FITOSSOCIOLOGIA DE PLANTAS INFESTANTES EM PLANTIO DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)
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1 FITOSSOCIOLOGIA DE PLANTAS INFESTANTES EM PLANTIO DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) Mariana Becker 1 ; Eduardo Andrea Lemus Erasmo 2 RESUMO A cultura do pinhão manso é de recente exploração para a produção de biocombustível, logo há necessidade de se obter informações sobre seu correto manejo. O controle das plantas daninhas é um dos principais fatores a serem considerados para o bom desenvolvimento da cultura. Desse modo, utilizou-se neste experimento estudo da comunidade infestante por meio dos índices fitossociológicos. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por parcelas constituídas por períodos de controle e de presença de plantas daninhas, avaliadas aos 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210 e 240 dias após o transplantio das mudas. Lançou-se aleatoriamente um quadrado de 0,5 m 2 em cada parcela (repetição) e fez-se a contagem, identificação e coleta das espécies, para posteriormente quantificação da massa seca (em estufa a 60 C por 72horas). Concluiu-se que, durante o período de convivência, a espécie Cenchrus echinatus foi a de maior importância para a cultura do pinhão manso, quanto à dominância relativa e ao valor de importância. Quanto aos demais índices (frequência, abundância e densidade), nota-se abundância de Digitaria horizontalis e Spermacoce verticillata. Palavras-chave: Fitossociologia; Jatropha curcas; Flora infestante. 1 Aluna do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; marianabecker@uft.edu.br;pibic/cnpq 2 Orientador(a) do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; erasmolemus@uft.edu.br INTRODUÇÃO O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPUB) está fomentando a produção de pinhão manso (Jatropha curcas) para suprir às indústrias com matéria prima, focando o desenvolvimento regional e a inclusão social por meio do selo combustível social do ministério do Desenvolvimento Agrário. A espécie possui algumas características potenciais desejáveis, que a tornam interessante ao programa, tais como:
2 rendimento de grãos e óleo, boa qualidade do óleo para produção de biodiesel, adaptabilidade a diferentes regiões, precocidade e longevidade, alternativa de diversificação, possibilidade de inserção na cadeia produtiva da agricultura familiar, entre outras (ARRUDA et al., 2004; SATURNINO et al., 2005; TEIXEIRA et al., 2005). O pinhão manso é uma planta promissora para a produção de biocombustível que libera poucos poluentes, e o CO 2 liberado pode ser reciclado através da própria lavoura; contudo, existem poucas informações sobre seu cultivo (CASTELLANOS, 2006). Devido a sua recente exploração, há demanda por pesquisas, visto que ainda há escassez de informações científicas sobre seu comportamento nas diferentes regiões brasileiras em que está sendo cultivado. Um dos fatores mais importantes que afetam o grau de interferência entre as plantas daninhas e as culturas agrícolas é o período em que elas, conjuntamente, disputam os recursos limitados do meio (PITELLI, 1985). Nesse contexto, a análise fitossociológica tem se destacado na obtenção do conhecimento sobre as populações e a biologia das espécies de plantas espontâneas, constituindo uma importante ferramenta no embasamento técnico de recomendações de manejo e tratos culturais para implantação e condução de culturas. Conforme Martins (1985), esse estudo pode ser conceituado como a ecologia da comunidade vegetal, envolvendo as inter-relações das espécies vegetais no espaço e, de certo modo, no tempo, ou seja, é o estudo da comunidade de plantas existente em determinado fragmento da biosfera e as relações entre as populações de plantas que compõem essa comunidade vegetal. Com o aumento das lavouras de pinhão manso, há necessidade de implantação de programas de manejo integrado de plantas daninhas, o que torna imprescindível realizar estudos fitossociológicos na cultura. O trabalho teve o objetivo de estudar a fitossociologia de plantas infestantes ocorrentes na cultura do pinhão manso submetida ao estudo dos períodos críticos de interferência. MATERIAL E MÉTODOS
3 O trabalho foi instalado no mês de outubro de 2011 em blocos casualizados, com quatro repetições por tratamento. Os tratamentos foram compostos por parcelas constituídas por períodos de controle e de presença de plantas daninhas. Cada parcela foi constituída por três fileiras de pinhão manso (6 plantas por fileiras) com espaçamento de 4 m entre si e 2 m entre plantas. Para os períodos de controle a cultura do pinhão manso foi mantida livre das plantas daninhas pelos períodos iniciais crescentes de 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210 e 240 dias após o plantio das mudas da cultura e as espécies infestantes emergidas após esses intervalos não foram controladas até o final do período de avaliação. Para os períodos de convivência, a cultura foi mantida na presença da comunidade infestante pelos mesmos períodos. Em cada período foi avaliada a comunidade infestante por meio da identificação e contagem por espécie, das plantas contidas dentro de um quadrado de ferro de 0,25 m 2 com dimensões de 0,5 x 0,5 m, lançado uma vez, aleatoriamente, dentro da área útil de cada parcela. As plantas daninhas identificadas e coletadas foram separadas por espécie, quantificadas, acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa à temperatura de 60ºC por 72 horas e posteriormente a matéria seca foi pesada. Com posse dos dados de massa seca e contagem de plantas daninhas foram calculados os índices fitossociológicos de densidade e densidade relativa, frequência absoluta e frequência relativa, dominância relativa, abundância absoluta e relativa e índice de valor de importância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Estão apresentados nesse trabalho, os dados referentes à Dominância Relativa e Índice de Valor de Importância das espécies de plantas daninhas durante todo o período de avaliação. A dominância relativa de uma população é obtida pela relação entre a biomassa da matéria seca acumulada pela espécie em relação à biomassa da matéria seca acumulada pela comunidade infestante e dá uma ideia da participação, em termos de acúmulo de biomassa, de uma população na comunidade. O índice de valor de importância (IVI) é um índice complexo que envolve três fatores fundamentais na determinação da importância relativa de uma espécie em relação à
4 comunidade: a densidade relativa (em termos de número de indivíduos); a freqüência relativa (a facilidade em que indivíduos da espécie são detectados na área); e a dominância relativa (o que representa a população em termos da biomassa acumulada pela comunidade). Deste modo, o índice de valor de importância é calculado pela somatória da densidade relativa, da freqüência relativa e da dominância relativa de cada população. Em relação à dominância relativa, observa-se que dos 30 aos 120 dias a planta daninha Cenchrus echinatus apresentou maior acúmulo de massa seca em relação às demais espécies (Gráfico 1). Dos 150 aos 180 após transplantio das mudas, a espécie Digitaria horizontalis obteve o maior acúmulo de massa seca (Gráfico 2). A planta daninha Spermacoce verticillata também apresentou valores de acúmulo de massa seca expressivos. Ao analisar a o índice de valor de importância de cada espécie durante os períodos avaliados, observou-se que a C. echinatus se destacou em relação às outras espécies da comunidade infestante. Aos 120 dias o valor de IVI foi de 210 unidades (Gráfico 3). Porém aos 150 e 180 dias após transplante das mudas, a planta daninha D. horizontalis atingiu os maiores valores de IVI (180 e 1,3, respectivamente - Gráfico 4). Gráfico 1 Dominância relativa de plantas daninhas nos períodos de convivência na cultura do pinhão manso em avaliações realizadas até aos 150 dias. Gurupi TO, Gráfico 2 - Dominância relativa de plantas daninhas nos períodos de convivência na cultura do pinhão manso em avaliações realizadas dos 180 aos 240 dias. Gurupi TO, 2012.
5 Gráfico 3 Índice de Valor de Importância (IVI) das plantas daninhas nos períodos de convivência na cultura do pinhão manso, em avaliações realizadas até aos 150 dias. Gurupi - TO Gráfico 4 Índice de Valor de Importância (IVI) das plantas daninhas nos períodos de convivência na cultura do pinhão manso, em avaliações realizadas dos 180 aos 240 dias. Gurupi - TO LITERATURA CITADA ARRUDA, F. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; ANDRADE, A. P. de; PEREIRA, W.E.; SEVERINO, L.S., Cultivo do Pinhão Manso (Jatropha curcas l.) como alternativa para o Semiárido Nordestino. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas. Campina Grande, v.8, n.1, p , jan-abr CASTELLANOS, J. Biodiesel do óleo de Pinhão Manso. Jornal Periódico Hoy, 2006, República Dominicana, Novembro, Disponível em: < 11/biodiseloleo-pinhao-manso/-51k>. Acesso em fev. de MARTINS, F.R. Esboço histórico da fitossociologia florestal no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BOTÂNICA, 1985, Curitiba. Anais... Curitiba: IBAMA, p PITELLI, R.A. Interferência de plantas daninhas em culturas agrícolas.informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.11, n.129, p.16-27, SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKINA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N. P., Cultura do Pinhão Manso (Jatropha Curcas L.).Revista Informe Agropecuário, n. 229, p , TEIXEIRA, L. C., Potencialidades De Oleaginosas Para Produção De Biodiesel. Informe Agropecuário, v.26, n.229, p.18-27, AGRADECIMENTOS Ao Grupo de Pesquisa em Plantas Daninhas, UFT-Gurupi; O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil.
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