AGRAVADO : Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda

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1 Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. Leandro dos Santos ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RELATOR : Desembargador LEANDRO DOS SANTOS AGRAVANTE : Ivanildo Pinto de Melo ADVOGADO : Francisco Clero Gomes Monteiro AGRAVADO : Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda ORIGEM : Juízo da 16ª Vara Cível da Capital JUIZ : Fábio Leandro de Alencar Cunha AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DIREITO DE RESPOSTA. ALEGAÇÃO DE EXECUÇÃO DE FORMA DIVERSA DA ESTIPULADA NO DISPOSITIVO DA SENTENÇA. EXTINÇÃO DO JORNAL EM QUE OCORREU O DANO MORAL. DIVULGAÇÃO DAS SENTENÇAS EM VEÍCULO ELETRÔNICO QUE SE DESTINE AO MESMO PÚBLICO DO ANTIGO JORNAL. CONCESSÃO DE PRAZO PARA CUMPRIMENTO PELO EXECUTADO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. A publicação das decisões em jornais de grande circulação, embora de alcance mais amplo, não tem o mesmo impacto que a divulgação em periódico da própria ASSEFAZ, uma vez que suas publicações estão direcionadas ao público que, à época dos fatos, recebeu as informações inverídicas que macularam a imagem do Agravante. Não se pode ignorar que o direito de resposta deve ser, tanto quanto possível, proporcional ao agravo suportado pelo ofendido, atendendo assim, ao princípio da razoabilidade. Diante da situação atípica de extinção do veículo no qual ocorreu o dano moral e a consequente controvérsia sobre como se daria o cumprimento da sentença, entendo que a solução mais razoável é a concessão do prazo de 15 (quinze) dias Num Pág. 1

2 para cumprimento da decisão transitada em julgado, mediante a publicação das decisões judiciais no site: antes do início da incidência das astreintes. Saliente-se que as astreintes tem finalidade cominatória, não podendo a parte preferir o pagamento desta ao cumprimento da obrigação de fazer determinada na sentença, sob pena de desvirtuar-se a natureza da multa. VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados. ACORDA a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, PROVER PARCIALMENTE o Agravo de Instrumento, nos termos do voto do Relator. RELATÓRIO Cuida-se de Agravo de Instrumento com pedido de atribuição de efeito suspensivo interposto por Ivanildo Pinto de Melo inconformado com a decisão interlocutória proferida pelo Juiz da 16ª Vara Cível da Capital na fase de cumprimento de sentença da Ação de Indenização por Dano Moral proposta pelo Agravante na qual figura como executada a Fundação ASSEFAZ. O Agravante narra que, em 05/04/2011 foi proferida a sentença, cuja parte dispositiva determinou à Agravada: a) publicar cópia integral da sentença no Informativo ASSEFATOS ou que já tenha outra denominação, no exemplar imediatamente posterior ao trânsito em julgado da sentença e b) remeter cópia das sentença para os órgãos e entidades que oficiou comunicando a falsa acusação de ter o autor desviado dinheiro da Fundação. Ressaltando-se que, em caso de desobediência, incidiria multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos reais), até o montante de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Relata, ainda, que em 11/10/2012, o Tribunal de Justiça reformou a sentença para ampliar o direito de resposta nos moldes requeridos na exordial e na apelação cível, com a inclusão de divulgação, pelos mesmos meios, da sentença exarada no processo nº e no acórdão superveniente. Afirma que, após o trânsito em julgado do Acórdão, requereu o seu cumprimento. Contudo, em 22/01/2014 (último dia do prazo para cumprimento do julgado ou manejo de eventual recurso), a Agravada juntou a petição de fls. 835/837, requerendo o arquivamento e baixa do feito, alegando que dera cumprimento à condenação judicial imposta nos autos. Num Pág. 2

3 Em seguida, o Agravante menciona que demonstrou o descumprimento do Acórdão e requereu o pagamento da multa fixada no montante de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Todavia, instada a se pronunciar, a Agravada arguiu a impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer, sob o argumento de que o Jornal ASSEFATOS não mais existia, não havendo qualquer outro de circulação entre os associados e, quanto ao envio das decisões aos órgãos e entidades aos quais oficiou, a Executada pediu vista dos autos. Continuando, o Recorrente afirma que, por meio da petição de fls. 858/861, demonstrou ao Juízo a quo que o informativo ASSEFATOS fora substituído por outro equivalente, ou seja, a página da Internet que expede diariamente informativos eletrônicos na forma de últimas notícias para os seus Associados e que as referidas decisões judiciais sequer tinham sido remetidas aos órgãos e entidades, mesmo tendo havido vista dos autos, razão pela qual reiterou o pedido de pagamento imediato da multa fixada no título executivo, no montante de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Contudo, o magistrado a quo teria proferido decisão determinando que a executada, no prazo de 10 (dez) dias, publique, em pelo menos dois jornais de grande circulação do Estado cópia da sentença condenatória e ainda as decisões mencionadas no Acórdão, sob pena de incidência da multa prevista na sentença condenatória, no montante de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Irresignado, o Agravante alega que a decisão afronta o Acórdão desta Corte, porque embora o jornal não exista fisicamente, existe eletronicamente no sítio eletrônico Além disso, a Agravada não teria cumprido a decisão judicial no que tange à informação e remessa de cópia da sentença para os órgãos e entidades que oficiou comunicando à falsa acusação. Por essa razão, sustenta que a multa já deveria ser aplicada. Pleiteia, assim, a atribuição de efeito suspensivo ao Recurso, para suspender imediatamente a decisão Agravada, e, ao final, o provimento do Agravo para anulá-la, determinando-se o pagamento da multa no valor de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Liminar indeferida por ausência do periculum in mora (ID ). O Juiz a quo prestou informações (ID ). O Agravado não apresentou Contrarrazões (ID pág. 2). A Procuradoria Geral de Justiça não ofertou parecer de mérito (ID ). Num Pág. 3

4 É o relatório. VOTO O inconformismo do Agravante cinge-se ao cumprimento da execução, que, segundo ele, não está obedecendo ao comando da sentença. pág. 07): Extrai-se do dispositivo da sentença obtida pelo Agravante exequente (ID Ante ao exposto e atento a tudo o mais que dos autos constam e princípios de direito aplicáveis à espécie JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL, À IMAGEM E MATERIAL COM PEDIDO DE DIREITO DE RESPOSTA ajuizada por IVANILDO PINTO DE MELO contra FUNDAÇÃO ASSISTENCIAL DOS SERVIDORES DO MINISTÉRIO DA FAZENDA ASSEFAZ/GERENCIA/PARAÍBA, todos qualificados nestes autos, condenando a promovida no pagamento da quantia de R$25.000,00 a título de danos morais, em favor do autor, incidindo correção monetária a partir desta data e juros moratórios de 1% a.m., a partir da data do envio ao autor da cobrança indevida do débito de R$33.067,26, ou seja, , observando-se os índices oficiais aplicados pela Justiça. Em face do julgamento parcial da ação, condeno as partes reciprocamente nas custas e em honorários, ora fixados no percentual de 10% sobre o valor da condenação, que ficam compensados (art.21/cpc), aplicando ao autor as condições do artigo 12 da Lei 1.060/50, no tocante às custas. Transitada em julgado esta decisão, fica obrigada a promovida a publicar cópia integral desta sentença no informativo ASSEFATOS ou que já tenha outra denominação, no exemplar imediatamente posterior ao trânsito em julgado da sentença e remeter cópia desta sentença para os órgãos e entidades que oficiou comunicando a falsa acusação de ter o autor desviado dinheiro da Fundação. Ressaltando-se que em caso de desobediência, fixo multa diária no valor de R$500,00, até o montante de R$ ,00. P. R.I. A referida sentença foi mantida e ampliada pelo Tribunal, conforme Acórdão acostado aos autos (ID pág. 13), que posteriormente, transitou em julgado. Num Pág. 4

5 Na fase de cumprimento da sentença, o Juiz a quo, diante da informação de que o Informativo ASSEFATOS não existe mais, determinou a divulgação das decisões judiciais por meio de dois jornais de grande circulação na cidade, não concordando o Agravante com esta decisão. Pois bem. A publicação das decisões em jornais de grande circulação, embora de alcance mais amplo, não tem o mesmo impacto que a divulgação em periódico da própria ASSEFAZ, uma vez que suas publicações estão direcionadas ao público que, à época dos fatos, recebeu as informações inverídicas que macularam a imagem do Agravante. Não se pode ignorar que o direito de resposta deve ser, tanto quanto possível, proporcional ao agravo suportado pelo ofendido, atendendo assim, ao princípio da razoabilidade. Desse modo, revela-se mais eficaz à reparação do dano que a Assefaz publique as decisões judiciais através da Revista eletrônica veiculada no site: como defende o Exequente/Agravante. Diante da situação atípica de extinção do veículo no qual ocorreu o dano moral e a consequente controvérsia sobre como se daria o cumprimento da sentença, entendo que a solução mais razoável é a concessão do prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento da decisão transitada em julgado, mediante a publicação das decisões judiciais no site: antes do início da incidência das astreintes. Saliente-se que as astreintes tem finalidade cominatória, não podendo a parte preferir o pagamento desta ao cumprimento da obrigação de fazer determinada na sentença, sob pena de desvirtuar-se a natureza da multa. Ante o exposto, PROVEJO PARCIALMENTE O AGRAVO DE INSTRUMENTO, para que o Juiz a quo determine ao executado que publique as decisões judiciais através da Revista eletrônica veiculada no site: no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, sob pena de incidência das astreintes. É o voto. Num Pág. 5

6 Presidiu a sessão o Excelentíssimo Desembargador Leandro dos Santos. Participaram do julgamento, além do relator, Excelentíssimo Senhor DesembargadorLeandro dos Santos, Excelentíssima Desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti, Excelentíssimo Senhor Desembargador José Ricardo Porto. Presente à sessão a douta representante do Ministério Público, Dra. Janete Maria Ismael da Costa Macedo. Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Primeira Câmara Cível Desembargador Mário Moacyr Porto do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 02 de fevereiro de Desembargador LEANDRO DOS SANTOS Relator Num Pág. 6

7 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RELATOR : Desembargador LEANDRO DOS SANTOS AGRAVANTE : Ivanildo Pinto de Melo ADVOGADO : Francisco Clero Gomes Monteiro AGRAVADO : Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda ORIGEM : Juízo da 16ª Vara Cível da Capital JUIZ : Fábio Leandro de Alencar Cunha AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DIREITO DE RESPOSTA. ALEGAÇÃO DE EXECUÇÃO DE FORMA DIVERSA DA ESTIPULADA NO DISPOSITIVO DA SENTENÇA. EXTINÇÃO DO JORNAL EM QUE OCORREU O DANO MORAL. DIVULGAÇÃO DAS SENTENÇAS EM VEÍCULO ELETRÔNICO QUE SE DESTINE AO MESMO PÚBLICO DO ANTIGO JORNAL. CONCESSÃO DE PRAZO PARA CUMPRIMENTO PELO EXECUTADO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. A publicação das decisões em jornais de grande circulação, embora de alcance mais amplo, não tem o mesmo impacto que a divulgação em periódico da própria ASSEFAZ, uma vez que suas publicações estão direcionadas ao público que, à época dos fatos, recebeu as informações inverídicas que macularam a imagem do Agravante. Não se pode ignorar que o direito de resposta deve ser, tanto quanto possível, proporcional ao agravo suportado pelo ofendido, atendendo assim, ao princípio da razoabilidade. Diante da situação atípica de extinção do veículo no qual ocorreu o dano moral e a consequente controvérsia sobre como se daria o cumprimento da sentença, entendo que a solução mais razoável é a concessão do prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento da decisão transitada em julgado, mediante a publicação das decisões judiciais no site: antes do início da incidência das astreintes. Saliente-se que as astreintes tem finalidade cominatória, não podendo a parte preferir o pagamento desta ao cumprimento da obrigação de fazer determinada na sentença, sob pena de desvirtuar-se a natureza da multa. VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados. Número do documento: Num Pág. 1

8 ACORDA a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, PROVER PARCIALMENTE o Agravo de Instrumento, nos termos do voto do Relator. Número do documento: Num Pág. 2