Racha: Dolo Eventual ou Culpa Consciente?

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Racha: Dolo Eventual ou Culpa Consciente?"

Transcrição

1 Racha: Dolo Eventual ou Culpa Consciente? Autora: Gabriela Lucena Andreazza. Acadêmica do Curso de Graduação em Direito da UNIPLAC. Bolsista de Iniciação Científica Orientador: Professor Mestre Mauricio Neves de Jesus Resumo: Quando da superveniência de resultado concreto (morte ou lesão corporal) no delito de participação em competição automotiva não autorizada (racha) faz-se necessária uma análise do elemento subjetivo incidente. Inúmeras conseqüências jurídicas derivam da interpretação adotada, seja ela pró-dolo eventual ou pró-culpa consciente, com reflexos na competência, tipo penal, pena cominada, entre outros. Com foco no tênue limite existente entre o dolo eventual e a culpa consciente, o presente artigo parte de uma caracterização do delito do art. 308 do CTB para analisar o posicionamento doutrinário e jurisprudencial na hipótese de ocorrência de acidente com morte ou lesão corporal e suas implicações jurídicas. Palavras-Chave: Elemento subjetivo Dolo eventual Culpa consciente Racha Homicídio Abstract: When it occurs a concrete result (death or body injury) stemmed from a criminal participation in an illicit automobile competition, it is necessary an analysis of the related subjective element. Several legal consequences derive from the adopted interpretation, whether it admits dolus eventualis or conscious negligence, reflecting in the jurisdictional competence, classification of the crime, punishment, and others issues. Focused on the subtle limit between dolus eventualis and conscious negligence, the present article starts from a characterization of the illicit definition of the article 308 of the Brazilian Traffic Code to analyze the jurisprudential and doctrinal position with regard to the hypothesis of occurring an accident which results in death or body injury and its legal consequences. 1

2 homicide Keywords: Subjective element dolus eventualis conscious negligence racha 1.Introdução; 2.Tipo Objetivo e Elemento Subjetivo; 2.1.Dolo Eventual; 2.2.Culpa Consciente; 2.3.Diferença entre culpa consciente e dolo eventual; 3.Caracterização do Delito do art. 308 do CTB e o Elemento Subjetivo do Tipo; 4.Superveniência de resultado concreto em crime de racha ; 4.1.Homicídio e Lesão Corporal Culposos no Trânsito; 5.Posicionamento Doutrinário Pró-Dolo Eventual; 6.Posicionamento Doutrinário Pró-Culpa Consciente; 7.Posicionamento Jurisprudencial 8.Considerações Finais; 9.Referências Bibliográficas. 1. Introdução O mundo inteiro se preocupa com as conseqüências danosas dos delitos de trânsito. Até mesmo a Organização Mundial da Saúde dá ao tema o status de epidemia. Uma prova de que este não é um problema recente é que já no final do século XIX, em 1900, Viveiros de Castro dizia que os acidentes automobilísticos eram uma verdadeira epidemia, tão mortífera quanto a febre amarela 1. O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) veio como resposta do legislador aos anseios de uma sociedade que sente, no trânsito, uma situação de medo constante. Uma das condutas inconseqüentes que geram este estado de medo é a prática do delito de participação em competição não autorizada, popularmente conhecido como racha ou pega, em geral por jovens buscando auto-afirmação e popularidade. 1 CASTRO, Viveiros de. apud JESUS, Damásio de. Crimes de Trânsito: anotações à parte criminal do código de trânsito (Lei n. 9.53, de 23 de setembro de 1997). 4.ed. São Paulo: Saraiva, p

3 O racha é reprimido pelo Código de Trânsito Brasileiro em seu art. 308 que o tipifica como crime punível com detenção, de seis meses a dois anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor a conduta de participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada. 2 Tal conduta é, sem dúvida, extremamente reprovável, pois expõe a perigo concreto a incolumidade pública e, por extensão, a privada. Resta saber, e é isto que esta pesquisa procurou descobrir, o que pensam os participantes do racha. Entretanto é preciso destacar que não se pretende, com este trabalho, alcançar o impossível, mas sim estudar as diversas nuances da Teoria da Vontade para inferir conclusões sobre o elemento subjetivo existente nos delitos desta natureza. Dolo e Culpa são categorias do elemento subjetivo que têm entre si um limite muito pouco definido. E foi este limite que se buscou explorar. Afinal, para imputar uma punição proporcional à gravidade do ato delituoso, é importante saber classificar o ato típico em doloso ou culposo. Só assim será alcançada o objetivo do Poder Judiciário e, por extensão, também da sociedade como um todo, quando visam uma punição ao delito de racha. 2 Tipo Objetivo e Elemento Subjetivo Tipo objetivo, delito, fato típico e tipo penal, todos estes termos são sinônimos de crime. Para que uma ação ou omissão do agente gere efeitos no mundo exterior, e, por conseguinte, conseqüências jurídicas, é necessário que, anteriormente, o agente tenha pensado nisso. Os aspectos subjetivos e psicológicos representam aquilo que se passa dentro da cabeça do agente quando ele dirige a sua conduta de modo a enquadrá-la em um dos tipos penais previstos no ordenamento jurídico. O tipo objetivo nada mais é do que a exteriorização da vontade que concretiza o tipo subjetivo. O elemento psicológico normativo da tipicidade diz respeito ao agente e sua ação (ou omissão), que se enquadra na prescrição legal proibitiva e se manifesta na forma de dolo ou culpa. O que vai determinar a caracterização de um ou de outro é a maior ou menor atuação da consciência e da vontade. 2 BRASIL. LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE Institui o Código de Trânsito Brasileiro. 3

4 Para entender as conseqüências práticas desta diferenciação, e para exemplificar 3 que o dolo é a mais grave forma de culpabilidade, vale expor o seguinte: a) Um homicídio cometido com dolo tem numa pena que varia de 6 (seis) a 20 (vinte) anos, podendo ser de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, na hipótese de homicídio qualificado. b) Por sua vez, um homicídio culposo na direção de veículo automotor tem suas penas previstas no Art. 302 do CTB: Penas detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor 4. É possível observar que, apesar do tênue limite subjetivo que separa as duas espécies, há uma enorme disparidade de penas. Esta linha de separação torna-se ainda mais frágil em se tratando das modalidades de dolo eventual e culpa consciente, conforme veremos. Outra conseqüência prática da determinação do tipo de culpa (lato sensu) é a determinação da competência e do rito processual a ser seguido. O Tribunal do Júri tem constitucionalmente prevista a sua competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. 5 Se o crime contra a vida (homicídio, por exemplo) der-se na modalidade culposa, a competência para conhecer da ação será do juiz singular Dolo Eventual O dolo eventual, espécie do gênero dolo indireto, caracteriza-se quando o agente prevê como possível o resultado e, estando consciente da iminência de causá-lo, assume o risco e segue na execução do iter criminis. Assim, o dolo eventual ocorre quando o agente assume o risco de produzir um resultado que por ele foi previsto. 6 Houve, portanto, a visualização da possibilidade da ocorrência do ato ilícito e, mesmo assim, o agente não interrompeu sua ação, admitindo, anuindo, aceitando, concordando com o resultado. 7 3 Este exemplo foi retirado de STETTINFER FILHO, Ralph Tórtima. Dolo Eventual e a Culpa Consciente nos Delitos de Trânsito. Campinas SP Centro de estudos Daniel Santini. Fev Disponível em: Acesso em 11 de out de BRASIL. LEI Nº Op. cit. 5 CF, art. 5º (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida ; 6 CARDOSO, Vicente. Op. cit. P STETTINGER FILHO, Ralph. Op. cit. 4

5 2.2. Culpa Consciente Pode-se dizer que a culpa (em sentido estrito) é a forma mais branda de culpabilidade, sendo menos grave do que o dolo. Na culpa o resultado ilícito de dano ou perigo não é previsto, mas previsível, e se for previsto de algum modo, não é aceito pelo agente que acredita que tal não ocorra. 8 Dentro das modalidades culposas tem-se, como subdivisão doutrinária, a culpa consciente, ou com previsão. Trata-se do mais elevado grau de culpa, por aproximar-se do conceito de dolo eventual. Ela estará caracterizada quando o agente previr um resultado que não deseja e agir apesar desta previsão. O agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo; não quer, sinceramente, que o resultado venha a ocorrer Diferença entre culpa consciente e dolo eventual Alguns autores posicionam-se sobre a diferenciação entre os dois tipos de elementos subjetivos que são objeto desta pesquisa dolo eventual e culpa consciente, a saber: - Cezar Roberto Bitencourt: Os limites fronteiriços entre o dolo eventual e a culpa consciente constituem um dos problemas mais tormentosos da Teoria do Delito. Há entre ambos um traço em comum: a previsão do resultado proibido. Mas, enquanto no dolo eventual o agente anui ao advento desse resultado, assumindo o risco de produzi-lo, em vez de renunciar à ação, na culpa consciente, ao contrário, repele a hipótese de superveniência do resultado, na esperança convicta de que este não ocorrerá. 9 - Fernando Capez: A culpa consciente difere do dolo eventual, porque neste o agente prevê o resultado, mas não se importa que ele ocorra ( se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas não importa; se acontecer, tudo bem, eu vou prosseguir ). Na culpa consciente, embora prevendo o que possa vir a acontecer, o agente repudia essa possibilidade ( se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas 8 CARDOSO, Vicente. Op. cit. P BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial, volume 2. 3.ed. rev e ampl. São Paulo: Saraiva, P

6 estou certo de que isso, embora possível não ocorrerá ). O traço distintivo entre ambos, portanto, é que no dolo eventual o agente diz: não importa, enquanto na culpa consciente supõe: é possível, mas não vai acontecer de forma alguma Júlio Fabbrini Mirabete: A culpa consciente avizinha-se do dolo eventual, mas com ela não se confunde. Naquela (na culpa consciente), o agente, embora prevendo o resultado, não o aceita como possível. Nesse (no dolo eventual), o agente prevê o resultado, não se importando que venha ele a ocorrer. 11 Tipo 3. Caracterização do Delito do art. 308 do CTB e o Elemento Subjetivo do O racha 12 é uma espécie de disputa, corrida, competição, de veículo em desabalada carreira com intenção de exibição ou demonstração de sua potência 13. Antes de o Novo Código de Trânsito entrar em vigor 14, o racha ou pega caracterizava a contravenção penal de direção perigosa de veículo na via pública. Não há dúvidas de que o elemento subjetivo da participação em competição não autorizada, previsto no ordenamento jurídico seja o dolo. Essa certeza decorre do simples fato de inexistir previsão legal de modalidade culposa. A discussão quanto à incidência de dolo eventual ou de culpa consciente só surge quando a partir da prática do racha sobrevém um resultado danoso tal como o homicídio. 4. Superveniência de resultado concreto em crime de racha Se o comportamento imprudente ocasiona acidente que tem tem como conseqüência morte ou lesão corporal de terceiro, o entendimento do Des. Maurílio Moreira 10 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal apud STETTINGER FILHO, Ralph. Op. cit. 11 MIRABETE, Júlio Fabbrini; Manual de Direito Penal apud STETTINGER FILHO, Ralph. Op. cit. 12 Sempre que se falar em racha ou pega, leia-se participação em competição não autorizada, ou seja, o delito do art. 308 do Código de Trânsito Brasileiro. 13 JESUS, Damásio de. Crimes de Trânsito: anotações à parte criminal do código de trânsito (Lei n. 9.53, de 23 de setembro de 1997). 4.ed. São Paulo: Saraiva, P O Novo Código de Trânsito passou a vigorar 120 dias depois de sua publicação ( ), ou seja, no primeiro instante do dia 22 de janeiro de

7 Leite, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, é de que o delito de homicídio ou lesão absorve o crime de participação em competição não autorizada, que prevê tão-só a conduta potencialmente danosa. 15 Surge, então, a dúvida: O crime de homicídio ou o de lesão corporal, decorrente da prática do racha, pertence à modalidade dolosa ou culposa? É inquestionável que o praticante de racha prevê o resultado antijurídico (lesão ou morte de terceiro) como possível. A dúvida reside em determinar se o agente presta anuência para que este resultado sobrevenha (dolo eventual) ou se repele a idéia de advento do resultado e acredita veementemente que, em função de sua habilidade, tal resultado não virá a ocorrer (culpa consciente). Em se tratando de superveniência do resultado morte, o art. 308 do CTB ficará absorvido ou pelo art. 302 do CTB, ou pelo art. 121 do CP? É crucial a compreensão de que o que irá determinar se a absorção dar-se-á pelo art. 302 do CTB ou pelo art. 121 do CP será o entendimento de que o resultado morte deriva de culpa consciente do autor, no primeiro caso, ou de dolo eventual, no segundo. A interpretação pró-culpa consciente é, sem dúvida, o entendimento mais benéfico para o agente que ficará sujeito a uma sanção menor: a prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor tem uma pena cominada pelo CTB de detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir. Por outro lado, o entendimento mais gravoso para o autor é o de que este agiu com dolo eventual, assumindo o risco e anuindo previamente na superveniência do resultado morte. Tratar-se-ia de absorção pelo art do Código Penal Brasileiro que comina pena de reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos para o homicídio simples e de 12 (doze) a 30 (trinta) na hipótese de homicídio qualificado. 15 Este entendimento foi retirado do recurso criminal n , de Tubarão, cujo relator é o Des. Maurílio Moreira Leite. 16 BRASIL. DECRETO-LEI N , DE 7 DE DEZEMBRO DE Código Penal: Homicídio simples Art Matar alguém: Pena: reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. Caso de diminuição de pena. 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado. 2º Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena: reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 7

8 4.1. Homicídio e Lesão Corporal Culposos no Trânsito No Código Penal, o homicídio culposo tem uma pena cominada de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 17 Em 1997, com o advento do Código de Trânsito, passou a existir uma previsão específica no art. 302 da pratica de homicídio culposo na direção de veículo automotor, com uma pena cominada superior à anterior do Código Penal, qual seja detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, podendo ser aumentada de um terço à metade nas hipóteses previstas no parágrafo único. 18 Alguns doutrinadores, como Rui Stoco, defendem a inconstitucionalidade do art. 302 do CTB por ofensa ao princípio constitucional da isonomia e ao direito subjetivo do réu a um tratamento igualitário 19. Este entendimento de Rui Stoco segue a linha da dogmática clássica, para a qual a antijuridicidade está limitada à desvaloração do resultado. Por este entendimento, sendo o resultado o mesmo (homicídio culposo), não haveria razão para a cominação de penas diametralmente desproporcionais para alguém que, desavisadamente, joga um vaso de flor de cima de um prédio e acaba matando um infeliz transeunte (detenção de 1 a 3 anos) e outrem que, praticando corrida não autorizada em via pública, atropela e mata um pedestre (detenção, de 2 a 4 anos, podendo ser aumentada de um terço à metade, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor). 5. Posicionamento Doutrinário Pró-Dolo Eventual 17 BRASIL. DECRETO-LEI N , DE 7 DE DEZEMBRO DE Código Penal: Art (...) Homicídio culposo. 3º Se o homicídio é culposo: Pena: detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 18 BRASIL. LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE Institui o Código de Trânsito Brasileiro: Art Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. 19 STOCO, Rui. Apud BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial, volume 2. 3.ed. rev e ampl. São Paulo: Saraiva, P

9 - Júlio Fabbrini Mirabete: Querer o perigo ou aceitar o risco de sua ocorrência equivale a consentir no risco do resultado (morte ou lesão corporal) José Marcos Marrone: Se da corrida, disputa ou competição não autorizada resultar evento mais grave (lesão ou morte), configura-se o dolo eventual (art. 18, I, 2ª parte, do Código Penal), respondendo o condutor pelo delito de homicídio doloso ou lesão corporal dolosa. Fica absorvido o crime do art. 308 do CTB. Reforçando o mesmo entendimento o autor continua: Efetivamente, aquele que participa de racha, em via pública, tem consciência dos riscos envolvidos, aceitando-os, motivo pelo qual mereve ser responsabilizado por crime doloso Posicionamento Doutrinário Pró-Culpa Consciente - Cezar Roberto Bitencourt: Por fim, a distinção entre dolo eventual e culpa consciente resume-se à aceitação ou rejeição da possibilidade de produção do resultado. Persistindo a dúvida entre um e outra, dever-se-á concluir pela solução menos grave: pela culpa consciente Edmundo José de Bastos Jr.: Quando a atitude psíquica do agente não se revelar inequívoca, ou se há inafastável dúvida se houve, ou não, aceitação do risco do resultado, a solução deve ser baseada no princípio in dubio pro reo, vale dizer, pelo reconhecimento da culpa consciente. (...) Nos delitos de trânsito, há um decisivo elemento de referência para o deslinde da dúvida entre dolo eventual e culpa consciente: o risco para o próprio agente. Com efeito, é difícil aceitar que um condutor de veículo, na plenitude de sua sanidade mental, seja indiferente à perda de sua própria vida e, eventualmente, de pessoas que lhe são caras - em desastre que prevê como possível conseqüência de manobra arriscada que leva a efeito (...) MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Apud STETTINGER FILHO, Ralph. Op. cit. 21 MARRONE, José Marcos. Op. cit. P BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de direito Penal. apud STETTINGER FILHO, Ralph. Op. cit. 23 BASTOS JÚNIOR, Edmundo José de. Código Penal em Exemplos Práticos. Florianópolis: OAB/SC Editora, P

10 7. Posicionamento Jurisprudencial Na década de 1990, como parte de uma política criminal do terror, observou-se o nascimento no Rio Grande do Sul e fortalecimento em todo o território nacional de uma corrente jurisprudencial que passou a reconhecer, indiscriminadamente a existência de dolo eventual nos acidentes automobilísticos, decorrentes ou não de racha, com repercussão social 24. Entretanto, decisões isoladas para um ou outro lado continuam a ser prolatadas pelos Tribunais Brasil a fora. 8. Considerações finais A idéia inicial motivadora desta pesquisa foi procurar investigar a incidência de dolo eventual ou de culpa consciente nos delitos de lesão corporal e homicídio decorrentes da prática do racha. A partir de uma conceituação dos tipos de elemento subjetivos, com ênfase na diferenciação entre dolo eventual e culpa consciente, passou-se a uma caracterização do delito do art. 308 do CTB, para só então analisar a incidência do elemento subjetivo quando da superveniência de resultado concreto no crime de racha. A doutrina brasileira divide-se quanto ao reconhecimento de dolo ou culpa. Juridicamente, a interpretação dos dispositivos legais em vigor aponta que a intenção do legislador de levar o intérprete para a culpa consciente. Isto porque o Código de Trânsito Brasileiro, que é o instituto legal destinado a regular os crimes cometidos no trânsito, só prevê a modalidade culposa de lesão corporal e homicídio quando sobrevierem como resultado concreto em crime de racha. O aprofundamento da análise da superveniência de resultado concreto em crime de racha instiga à investigação, pois é justamente quando ocorre a absorção do delito de participação em competição não autorizada pelo homicídio ou lesão corporal que surge a discussão sobre a incidência de dolo eventual ou culpa consciente. Em se tratando de delimitação de conceitos, o mais interessante foi observar que, apesar do tênue limite subjetivo que separa as duas espécies de culpabilidade de que tratou esta pesquisa (dolo eventual e culpa consciente), há uma enorme disparidade de penas entre uma e outra: no caso de um homicídio ocorrido durante a prática de racha, se a opção for 24 BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial, volume 2. 3.ed. rev e ampl. São Paulo: Saraiva, P

11 pelo dolo, aplica-se o Código Penal (art. 121), e a pena pode variar de 6 (seis) a 20 (vinte) anos, podendo ser de até 12 (doze) a 30 (trinta) anos, na hipótese de homicídio qualificado; entretanto, se a opção for pela culpa consciente, a pena a ser aplicada é a cominada para o homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB), qual seja detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Em análise da interpretação jurisprudencial da matéria, observou-se que, quando não há provas concretas, definitivas de que o acusado tenha agido com a intenção de causar o resultado, não poderá existir outra decisão senão no sentido de se reconhecer uma conduta culposa. A opção pela culpa consciente é, ainda, a interpretação técnica mais adequada de acordo com a legislação específica que regula a matéria, qual seja, o Código de Trânsito Brasileiro. Entretanto, torna-se claro que, por decisão de política criminal, o Poder Judiciário resolveu dar à sociedade a resposta por ela esperada, punindo tais delitos de grande repercussão social com seriedade, o que só pode ser feito no âmbito do dolo. Isto tem sido demonstrado como clara tendência extraída das decisões mais recentes dos principais tribunais do país, no sentido de afirmar a impossibilidade de afastamento genérico do dolo eventual, ainda que em detrimento da técnica e do primor interpretativo da lei. Todavia o objetivo maior deste rigor na aplicação das penas não tem sido alcançado. Apesar de se buscar coibir a prática de imprudências, o aumento da severidade na punição tem sido acompanhado por um crescente número de acidentes fatais. Finalmente pode-se entender que o fator determinante para a diferenciação entre o dolo eventual e a culpa consciente é certamente a vontade do agente. Somente nos casos em que restar claramente evidenciado esse querer, poder-se-á falar em dolo eventual, que, nos delitos de trânsito, embora possível, é de difícil comprovação. Diante da dificuldade de descobrir o que pensava o agente no momento da conduta delituosa, na prática, o elemento subjetivo, não é extraído da mente do autor, mas sim das circunstâncias do caso concreto. 9. Referências bibliográficas ARAÚJO, Marcelo José. O "RACHA" E O CÓDIGO DE TRÂNSITO. Disponível em: Acesso em: 17 mai

12 BASTOS JÚNIOR, Edmundo José de. Código Penal em Exemplos Práticos. Florianópolis: OAB/SC Editora, BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva, Tratado de Direito Penal: parte especial, volume 2. 3.ed. rev e ampl. São Paulo: Saraiva, BRASIL. DECRETO-LEI N , DE 7 DE DEZEMBRO DE Código Penal.. DECRETO-LEI N , DE 3 DE OUTUBRO DE Lei das Contravenções Penais.. LEI N , DE 26 DE SETEMBRO DE Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências.. LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE Institui o Código de Trânsito Brasileiro. CARDOSO, Vicente Fontana. Crimes em Acidentes de Trânsito. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, GARCIA, Luís Carlos. Racha: até o nome é violento: Assim como droga, o racha, ou competição (?) de rua com automóveis, é uma "adrenalina" que mata. Disponível em: < Acesso em 11 de out de GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de projetos de pesquisa científica. São Paulo: Avercamp, HOFFMAN, Maria Helena; CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João Carlos. Comportamento Humano no Trânsito. São Paulo: Casa do Psicólogo,

13 JESUS, Damásio de. Crimes de Trânsito: anotações à parte criminal do código de trânsito (Lei n. 9.53, de 23 de setembro de 1997). 4.ed. São Paulo: Saraiva, Direito Penal: volume 1: Parte Geral. 23.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, Dois Temas da Parte Penal do Código Brasileiro de Trânsito. Disponível em: < Acesso em: 17 mai MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 4.ed. São Paulo: Atlas, MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal. Campinas: Bookseller, MARRONE, José Marcos. Delitos de Trânsito: Aspectos penais e processuais do Código de Trânsito Brasileiro: Lei n São Paulo: Atlas, MIRABETE, Júlio Fabrini. Código Penal Interpretado. 2.ed. São Paulo: Atlas, Recurso Criminal n , de Blumenau. Relator: Des. Torres Marques. Data do julgamento: 28/06/2005. Disponível em: < 0000&p_id=AAAG5%2FAATAAABAYAAC&p_query=%28%7Bculpa+consciente%7D%2 9>. Acesso em 18 mar Recurso em Sentido Estrito Nº , Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Délio Spalding de Almeida Wedy, Julgado em 04/09/2003. Disponível em < Acesso em: 24 out RIBEIRO, Carlos Fernando Auto. Acidentes de Trânsito: Dolo eventual ou culpa consciente? Disponível em: < Acesso em 17 mai

14 SIDOU, J. M. Othon. Dicionário Jurídico: Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 8.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, SILVA, Ronaldo. Direito Penal Parte Geral. Florianópolis: Momento Atual, SOUZA, Jose Barcelos de. Dolo Eventual em crimes de trânsito. Boletim IBCCRIM. São Paulo, n.73, p , dez STETTINGER FILHO, Ralph Tórtima. Dolo Eventual e a Culpa Consciente nos Delitos de Trânsito. Campinas SP Centro de estudos Daniel Santini. Fev Disponível em: < Acesso em 11 de out de TEIXEIRA, Zeni Zeni Calbuch (org.). Caderno Apresentação de relatório, monografia, trabalho de conclusão de curso, dissertação e tese. Lages (SC): Editora Uniplac, VIDOR, César. Dolo eventual nos acidentes de trânsito. Jus Navigandi, Teresina, a. 6, n. 55, mar Disponível em: < id=2776>. Acesso em: 12 mar

www.apostilaeletronica.com.br

www.apostilaeletronica.com.br DIREITO PENAL PARTE GERAL I. Princípios Penais Constitucionais... 003 II. Aplicação da Lei Penal... 005 III. Teoria Geral do Crime... 020 IV. Concurso de Crime... 027 V. Teoria do Tipo... 034 VI. Ilicitude...

Leia mais

CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES

CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES Espécies de Conduta a) A conduta pode ser dolosa ou culposa. b) A conduta pode ser comissiva ou omissiva. O tema dolo e culpa estão ligados à

Leia mais

FATO TÍPICO CONDUTA. A conduta é o primeiro elemento integrante do fato típico.

FATO TÍPICO CONDUTA. A conduta é o primeiro elemento integrante do fato típico. TEORIA GERAL DO CRIME FATO TÍPICO CONDUTA A conduta é o primeiro elemento integrante do fato típico. Na Teoria Causal Clássica conduta é o movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo

Leia mais

TESTE RÁPIDO DIREITO PENAL CARGO TÉCNICO LEGISLATIVO

TESTE RÁPIDO DIREITO PENAL CARGO TÉCNICO LEGISLATIVO TESTE RÁPIDO DIREITO PENAL CARGO TÉCNICO LEGISLATIVO COMENTADO DIREITO PENAL Título II Do Crime 1. (CESPE / Defensor DPU / 2010) A responsabilidade penal do agente nos casos de excesso doloso ou culposo

Leia mais

PONTO 1: Concurso de Crimes PONTO 2: Concurso Material PONTO 3: Concurso Formal ou Ideal PONTO 4: Crime Continuado PONTO 5: PONTO 6: PONTO 7:

PONTO 1: Concurso de Crimes PONTO 2: Concurso Material PONTO 3: Concurso Formal ou Ideal PONTO 4: Crime Continuado PONTO 5: PONTO 6: PONTO 7: 1 PROCESSO PENAL PONTO 1: Concurso de Crimes PONTO 2: Concurso Material PONTO 3: Concurso Formal ou Ideal PONTO 4: Crime Continuado PONTO 5: PONTO 6: PONTO 7: 1. CONCURSO DE CRIMES 1.1 DISTINÇÃO: * CONCURSO

Leia mais

PARECER Nº, DE 2008. RELATOR: Senador ANTONIO CARLOS VALADARES I RELATÓRIO

PARECER Nº, DE 2008. RELATOR: Senador ANTONIO CARLOS VALADARES I RELATÓRIO PARECER Nº, DE 2008 Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre o Projeto de Lei do Senado nº 370, de 2008, do senador Papaléo Paes, que altera o Código Penal, para incluir o crime de induzir

Leia mais

Egrégio Tribunal, Colenda Câmara,

Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, RAZÕES DE APELAÇÃO Vara do Júri do Foro de Osasco Proc. nº 00XXXXX-76.2000.8.26.0405 Apelante: O.C.B. Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, 1. Breve síntese dos autos O.C.B. foi

Leia mais

PONTO 1: Teoria da Tipicidade PONTO 2: Espécies de Tipo PONTO 3: Elementos do Tipo PONTO 4: Dolo PONTO 5: Culpa 1. TEORIA DA TIPICIDADE

PONTO 1: Teoria da Tipicidade PONTO 2: Espécies de Tipo PONTO 3: Elementos do Tipo PONTO 4: Dolo PONTO 5: Culpa 1. TEORIA DA TIPICIDADE 1 DIREITO PENAL PONTO 1: Teoria da Tipicidade PONTO 2: Espécies de Tipo PONTO 3: Elementos do Tipo PONTO 4: Dolo PONTO 5: Culpa 1.1 FUNÇÕES DO TIPO: a) Função garantidora : 1. TEORIA DA TIPICIDADE b) Função

Leia mais

Direito Penal Aula 3 1ª Fase OAB/FGV Professor Sandro Caldeira. Espécies: 1. Crime (delito) 2. Contravenção

Direito Penal Aula 3 1ª Fase OAB/FGV Professor Sandro Caldeira. Espécies: 1. Crime (delito) 2. Contravenção Direito Penal Aula 3 1ª Fase OAB/FGV Professor Sandro Caldeira TEORIA DO DELITO Infração Penal (Gênero) Espécies: 1. Crime (delito) 2. Contravenção 1 CONCEITO DE CRIME Conceito analítico de crime: Fato

Leia mais

NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO

NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO O que muda na responsabilização dos indivíduos? Código Penal e a Lei 12.850/2013. MARCELO LEONARDO Advogado Criminalista 1 Regras Gerais do Código Penal sobre responsabilidade penal:

Leia mais

TEMA: CONCURSO DE CRIMES

TEMA: CONCURSO DE CRIMES TEMA: CONCURSO DE CRIMES 1. INTRODUÇÃO Ocorre quando um mesmo sujeito pratica dois ou mais crimes. Pode haver um ou mais comportamentos. É o chamado concursus delictorum. Pode ocorrer entre qualquer espécie

Leia mais

A violação do direito ao sigilo das conversas telefônicas

A violação do direito ao sigilo das conversas telefônicas 1 www.oxisdaquestao.com.br A violação do direito ao sigilo das conversas telefônicas Texto de CARLOS CHAPARRO A transcrição jornalística de conversas telefônicas violadas é, sem dúvida, uma questão complicada.

Leia mais

EMBRIAGUEZ EXCLUSÃO DE COBERTURA

EMBRIAGUEZ EXCLUSÃO DE COBERTURA EMBRIAGUEZ EXCLUSÃO DE COBERTURA Seminário Direitos & Deveres do Consumidor de Seguros Desembargador NEY WIEDEMANN NETO, da 6ª. Câmara Cível do TJRS Introdução O contrato de seguro, regulado pelos artigos

Leia mais

COMUNICADO REFERENTE ÀS 08 QUESTÕES DE DIREITO PENAL DA PROVA DE ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL

COMUNICADO REFERENTE ÀS 08 QUESTÕES DE DIREITO PENAL DA PROVA DE ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL COMUNICADO REFERENTE ÀS 08 QUESTÕES DE DIREITO PENAL DA PROVA DE ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL A Universidade Estadual de Goiás, por meio do Núcleo de Seleção, vem perante aos candidatos que fizeram a prova

Leia mais

Tribunal de Justiça do Distrito Federal

Tribunal de Justiça do Distrito Federal Tribunal de Justiça do Distrito Federal Circunscrição :4 - GAMA Processo :2011.04.1.003085-4 Vara : 11 - TRIBUNAL DO JÚRI E VARA DOS DELITOS DE TRÂNSITO DO GAMA Autos nº: 2011.04.1.003085-4 AUTORA: JUSTIÇA

Leia mais

FATO TÍPICO. Conduta (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva) Nexo de causalidade Tipicidade

FATO TÍPICO. Conduta (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva) Nexo de causalidade Tipicidade TEORIA GERAL DO CRIME FATO TÍPICO Conduta (dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva) Resultado Nexo de causalidade Tipicidade RESULTADO Não basta existir uma conduta. Para que se configure o crime é necessário

Leia mais

NEXO CAUSAL PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES

NEXO CAUSAL PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES NEXO CAUSAL PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES 1 Conceito. Causa. É elemento do fato típico. É o vínculo entre conduta e resultado. O estudo da causalidade busca concluir se o resultado decorreu da conduta

Leia mais

DO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA

DO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA DO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA O Princípio da Territorialidade Temperada informa a aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no território nacional I, mas não é absoluta, admitindo

Leia mais

Exercícios de fixação

Exercícios de fixação 1. (UFMT) As infrações penais se dividem em crimes e contravenções. Os crimes estão descritos: a) na parte especial do Código Penal e na Lei de Contravenção Penal. b) na parte geral do Código Penal. c)

Leia mais

CÂMARA DOS DEPUTADOS

CÂMARA DOS DEPUTADOS CÂMARA DOS DEPUTADOS PROJETO DE LEI Nº, DE 2007 (Da Comissão de Legislação Participativa) SUG nº 67/2007 Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro para

Leia mais

Embriaguez e Responsabilidade Penal

Embriaguez e Responsabilidade Penal Embriaguez e Responsabilidade Penal O estudo dos limites da responsabilidade penal é sempre muito importante, já que o jus puniendi do Estado afetará um dos principais direitos de qualquer pessoa, que

Leia mais

NORMA PENAL EM BRANCO

NORMA PENAL EM BRANCO NORMA PENAL EM BRANCO DIREITO PENAL 4º SEMESTRE PROFESSORA PAOLA JULIEN OLIVEIRA DOS SANTOS ESPECIALISTA EM PROCESSO. MACAPÁ 2011 1 NORMAS PENAIS EM BRANCO 1. Conceito. Leis penais completas são as que

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br (Artigos) considerações sobre a responsabilidade "penal" da pessoa jurídica Dóris Rachel da Silva Julião * Introdução É induvidoso que em se tratando da criminalidade econômica e

Leia mais

RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO AMBIENTAL

RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO AMBIENTAL RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO AMBIENTAL O ordenamento jurídico pátrio, em matéria ambiental, adota a teoria da responsabilidade civil objetiva, prevista tanto no art. 14, parágrafo 1º da Lei 6.938/81

Leia mais

Súmulas em matéria penal e processual penal.

Súmulas em matéria penal e processual penal. Vinculantes (penal e processual penal): Súmula Vinculante 5 A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. Súmula Vinculante 9 O disposto no artigo

Leia mais

A Responsabilidade civil objetiva no Código Civil Brasileiro: Teoria do risco criado, prevista no parágrafo único do artigo 927

A Responsabilidade civil objetiva no Código Civil Brasileiro: Teoria do risco criado, prevista no parágrafo único do artigo 927 A Responsabilidade civil objetiva no Código Civil Brasileiro: Teoria do risco criado, prevista no parágrafo único do artigo 927 Marcela Furtado Calixto 1 Resumo: O presente artigo visa discutir a teoria

Leia mais

Ação Monitória. Ana Carolina Fucks Anderson Palheiro 1

Ação Monitória. Ana Carolina Fucks Anderson Palheiro 1 16 Série Aperfeiçoamento de Magistrados 10 Curso: Processo Civil - Procedimentos Especiais Ação Monitória Ana Carolina Fucks Anderson Palheiro 1 A ação monitória foi introduzida no CPC no final do título

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br A urgente necessidade de uma política criminal para os psicopatas Alexandre Magno Fernandes Moreira * No Brasil, os condenados por qualquer crime são vistos pelo Estado da mesma

Leia mais

RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: A TEORIA DA CULPA

RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: A TEORIA DA CULPA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: A TEORIA DA CULPA Material didático destinado à sistematização do conteúdo da disciplina Direito Civil IVI Publicação no semestre 2014.1 no curso de Direito. Autor: Vital Borba

Leia mais

LEGÍTIMA DEFESA CONTRA CONDUTAS INJUSTAS DE ADOLESCENTES: (IM)POSSIBILIDADE DIANTE DA DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL?

LEGÍTIMA DEFESA CONTRA CONDUTAS INJUSTAS DE ADOLESCENTES: (IM)POSSIBILIDADE DIANTE DA DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL? 1 LEGÍTIMA DEFESA CONTRA CONDUTAS INJUSTAS DE ADOLESCENTES: (IM)POSSIBILIDADE DIANTE DA DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL? Otávio Augusto Copatti dos Santos 1 Silvia de Freitas Mendes 2 Área de conhecimento:

Leia mais

A PRISÃO PREVENTIVA E AS SUAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 313 DO CPP, CONFORME A LEI Nº 12.403, DE 2011.

A PRISÃO PREVENTIVA E AS SUAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 313 DO CPP, CONFORME A LEI Nº 12.403, DE 2011. A PRISÃO PREVENTIVA E AS SUAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 313 DO CPP, CONFORME A LEI Nº 12.403, DE 2011. Jorge Assaf Maluly Procurador de Justiça Pedro Henrique Demercian Procurador de Justiça em São Paulo.

Leia mais

RESPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO EM CIRURGIA PLÁSTICA

RESPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO EM CIRURGIA PLÁSTICA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO EM CIRURGIA PLÁSTICA Vitor Kenji HIGUCHI 1 José Artur Teixeira GONÇALVES 2 RESUMO: Com frequência, as pessoas buscam a cirurgia plástica estética com o objetivo de

Leia mais

JURISPRUDÊNCIA RESUMO: Palavras-Chave: Jurisprudência Direito - Decisões

JURISPRUDÊNCIA RESUMO: Palavras-Chave: Jurisprudência Direito - Decisões 1 JURISPRUDÊNCIA Maria Helena Domingues Carvalho, Aluna do 9º. Semestre do Curso de Direito do CEUNSP noturno. RESUMO: Este artigo trata da Jurisprudência, seu conceito e sua relevância no universo jurídico.

Leia mais

PROJETO DE LEI Nº 8.272/2014

PROJETO DE LEI Nº 8.272/2014 COMISSÃO DE VIAÇÃO E TRANSPORTES PROJETO DE LEI Nº 8.272/2014 (Apenso: Projeto de Lei nº 108, de 2015) Cria o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) e acrescenta dispositivos

Leia mais

PARAMETROS DO ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL

PARAMETROS DO ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL 1 PARAMETROS DO ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL Prof.Dr.Luís Augusto Sanzo Brodt ( O autor é advogado criminalista, professor adjunto do departamento de Ciências Jurídicas da Fundação Universidade Federal

Leia mais

Sala da Comissão, em de de 2012. Deputado Edinho Bez Relator

Sala da Comissão, em de de 2012. Deputado Edinho Bez Relator COMISSÃO DE VIAÇÃO E TRANSPORTES Projeto de Lei nº 2.828, de 2011 (Apensos: PL nº 3.191/2012 e PL nº 3.966/2012) 1997. Altera o art. 140 da Lei nº 9.503, de Autor: Deputado Alceu Moreira Relator: Deputado

Leia mais

VOTO EM SEPARADO DO DEPUTADO ALOYSIO NUNES FERREIRA

VOTO EM SEPARADO DO DEPUTADO ALOYSIO NUNES FERREIRA (PROJETO DE LEI Nº 4.747, DE 1998) Acrescenta artigo ao Código Civil (Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916) e parágrafo ao art. 129 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940). VOTO

Leia mais

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº 2.016-F DE 2015. O CONGRESSO NACIONAL decreta:

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº 2.016-F DE 2015. O CONGRESSO NACIONAL decreta: REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº 2.016-F DE 2015 Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais

Leia mais

QUANDO O PLÁGIO É SINAL DE DOENÇA

QUANDO O PLÁGIO É SINAL DE DOENÇA QUANDO O PLÁGIO É SINAL DE DOENÇA Como referenciar esta obra? MIRANDA, Jorge Hilton de Assis. Quando o plágio é sinal de doença. Jul. 2015. 3p. Disponível em: http://www.simplesrap.com/2015/07/quando-o-plagio-e-sinal-de-doenca-artigo.html

Leia mais

36) Levando-se em conta as regras da Lei 8.112/90, analise os itens abaixo, a respeito dos direitos e vantagens do servidor público federal:

36) Levando-se em conta as regras da Lei 8.112/90, analise os itens abaixo, a respeito dos direitos e vantagens do servidor público federal: Hoje, continuaremos com os comentários ao simulado da 2ª Feira do Concurso. 36) Levando-se em conta as regras da Lei 8.112/90, analise os itens abaixo, a respeito dos direitos e vantagens do servidor público

Leia mais

PROJETO DE LEI N o 6.622, DE 2013 (Apenso o Projeto de Lei nº 7.490, de 2014)

PROJETO DE LEI N o 6.622, DE 2013 (Apenso o Projeto de Lei nº 7.490, de 2014) COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI N o 6.622, DE 2013 (Apenso o Projeto de Lei nº 7.490, de 2014) Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) para tipificar

Leia mais

CULPABILIDADE RESUMO

CULPABILIDADE RESUMO CULPABILIDADE Maira Jacqueline de Souza 1 RESUMO Para uma melhor compreensão de sanção penal é necessário a análise levando em consideração o modo sócio-econômico e a forma de Estado em que se presencie

Leia mais

A PENA DE MORTE EM TEMPO DE GUERRA

A PENA DE MORTE EM TEMPO DE GUERRA UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO MILITAR DIREITO PENAL MILITAR PARTE GERAL MARCELO VITUZZO PERCIANI A PENA DE MORTE EM TEMPO DE GUERRA Marcelo Vituzzo Perciani 1º Tenente da Polícia

Leia mais

O acórdão em análise é oriundo do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento de um agravo regimental em Recurso Especial e assim dispõe:

O acórdão em análise é oriundo do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento de um agravo regimental em Recurso Especial e assim dispõe: 3. COMENTÁRIOS À JURISPRUDÊNCIA 3.1 QUESTÕES PONTUAIS SOBRE EXECUÇÃO PENAL ÉRIKA DE LAET GOULART MATOSINHO Oficial do Ministério Público do Estado de Minas Gerais Bacharel em Direito 1. Escolha do acórdão

Leia mais

1. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS NATUREZA DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS:... DIFERENCIAÇÃO ENTRE SEQUESTRO E ARRESTO:... 2. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS EM ESPÉCIE

1. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS NATUREZA DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS:... DIFERENCIAÇÃO ENTRE SEQUESTRO E ARRESTO:... 2. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS EM ESPÉCIE 1 PROCESSO PENAL PONTO 1: Medidas Assecuratórias PONTO 2: Medidas Assecuratórias em Espécie PONTO 3: Sequestro PONTO 4: Arresto 1. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS NATUREZA DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS:... DIFERENCIAÇÃO

Leia mais

FATO TÍPICO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES

FATO TÍPICO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES FATO TÍPICO PROFESSOR: LEONARDO DE MORAES Fato típico é o primeiro substrato do crime (Giuseppe Bettiol italiano) conceito analítico (fato típico dentro da estrutura do crime). Qual o conceito material

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão Glauber Aparecido Domingos Resende* Este procedimento cautelar tem sido debatido em demasia, principalmente em bancos universitários,

Leia mais

PROPOSTA DE LEI N.º 151/IX APROVA O REGIME DA RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS COLECTIVAS. Exposição de motivos

PROPOSTA DE LEI N.º 151/IX APROVA O REGIME DA RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS COLECTIVAS. Exposição de motivos PROPOSTA DE LEI N.º 151/IX APROVA O REGIME DA RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS COLECTIVAS Exposição de motivos Vários instrumentos de direito convencional comunitário, assim como diversas decisões-quadro

Leia mais

Introdução ao direito penal. Aplicação da lei penal. Fato típico. Antijuridicidade. Culpabilidade. Concurso de pessoas.

Introdução ao direito penal. Aplicação da lei penal. Fato típico. Antijuridicidade. Culpabilidade. Concurso de pessoas. Programa de DIREITO PENAL I 2º período: 4h/s Aula: Teórica EMENTA Introdução ao direito penal. Aplicação da lei penal. Fato típico. Antijuridicidade. Culpabilidade. Concurso de pessoas. OBJETIVOS Habilitar

Leia mais

MATERIAL DE AULA LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.

MATERIAL DE AULA LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. MATERIAL DE AULA I) Ementa da aula Interceptação Telefônica. II) Legislação correlata LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono

Leia mais

Doutrina - Omissão de Notificação da Doença

Doutrina - Omissão de Notificação da Doença Doutrina - Omissão de Notificação da Doença Omissão de Notificação da Doença DIREITO PENAL - Omissão de Notificação de Doença CP. Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja

Leia mais

RESPONSABILIDADE DOS ATORES POLÍTICOS E PRIVADOS

RESPONSABILIDADE DOS ATORES POLÍTICOS E PRIVADOS SEGURANÇA DE BARRAGENS DE REJEITOS RESPONSABILIDADE DOS ATORES POLÍTICOS E PRIVADOS SIMEXMIN OURO PRETO 18.05.2016 SERGIO JACQUES DE MORAES ADVOGADO DAS PESSOAS DAS PESSOAS NATURAIS A vida é vivida por

Leia mais

Licitações de Agências de Publicidade Lei nº 12.232/2010

Licitações de Agências de Publicidade Lei nº 12.232/2010 Licitações de Agências de Publicidade Lei nº 12.232/2010 * Rodrigo Corrêa da Costa Oliveira 1. INTRODUÇÃO A contratação de Agências de Propaganda pela Administração Pública sempre se pautou pela Lei Geral

Leia mais

ÍNDICE. Apresentação. Crimes da lei de tóxicos: (Lei 6368, de 21 de outubro de 1976)...

ÍNDICE. Apresentação. Crimes da lei de tóxicos: (Lei 6368, de 21 de outubro de 1976)... ÍNDICE Apresentação. Crimes da lei de tóxicos: (Lei 6368, de 21 de outubro de 76)... Aspectos gerais H""""""""""""""""""""""" H H Lei penal em branco H"""" H""""" H""" H.. H"""""'" H "Abolitiocriminis"

Leia mais

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo. Apelação nº 0198645-79.2011.8.26.0100 - São Paulo - VOTO Nº 4/9. fls. 4

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo. Apelação nº 0198645-79.2011.8.26.0100 - São Paulo - VOTO Nº 4/9. fls. 4 fls. 4 da cláusula porque realizado somente por ocasião da apelação, No recurso a autora passou a dizer que o pedido de indenização por danos morais é motivado pela privação da coisa, enquanto na inicial

Leia mais

A Responsabilidade Penal em Acidente Aeronáutico

A Responsabilidade Penal em Acidente Aeronáutico JUSTIÇA FEDERAL A Responsabilidade Penal em Acidente Aeronáutico OBJETIVO Conhecer as principais conseqüências jurídicas de um acidente aéreo, a especialmente quanto à responsabilidade criminal. ROTEIRO

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Teorias da conduta no Direito Penal Rodrigo Santos Emanuele * Teoria naturalista ou causal da ação Primeiramente, passamos a analisar a teoria da conduta denominada naturalista ou

Leia mais

A responsabilidade civil do engenheiro eletricista na atualidade

A responsabilidade civil do engenheiro eletricista na atualidade A responsabilidade civil do engenheiro eletricista na atualidade Acimarney Correia Silva Freitas¹, Celton Ribeiro Barbosa², Rafael Santos Andrade 3, Hortência G. de Brito Souza 4 ¹Orientador deste Artigo

Leia mais

O MENSALÃO E A PERDA DE MANDATO ELETIVO

O MENSALÃO E A PERDA DE MANDATO ELETIVO O MENSALÃO E A PERDA DE MANDATO ELETIVO José Afonso da Silva 1. A controvérsia 1. A condenação, pelo Supremo Tribunal Federal, na Ação Penal 470, de alguns deputados federais tem suscitado dúvidas relativamente

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Responsabilidade civil do cirurgião-dentista Por Ricardo Emilio Zart advogado em Santa Catarina 1. Introdução Tendo em vista a quantidade cada vez mais crescente de ações judiciais

Leia mais

TRATADOS INTERNACIONAIS E SUA INCORPORAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 1. DIREITOS FUNDAMENTAIS E TRATADOS INTERNACIONAIS

TRATADOS INTERNACIONAIS E SUA INCORPORAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 1. DIREITOS FUNDAMENTAIS E TRATADOS INTERNACIONAIS Autora: Idinéia Perez Bonafina Escrito em maio/2015 TRATADOS INTERNACIONAIS E SUA INCORPORAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 1. DIREITOS FUNDAMENTAIS E TRATADOS INTERNACIONAIS Nas relações internacionais do

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 300.092 - DF (2001/0005267-3) RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO VICENTE LEAL(Relator): Eldo Pereira Lopes, por possuir condenação anterior por crime contra a pessoa e contra o patrimônio,

Leia mais

PENAS ALTERNATIVAS E O DIREITO PENAL MILITAR

PENAS ALTERNATIVAS E O DIREITO PENAL MILITAR PENAS ALTERNATIVAS E O DIREITO PENAL MILITAR MARIA FERNANDA DE LIMA ESTEVES [1] Desde o início da história, a humanidade depara-se com o cometimento das mais diversas infrações, e, ao lado delas, surge

Leia mais

EMENTA PENAL. DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR SEM HABILITAÇÃO. MANOBRAS IRREGULARES. POTENCIALIDADE DE DANO. RESULTADO NATURALÍSTICO INEXIGÍVEL.

EMENTA PENAL. DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR SEM HABILITAÇÃO. MANOBRAS IRREGULARES. POTENCIALIDADE DE DANO. RESULTADO NATURALÍSTICO INEXIGÍVEL. Órgão : 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais Classe : APJ Apelação Criminal no Juizado Especial Nº Processo: 2007.09.1.007157-3 Apelante : MARTINHO DE JESUS FONSECA Apelante : MINISTÉRIO

Leia mais

AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS EM RELAÇÃO AO PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA PRESUMIDA

AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS EM RELAÇÃO AO PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA PRESUMIDA AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS EM RELAÇÃO AO PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA PRESUMIDA * Luis Fernando da Silva Arbêlaez Júnior ** Professora Vânia Maria Bemfica Guimarães Pinto Coelho Resumo A Constituição Federal

Leia mais

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE RETROATIVIDADE DA LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO ART. 107, III ABOLITIO CRIMINIS O CRIME É APAGADO CONSIDERA-SE INEXISTENTE PRESCRIÇÃO ART. 107, IV CP PRESCRIÇÃO LIMITAÇÃO TEMPORAL DO

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Juros e multa da dívida ativa tributária e a sua inclusão na base de cálculo do repasse ao legislativo municipal Alberto Jatene I - Relatório Trata-se de questionamento acerca da

Leia mais

DÉBORA DE OLIVEIRA SOUZA RA: 2087915/3. Crime de Trânsito: Dolo Eventual ou Culpa Consciente? BRASÍLIA

DÉBORA DE OLIVEIRA SOUZA RA: 2087915/3. Crime de Trânsito: Dolo Eventual ou Culpa Consciente? BRASÍLIA Centro Universitário de Brasília Faculdade de Ciências Jurídicas e Ciências Sociais DÉBORA DE OLIVEIRA SOUZA RA: 2087915/3 Crime de Trânsito: Dolo Eventual ou Culpa Consciente? BRASÍLIA 2013 2 DÉBORA DE

Leia mais

AULA 7 31/03/11 A COMPETÊNCIA PENAL

AULA 7 31/03/11 A COMPETÊNCIA PENAL AULA 7 31/03/11 A COMPETÊNCIA PENAL 1 A DISTRIBUIÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO Somente há de se falar em distribuição após a prática das primeiras quatro perguntas concernentes à competência penal. Destarte, tendo

Leia mais

MANUAL TEÓRICO DAS TABELAS PROCESSUAIS UNIFICADAS DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Diretoria de Modernização Judiciária

MANUAL TEÓRICO DAS TABELAS PROCESSUAIS UNIFICADAS DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Diretoria de Modernização Judiciária MANUAL TEÓRICO DAS TABELAS PROCESSUAIS UNIFICADAS DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA Diretoria de Modernização Judiciária Aracaju, 29 de agosto de 2008 1 1 APRESENTAÇÃO Este Manual tem por escopo apresentar

Leia mais

A APLICAÇÃO DA JURIMETRIA NOS INQUÉRITOS POLICIAIS DA LEI MARIA DA PENHA

A APLICAÇÃO DA JURIMETRIA NOS INQUÉRITOS POLICIAIS DA LEI MARIA DA PENHA A APLICAÇÃO DA JURIMETRIA NOS INQUÉRITOS POLICIAIS DA LEI MARIA DA PENHA Gonçalves, Priscila de Fátima Faculdade de Jaguariúna Resumo: O artigo busca analisar pela perspectiva da Jurimetria a aplicação

Leia mais

RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS ACIDENTES DE TRABALHO PERANTE A NOVA CONSTITUIÇÃO ACIDENTE NÃO ACONTECE POR ACONTECER EXISTE UMA CAUSA EXISTEM RESPONSABILIDADES EXISTEM RESPONSÁVEIS O PRIMEIRO CASO

Leia mais

PROJETO DE LEI Nº DE 2015

PROJETO DE LEI Nº DE 2015 PROJETO DE LEI Nº DE 2015 Incluir Sinais de Tvs a Cabo ao 3º do art. 155, do Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Inclua-se sinais de Tvs à cabo ao 3º,

Leia mais

Atualização Sobre Legislação a Respeito de Testagem de Álcool e Outras Drogas

Atualização Sobre Legislação a Respeito de Testagem de Álcool e Outras Drogas Atualização Sobre Legislação a Respeito de Testagem de Álcool e Outras Drogas Marcos Legais LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas Art. 18.

Leia mais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro RELATÓRIO O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO: Cuida-se de apelação criminal interposta pelo Ministério Público Federal contra sentença proferida pelo MM. Juízo da 37ª Vara de Pernambuco, na

Leia mais

Projeto de Lei nº. / 2011. (do Sr. Ricardo Tripoli)

Projeto de Lei nº. / 2011. (do Sr. Ricardo Tripoli) Projeto de Lei nº. / 2011 (do Sr. Ricardo Tripoli) Criminaliza condutas praticadas contra cães e gatos, e dá outras providências. O Congresso Nacional decreta: Dos Crimes contra Cães e Gatos Art. 1º. Esta

Leia mais

140 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1ª CÂMARA CRIMINAL HABEAS CORPUS Nº. 0063587-40.2013.8.19

140 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1ª CÂMARA CRIMINAL HABEAS CORPUS Nº. 0063587-40.2013.8.19 1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1ª CÂMARA CRIMINAL HABEAS CORPUS Nº. 0063587-40.2013.8.19.0000 PACIENTE: FABIO FERREIRA CHAVES DA SILVA AUTORIDADE COATORA: JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA

Leia mais

O terceiro no contrato de seguro de responsabilidade civil: a ação direta em face da seguradora *

O terceiro no contrato de seguro de responsabilidade civil: a ação direta em face da seguradora * O terceiro no contrato de seguro de responsabilidade civil: a ação direta em face da seguradora * Frederico Eduardo Zenedin Glitz A definição de seguro de responsabilidade civil gira em torno da garantia

Leia mais

LEI COMPLEMENTAR N. 13, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1987

LEI COMPLEMENTAR N. 13, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1987 LEI COMPLEMENTAR N. 13, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1987 Dá nova redação aos artigos que menciona, entre outras providências, da Lei Complementar n. 3, de 12 de janeiro de 1981, que dispõe sobre a Organização

Leia mais

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2012

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2012 PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2012 Altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para prever o crime de tráfico e consumo de drogas ilícitas, e dá outras providências. O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Leia mais

O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO Rodrigo Fragoso O consentimento do ofendido constitui objeto de intenso debate entre os penalistas que, divergindo quanto à sua posição na estrutura do delito, atribuem efeitos

Leia mais

COMPETÊNCIAS E FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS AUTÁRQUICOS

COMPETÊNCIAS E FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS AUTÁRQUICOS Validade Válido JURISTA MARTA ALMEIDA TEIXEIRA ASSUNTO COMPETÊNCIAS E FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS AUTÁRQUICOS QUESTÃO A autarquia pretende que a CCDR LVT se pronuncie relativamente à possibilidade de existência

Leia mais

A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NO ACIDENTE DE TRABALHO

A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NO ACIDENTE DE TRABALHO A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR NO ACIDENTE DE TRABALHO CUNHA, R. C. B. RESUMO A presente monografia trata-se da responsabilidade civil objetiva do empregador no acidente de trabalho. O

Leia mais

L G E ISL S A L ÇÃO O ES E P S EC E IAL 1ª ª-

L G E ISL S A L ÇÃO O ES E P S EC E IAL 1ª ª- DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 1ª - Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 TEORIA GERAL DO CRIME REVISÃO CRIME É : FATO TÍPICO CONDUTA - DOLO E CULPA NEXO CAUSAL/NEXO DE IMPUTAÇÃO RESULTADO TIPICIDADE

Leia mais

Daniela Portugal 1. "Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei" (Manoel Bandeira)

Daniela Portugal 1. Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei (Manoel Bandeira) ÚLTIMA CHAMADA PARA PASÁRGADA! - A Lei nº 13.254/2016 e o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT) como causa extintiva de punibilidade. Daniela Portugal 1 "Vou-me embora pra Pasárgada

Leia mais