Efeitos alelopáticos do extrato aquoso de folhas de Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) na germinação de sementes de alface

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1 Efeitos alelopáticos do extrato aquoso de folhas de Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) na germinação de sementes de alface Josimar Rodrigues OLIVEIRA 1 ; Urbano Teixeira Guimarães e SILVA²; Francisco Vagner Pereira de SOUZA 3 ; Neimar de Freitas DUARTE 4 ; Sheila Isabel do Carmo PINTO 4. 1 Mestrando em Solos e Nutrição de Plantas e Bolsista do CNPq - Universidade Federal de Viçosa (UFV); 2 Graduando em Agronomia e Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC) - Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) - Campus Bambuí; 3 Engenheiro Agrônomo IFMG Campus Bambuí; 4 Professor Orientador IFMG. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar possíveis efeitos alelopáticos do extrato aquoso das folhas de Toona ciliata var. australis na germinação de sementes de alface. O experimento foi conduzido no Laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais Campus Bambuí. Para a realização do experimento utilizou-se folhas do terço inferior da copa do cedro australiano coletadas em campo experimental silvipastoril. Nos testes de germinação foram utilizadas sementes comerciais de alface ISLA cv. Verônica. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x2 com três concentrações de extrato aquoso das folhas de Cedro Australiano (0, 50 e 100%) e duas condições de extração (fervido e não fervido), com quatro repetições de 25 sementes na unidade experimental. Os resultados mostraram forte influência do extrato aquoso sobre a germinação das sementes de alface, inibindo nas concentrações de 50 e 100%. Palavras-chave: inibindo, alelopatia, folhas, silvipastoril, ISLA cv. Verônica INTRODUÇÃO O défcit hídrico comum em regiões de cerrado pode favorecer também a liberação de compostos pelas espécies que se interrelacionam neste ambiente. As espécies vegetais produzem compostos metabólicos secundários que podem interferir de diversas formas no desenvolvimento de espécies da mesma família, outras famílias diferentes ou mesmo sobre outros organismos (insetos, fungos, etc.). Estes compostos são denominados de aleloquímicos ou alelopáticos. Tur et al. (2010) explica que este termo foi criado em 1937, pelo pesquisador alemão Hans Molisch.

2 Conforme relatado por Santiago et al. (2001), Molisch observou que tomates plantados a uma distância de até 16 metros do tronco da nogueira morriam enquanto, em distâncias superiores, apresentavam desenvolvimento satisfatório. Este mesmo autor relata que o pesquisador alemão atribuiu este acontecimento a uma toxina produzida pela degradação das folhas da nogueira no solo, denominada de juglona. A alelopatia distingue-se de competição, pois essa envolve a redução ou retirada de algum fator do ambiente necessário à outra planta no mesmo ecossistema como a água, luz, nutrientes e espaço físico (REZENDE et al., 2003; SEVERINO et al., 2007). A alelopatia tem sido reconhecida como um importante mecanismo ecológico que influencia a dominância vegetal, a sucessão, a formação de comunidades vegetais e de vegetação clímax, bem como a produtividade e manejo de culturas (GOLDFARB et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2010). De acordo com Andrade et al. (2003), a presença destes compostos pode provocar influências significativas no manejo agrícola ou florestal. No Brasil são necessárias pesquisas neste aspecto, conforme observado por Ferreira et al. (1992), pois pouco se conhece a respeito das potencialidades das plantas e o benefício que as mesmas podem proporcionar. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar possíveis efeitos alelopáticos do extrato aquoso das folhas de Toona ciliata var. australis na germinação de sementes de alface. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no laboratório de bromatologia, nutrição animal e vegetal do IFMG Campus Bambuí. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x2 com três concentrações de extrato aquoso das folhas de Cedro Australiano (0, 50 e 100%) e duas condições de extração (fervido e não fervido), com quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento, adaptado de Souza et al., Para a realização dos experimentos foram utilizadas folhas do terço inferior da copa de plantas com idade aproximada de 20 meses, de forma aleatória, retirando-se em média 5 folhas por planta, em campo experimental silvipastoril. As folhas coletadas foram pesadas em balança digital de precisão TOLEDO, separando-se uma quantidade de 100g de folhas. As folhas foram divididas em dois recipientes contendo 50g de folhas em 500 ml de água destilada. Para o preparo do extrato aquoso, as folhas recém coletadas foram trituradas em liquidificador ARNO OPTIMIX 60 Hz, série TM, por um período de 60 segundos, sendo que 500 ml foram fervidos e 500mL não fervido. Em seguida, os extratos foram armazenados em recipiente

3 de vidro hermeticamente fechado à temperatura ambiente por um período de 18 horas (período de descanso), para posterior utilização. Após o período de descanso dos extratos, estes foram filtradas com peneira de malha fina e imediatamente utilizadas no experimento. A partir da solução preparada na concentração de 100 mg/ml, de cada tratamento, foram realizadas as diluições para as concentrações de 50% dos extratos fervido e não fervido. Para avaliar o potencial alelopático do Cedro Australiano foram avaliadas as sementes de alface ISLA cv. Verônica adquiridas em pontos comercias locais. As placas de petri que foram utilizadas neste experimento permaneceram por um período de 24 horas em solução de hipoclorito de sódio 10%, sendo estas posteriormente lavadas e secadas antes da sua utilização. Para a avaliação da germinação das sementes e do desenvolvimento das plântulas destas culturas, dois discos de papel germitest foram colocados em placas de Petri de 9 cm de diâmetro, sendo em seguida, embebidos, com dez mililitros de solução dos extratos (50 e 100%) e da água destilada, com pipeta graduada, distribuindo-se uniformemente em cada placa 25 sementes. As placas de Petri foram acondicionadas a uma câmara de germinação com umidade controlada e temperatura constante de 25º± 1 C para alface (SOUZA et al., 2007). As sementes foram submetidas à condição de germinação no escuro, recebendo iluminação somente durante as avaliações. A primeira contagem (PC) foi realizada ao quarto dia após a semeadura nas placas de petri. As avaliações das plântulas foram realizadas a cada dois dias, na mesma hora, até o décimo dia, com o fim de se calcular o Índice de Velocidade de Germinação (IVG) seguindo-se fórmula estudada por Krzyzanowski et al (1999). Aos 10 dias também foi quantificado a porcentagem de germinação, para critério de avaliação foram consideradas germinadas aquelas sementes que apresentavam a protusão da radícula (TAIZ e ZEIGER, 2004; CASTRO et al., 2002). Os dados obtidos foram submetidos à Análise de Variância (Teste F) e as médias dos tratamentos comparados através do teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade pelo programa SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os resultados referentes à germinação da alface nos extratos aquosos das folhas do cedro australiano. Os resultados apresentaram diferenças estatísticas (p < 0,05). Na primeira contagem foram identificadas sementes germinadas apenas em água destilada (0%) em ambos os casos (fervido e não fervido). O IVG também apresentou diferenças significativas em relação aos diferentes extratos avaliados.

4 A porcentagem de germinação calculada após o décimo dia apresentou germinação média de no máximo 7% em extrato aquoso na concentração de 50% não fervido. Todos os demais apresentaram teores inferiores, enquanto que as sementes em água destilada apresentaram alta taxa de germinação. Silva et al. (2010) já haviam observado em sementes de soja interferência do extrato aquoso de cedro australiano no desenvolvimento da plântula após a protusão da radícula. Tabela 1 Primeira contagem (PC), Índice de velocidade de germinação (IVG) e porcentagem de germinação (PG) de alface em diferentes concentrações de extrato aquoso fervido e não fervido das folhas de Toona ciliata var. australis. Tratamento PC IVG PG Extrato fervido 0% 11,50a 9,68a 75,0a 50% 0,00b 0,34b 5,0b 100% 0,00b 0,02b 0,0b Extrato não fervido 0% 12,25a 7,85a 81,0a 50% 0,00b 0,31b 7,0b 100% 0,00b 0,03b 1,0b CV (%) 38,48 24,07 28,35 A alface por ser uma planta muito sensível a esse tipo de composto tem sido amplamente utilizada em experimentos de alelopatia. Mairesse et al. (2007) com o objetivo de selecionar espécies vegetais como fontes de aleloquímicos testaram 28 extratos de plantas, em sementes e plântulas de alface (Lactuca sativa L.) e observaram que 21 destas espécies promoveram inibição da germinação, sobrevivência e desenvolvimento da alface. CONCLUSÃO O extrato aquoso das folhas do cedro australiano apresentou influência sobre as sementes de alface, inibindo a sua germinação, o que indica a presença de possíveis compostos alelopáticos de caráter herbicida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, C.A.; MIGUEL, M.D.; MIGUEL, O.G.; FERRONATO, M.L.; PEITZ, C.; CUNICO, M.; DIAS, J.F.G.; BALESTRIN, L.; KERBER, V.A. Efeitos alelopáticos das flores da Acacia podalyriaefolia A. CUNN. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 4, n. 2, p , Jul.- Dez./2003. CASTRO, P. R. C.; KLUGE, R. A.; PERES, L. E. P. Manual de fisiologia vegetal: teoria e prática. 1ª edição. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, p.: il.

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