Desempenho de matrizes de cultivares de morangueiro para produção de mudas no norte de Minas Gerais

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1 Desempenho de matrizes de cultivares de morangueiro para produção de mudas no norte de Minas Gerais Mário Sérgio Carvalho Dias 1 ; Matheus Pinheiro Fonseca 2 ; Joaquim Gonçalves de Pádua 1 ; João Batista Ribeiro da Silva Reis 1 ; Alniusa Maria de Jesus 1 1 EPAMIG URENM. Rod.MGT122, Km155, , Nova Porteirinha-MG; 2 UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros. Av. Reinaldo Viana, 2630, Bairro Bico da Pedra Janaúba MG Caixa Postal 91. mariodias@epamig.br, matheus_16pinheiro@hotmail.com, padua2008@gmail.com, jbrsreis@epamig.br, alniuza@epamig.br. RESUMO O uso de técnicas culturais apropriadas, ao lado da produção de mudas de boa qualidade, ocupa lugar de destaque na produção de morango. O bom crescimento das mudas contribui para exploração do potencial produtivo das cultivares. Sendo assim, para a escolha da cultivar a ser usada deve-se levar em consideração os fatores climáticos do local onde se pretende instalar a cultura, observando também se a cultivar é adaptada a região. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de produção de mudas de cultivares de morangueiro e classificar os tipos de mudas produzidas no norte de Minas Gerais. Após 120 dias do transplantio das matrizes procedeu-se o arranquio das mudas e classificação (mudas grandes, mudas médias, mudas pequenas e refugo). Os dados obtidos permitem concluir que as cultivares Dover, Oso Grande, Festival e Camarosa apresentam potencial para produção de maior quantidade de mudas, enquanto as cultivares Camino Real, Albion e Ventana apresentam baixa produção de mudas no norte de Minas Gerais. As cultivares Dover, Oso Grande, Festival e Camarosa se destacaram pela maior produtividade de mudas de todas as categorias avaliadas (pequena, média, grande e refugo). PALAVRAS -CHAVE: Fragaria x ananassa Duch, cultivares, estolhos. ABSTRACT Performance matrix of strawberry cultivars for production of seedlings in the north of Minas Gerais The use of appropriate cultural techniques, together with the production of good quality planting material, takes place in strawberry production. The good seedling growth contributes to exploitation of the productive potential of cultivars. This study aimed to evaluate the potential for seedling production of strawberry cultivars and classify the S0324

2 types of seedlings grown in the north of Minas Gerais. After 120 days of transplantation matrices proceeded to pull-off the seedlings and classification (large seedlings, saplings average, young plants and waste). The data obtained showed that the cultivars Dover, Oso Grande, Camarosa Festival and have potential for production of larger amount of seedlings, while the cultivars Camino Real, Ventana Albion and have low seedling production in the north of Minas Gerais. Cultivars Dover, Oso Grande, Camarosa Festival and had the highest productivity of seedlings of all categories evaluated (small, medium, large and scrap). Keywords: Fragaria x ananassa, cultivars, corms. A utilização de mudas sadias consiste no ponto de partida principal para obter uma melhor resposta, ao nível tecnológico empregado no processo produtivo do morangueiro. O local de produção deve ter baixo potencial de inóculo de fungos e bactérias que sejam agressivos ao morangueiro. Outros fatores como o tipo de solo ou substrato, a quantidade e qualidade da radiação e as temperaturas locais influenciam na qualidade e quantidade das mudas produzidas (Bueno et al., 2006). A escolha das cultivares a serem utilizadas na exploração da cultura do morangueiro é um dos pontos chave para se obter o sucesso esperado. Características da variedade submetida às condições ambientais da área e região, somada ao manejo adotado, determinarão a produtividade e a qualidade do produto final, influenciando também na comercialização, devido à preferência por algumas características dos frutos (Dias et al., 2009). No Brasil são utilizadas várias cultivares nos plantios comercias originárias dos programas de melhoramento da Universidade da Flórida EUA, como a Dover, Camarosa, Oso Grande, Festival. Outras cultivares oriundas do programa de melhoramento da Califórnia também estão sendo cultivadas no Brasil nos plantios comerciais como a `Ventana, Camino Real e Albion. No norte de Minas Gerais o cultivo do morangueiro é uma alternativa para diversificação da produção agrícola local. As condições ambientais locais podem diminuir a incidência de doenças e, com isso, as aplicações de defensivos agrícolas, melhorando, assim, a qualidade do morango ofertado aos consumidores (Dias, 2007). Esta região também poderá ser uma forte aliada na produção de mudas de morangueiros S0325

3 para serem cultivadas nas regiões tradicionais de cultivo, uma vez que está distante dos plantios comercias para produção de frutos, estando livre de muitas pragas e doenças que atacam a cultura. Outros fatores que também propiciam a produção de mudas no norte de Minas Gerais é a topografia do terreno, tipo de solo e disponibilidade de irrigação nos perímetros irrigados. O objetivo do trabalho foi avaliar a produção de mudas de morangueiro de diferentes cultivares no Norte de Minas Gerais. MATÉRIAL E METÓDOS Este trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental do Gorutuba - FEGR, vinculada a Unidade Regional Epamig Norte de Minas URENM, pertencente à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais EPAMIG, no município de Nova Porteirinha, Norte de Minas Gerais. A área experimental localiza-se na latitude 15 47' 18''S, longitude 43 18' 18''W, altitude 516m e o solo, segundo Embrapa (2006) caracteriza-se como areia Quartzoza. As avaliações constaram da contagem e classificação das mudas após o arranquio, isto é, 4 meses após o plantio das matrizes. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualisados em um esquema fatorial 7x4, sendo as variáveis representadas por 7 tratamentos (Dover, Camino Real, Albion, Camarosa, Festival, Ventana e Oso Grande) e 4 classificações de mudas: mudas grandes (localizadas na parte inicial do estolho,isto é mais próximas da planta mãe), mudas médias (localizadas na parte mediana do estolho) mudas pequenas (localizadas na parte final do estolho e com raízes formadas) e refugo (mudas da ponta dos estolhos e sem raízes formadas). As repetições foram representadas por 4 parcelas experimentais constituídas por 10 plantas. Para a implantação do experimento, o solo da área experimental foi preparado através de uma aração e duas gradagens, seguidamente foram preparados os sulcos e demarcadas as covas para o plantio das mudas, num espaçamento de 1m x 2m. Cada linha de plantio recebeu adubação de acordo com a análise do solo, realizada 30 dias antes do transplantio das mudas matrizes. A adubação de cobertura iniciou-se aos 30 dias após o transplantio das mudas, mediante as indicações obtidas através das análises de solo, e estas realizadas quinzenalmente. O sistema de irrigação adotado foi o microaspersão e o controle de pragas e doenças foi realizado de maneira preventiva utilizando produtos biológicos alternados com aplicações de calda bordalesa e extrato S0326

4 de folha de Nim (10%). Periodicamente foi realizado o controle de formigas cortadeiras e cupins, utilizando iscas granulares. Após 120 dias do trasplantio das matrizes foi realizado o arranquio e a classificação das mudas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a produção total de mudas das sete cultivares de morangueiro e a classificação destas mudas quanto às categorias (pequenas, médias, grandes e refugos). Com relação à produção de mudas pequenas, as médias das cultivares Dover, Festival não diferiram significativamente entre si, apresentando produção superior de mudas das demais cultivares utilizadas. A cultivar Ventana apresentou a menor produção, com relação à mudas pequenas, porém não diferiu estatisticamente das médias das cultivares Albion, Camino Real e Oso Grande. Para a produção de mudas médias, a cultivar Camarosa obteve a maior produção de mudas, seguida pelas cultivares Dover, Oso Grande, Festival, Camino Real e Albion que não diferiram entre si. A cultivar Ventana obteve a menor média para produção de mudas médias diferindo significativamente apenas da cultivar Camarosa. A cultivar Oso Grande obteve a maior produção de mudas grandes, seguidas pelas cultivares Dover, Festival, Camino Real, Camarosa e Ventana, não apresentando diferenças significativas. A cultivar Albion foi a que obteve a menor produção de mudas grandes, diferindo significativamente apenas da cultivar Oso Grande. As cultivares Dover, Oso Grande e Festival apresentaram maiores números de mudas classificadas com refugo, entretanto não diferiram significativamente das cultivares Camino Real, Albion e Camarosa, diferindo apenas da cultivar Ventana. Neto (2003) avaliou o desempenho de cultivares, dentre elas a cultivar Dover, observando 45% de mudas para descarte. No presente trabalho verificou-se uma porcentagem de 34,8% de mudas para o descarte para a mesma cultivar, 10% menor que a encontrada pelo referido autor que sugere que o plantio do morangueiro deve ser realizado quando houver mudas fortes, bem enraizadas, sendo que a época deve ser determinada pela cultivar e pelas condições climáticas da região de cultivo. A cultivar Dover apesar de S0327

5 apresentar números maiores de mudas descartáveis e mudas pequenas, também se destacou na produção de mudas das outras categorias. A produção de mudas viáveis são as que mais interessam para determinar o potencial produtivo das cultivares, pois determina o valor da somatória das médias das mudas destinadas para a produção comercial. Para produção de mudas viáveis a cultivar Dover obteve maior produção, seguida pelas cultivares Camarosa, Festival e Oso Grande. Segundo Brazanti (1989), uma planta-matriz pode produzir cerca de 50 plantas-filhas úteis, quantidade inferior a obtida pelas cultivares Dover, Camarosa, Festival, Oso Grande avaliadas neste trabalho. Já as cultivares Camino Real, Albion e Ventana produziram abaixo do nível esperado. Ortigoza (1999) estudando a produção de mudas de diferentes cultivares de morango e cultivo de campo aberto obteve em média 85,2, 75,1, 55,06, 88,5, 91,6, 150,7, 169,1, respectivamente, para as cultivares Princesa Isabel, Toyonoka, Pajaro, Chandler, Corona, Campinas e Dover. Barbosa et al (2008) avaliaram a produção de mudas de morangueiro no norte de Minas Gerais de quatro cultivares de morango, dentre elas estão as cultivares Dover e Oso Grande, com médias de 38 e 23 mudas por planta matriz, respectivamente. As médias encontradas para estas cultivares no presente trabalho foram superiores para a cultivar Dover com 79 mudas por matriz, e para a cultivar Oso Grande com 63 mudas. As outras médias obtidas foram de 68 mudas para a cultivar Festival, 38 mudas para a cultivar Camino Real, 70 mudas para a cultivar Camarosa e 24 mudas para a cultivar Ventana. As condições ambientais que variam de ano para ano e a origem das mudas podem influenciar na produção das matrizes. Rodriquez (1997) observou que cultivos em quantidade elevada de mudas por metro quadrado comprometem a qualidade das mesmas em termos percentuais devido ao menor desenvolvimento individual das mudas. A produção de mudas de morangueiro em campo aberto tem como desvantagem o contato da muda com o solo, aumentando a probabilidade dessa muda ser contaminada e se tornar fonte de inoculo para um eventual plantio. Porém, no norte de Minas Gerais os solos não há relatos de patógenos que atacam a cultura, podendo ser uma ótima opção para instalação de viveiros para produção de mudas de morangueiro, desde que sejam utilizadas matrizes provenientes de cultura de meristemas, obtidas em laboratórios de micropropagação (Secretaria da Agricultura e Abastecimento, 1998). S0328

6 As cultivares Dover, Oso Grande, Festival e Camarosa se destacaram pela maior produtividade de mudas de todas as categorias (pequena, média, grande e refugo) avaliadas. AGRADECIMENTOS A Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG, pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BARBOSA JG; DIAS MSC; BARBOSA AP; SIMOES JC; CALDEIRA SG; Produção de mudas de cultivares de morangueiro no Norte de Minas Gerais. EPAMIG In: VI SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA. 5p. Belo Horizonte, BRAZANTI EC " La fresa". (Versión española). Ediciones Mundi-Prensa. España. 386p, BUENO SCS. Produção de mudas em ambiente protegido In.SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO,3., ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL,2., Anais... Pelotas-RS: 1 Ed, p.45, DIAS MSC; SILVA JJC; PACHECO DD; RIOS SA; LANZA FE. Produção de morangos em regiões não tradicionais. Informe Agropecuário. Morango: conquistando novas fronteiras, Belo Horizonte, v.28, n.236, p1-108, DIAS JPT; FILHO JD; PÁDUA JG; CARMO L. Aspectos do florescimento e características físico-químicas dos frutos de morangueiro da cultivar palomar nas condições de Pouso Alegre-MG. Horticultura Brasileira. v.27, n.1, p.22-28, EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema 176 brasileiro de classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro : EMBRAPA-SPI, NETO JT; ORTIGOZA LER; VERDIAL MF. Produção de mudas de cultivares de morangueiro em duas épocas de coleta. Horticultura Brasileira, v.21 n.2, Brasília, ORTIGOZA LER. Comportamento de diferentes cultivares de morangueiro na produção de mudas de campo p. Dissertação de mestrado, Piracicaba. ESALQ- USP,1999. RODRÍGUEZ JP. Manejo del cultivo. IN: TORCHELLI JC; FERREYRA A. S0329

7 Producción de frutilla: Proyecto de diversificación produtiva. Instituto Agronomico Nacional, Paraguai, série B, n.6, SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Normas e padrões de produção de mudas de fruteiras para o Estado do Rio Grande do Sul. Departamento de Produção Vegetal. Comissão Estadual de Sementes e Mudas do Estado do Rio Grande do Sul. 100p. Porto Alegre Tabela 1: Produção total de mudas por matriz das diferentes cultivares de morangueiro, seguindo a classificação adotadas para cada cultivar, em Nova Porteirinha MG [Production of seedlings per array of different strawberry cultivars, following the classification adopted for each cultivar in Nova Porteirinha MG] Cultivares Mudas pequenas Mudas médias Mudas grandes Refugo Mudas viáveis Dover 28,1a 25,4ab 26,4ab 42,6a 79,9a Oso Grande 17,9abc 17,5ab 27,5a 47,3a 63,0abc Festival 31,1a 20,5ab 16,7ab 43,6a 68,3ab Camino Real 13,0bc 10,9ab 14,7ab 24,0ab 38,7bc Albion 11,4bc 10,9ab 9,6 b 22,1ab 32,1bc Camarosa 22,9ab 26,3a 21,0 ab 32,2ab 70,3ab Ventana 5,3c 6,9b 11,9ab 6,1b 24,1c CV(%) 30,57 48,91 39,44 39,80 32,07 Médias de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (Ratings by the same letter do not differ by Tukey test at 5% probability) S0330