do feito, como bem salientado pela Magistrada apl. e enseja a Segundo as regras mencionadas, citado cadastro tem como objetivo conferir idoneidade ao procedimento de adoção e, ao mesmo tempo, dispensar tratamento isonômico aos seus interessados, que aguardam anos na fila de espera, atendendo os critérios pertinentes, dando preferência à lista de espera, o que, In casu, não foi observado. O próprio Conselho Tutelar, no âmbito de sua fiscalização aos interesses da menor, alertou sua mãe biológica, como também os pretendentes à adoção quanto aos ditames legais e'a forma para concretizar-se a adoção de forma voltada às normas mencionadas. No entanto, ignoraram as advertências feitas, tendo a genitora simplesmente realizado a entrega da criança como um objeto, o que é inconcebível. O critério estabelecido por leis visa, principalmente, à preservação dos melhores interesses dc; menor, pois.o deferimento da inscrição é precedido por um processo de habilitação conduzido pelo Juízo de Direito e pelo Ministério Público, o que inclui a entrega de documentos e a realização de entrevistas com psicólogos e assistentes Sociais. Com isso, busca-se o cadastramento daqueles que revelem compatibilidade com a medida, ou seja, que possam propiciar ao adotando um ambiente familiar equilibrado, que lhe permita crescer física, emocional e intelectualmente. In casu como já dito, a mãe biológica entregou espontaneamente sua filha, desde o seu nascimento, aos cuidados dos recorrentes, sem atentar para as normas específicas de adoção. A partir daquele momento estabeleceu-se, entre a mãe que pretende adotar e a criança, um forte laço de afetividade - próprio da relação maternal, que existe, sim, a despeito da tenra idade da adotanda. No entanto, embora haja dito laço sentimental, não significa que exista a possibilidade de agredir a lei, agindo as partes ao seu bel-prazer, exercendo o extinto direito da autotutela. Nesse sentido.decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do
8 AC no /002 8 Sul, ia verbís: Ementa: APELAÇÃO CI A. PEDIDO DE ADOÇÃO. REQUERENTES O HABILITADOS. ADOÇÃO DIRIGIDA, O desatendimento à ordem da lista de espera para adoção somente é admissivel em casos excepcionais, em que evidenciada ampla e duradoura relação de afetividade entre o menor e o pretenso adotante, situação não retratada nos autos. REJEITARAM A PRELIMINAR E DESPROVERAM Á APELAÇÃO.' Em consonância com tal entendimento, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná tem sistematicamente rechaçado as adoções sem observância do cadastro, nas situações em que não há circunstâncias excepcionais que autorizem a relativização do critério objetivo. Vejamos: Agravo de instrumento. Adoção. Registro de pessoas interessadas. Deferimento da adoção segundo a ordem de inscrição. Admissibilidade. Inteligência do artigo 50 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Recurso desprovido.' Recurso de apelação. ECA. Adoção. Indeferimento. Admissibilidade. Interessados que não encontravam no topo da respectiva lista de cadastro. Inteligência do artigo 50 do' Estatuto. Recurso desprovido. 4 Por tais argumentos; 'rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao - apelo, mantendo, à risca, a sentença vergastada, por seus próprios fundamentos. É como voto. 2 Apelação Cível No , Sétima Câmara Civel Trit;únal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 11/03/2009. Publicado no Diário da Justiça: 20/03/ Agravo de instrumento no ; União da Vitória, Rel. Juiz 'Convocado Campos Marques, ac. N la Câm. Crim., j.15/03/01. 4 Recurso de apelação n , União da Vitória, Rei.:Juiz Convocado Campos Marques, ac. n a Câm. Crim., j. 15/03/01..
9 AC no /002 9 Presidiu a Sessão ESTA RELAT que participou do julgamento com a Revisora - a Excelentíssima Doutora MARIA DAS GRAÇAS MORAIS GUEDES (Juíza de Direito Convocada, em substituição à Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI) - e com o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Presente à Sessão o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO SAGRES MACEDO VIEIRA, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da'. Segqnda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Péssoa/PB, 22 de fevereiro de Desa MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA Relatora/ /
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