DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE MORANGUEIRO EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO, EM AMBIENTE PROTEGIDO

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1 LOSS JT; CALVETE Desempenho EO; NITSCHE agronômico R; RAMBO de cultivares A. NIENOW de morangueiro AA; CECCHETTI em dois D sistemas Desempenho de produção, de em cultivares ambiente de protegido morangueiro em dois sistemas de produção. Horticultura Brasileira 27: S1900-S1906. DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE MORANGUEIRO EM DOIS SISTEMAS DE PRODUÇÃO, EM AMBIENTE PROTEGIDO Joana Teresa Loss 1 ; Eunice Oliveira Calvete 2 ; Robson Nitsche 1 ; Aline Rambo 1 ; Alexandre Augusto Nienow²; Dileta Cecchetti² 1 Acadêmico (as) do Curso de Agronomia, FAMV/UPF, Bolsistas Fapergs, Pibic/UPF, e CNPq, respectivamente Setor de Horticultura; 2 Professores do Curso de Agronomia FAMV/UPF, Campus I - Bairro São José, BR 285, Km 171, CEP : @upf.br, calveteu@upf.br; 75923@upf.br; 80908@upf.br; alexande@upf.br; cecchetti@upf.br RESUMO O interesse comercial pelo morangueiro é grande em muitos países. Desta forma, cresce o consumo e consequentemente a produção. Visando comparar o cultivo de cinco cultivares de morangueiro em dois sistemas de produção, foram desenvolvidos dois experimentos em ambiente protegido. Os trabalhos foram realizados no setor de Horticultura da FAMV/ UPF. Os tratamentos constaram de cinco cultivares (Camarosa, Camino Real, Albion, Ventana e Aromas), distribuídos em blocos ao acaso com quatro repetições. O primeiro foi instalado no solo e o segundo em sacolas com substrato. Foram avaliadas as seguintes características no morangueiro: número e massa fresca total de frutos deformados e comerciáveis. Os dados foram analisados conjuntamente. Os rendimentos demonstraram que para número total e comercial e massa total de frutos a produção no solo é superior apenas quando se cultiva Aromas e Camarosa. Já para massa comercial somente Camarosa apresentou menor desempenho em substrato, comparando os dois sistemas. Aromas obteve maior número e massa de frutos deformados, independente do sistema de produção. PALAVRAS-CHAVE: Fragaria X ananassa Duch., substrato, cultivo no solo. ABSTRACT Agronomic performance of strawberry cultivars in two systems of production in protected ambient The commercial interest for the strawberry is large in many countries. This way, the consumption and consequently the production are increased. With the objective of comparing the growth of five strawberry cultivars in two production systems, two experiments in protected ambient were developed. The works were accomplished in the horticulture department of FAMV/UPF. The treatments consisted of five cultivars (Camarosa, Camino Real, Albion, Ventana and Aromas), randomly distributed in blocks with four repetitions. The first one was placed in the soil and the second in bags with substrate. The following strawberry characteristics were evaluated: number and total fresh mass of commercial and deformed fruits. The data were evaluated together. The yield showed that for total and commercial number and total mass of fruits, the production in the soil is superior when just Aromas and Camarosa are grown. But to commercial mass only the Camarosa showed less performance in substrate by comparing both systems. Aromas obtained greater number and mass of deformed fruits, regardless the system of production. KEY-WORDS: Fragaria X ananassa Duch., substrate, growth in soil. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S1900

2 INTRODUÇÃO O interesse comercial pelo morangueiro é grande em muitos países. A coloração, o aroma e o sabor do fruto, assim como suas propriedades nutritivas fazem do morango um produto muito apreciado pelos consumidores. O maior consumo ocorre in natura, mas pode ser processado em múltiplas formas, tais como em geléia, caldas, sucos e polpa congelada (ALMEIDA et al., 1999). A produção de morangos no Brasil tem crescido nos últimos anos. Apesar dos dados estatísticos não serem precisos, estima-se uma produção anual de toneladas, com área ocupada de aproximadamente ha. Entretanto, o volume de exportação desta Rosácea é extremamente baixo. A intenção do produtor em diluir custos na produção comercial objetivando aumento na produção trouxe para a cultura do morangueiro grande desenvolvimento nos últimos anos. Atualmente, pode-se cultivar morango em vários sistemas de produção. Os mais empregados são o convencional e em ambiente protegido, principalmente sob túnel baixo. Entretanto, os cultivos hidropônicos ou fora do solo (em substrato) estão ganhando destaque, devido aos altos índices de produtividade e, principalmente, para evitar a contaminação do solo. Segundo Furlani (2001), nos sistemas hidropônicos quando ocorrem focos de doenças nas plantas os mesmos podem ser removidos sem causar perdas para a cultura ou contaminação a outras plantas. Entretanto, no Brasil ainda são poucas as pesquisas e pequenas as difusões dessa técnica entre os agricultores. Por outro lado, o cultivo em substrato é muito utilizado na Europa, com o objetivo de melhorar o aproveitamento de espaço físico das estufas, além de diminuir o uso de agrotóxicos (Morard, 1984). Outros aspectos a considerar são as adaptações das cultivares, pois em virtude do morangueiro ser muito suscetível a variações climáticas, as cultivares apresentam características diferentes, dependendo da região a que são plantados. Uma cultivar que em sua região de origem é mais produtiva e resistente a doenças pode produzir menos ou ser mais suscetível aos patógenos em outras regiões. O efeito local tem influência sobre as respostas das diferentes cultivares, levando a necessidade de ensaios regionalizados para uma melhor recomendação de cultivo de morango (Cansian et al., 2002). Portanto, o presente trabalho teve por objetivo comparar a produtividade dos frutos de morangueiro em cinco cultivares, utilizando dois sistemas distintos de cultivo: em substrato e o tradicional no solo, sob ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido com cinco cultivares de morangueiro (Albion, Camino Real, Camarosa, Ventana, Aromas), cujas mudas foram oriundas do Chile. Utilizou-se ambiente protegido com teto semicircular, instaladas no sentido nordeste-sudeste, com 510 m² de área coberta, conduzido no Setor de Horticultura da Universidade de Passo Fundo RS, no período de 20 de abril a 19 de dezembro de A estrutura é constituída de aço galvanizado e coberta com filme de polietileno de baixa densidade (PEBD), com aditivo antiultravioleta e com espessura de 150 micra. Foram realizados dois experimentos. O primeiro foi realizado no solo, onde as plantas foram transplantadas no espaçamento de 0,30 m x 0,30 m. Após o estabelecimento das mudas, os canteiros foram revestidos com plástico preto de 30 micra. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S 1901

3 O segundo experimento foi em sacolas preenchidas com substrato comercial Tecnomax, cujas características físicas são 0,80 m 3 m -3 de Porosidade Total, 0,33 m 3 m -3 espaço de aeração, 0,10 m 3 m -3 de água disponível e 0,011 m 3 m -3 de água de reserva. Já as químicas são 0,5 μs.cm -1 de condutividade elétrica e 5,5 de ph. As sacolas foram confeccionadas com plástico tubular de polietileno branco de 100 micra com um metro de comprimento. Os tratamentos (cultivares) foram dispostos em delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições. Cada parcela constitui-se de 10 plantas sendo seis avaliadas para cada sistema de plantio (convencional diretamente no solo e sacolas horizontais preenchidas com substrato). A irrigação foi realizada por um sistema de gotejamento localizado, composto por mangueiras fixas e por gotejadores de acordo com os espaçamentos entre plantas (30 cm). No período do transplante das mudas até meados do mês de agosto, o volume de água aplicado foi de 500 L dia -1. A partir desta data foi colocado 1000 L dia -1, em função do aumento de temperatura. No final do ciclo das cultivares, a quantidade de água aplicada para a irrigação foi de 1500 L dia -1. Foram preparadas três soluções nutritivas concentradas, utilizadas conforme o estádio da cultura. As soluções foram elaboradas com base na solução descrita por Fernandes Júnior & Furlani (2002), porém modificada sendo compostas da solução A: 1600 g de nitrato de cálcio, 120 g de hidroferro, 6,0 g de ácido bórico, 0,6 g de sulfato de cobre, 4,0 g de sulfato de manganês, 2,0 g de sulfato de zinco e 0,6 g de molibdato de sódio, dissolvidos em 10 L de água; da solução B: 280 g de uréia, 300 g de fosfato monoamônico, 1000 g de superfosfato simples, 900 g de cloreto de potássio e 1200 g de sulfato de magnésio, dissolvidos em 10 L de água; e da solução C: 1900 g de superfosfato simples, 420 g de cloreto de potássio, 100 g de nitrato de potássio e 1200 g de sulfato de magnésio, dissolvidos em 10 L de água. Até o início da floração foram utilizadas as soluções A e B, sendo 1,5 L de cada diluídas em 500 L da solução final. Durante a floração, a fertirrigação foi realizada com as soluções A e C, sendo diluídas da mesma forma anterior. As soluções nutritivas foram fornecidas às plantas 2 a 3 vezes por semana. A condutividade elétrica (CE) foi mantida entre 1,5 e 2,0 μs.cm -1, durante o desenvolvimento do cultivo. Foram analisadas as seguintes características no morangueiro: número e massa fresca total de frutos, deformados e comerciáveis. Os dados dos resultados foram comparados pela analise conjunta e as médias pelo teste de Tukey a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto à produção de número total e comercial de frutos das cultivares de morangueiro produzidas nos sistemas de cultivo em substrato e no solo (Tabela 1), houve interação significativa. As cultivares Camarosa e Aromas, implantadas no sistema de cultivo no solo, apresentaram-se com maior número total e comercial de frutos comerciais, comparadas aquelas cultivadas no sistema em substrato, as demais foram semelhantes nos dois sistemas. O bom desempenho da cv. Camarosa é confirmado pelos resultados de Duarte Filho et al. (2003), os quais relatam que a mesma vem sendo cultivada na maioria dos países produtores de morango, pois possui boa adaptação. Uma possível explicação para essas cultivares terem obtido melhor desempenho no solo, pode ser atribuído a um possível estresse hídrico e de temperatura ocorrido nos ambientes de cultivo, em decorrência de oscilações internas de temperatura e de radiação muitas vezes em um mesmo dia, embora o manejo da água tenha sido efetuado de acordo com as necessidades da cultura e do substrato. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S1902

4 Entretanto, não devemos desconsiderar que embora realizando um bom manejo de irrigação, alterações no comportamento da planta em relação às características morfológicas e as ambientais, influem diretamente na absorção de água assim como na taxa de transpiração. Nesse sentido o solo é o meio de cultivo que melhor se comporta em relação a essas alterações (Martínez, 1999), pois uma planta no solo desenvolve uma raiz mais comprida e fina em relação ao cultivo em substrato, o que permite resistir mais as adversidades do ambiente (Martínez, 1999). Para a massa total e comercial de frutos (Tabela 1), também houve interação significativa entre cultivares e sistema de cultivo. As cultivares Aromas e Camarosa cultivadas no solo também apresentaram-se superiores as cultivadas fora do solo, entretanto as demais obtiveram comportamento semelhante. No cultivo em substrato Aromas obteve melhor desempenho agronômico para massa total e comercial enquanto Camarosa o menor. Já cultivando no solo, Aromas também foi superior, seguidas de Camino Real e Camarosa. Nesse sistema Albion difere-se das demais. Oliveira & Scivittaro (2006), em Pelotas-RS, observaram produção de 570 g planta -1 na cultivar Camarosa produzida no solo sob túneis baixos. No presente trabalho Camarosa apenas obteve destaque no solo, produzindo 674,1 g planta -1 e 622, 9 g planta -1 de massa fresca total e comercial, respectivamente. Já na safra de 2005, Oliveira et al. (2008) obtiveram, em média, 740 g de frutos por planta da cv. Camarosa e 709 g da Aromas, diferença que pode ser explicada pelo morangueiro ser altamente influenciado pelas condições de temperatura e de fotoperíodo, vigentes durante o período de desenvolvimento das plantas e de produção dos frutos. Para a massa total de frutos deformados (Tabela 2), somente houve efeito significativo para cultivares. Para o número e massa total de frutos deformados não houve interação significativa, mas houve diferenças entre cultivares, sendo que Aromas e Camarosa apresentaram-se superiores as demais na média dos dois sistemas (Tabela). Desta forma, nas condições em que foi realizado o experimento os resultados demonstram que se comercializar em número de frutos o produtor que cultivar morangueiro no solo deve utilizar as cultivares Aromas e Camarosa. Já se optar pelo substrato essas e Ventana. Se optar por peso deve cultivar Aromas em qualquer dos dois sistemas. O sistema de morangueiro no solo proporciona maior rendimento por planta, entretanto em área de estufa agrícola o cultivo no substrato proporciona maior produção. LITERATURA CITADA ALMEIDA MEM et al A industrialização do morango. Informe Agropecuário 20: CANSIAN RL Comportamento de cultivares de morango (fragaria x ananasa Duch) na região do alto Uruguai do Rio Grande do Sul. Revista. Brasileira Agrociência 8: DUARTE FILHO J; ANTUNES LEC; PÁDUA JG Introdução e avaliação de cultivares de morangueiro no Sul de Minas Gerais. Horticultura Brasileira 21. Suplemento.CD-ROM FERNANDES JÚNIOR F.; FURLANI PR.; RIBEIRO IJA; CARVALHO CRL Produção de frutos e estolhos do morangueiro em diferentes sistemas de cultivo em ambiente protegido. Bragantia v. 61: FURLANI PR Hidroponia vertical: nova opção para produção de morangueiro no brasil. O Agronômico 53: Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S 1903

5 MARTÍNEZ FC.1999.Sistemas de cultivos hidropônicos.in: FERNÁNDEZ MF; GÓMEZ IMQ (eds).cultivo sin suelo II.Almeria: Universidad Almeria.p MORARD P Nutrition control of strawberries hydroponically grown in vertical columns using percolate analysis. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON SOILLESS CULTURE, 6., Luteren. Proceedings... Luteren: ISOSC. p OLIVEIRA RP; SCIVITTARO WB; FINKENAUER D Produção de morangueiro da cv. Camino Real em sistema de túnel. Revista Brasileira de Fruticultura: 30: OLIVEIRA RP; SCIVITTARO WB Desempenho produtivo de mudas nacionais e importadas de morangueiro. Revista Brasileira de Fruticultura 28: Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S1904

6 Tabela 1. Produção de frutos de cinco cultivares de morangueiro em dois sistemas de cultivo [Production of fruits of five strawberry cultivars in two growth system ]. FAMV, Passo Fundo, Cultivares Sistemas de Produção Substratos Solo Número Total de Frutos Aromas 53,4 a B 76,9 a A Camarosa 43,5 ab B 73,7 a A C. real 35,7 b A 44,5 b A Ventana 40,9 ab A 40,4 b A Albion 28,8 b A 30,5 b A Média 40,4 53,2 CV (%) 16,20 Número de Frutos Comerciais Aromas 48,4 a B 61,0 a A Camarosa 35,4 ab B 59,4 a A C. real 34,0 b A 37,6 b A Ventana 37,0 ab A 39,9 b A Albion 26,8 b A 27,1 b A Média 36,3 45 CV (%) 16,98 Massa Total de frutos (g planta -1 ) Aromas 620,9 a B 760,0 a A Camarosa 417,1 b B 674,1 ab A C. real 572,4 ab A 593,8 ab A Ventana 544,8 ab A 538,1 bc A Albion 456,3 ab A 399,7 c A Média 522,3 593,1 CV (%) 15,96 Massa de frutos Comerciais (g planta -1 ) Aromas 601,1 a A 715,3 a A Camarosa 382,4 b B 622,9 ab A C. real 565,3ab A 581,1 ab A Ventana 529,3 ab A 520,6 bc A Albion 447,8 ab A 388,5 c A Média 505,2 565,7 CV (%) 16,82 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e de letras minúscula na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey [Averages followed by the same capital letter in the line and by small letter in the column do not differ from each other, through the Tukey test ] (P = 0,05). Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S 1905

7 Tabela 2. Produção de frutos deformados em cinco cultivares de morangueiro em dois sistemas de cultivo [Production of deformed fruits in five strawberry cultivars in two growth systems]. FAMV, Passo Fundo, Cultivares Frutos Deformados Nº Total de Frutos Massa de frutos (g planta -1 ) Aromas 25,3 a 239,8 a Camarosa 22,8 a 200,0 ab C. real 13,1 b 170,9 bc Ventana 11,4 b 116,4 cd Albion 7,7 b 91,4 d Média 16,06 163,71 CV (%) 33,02 28,19 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e de letras minúscula na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey [Averages followed by the same capital letter in the line and by small letter in the column do not differ from each other, through the Tukey test ] (P = 0,05). Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S1906