Projeções Indicam o Brasil Como o Próximo Maior Produtor Mundial de Soja (Safra 18/19)
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- Henrique Eric Correia
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1 Participação na Produção Mundial de Soja (%) Projeções Indicam o Brasil Como o Próximo Maior Produtor Mundial de Soja (Safra 18/19) O setor do agronegócio ocupa em torno de 7,8% do território brasileiro com 66 milhões de hectares plantados com diferentes tipos de cultura. Na safra 17/18, somente a área destinada a produção de soja representou cerca de 53% desse total ou 35 milhões de hectares (área equivalente ao território do Estado do Mato Grosso do Sul). No cenário mundial, o Brasil tem uma importante participação quando se trata de produção de grãos, especialmente no que tange a produção de soja, assim como os Estados Unidos. Juntos, nas últimas dez safras, os dois países representaram mais de 5% da produção mundial/ano. Além disso, no mesmo período, o Brasil expandiu sua participação de 22% para cerca de 35% de produção mundial (Figura 1). 5% 45% FIGURA 1 Participação na Produção Mundial de Soja (últimas 1 safras) 46,6% Brasil EUA Países % 35% 3% 31,2% 35,5% 34,7% 29,8% 34,1% 33,% 32,9% 25% % 22,1% 8/9 9/1 1/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16 16/17 17/18 18/19* *Estimado USDA Ano Safra Fonte: USDA 1, CONAB e CONSUFOR Tendência Segundo projeções do USDA, a produção mundial para a safra 18/19 será da ordem de 354 milhões de toneladas, uma variação de apenas 2% em relação à safra anterior (17/18). Aplicando uma produtividade média de 5 sacas/hectare, essa variação de 2% implicaria em um adicional de área plantada da ordem de 142 mil hectares a nível mundial, sem considerarmos ganhos de produtividade. Apesar de parecer pouco significativa essa variação em nível mundial, todas as projeções indicam que o Brasil vai se tornar o maior produtor mundial de soja na safra 18/19. O histórico da produção de soja no Brasil comprova que além do aumento da área plantada, estamos ganhando produtividade em nossos plantios. Nas últimas dez safras de soja, a produção aumentou na ordem de 15% (8,3% a.a.), a área plantada cresceu 61% (5,5% a.a.), enquanto que os demais ganhos foram derivados do aumento da produtividade média em torno de 27% (2,7% a.a.). Isso retrata a realidade do produtor agrícola, que vêm investindo significativamente em novas tecnologias e em cultivares adaptados às condições edafoclimáticas. 1 USDA - United States Department of Agriculture/ Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
2 Participação dos Principais Produtores (%) Os números mais recentes da safra 17/18 apontam para uma produção mundial da ordem de 347 milhões de toneladas de grãos de soja. O Brasil foi responsável por 34,7% desse total, muito próximo da produção dos Estados Unidos (Figura 2). FIGURA 2 Composição da Produção Mundial de Soja (Safra 17/18) Argentina 11,6% China 4,2% Brasil 34,7% 14,% EUA 35,5% Fonte: USDA, CONAB e CONSUFOR No mesmo período, a produção nacional totalizou 117 milhões de toneladas e foi distribuída principalmente entre as regiões Centro-Oeste e Sul do país, representando mais de 78% da produção total. A região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) vem agregando volume a produção nacional como nova fronteira agrícola do país e na última safra chegou a participação de cerca de 12% (Figura 3). FIGURA 3 Participação Regional e Estadual na Produção Nacional de Soja Evolução da Participação dos Principais Produtores Regionais (%) Participação Estadual na Safra 17/18 8,1% 7,4% 7,1% 8,2% 8,% 7,4% 8,% 1,2% 9,5% 8,8% 9,3% 11,3% 8,4% 1,1% 11,% 7,1% 1,9% 11,8% 32,2% 37,3% 37,9% 51,% 46,% 45,1% 27,9% 36,8% 34,% 35,3% 36,9% 52,6% 35,6% 32,8% 46,7% 48,5% 45,7% 45,8% 44,% 45,5% BA 4,6% SC 2,% RS 14,5% PI 2,1% MA 2,5% TO 2,6% MATOPIBA 11,8% Sul 32,8% Centro-Oeste 45,5% MT 27,3% MS 8,2% 8/9 9/1 1/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16 16/17 17/18 Ano Safra Centro-Oeste Sul MATOPIBA PR 16,3%,2% GO Em uma breve análise dos componentes indutores de expansão da produção nacional de soja, percebe-se que o aumento da área plantada e o ganho de produtividade são aqueles que mais corroboram para os números positivos (Figura 6).
3 mai/8 set/8 jan/9 mai/9 set/9 jan/1 mai/1 set/1 jan/11 mai/11 set/11 jan/12 mai/12 set/12 jan/13 mai/13 set/13 jan/14 mai/14 set/14 jan/15 mai/15 set/15 jan/16 mai/16 set/16 jan/17 mai/17 set/17 jan/18 mai/18 Safra 8/9 Safra 9/1 Safra 1/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Safra 13/14 Safra 14/15 Safra 15/16 Safra 16/17 Safra 17/18 Evoluçao Média (Base 1 = Maio/8) 2 FIGURA 6 Evolução Média dos Principais Indicadores da Soja (Base 1 = Jan/8) Preços Médios Reais Produção Brasil Área Plantada Produtividade Média Em termos de área plantada, as novas fronteiras agrícolas, como por exemplo, a região do MATOPIBA, ainda apresenta uma significativa capacidade de expansão. Basicamente, os principais problemas que podem vir a restringir a expansão de áreas nessa região são os fatores edafoclimáticos, principalmente no que tange a disponibilidade de chuvas com regularidade no período de safra. Outras questões, como qualidade de solos e variedades adaptáveis são fatores passíveis de resolução, tendo em vista a evolução significativa em pesquisa e desenvolvimento nesse sentido. Outras grandes regiões produtoras, como a região Sul e Centro-Oeste já apresentam limitações para expansões de área plantada. Para se ter uma ideia, nas últimas 5 safras, a taxa de crescimento da área plantada nas duas regiões foi da ordem de 3,% a.a., enquanto que na região do MATOPIBA, foi o dobro, da ordem de 6%a.a. O preço da commoditie, apesar de apresentar algumas variações ao longo do período das safras, não possui relação direta com o aumento da produção. Dentre os principais fatores que influenciam na formação do preço da soja, destacam-se a Bolsa Mercantil de Chicago - CBOT (onde são negociados os contratos futuros da soja), oferta do produto no mercado internacional (condição climática é fundamental), prêmio e despesas relacionadas à exportação, câmbio e impostos de exportação. Outro fator de extrema relevância é a variação de importação da China (maior importador mundial de soja), ou seja, qualquer oscilação na economia interna do país pode afetar diretamente no volume importado e consequentemente os preços. Especificamente, quando analisamos o indicador produtividade, é importante destacar que os principais fatores que contribuem para melhores resultados na cultura são as condições de solo (correção de solo, por exemplo), seleção genética de cultivares adaptadas as diferentes condições edafoclimáticas, assim como a agregação de tecnologia ao manejo de técnicas operacionais (agricultura de precisão, mapeamento de áreas com o uso de GPS agrícola, uso de sensores e drones para monitoramento geral das plantas em termos nutricionais, pragas, doenças, entre outros).
4 A qualidade genética e o melhoramento dos cultivares na cultura da soja foi um dos fatores primordiais nos ganhos de produtividade na produção nos últimos anos, aliás, na produção de grãos em geral. Adicionalmente, investimentos em análise e nutrição de solos, utilização de defensivos de forma preventiva e curativa, uso de insumos mais direcionados aos problemas de cada área, arranjos de plantio (densidade e qualidade de semeadura e uniformização das plantas), sistema de plantio, controle adequado de fatores bióticos (plantas daninhas, insetos-praga e doenças) são fundamentais na obtenção de bons resultados. A exceção de todos os fatores listados anteriormente é a condição climática (precipitação, geadas, granizo, etc), que por sua vez, não pode ser controlada efetivamente. Os últimos 5 anos nos mostram ganhos de produtividade anuais significativamente superiores aos demais períodos analisados, com exceção da região Sul. A região de maior destaque é o MATOPIBA, com 5,2% a.a. (Figura 4). FIGURA 4 Taxas Médias Anuais de Ganhos de Produtividade em Quatro Períodos de Safras nas Principais Regiões Produtoras e a Nível Brasil Centro-Oeste 1.7% 1.4% 2.2% 3.9% Sul MATOPIBA 2.2% 2.4% 2.5% 1.9% 2.3% 4.% 3.6% 5.2% 3 anos (88/89-17/18) anos (98/99-17/18) 1 anos (8/9-17/18) 5 anos (13/14-17/18) Brasil 1.9% 1.8% 2.7% 4.% A análise do principal Estado de cada uma das três regiões destacadas na Figura 4 mostra que o Estado do Paraná apresentou um ganho de produtividade da ordem de 5% nas últimas dez safras (Figura 5). A lucratividade média (considerando preços e custos médios estaduais) do segundo maior produtor nacional (Paraná 16,3% da produção nacional safra 17/18) foi 1x superior ao Estado do Mato Grosso (maior produtor nacional 27,3% da produção nacional safra 17/18).
5 Produtividade Média (sc/hectare) Lucratividade Média (sc/hectare) Produtividade Média dos Principais Estados Produtores (sacas de soja/hectare) FIGURA 5 Produtividade x Lucratividade Safras 8/9 e 17/18 Lucratividade Média dos Principais Estados Produtores (sacas de soja/hectare) 7 9% Safra 8/9 Safra 17/18 7 Safra 8/9 Safra 17/ % 5% % 71% 169% Mato Grosso Bahia Paraná Mato Grosso Bahia Paraná Os valores de lucratividade apresentados na Figura 5 são valores médios, tendo em vista que há variações de valores de acordo com a região dentro do Estado, o nível tecnológico empregado, a produtividade final obtida e a modalidade de comercialização. Apesar da condição de maior produtor de soja do Brasil, o Estado do Mato Grosso teve menor incremento em relação ao Estado do Paraná na Safra 17/18, em termos de produtividade e lucratividade média. As variações entre safras mostraram que o Estado do Paraná esta significativamente à frente com 5% e 169%, respectivamente, produtividade e lucratividade nas últimas dez safras. A análise da lucratividade dos três principais Estados mostra que o Brasil ainda é muito deficitário em termos de infraestrutura, principalmente no que tange ao deslocamento de insumos para plantio até o produtor e no transporte da safra até os principais portos. O Brasil não dispõe de uma malha multimodal de transportes adequada as necessidades regionais/ estaduais/ nacionais. A lucratividade do produtor rural nessa safra 18/19 pode vir a sofrer variações positivas desde que os preços da soja mantenham seu status de alta, os preços de fretes não tenham altas substanciais e o produtor ainda tenha saldo de safra para comercializar. Entretanto, de acordo com as últimas notícias do setor, o conflito comercial entre Estados Unidos e China, de certa forma, esta permitindo que a soja brasileira tenha vantagem competitiva em relação aos prêmios de exportação. Em contrapartida, a Bolsa de Valores de Chicago (CBOT) vem tentando equilibrar os preços da soja, mas mesmo assim, quedas significativas vêm ocorrendo nos últimos dias. Esse momento é favorável para o Brasil aumentar o percentual de exportação de soja em grãos para a China, em contrapartida, o mercado interno de produção de farelo para a exportação também vem se mostrando otimista quanto aos preços pagos ao produtor. Apesar de todas essas perspectivas no curto prazo, o cenário de médio prazo também mostra uma tendência positiva, tendo em vista que a soja brasileira tem uma boa aceitação no mercado externo para produção de óleo, até melhor do que a soja norte americana. Além disso, apesar das tarifações de produtos entre a China e os Estados Unidos, as tradings deverão encontrar soluções intermediárias para contornar essa situação, o mercado global deve continuar a crescer. Desta forma, o produtor deve encarar os próximos períodos com uma perspectiva positiva em relação ao mercado, desde que trabalhe com um planejamento adequado e uma boa gestão da propriedade em termos de redução de custos, ganhos de produtividade e bons negócios com contratos futuros de venda de soja.
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