ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE (Solanum lycopersicum) SUBMETIDAS A CORTE E TRATADAS COM EXTRATOS À BASE DE ERVA-CIDREIRA (Lippia alba)

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1 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE (Solanum lycopersicum) SUBMETIDAS A CORTE E TRATADAS COM EXTRATOS À BASE DE ERVA-CIDREIRA (Lippia alba) Sylmara Silva 1 ; Synara Silva 1 ; Josiane Isolina Mesquita 1 ; Bruno Vaz Moreira 1 ; Luciano Donizete Gonçalves 2. 1 Estudante de Agronomia. Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: Bambuí-MG. 2 Professor Orientador IFMG.. RESUMO: A cultura do tomateiro exige a realização de podas e desbrotas, entretanto essas estratégias de manejo propiciam uma porta de entrada para fitoparasitas, como fungos, vírus e bactérias, responsáveis por inúmeras perdas nessa cultura, além de tornarem o uso de produtos químicos massivo. O objetivo deste trabalho foi analisar o desenvolvimento de mudas de tomate submetidas a corte e tratadas com extratos à base de erva-cidreira, como uma estratégia a proteção de plantas em sistemas agroecológicos. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, sendo 4 tratamentos (T1- sem corte e sem aplicação, T2- com corte e sem aplicação, T3-com corte e com álcool e T4- com corte e com extrato), 6 repetições e 1 planta por parcela. As mudas foram avaliadas aos 7,14 e 28 dias após a aplicação dos tratamentos, em relação ao número de folhas, altura e diâmetro. Os extratos de erva-cidreira não possibilitaram um melhor desenvolvimento das mudas de tomate quando avaliados a altura, o diâmetro e o número de folhas. Dessa forma, os resultados obtidos não permitem afirmar que a utilização de extratos à base de erva-cidreira foi eficaz como estratégia na proteção de plantas no cultivo desta cultura. Palavras-chave: Proteção de plantas; Agroecologia; Agricultura orgânica. INTRODUÇÃO O tomate (Solanum lycopersicum) é uma cultura originária da América do Sul, da região dos Andes, sendo cultivada atualmente em todo o mundo (NASSUR, 2009). No Brasil, o cultivo do tomate até a década de 1930 era restrito a pequenas áreas de fundo de quintal; entretanto, seu consumo foi impulsionado com a chegada de imigrantes italianos e japoneses (SILVA et al., 2007). A planta apresenta dois hábitos de crescimento distintos, sendo eles o determinado e o indeterminado. O hábito de crescimento determinado ocorre nas cultivares criadas para a cultura

2 rasteira, com finalidade industrial ou consumo in natura. O crescimento vegetativo da planta é menos vigoroso, as hastes crescem mais uniformemente e a planta assume a forma de uma moita (FILGUEIRA, 2013). Já as plantas com hábito de crescimento indeterminado possuem crescimento mais vigoroso e contínuo, são tutoradas, sendo os frutos destinados ao consumo in natura. O plantio de cultivares de crescimento indeterminado exige diversos tratos culturais visando a melhores níveis de produção. Entre os tratos culturais, destacam-se as podas realizadas com o intuito de promover melhor equilíbrio entre o crescimento/desenvolvimento vegetativo e a frutificação, aumentando o tamanho dos frutos e sua qualidade (FILGUEIRA, 2013). Apesar de serem estratégias de manejo objetivando melhores índices de produtividade, as podas propiciam uma porta de entrada para fitoparasitas, como fungos, vírus e bactérias, responsáveis por inúmeras perdas nessa cultura, além de tornarem o uso de produtos químicos massivo (LUZ et al., 2007). Dentre as doenças favorecidas pela realização de podas e desbrotas, destacam-se o Talo-oco (Erwinia carotovora), a necrose da medula (Pseudomonas corrugata), o Tospovírus e Geminivírus (QUEZADO-DUVAL et al., 2008). De acordo com Filgueira (2013), o tomateiro é a espécie olerácea mais sujeita à ocorrência de problemas fitossanitários, o que, de certo modo, justifica o grande uso de defensivos químicos. O fato de o tomate ser uma hortaliça muito consumida in natura, principalmente em saladas, a preocupação com a saúde dos consumidores devido à possibilidade de resíduos de defensivos vem causando um aumento na procura pelo tomate orgânico, produzido sem agrotóxicos e geralmente certificado pelos órgãos como o IBD- Instituto Biodinâmico (LUZ et al., 2007). Entretanto, em sistemas de cultivo orgânico, onde o uso de defensivos químicos não é permitido, torna-se necessária a busca por caldas e extratos que realizem a proteção de plantas de forma sustentável, garantindo bons índices de produtividade. O objetivo deste trabalho foi analisar o desenvolvimento de mudas de tomate submetidas a corte e tratadas com extratos à base de erva-cidreira. MATERIAL E MÉTODOS Os extratos à base de erva-cidreira foram preparados no Laboratório de Melhoramento Genético do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) Campus Bambuí,

3 utilizando-se folhas secas e frescas, conforme a metodologia proposta pelo Centro de Produções Técnicas - CPT (2016) - para preparo de tinturas à base de plantas medicinais. Para a avaliação do extrato à base de erva-cidreira em mudas de tomate, realizou-se primeiramente a produção das mudas. As mudas de tomate foram produzidas no Setor de Olericultura do Instituto Federal de Minas Gerais Campus Bambuí, sendo semeadas em bandejas de 128 células. Para a realização do experimento, foi empregada a variedade Santa Cruz. Realizaram-se as operações tradicionais de desbaste e adubação, sendo as mudas transferidas para tubetes contendo substrato quando atingiram idade de transplantio. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, sendo 4 tratamentos, 6 repetições e 1 planta por parcela. Os tratamentos testados foram: T1 sem corte e sem aplicação (testemunha); T2- com corte e sem aplicação; T3- com corte e com álcool; T4- com corte e com extrato de folha seca. Os cortes, com cerca de 1 cm², foram realizados com o auxílio de um bisturi e, depois, procedeu-se à aplicação dos tratamentos com a ajuda de um pincel. A primeira avaliação foi realizada no dia da aplicação dos tratamentos, e as demais, aos 7, 14 e 21 dias após a realização dos cortes. As mudas foram avaliadas quanto ao número de folhas, altura e diâmetro. Os dados foram tabelados e submetidos à análise estatística pelo software SISVAR (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO No mesmo dia da realização dos tratamentos nas mudas, foi realizada a primeira avaliação, com o objetivo de verificar se todas as plantas apresentavam igual desenvolvimento. Os tratamentos avaliados não apresentaram diferença significativa quando submetidos à análise de variância (Tabela 1). Tabela 1. Médias para as variáveis analisadas em relação aos tratamentos testados em mudas de tomate no dia do corte

4 Na segunda avaliação, sete dias após a aplicação, não foi observada diferença significativa entre os tratamentos quando avaliados a altura e o diâmetro. No que diz respeito ao número de folhas, os tratamentos 2, 3 e 4 apresentaram resultados estatisticamente superiores em relação à testemunha. Dessa forma, observa-se que mudas submetidas a corte apresentaram maior emissão foliar em relação às mudas sem corte (Tabela 2). Tabela 2. Médias para as variáveis analisadas em relação aos tratamentos testados em mudas de tomate aos 7 dias. *Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade de erro. Nas avaliações aos 14 e 21 dias, também não foram percebidas diferenças significativas entre os tratamentos em nenhuma das variáveis analisadas (Tabelas 3 e 4). Tabela 3. Médias para as variáveis analisadas em relação aos tratamentos testados em mudas de tomate aos 14 dias Tabela 4. Médias para as variáveis analisadas em relação aos tratamentos testados em mudas de tomate aos 21 dias

5 Na literatura, não são encontrados trabalhos que tratem da regeneração do tecido vegetal ou da cicatrização de feridas causadas por amarrio, desbrotas e podas no tomateiro, apesar dessas práticas de manejo favorecerem grande número de doenças nesta cultura. Logo, torna-se necessária a realização de novas pesquisas a fim de se obter compostos que melhorem a regeneração do tecido vegetal, diminuindo a incidência de doenças e, consequentemente, o uso de defensivos, uma vez que o extrato de erva-cidreira não se mostrou promissor em relação às variáveis analisadas. CONCLUSÕES Os extratos de erva-cidreira não possibilitaram um melhor desenvolvimento das mudas de tomate quando avaliados a altura, o diâmetro e o número de folhas. Dessa forma, os resultados obtidos não permitem afirmar que a utilização de extratos à base de erva-cidreira foi eficaz como estratégia na proteção de plantas no cultivo desta cultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, D. F. Sisvar. Lavras: DEX/UFLA, versão, v. 5, p , FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, p. LUZ, J. M. Q., SHINZATO, A. V., e DA SILVA, M. A. D. Comparação dos sistemas de produção de tomate convencional e orgânico em cultivo protegido. BioscienceJournal, v. 23, n. 2, NASSUR, R.C.M.R. Qualidade pós-colheita de tomates tipo italiano produzidos em sistema orgânico. Lavras: UFLA, f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras. QUEZADO-DUVAL, A. M., REIS, A., INOUE-NAGATA, A. K., CHARCHAR, J., GIORDANO, L. D. B., & BOITEUX, L Cuidados especiais no manejo da cultura do tomate no verão. Embrapa Hortaliças-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), SILVA, D. J. H ; FONTES, P. C. R ; MIZUBUTTI, E. S. G. ; PICANÇO, M. C. Tomate. In: PAULA JÚNIOR, T.J.; VENZON, M. 101 Culturas: manual de tecnologias agrícolas. Belo Horizonte: EPAMIG, p