CT. FN MOBURB 004/2019 São Paulo/SP, 25 de Março de 2019.
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1 CT. FN MOBURB 004/2019 São Paulo/SP, 25 de Março de Exmo. Sr. Tarcisio Gomes de Freitas Ministro da Infraestrutura C/C: Jerry Adriane Dias Gonçalves Presidente do Departamento Nacional de Trânsito DENATRAN Excelentissimo Ministro, Nós, abaixo assinados, engenheiros, arquitetos, urbanistas e técnicos da área de trânsito que trabalhamos há muito tempo nessa área, preocupados com discussões que vem ocorrendo na imprensa sobre a proibição do uso de lombadas eletrônicas, vimos através dessa apresentar algumas questões que acreditamos pertinentes ao assunto: 1. POR QUE FISCALIZAR A VELOCIDADE DOS VEÍCULOS? O Brasil é o 5º país do mundo que mais mata e lesiona por acidentes de trânsito. Os números variam conforme estudos apresentados, mas se consideramos somente as indenizações pagas pelo DPVT em 2017 foram mortos, lesionados permanentemente e mais atendimentos diversos, ainda segundo dados do IPEA (2015) estes acidentes causam anualmente um impacto de mais de R$ 52 Bilhões nos cofres públicos. Nesse ambiente, a velocidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde- OMS como um dos fatores mais graves em um acidente de trânsito. Ela afeta diretamente tanto as causas como as consequências do acidente. Evidentemente há um componente técnico na questão e outro comportamental. O Brasil é signatário do Acordo Mundial para redução das mortes do trânsito e um dos pilares estabelecidos nesse acordo, é a redução de 50% do número de mortes no Brasil. 2. ASPECTOS TÉCNICOS 2.1 Causas e consequências a. Causas: A distância percorrida pelo veículo no tempo de reação do condutor é tanto maior quanto maior for a velocidade, e a distância de frenagem cresce com o quadrado da velocidade. b. Consequências: A energia do impacto também cresce com o quadrado da velocidade, igualmente fazendo com que um pequeno aumento na velocidade acarrete um aumento desproporcionalmente maior na gravidade do acidente. Enquanto a probabilidade de morte de uma pessoa atropelada a 40
2 km/h é de cerca de 15%, a 50 km/h sobe para cerca de 35%, e a 60 km/h vai para cerca de 80%. Fonte: Ashton: Richards, D.C. (2010) Relationship between Speed and Risk of Fatal Injury: Pedestrians and Car Occupants. Department for Transport London
3 Velolcidade (km/h) VELOCIDADE x DISTÂNCIA PERCORRIDA ,8 33,3 49,2 70, ,2 31, ,7 17, ,9 12, ,9 30 8,3 4,4 20 5, Distância (m) Reação (1 seg) Frenagem (asfalto seco) Fonte: Vanderlei Cóffani Regulamentação da Velocidade É fundamental que a velocidade seja regulamentada corretamente. Não basta colocar a placa de regulamentação, mas é importante e fundamental a informação aos motoristas sobre o perigo e o porquê do valor da velocidade com placas de advertência. Reduções bruscas de velocidade por antecederem locais perigosos, requerem sinalização mais enfática. Situações semelhantes devem, sempre que possível, receber sinalização semelhante. Quando a pessoa entende a regulamentação de velocidade segura, ela procura obedecer a sinalização e isso é demonstrado em pesquisas nos gráficos de 85 percentil. Esses e outros cuidados são importantes para que melhore a compreensão e, por consequência, a adesão dos condutores. Para calcular o valor correto da velocidade e regulamentá-la através de placas, é necessário realizar o cálculo correto através de metodologias existentes como também elaborar um Relatório Técnico definido como obrigatório, na Resolução 396. Infelizmente nos cursos de engenharia, arquitetura e urbanismo, em geral não há abordagem sobre o CTB ou sobre questões mais técnicas de engenharia de trânsito, por isso, esses profissionais tem
4 que fazer cursos técnicos a respeito do tema, após se formarem nas Universidades e quando estão trabalhando em órgãos ou empresas de trânsito. A Lombada Eletrônica é um dos equipamentos de fiscalização de velocidade que se utiliza de display para mostrar a velocidade do motorista e é utilizada em locais considerados críticos. Há uma exigência atual na Resolução 396, de elaboração de estudos técnicos que devem ser desenvolvidos para comprovar a necessidade de sua instalação. Conforme estabelecido no Parágrafo 6, os estudos ficam à disposição do público, devem ser encaminhados às JARIs e ao DENATRAN e Cetrans quando solicitados por esses últimos. Há possibilidade de acesso ao relatório e questionar a solução aplicada, se for o caso. 3. CONCLUSÕES: Portanto, é importante esclarecer que, o equipamento instalado nas vias urbanas e nas rodovias, tipo Lombada Eletrônica, SENDO UM DOS EQUIPAMENTOS DE FISCALIZAÇÃO DE VELOCIDADE, apenas mede uma velocidade estabelecida pelo órgão de trânsito urbano e rodoviário e se a velocidade estiver bem calculada e os motoristas entenderem o motivo da regulamentação da velocidade, a grande maioria vai obedecer a sinalização. O equipamento tipo Lombada Eletrônica é utilizado antes ou próximos de locais críticos e muitas vezes, para travessia segura de pedestres. Vale ressaltar que os equipamentos eletrônicos possuem outras tecnologias incorporadas, como por exemplo, o OCR que identifica veículos roubados ou com qualquer restrição, e, inclusive auxilia na identificação de suspeitos de vários crimes. Estas novas tecnologias também auxiliam na contagem veicular ferramenta importante para o planejamento urbano. Sugerimos: que o tema seja motivo de elaboração de um Manual Técnico para utilização de equipamentos medidores e registradores de velocidade, objetivando esclarecer os técnicos em geral, sobre o cálculo correto da velocidade e os tipos de equipamento que podem ser utilizados de acordo com a situação de cada local (travessia de pedestres, curvas acentuadas em trechos de rodovias com acidentes registrados, entre outros) de forma a que a regulamentação seja entendida e cumprida. Que seja dado treinamento para os técnicos dos órgãos de trânsito e para os técnicos das empresas que prestam serviço nessa área, para saberem definir corretamente os valores das velocidades em função das características das vias e dos usuários (pedestres, ciclistas, etc.) e definição correta da localização dos equipamentos de fiscalização; Que seja feita revisão dos equipamentos instalados com base nesse Manual;
5 Que seja feita readequação das placas próximas às reduções regulamentadas por placas de advert6encia que esclareçam o motivo da redução da velocidade no ponto e que sejam colocadas placas após a redução, estabelecendo a velocidade diretriz da via; Que seja feita campanha de esclarecimento à população sobre questões demonstradas nos gráficos, com relação ao impacto relativo à velocidade, distâncias de frenagem, entre outros temas de importância, que ajudem a população a se conscientizar dos riscos relativos ao excesso de velocidade e entender o porquê das regulamentações estabelecidas pelos órgãos de trânsito. Atenciosamente, Municipal de Mobilidade Urbana de Hortolândia e Presidente do Fórum Paulista de Secretários E Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana Fórum Nacional, Paulista, Mineiro, Nordeste, Gaúcho e Regionais de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana Instituto de Engenharia de São Paulo Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP Frente Nacional de Prefeitos FNP Instituto MDT
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