Desempenho de cultivares de repolho na região Campo das Vertentes em Minas Gerais

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1 Desempenho de cultivares de repolho na região Campo das Vertentes em Minas Gerais Natália de Almeida Resende (1), Izabel Cristina dos Santos (2), Marinalva Woods Pedrosa (3), Sanzio Mollica Vidigal (4), Maria Aparecida Nogueira Sediyama (4), Glacy Aparecida Resende (1), Maísa Santos da Fonseca (5) (1) Bolsista BIC Júnior FAPEMIG/EPAMIG, (2) Pesquisadora EPAMIG-Belo Horizonte, (3) Pesquisadora EPAMIG-São João del-rei, (4) Pesquisadores EPAMIG-Viçosa, MG, (5) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, Introdução O repolho (B. oleracea var. capitata) é uma planta herbácea de origem européia e possui grande importância para a economia brasileira. É uma rica fonte de vitaminas, potássio, cálcio, ferro, sódio e fósforo. Diversas são as cultivares disponíveis no mercado, que variam na forma da cabeça e cor das folhas, bem como na adaptabilidade às condições climáticas. A tendência atual é de criação ou introdução de híbridos com larga adaptação termoclimática, que possibilitam o plantio ao longo do ano. Bons exemplos são os híbridos Fuyutoyo, Sayko, Astrus e Saturno, que permitem grande flexibilidade na escolha da época de plantio e da região produtora (FILGUEIRA, 2003). Como os sistemas de produção agrícola são dinâmicos e considerando a ocorrência de microclimas, o ideal é que as novas cultivares sejam testadas localmente, para se verificar a interação genótipo X ambiente (CRUZ; REGAZZI, 2001) e recomendar aquelas mais adaptadas à região de interesse. Por isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de oito cultivares de repolho para o cultivo na região Campo das Vertentes, em Minas Gerais.

2 2 Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN) do Centro Tecnológico do Sul de Minas (CTSM) da EPAMIG, em São João del-rei, MG. Foram avaliadas oito cultivares de repolho: Astrus, Shutoku, Matsukase, Mirai, Taishita, Sekai, Red Dynasty e Ruby Queen, sendo as seis primeiras do grupo verde e as duas últimas do grupo roxo. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições. As mudas foram transplantadas aos 41 dias após a semeadura (DAS) em parcela de oito linhas com quinze plantas, no espaçamento de 0,5 x 0,4 m. Na linha de plantio foi aplicada adubação equivalente a kg/ha de superfosfato simples; 53 kg/ha de ureia; 60 kg/ha de cloreto de potássio; 10 kg/ha de bórax; 15 kg ha/de sulfato de zinco e 0,5 kg/ha de molibdato de amônio. Foram realizadas três adubações de cobertura, sendo 60 kg/ha de ureia e 60 kg/ha de cloreto de potássio aos 55 DAS, 100 kg/ha de ureia e 90 kg/ha de cloreto de potássio aos 79 DAS e aos 93 DAS. O experimento foi conduzido com irrigação por microaspersão. Na colheita, aos 107 DAS, foram amostradas treze plantas da área útil da parcela. Logo após a pesagem de toda a planta, retiraram-se as folhas externas e procedeu-se à pesagem e à classificação das cabeças em seis classes comerciais, de acordo com a massa fresca, em gramas, onde refugo = peso menor que 250 g; 1 = peso maior que 250 g e menor que 500 g; 2 = 500 g a 750 g; 3 = 750 g a g; 4 = g a g; 5 = g a g e 6 = peso maior que g (VIDIGAL et al., 2007). Foi considerado como produtividade comercial, o somatório dos pesos das cabeças das classes 1, 2, 3, 4, 5 e 6 (Tabela 1). A produção não comercial (refugo) correspondeu ao somatório dos pesos das cabeças menores que 250 g e das cabeças desqualificadas, devido à ocorrência de podridões, rachaduras, má-formação e danos causados pelo ataque de pragas. O peso médio da cabeça foi obtido considerando-se apenas as cabeças comercializáveis (classes 1 a 6). Os resultados experimentais foram submetidos à análise de variância, com comparação de médias por meio do teste Tukey, adotando-se significância igual a 5%.

3 3 Resultados e Discussão Quanto à produtividade de refugo não houve diferença estatística entre as cultivares, no entanto, quando se compara a produtividade de refugo com a produtividade total, verifica-se que as maiores porcentagens de refugo ocorreram nas cultivares Red Dynasty (5,40) e Ruby Queen (2,29) e a menor porcentagem de refugo na Taishita (0,22). Considerando as classes comerciais, houve diferenças entre as cultivares observando-se maior produtividade de cabeças da classe 1 pela cultivar Red Dynasty em relação às cultivares Mirai, Taishita e Sekai. Na classe 2, Ruby Queen apresentou produtividade de cabeças superior a Shutoku. E na classe 3, Taishita apresentou produtividade superior a Red Dynasty. Não houve produção de cabeças de repolho da classe 6 e apenas as cultivares Shutoku e Mirai produziram cabeças na classe 5. Porém, verificou-se que as cultivares Shutoku (54,29), Sekai (54,20), Mirai (49,64), Taishita (48,89) e Astrus (45,65) apresentaram maiores porcentagens de cabeça na classe comercial 4, mais aceita pelo consumidor brasileiro. A cultivar Matsukase apresentou maior porcentagem de cabeças na classe comercial 3 e as cultivares Red Dynasty e Ruby Queen na classe comercial 2 e 1. A produtividade comercial total da cultivar Shutoku foi superior à produtividade das cultivares Astrus, Matsukase, Ruby Queen e Red Dynasty. De acordo com Tivelli e Purquerio (2005), a produtividade comercial do repolho, no Brasil, varia entre 30 e 60 t/ha. Neste estudo, apenas as cultivares Red Dynasty e Ruby Queen apresentaram produtividades com valores abaixo desta faixa. De acordo com a Asgrow do Brasil, no estado de São Paulo, a cultivar Red Dynasty tem produzido cabeças com pesos que variam de a g, o que mostra que esta cultivar não apresentou todo o seu potencial nas condições em que foi cultivada na região Campo das Vertentes. A cultivar Shutoku apresentou peso médio de cabeça comercializável (1126,78 g/cabeça) superior ao observado nas cultivares Astrus (837,27 g/cabeça), Matsukase (739,78 g/cabeça), Red Dynasty (496,89 g/cabeça) e Ruby Queen (554,85 g/cabeça). No entanto, estes valores foram inferiores aos obtidos por Fontanétti et al. (2006) com o híbrido Kenzan (1215,3 a 1960,0/g cabeça) em sistema de cultivo orgânico. Aquino et al. (2005), por sua vez,

4 4 obtiveram massa fresca média de cabeça que variou de 616,03 g/cabeça a 2.310,20 g/cabeça com o híbrido Kenzan, de acordo com o espaçamento adotado e a dose de nitrogênio aplicada nas condições de primavera/verão em Viçosa, MG. Conclusão As cultivares Shutoku, Mirai, Taishita e Sekai mostraram-se as mais promissoras para o cultivo na região Campo das Vertentes e as cultivares Matsukase, Red Dynasty e Ruby Queen as menos adaptadas. Agradecimento À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pelo recurso financeiro ao projeto e pelas bolsas PIBIC e BIC Júnior. Referências AQUINO, L.A.de; PUIATTI, M.; PEREIRA, P.R.G.; PEREIRA, F.H.F.; CASTRO, M.R.S.; LADEIRA, I.R. Características produtivas do repolho em função de espaçamentos e doses de nitrogênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.2, p , abr./jun ASGROW DO BRASIL. Red Dinasty amplia o cultivo de repolho roxo. Campinas, [2008]. Disponível em: < not_codigo=135>. Acesso em: 16 jun CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. 2. ed.rev. Viçosa: UFV, p. FILGUEIRA, A.R.F. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2. ed. Viçosa: UFV, p. FONTANÉTTI, A.; CARVALHO, G.J. de; GOMES, L.A.A.; ALMEIDA, K. de; MORAES, S.R.G. de; TEIXEIRA, C.M. Adubação verde na produção orgânica

5 5 de alface americana e repolho. Horticultura Brasileira, Brasília, v.24, n.2, p , abr./jun TIVELLI, S.W.; PURQUERIO, L.F.V. Repolho. Campinas: IAC, Texto extraído do Boletim 200. Disponível em: < repolho/repolho.htm> Acesso em: 7 maio VIDIGAL, S.M.; PEREIRA, P.R.G.; PEDROSA, M.W. Repolho. In: PAULA JÚNIOR, T.J. de; VENZON, M. (Coord). 101 Culturas: manual de tecnologias agrícolas. Belo Horizonte: EPAMIG, p Tabela 1 - Produtividade (t/ha) de repolho de acordo com a classificação 1, total e total comercial e massa fresca média da cabeça (g/cabeça), Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN) EPAMIG, São João del-rei, MG Cultivar Classes (1) Refugo Total Total comercial Massa fresca da cabeça (2) Astrus 0,64a 2,04bc 7,70ab 11,44ab 17,81ab 0,00b 39,65bc 39,01bc 837,27b Shutoku 0,36a 2,10bc 1,77b 5,20ab 29,50a 15,76a 54,70a 54,34a 1126,78a Matsukase 0,25a 4,51abc 8,71ab 13,52ab 8,82ab 0,00b 35,84bcd 35,59bcd 739,78bc Mirai 0,21a 1,18c 4,46ab 14,28ab 24,08a 4,49ab 48,73ab 48,51ab 984,06ab Taishita 0,10a 0,72c 5,99ab 16,76a 22,48a 0,00b 46,08ab 45,98ab 934,84ab Sekai 0,24a 1,65c 6,00ab 13,80ab 25,42a 0,00b 47,14ab 46,90ab 955,52ab Red Dynasty 1,23a 9,65a 9,99ab 2,44b 0,00b 0,00b 23,34d 22,12d 496,89c Ruby Queen 0,60a 7,01ab 13,07a 5,46ab 0,00b 0,00b 26,18cd 25,58cd 554,85c CV(%) 131,06 62,56 60,68 57,90 57,16 200,66 14,58 15,55 12,45 NOTA: Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. (1)Classificação: Refugo < 250 g; Classe 1 = 250 a 500 g; Classe 2 = 500 a 750 g; Classe 3 = 750 a g; Classe 4 = a g e Classe 5 = a g(vidigal et al, 2007). (2)O peso médio foi obtido considerando-se apenas as cabeças comercializáveis - classes 1 a 5.