CONTINUAÇÃO - RECURSOS NO PROCESSO PENAL, Recurso no Sentido Estrito
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- Bruno Brezinski Caires
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1 CONTINUAÇÃO - RECURSOS NO PROCESSO PENAL, Recurso no Sentido Estrito Efeito suspensivo O RESE, como regra, não tem efeito suspensivo. Terá, apenas, quando a lei prever. O art. 584 do CPP 1 prevê 05 hipóteses em que o RESE tem efeito suspensivo: a. Contra a decisão que julgar perdida a fiança; b. Contra a decisão que concede livramento condicional; c. Contra a decisão que denega a apelação ou a julga deserta; d. Contra decisão que decide sobre a unificação de penas; e. Contra a decisão que converte a pena de multa em prisão (detenção ou prisão simples). Ocorre que, hoje, apenas duas dessas situações continuam a comportar o RESE e, portanto, com efeito suspensivo, que são a decisão que julga perdida a fiança e aquela que julga a apelação deserta ou a denega. Quanto às decisões concessivas de livramento condicional e sobre a unificação de penas, o recurso oponível passou a ser o Agravo em Execução. Quanto àquela pertinente à conversão da multa em prisão, o inciso XXIV, do art. 581, do CPP 2 (que a contempla), foi revogado pelo art. 51 do CP 3, pois esta conversão já não é mais possível. 1 Art Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do n o VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. 3 o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor. 2 Art Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: (...) XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. 3 Art Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º ) 1º - e 2º -(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º ) 1
2 Nas demais hipóteses que o RESE não comporta efeito suspensivo, se o requerente pretender conferir esse efeito, deverá impetrar MS, se presentes os requisitos deste. O RESE subirá ao Tribunal nos próprios autos ou por instrumento; subirá nos próprios autos apenas nas hipóteses do art. 583 do CPP 4. Subindo por instrumento, é na interposição que o recorrente deve indicar as peças. O escrivão terá 05 dias para extrair, conferir e consertar o instrumento. O recorrente, então, é intimado para as razões. Com elas, o recorrido é intimado para as contrarrazões, quando indicará as suas peças. Quanto à renúncia e desistência, deserção pela fuga e fungibilidade no RESE, observar acerca desses institutos, o anotado no recurso de apelação. Cabimento Esse recurso é previsto para as decisões enumeradas no art. 581 do CPP 5, sem prejuízo da previsão para outras decisões em leis marginais ou extravagantes. 4 Art Subirão nos próprios autos os recursos: I - quando interpostos de oficio; II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia. 5 Art Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº , de 2008) V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogála, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de ) VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; 2
3 Assim, além das hipóteses dos incisos I a XXIV do art. 581 do CPP, o RESE, por exemplo, é previsto na Lei n.º 1.508/51, art. 6º, único 6. Nem todas as decisões mencionadas no art. 581 do CPP comportam atualmente o RESE: a. Aquelas dos incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII, comportam hoje Agravo em Execução. Esses incisos foram revogados pela Lei de Execução Penal, portanto; b. O inciso XXIV encontra-se revogado pelo art. 51 do CP; c. O inciso IV foi modificado pela Lei n.º /08 que, na reforma do júri, para sentença de impronúncia, passou a prever o Recurso de Apelação (art. 416 da Lei 7 ). Antes, era previsto para a impronúncia o RESE; d. O inciso VI foi revogado pela Lei n.º /08 que, na reforma do júri, passou a prever o Recurso de Apelação para a decisão de absolvição sumária, que antes comportava o RESE. A enumeração do art. 581 do CPP é taxativa, e não exemplificativa. Sendo assim, não se admite a analogia para estender o RESE a outras decisões, ainda que semelhantes àquelas do art. 581 do CPP, na ausência de recurso específico para elas. Contudo, como pondera Mirabete, não se pode negar o RESE, por exemplo, para decisão que rejeita o aditamento à inicial (denúncia ou queixa) para inclusão de outra infração penal ou de corréu. No caso, a decisão é muito próxima daquela do art. 581, I, do CPP (rejeição da inicial), não tendo havido intenção do legislador, ainda que por omissão, excluir o aditamento à inicial. XVII - que decidir sobre a unificação de penas; XVIII - que decidir o incidente de falsidade; XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; XXII - que revogar a medida de segurança; XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; (...) 6 Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto.(redação da LEI Nº 6.416, DE 24 DE MAIO DE 1977) 1 - O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção. 2 - O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias. 7 Art Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação. (NR) 3
4 Determina o art. 581 do CPP que caberá o RESE da decisão, despacho ou sentença: Inciso I: Que não receber a denúncia ou a queixa Havendo a rejeição da inicial, o recurso previsto é o RESE, como regra. Há exceção: No JECrim, o recurso oponível é o da apelação. Se entende que, recebida a inicial parcialmente, dando o juiz definição jurídica diversa, o recurso oponível é o RESE. Ou o juiz recebe a inicial como foi oferecida, ou rejeita por inteiro, não cabendo recebimento parcial, este equivale à rejeição da inicial como um todo. É na sentença que o juiz tem o momento processual adequado para dar ao fato definição jurídica diversa (art. 383 do CPP 8 ). Também caberá o RESE contra a decisão que rejeita o aditamento à inicial, quando nesse aditamento houver acusação, assim sendo aquele aditamento que inclui outra infração penal ou corréu. Se não há acusação no aditamento, por exemplo, meras correções de texto, havendo a rejeição, não comportará o RESE. Rejeitava a inicial e interposto o RESE, após as razões, a pessoa a quem se imputa a prática do fato (denunciado ou querelado) deve ser intimada para as contrarrazões, seja porque o art. 5º, LV, da CF/88 9, assegura o contraditório e a ampla defesa aos acusados em geral; seja porque, na Lei n.º 9.099/95 (JECrim), prevê-se expressamente as contrarrazões ao recurso de Apelação pela rejeição da inicial, seja porque a Súmula 707, do STF 10, exige a manifestação da parte contrária. 8 Art O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº , de 2008). 1 o Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº , de 2008). 2 o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº , de 2008). 9 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (...) 10 Nulidade - Falta de Intimação do Denunciado para Oferecer Contra-Razões ao Recurso Interposto da Rejeição da Denúncia - Nomeação de Defensor Dativo 4
5 Para a decisão em contrário recebimento da inicial não cabe recurso algum. Porém, havendo constrangimento ilegal, fica assegurado o HC. Antes da revogação da Lei de Imprensa, esta constituía exceção: Para a rejeição da inicial previa a Apelação, e para o recebimento previa o RESE. Inciso II: Que concluir pela incompetência do juízo Trata-se da hipótese de o juiz declinar da competência de ofício ou em acolhimento a singelo requerimento da parte. Se o juiz julga procedente a exceção de incompetência, o recurso continua sendo RESE, porém, com fundamento no inciso III do art O juiz, no sumário de culpa (procedimento do júri), que desclassifica o crime doloso contra a vida para outro da competência do juízo singular, está se declarando incompetente, comportando a decisão o RESE com fundamento no inciso II. Como a questão da competência situa-se no terreno das nulidades, essa matéria pode ser objeto de preliminar do recurso de apelação. Vale lembrar, no entanto, que a incompetência relativa admite sanabilidade. Para a decisão em contrário aquela em que o juiz firma sua competência não há previsão de recurso específico, mas o HC poderá ser o remédio adequado. Inciso III: Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição Julgada procedente a exceção (litispendência, coisa julgada etc) caberá o RESE, mas, como ressalva o inciso III do art. 581, não é cabível o RESE se julgada procedente a exceção de suspeição. Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 5
6 Isso porque o juiz, declarando-se suspeito, afirma que não tem imparcialidade para julgar a causa, situação que não pode ser revertida pela pretensão da parte ou pelo Tribunal. Por isso mesmo não cabe ao juízo recipiente (aquele que receber os autos) suscitar conflito negativo de incompetência. Caberá ao mesmo, se for o caso, representar contra o colega que se declarou suspeito sem motivo, cabendo, neste caso, ao Tribunal a aplicação de medidas disciplinares e administrativas contra o juiz. Para decisão em contrário, que julga improcedente a exceção, não há recurso específico, sendo o HC o remédio indicado. Há, contudo, exceção: Na Justiça Militar, cabe recurso contra a decisão que julga improcedente a exceção. Inciso IV: Que pronunciar o réu O termo impronúncia foi retirado com a reforma do júri, conforme já dito. Inciso V: Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogála, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante Vide Prisão e Liberdade Provisória. Inciso VI: Revogado pela Lei n.º /08. Inciso VII: Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor Vide Fiança. Inciso VIII: Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade. 6
7 Inciso IX: Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva de punibilidade. Além do RESE, dependendo do caso concreto, poderá ser usada a via do HC. Inciso X: Que conceder ou negar a ordem de HC. No entanto, para a decisão concessiva de HC, além do RESE, é previsto o recurso obrigatório (art. 574, I, do CPP 11 ). Para a decisão que denega o HC, é previsto o RESE, mas pode o sucumbente, preferindo, impetrar outro HC, porque passa o juiz à condição de autoridade coatora. 11 Art Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: I - da sentença que conceder habeas corpus; II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art
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