psicologia e maturidade na vida consagrada

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1 psicologia e maturidade na vida consagrada

2 Coleção Vida Consagrada Viver em comunidade para a missão Um chamado à Vida Religiosa Consagrada, José Lisboa Moreira de Oliveira Por que monges vivem mais A sabedoria dos mosteiros para corpo, alma e espírito, Manfred Böhm Psicologia e maturidade na vida consagrada, Eugenio Fizzotti

3 psicologia e maturidade na vida consagrada eugenio fizzotti

4 Título original: Psicologia e maturità nella vita consacrata Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano ISBN Tradução: Pe. José Bortolini Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Revisão: Manoel Gomes da Silva Filho Cícera G. S. Martins Diagramação: Ana Lúcia Perfoncio Capa: Marcelo Campanhã Impressão e acabamento: PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fizzotti, Eugenio Psicologia e maturidade na vida consagrada / Eugenio Fizzotti; [tradução José Bortolini]. São Paulo: Paulus, (Coleção vida consagrada) Título original: Psicologia e maturità nella vita consacrata. ISBN Vida monástica e religiosa - Psicologia I. Título. II. Série CDD Índices para catálogo sistemático: 1. Vida religiosa consagrada: Cristianismo ª edição, 2014 PAULUS 2014 Rua Francisco Cruz, São Paulo (Brasil) Fax (11) Tel. (11) editorial@paulus.com.br ISBN

5 Psicologia e maturidade na vida consagrada Prefácio O enfoque específico da orientação psicológica existencial de Viktor E. Frankl, extraordinário psiquiatra vienense e fundador da Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, conhecida no mundo inteiro como Logoterapia e análise existencial, concentrada na busca de sentido da vida e no empenho, graças à força de resistência do espírito, a tomar posição diante dos fatores que podem favorecer o surgimento do vazio existencial, caracteriza de modo claro e bem qualificado este texto de Eugenio Fizzotti, o único aluno italiano de Frankl na Policlínica de Viena, e um dos seus mais estimados representantes em nível mundial. A vasta literatura da qual Eugenio Fizzotti é autor e organizador de traduções em italiano evidencia que o enfoque humanista-existencial de Viktor E. Frankl é com certeza o mais adequado para compreender e ajudar a pessoa que põe no centro da sua experiência a atitude religiosa, sem limitá-la a comportamentos externos, a processos cognitivo-emotivos e a condicionamentos culturais e sociais, mas enfatizando a autoridade e a significância da autotranscendência, que evidencia a centralidade da abertura para o mundo dos outros e à qual é preciso dar, com forte responsabilidade, respostas plenamente significativas. Considerando que um dos méritos desse volume de Eugenio Fizzotti é atualizar a orientação existencial de Frankl 5

6 Eugenio Fizzotti na perspectiva específica da vida consagrada, torna-se especialmente interessante a proposta de verificar o aprofundamento da forma de compreender a felicidade, a maturidade e a visão nova e fortemente convincente do inconsciente, que não deve ser visto simplesmente como lugar de eventuais repressões, mas como a fonte da espiritualidade e, portanto, de decisões autênticas e de grande abertura. O meu apreço por este livro deve-se também às modalidades com que se enfrenta o tema da formação permanente que, como emergiu do congresso Verso la guarigione e il rinnovamento. Simposio per i Vescovi Cattolici e i Superiori degli Ordini Religiosi sugli abusi sessuali sui minori, acontecido de 6 a 9 de fevereiro de 2012 na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, e sobretudo pela intervenção de Dom Jorge Carlos Patrón Wong, bispo coadjutor da diocese mexicana de Papantla, sobre o tema: Candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa. Seleção, observação e formação, comporta uma sistemática verificação por meio de sinais concretos da vida cotidiana que se referem às predisposições e às motivações nas atividades pastorais, às eventuais relações conflituais com os outros, sobretudo em nível de ciúme, de mexericos e de mentiras, às necessidades afetivas consideradas como fonte energética da própria vocação sem a consciência de compreendê-las e modificá-las, à incapacidade de assumir a oração, a vida fraterna, o esporte e o apostolado como os canais alternativos sadios oferecidos pela formação para viver a ausência de gratificações, saindo de si mesmos. É interessante como uma fonte tão autorizada possa indicar a compatibilidade e a congruência entre as exigências atuais da Igreja e este livro de Eugenio Fizzotti, no qual evidencia-se também a contribuição que a psicologia pode oferecer quer para a análise e o esclarecimento das crises vocacio- 6

7 Psicologia e maturidade na vida consagrada nais, quer para as vivências da assim chamada terceira idade, que, também no contexto pastoral e da vida consagrada, não é uma doença, mas uma condição fisiológica, que, tomada com serenidade e empenho, constitui-se fonte extraordinária de encontro, de amizade, de partilha e de solidariedade. De tudo isso resulta com extrema clareza que a visão humanista-existencial de Viktor E. Frankl concorda que a vida consagrada consiste em pôr-se no lugar dos outros, em descobrir as suas necessidades e em procurar satisfazê-las segundo as possibilidades oferecidas pelas situações, de modo a favorecer em plenitude feliz o alcance do sentido da própria existência. Eis por que a prática da solidariedade, característica específica e qualificadora da vida consagrada, requer o respeito pelas iniciativas, pela criatividade e pelo sentido de responsabilidade dos outros sem absorvê-los ou privá-los daquilo que são capazes de fazer. E o fato de que Frankl ponha no centro da sua reflexão o conceito de autotranscendência, entendida como abertura sistemática aos outros, evoca a consciência de que viver não é somente existir, mas existir voltados para um objetivo. E na situação existencial da vida consagrada isso faz emergir que ela é oportunidade oferecida permanentemente para nos tornarmos aquilo que ainda não somos, mas que desejamos ser, que podemos ser e que devemos ser a partir do princípio de que o crescimento rico de sentido se fundamenta naquele grau de contentamento e de bem-estar que percebemos quando vivemos com empenho e com postura de total e gratuita doação. Portanto, as pessoas consagradas estão dispostas a viver a inteira vida que lhes é concedida não se limitando simplesmente a somar os anos, mas a preenchê-los de sentido, percorrendo toda a sua completa trajetória, agradecendo siste- 7

8 Eugenio Fizzotti maticamente a Deus o dom da vida e descobrindo a todo instante o sentido profundo dela. De resto, foi o próprio Viktor Frankl quem recordou que a vida não é algo, mas é simplesmente a ocasião para algo. Eis por que é preciso estar plenamente conscientes de que a presença e a realização do sentido na vida consagrada serão geradoras de felicidade tanto para qualquer pessoa individualmente, quanto para o contexto comunitário e, sobretudo, para o mundo inteiro. Oscar Andrés Card. Rodríguez Maradiaga Arcebispo de Tegucigalpa, Honduras 8