TOCANTINS. Governo do Estado do Tocantins Marcelo de Carvalho Miranda Governador

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3 TOCANTINS Governo do Estado do Tocantins Marcelo de Carvalho Miranda Governador Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SEMARH Luzimeire Ribeiro de Moura Carreira Secretária Fábio de Lima Lelis Subsecretário Diretoria de Recursos Hídricos Diretoria de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos Aldo Araujo de Azevedo Diretor Raquel Cristiane Amaral Vaz Secretária Gerência de Hidrometeorologia Lorenzo Rigo Holsbach Gerente Djayson Thiago da Costa Alves Eng. Ambiental Fabio Franco Rodrigues Biólogo Mário Roberto Pombal Rebello Eng. Eletricista Rogério Noleto Passos Eng. Ambiental Gerência de Gestão de Recursos Hídricos Maria Gorete dos Santos Cordeiro Gerente Maria Gorett dos Santos Braga Eng. Agrônoma Welica Rodrigues Lemes Barros Eng. Ambiental Gerência de Planejamento de Recursos Hídricos Maria Gorete Vieira dos Santos Gerente Danielle Soares Magalhães Eng. Ambiental Thiago Oliveira Bandeira Eng. Ambiental Gerência de Revitalização de Bacias Hidrográficas Poliana Ribeiro Pereira Pedreira Gerente Jarllany Cirqueira Lopes Eng. Ambiental Patricia Alves Santana Xavier Tecnóloga Ambiental Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago de Palmas - CBHLP Itamar Xavier da Silva Eng. Ambiental Presidente

4 FAPTO Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Estado do Tocantins - FAPTO Leo Araújo da Silva Diretor Presidente Coordenação e Acompanhamento Felipe de Azevedo Marques Coordenador Geral Fernán Enrique Vergara Figueroa Coordenador Técnico Equipe Técnica Instituto de Atenção às Cidades FAPTO Especialista em Hidrologia e Geoprocessamento Felipe de Azevedo Marques Doutor em Recursos Hídricos Professor Engenharia Civil UFT Especialista em Gestão de Recursos Hídricos Fernán Enrique Vergara Figueroa Doutor em Recursos Hídricos Professor Engenharia Ambiental UFT Especialista em Biodiversidade Paula Benevides de Morais Doutora em Biodiversidade Professora Engenharia Ambiental UFT Especialista em Química Ambiental Emerson Adriano Guarda Doutor em Química Professor Engenharia Ambiental UFT Especialista em Meteorologia José Luis Cabral da Silva Junior Doutor em Meteorologia Professor Agronomia Unitins Especialista em Socioeconomia Rogério Castro Ferreira Mestre em Geografia Professor Geografia UFT Estagiário Raphael Medeiros Lima. Engenharia Civil (UFT)

5 Sumário APRESENTAÇÃO DIRETRIZES PARA O PLANEJAMENTO DAS AÇÕES INTEGRAÇÃO DA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE GARANTIA DA SEGURANÇA HÍDRICA PARA O DESENVOLVIMENTO INSERÇÃO DOS MUNICÍPIOS NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS CONSIDERAÇÃO DOS SUBSISTEMAS HÍDRICOS ABORDAGEM DE SISTEMA ESTRATÉGIA REALISTA META EM UM CENÁRIO NORMATIVO ATEMPORAL CENÁRIOS NORMATIVOS SUBSISTEMA RESERVATÓRIO Cenário Normativo para o Subsistema Reservatório SUBSISTEMA BACIAS URBANAS Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Urbanas SUBSISTEMA BACIAS RURAIS Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Rurais CONCLUSÃO SOBRE OS CENÁRIOS NORMATIVOS ENQUADRAMENTO DOS CORPOS HÍDRICOS IDENTIFICAÇÃO DOS USOS PREPONDERANTES DA BACIA Subsistema Reservatório Subsistema Bacias Urbanas Subsistema Bacias Rurais PROPOSTAS DE ENQUADRAMENTO Subsistema Reservatório Subsistema Bacias Urbanas Subsistema Bacias Rurais Nascentes dos Rios Principais PROPOSTAS DE PROGRAMAS DE MONITORAMENTO Monitoramento do Reservatório Monitoramento das Bacias Urbanas Monitoramento das Bacias Rurais Monitoramento das Nascentes CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 71

6 Lista de Quadros Quadro 1.1 Comparação dos instrumentos de gestão das políticas de recursos hídricos e meio ambiente...7 Quadro 1.2. Usos preponderantes dos recursos hídricos nos subsistemas da bacia hidrográfica...9 Quadro 1.3. Exemplos de ações estruturais e não estruturais para melhoria dos recursos hídricos...9 Quadro 3.1. Classificação do Índice de Estado Trófico IET...55 Quadro 3.2. Padrões de enquadramento do corpo hídrico do reservatório nas áreas de parques aquícolas...56 Quadro 3.3. Protocolo de avaliação do Índice de Integridade da Zona Ripária HII...62 Quadro 3.4. Sistema de avaliação ponderada de impacto ambiental em reservatório, apresentando os indicadores das duas dimensões de interesse...64 Quadro 3.5. Resumo do Monitoramento de Parques Aquícolas...65 Quadro 3.6. Programa de monitoramento de balneabilidade das praias...67 Quadro 3.7. Proposta dos pontos de monitoramento, seus parâmetros e periodicidade, para as bacias urbanas de Palmas...67 Quadro 3.8. Proposta de monitoramento de nascentes dos rios principais...68

7 Lista de Figuras Figura 1.1. Sub-bacias associadas aos principais cursos d água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago...14 Figura 1.2. Subsistemas da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães...15 Figura 1.3. Figura 1.4. Figura 1.5. Figura 1.6. Figura 1.7. Figura 2.1. Figura 2.2. Figura 2.3. Figura 2.4. Figura 2.5. Figura 2.6. Figura 2.7. Figura 3.1. A diretriz sistêmica como fator amplificador de sucesso do plano de bacia...17 Exemplo de como a interação dos processos ecológicos e hidrológicos pode aumentar a qualidade das águas com custo reduzido...18 Exemplo do efeito da dupla regulação dos processos hidrológicos e ecológicos sobre a qualidade das águas superficiais...19 A Ecohidrologia como fator catalisador na transição de uma gestão administrativa para uma gestão sustentável dos recursos hídricos...20 Esquema para os cenários normativos em relação aos cenários do prognóstico...23 Processo de construção do cenário normativo...25 Diagrama do Cenário de 2035 para o Subsistema Reservatório, cenário referência (mais desfavorável)...27 Diagrama do Cenário Normativo para o Subsistema Reservatório...30 Diagrama do Cenário de 2035 para o Subsistema Bacias Urbanas, cenário referência (mais desfavorável)...32 Diagrama do Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Urbanas...36 Diagrama do Cenário de 2035 para o Subsistema Bacias Rurais, cenário referência (mais desfavorável)...38 Diagrama do Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Rurais...41 Atividades outorgadas pela ANA no subsistema do reservatório do entorno do lago...46 Figura 3.2. Atividades outorgadas pelo Naturatins no subsistema das bacias urbanas do entorno do lago...47 Figura 3.3. Figura 3.4. Figura 3.5. Figura 3.6. Figura 3.7. Atividades outorgadas pelo Naturatins no subsistema das bacias rurais do entorno do lago...48 Classes de enquadramento e respectivos usos e qualidade da água...49 Classes de enquadramento das águas-doces e usos respectivos...50 Proposta de enquadramento dos corpos hídricos em classes de uso...52 Usos prioritários para o enquadramento dos corpos hídricos na Bacia...54 Figura 3.8. Trechos da hidrografia com desconformidades eventuais em parâmetros da Classe Figura 3.9. Proposta de enquadramento dos cursos d água com a hidrografia e o reservatório na Classe 2 e os trechos de primeira ordem com Classe Especial...59 Figura Mapa de localização das nascentes dos principais rios das bacias a serem enquadradas em usos conservacionistas da água...62 Figura Proposta de pontos de monitoramento no reservatório e nas sub-bacias urbanas de Palmas...67

8 APRESENTAÇÃO 0

9 APRESENTAÇÃO O Governo do Estado do Tocantins, por meio do convênio firmado entre a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (FAPTO), apresenta este relatório, como parte integrante do Plano da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, que está sendo elaborado em quatro etapas: Fase A: Diagnóstico da bacia hidrográfica abrangendo o diagnóstico do meio físico-biótico, a caracterização do meio socioeconômico e o cálculo das disponibilidades e demandas hídricas. Fase B: Prognóstico da bacia hidrográfica tratando a evolução da população e atividades econômicas, a expansão do uso e ocupação do solo e apresentando cenários tendenciais para a prospecção das disponibilidades e demandas hídricas. Fase C: Diretrizes e alternativas de compatibilização das disponibilidades e demandas hídricas discutindo alternativas frente aos cenários tendenciais. Fase D: Plano de metas definindo metas e um conjunto de medidas emergenciais, programas e projetos para que os cenários de interesse sejam gradualmente implementados nos horizontes de curto (5 anos), médio (10 anos) e longo prazo (20 anos), acompanhados de indicadores e uma proposta organizacional para o gerenciamento dos recursos hídricos. Na Fase A, de Diagnóstico da Bacia Hidrográfica, em meio aos estudos de fatores sociais, econômicos e relacionados ao uso e ocupação do solo, foi discutida a qualidade da água e os principais usos no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães. Além do reservatório, foram caracterizadas as disponibilidades e demandas hídricas atuais (2015) nas quinze sub-bacias que compõem o entorno do lago. Conforme o uso prioritário de cada sub-bacia, elas foram classificadas em rurais, onde o uso prioritário é a irrigação e a dessedentação animal, ou urbanas, onde o abastecimento público representa o uso principal dos recursos hídricos. Nesse diagnóstico, o balanço hídrico atual revelou que já existe um forte estresse hídrico nas bacias urbanas, de Palmas e Porto Nacional, diferentemente das bacias rurais. Na Fase B, o Prognóstico da Bacia Hidrográfica estudou e projetou o comportamento observado no passado a fim de construir os cenários tendenciais para os horizontes de curto (2020), médio (2025) e longo prazo (2035). Conforme as expectativas, o estudo demonstrou que a tendência é a substituição progressiva da vegetação nativa de cerrado pela agropecuária, a expansão das áreas urbanas, o aumento da pressão sobre as áreas de preservação permanente e é claro, o crescimento das demandas, tanto nas bacias rurais como nas bacias urbanas e no reservatório. Frente à complexidade da bacia hidrográfica, o prognóstico inovou ao criar diagramas visuais para representar as variáveis e qualificar as influências sobre a situação dos recursos hídricos no período atual e nos horizontes de 5, 10 e 20 anos. Nesse contexto, foram elaborados diagramas para os cenários tendenciais de curto, médio e longo prazo, considerando-se os três subsistemas: reservatório, bacias rurais e bacias urbanas. Mais uma vez, as bacias urbanas se destacaram devido ao risco eminente de uma escassez emergencial. Este documento consiste no relatório parcial referente à Fase C Diretrizes e Alternativas. Nessa fase do planejamento foram inicialmente definidas as diretrizes que irão nortear o dimensionamento das ações e programas do Plano de Bacia. Em seguida, trabalhou-se a compatibilização dos usos prioritários dos recursos hídricos - as demandas hídricas - com a disponibilidade hídrica em cada subsistema da bacia (bacias rurais, bacias urbanas e reservatório). Essa compatibilização partiu da condição atual de uso da água e uma proposta de visão de futuro para construir as metas a serem alcançadas dentro dos horizontes de curto (2020), médio (2025) e longo prazo (2035), conforme escopo desse Plano de Bacia. Em síntese, este relatório é dividido em três capítulos que descrevem as diretrizes, as variáveis e as metas que serão consideradas no planejamento das intervenções estruturais e não estruturais que visam tirar a bacia hidrográfica de uma tendência desfavorável e conduzi-la a um futuro melhor, ao futuro que queremos e podemos fazer. 1

10 Além desta nota introdutória, onde fizemos um breve resumo do diagnóstico e do prognóstico, e apresentamos a estrutura do documento, o relatório de Diretrizes e Alternativas para Compatibilização das Demandas e Disponibilidades está dividido nos seguintes capítulos: 1. Diretrizes para o Planejamento das Ações; 2. Construção dos Cenários Normativos; e 3. Proposta de Enquadramento dos Corpos Hídricos. No Capítulo 1 são apresentadas e discutidas as diretrizes para o planejamento das ações e programas necessários para construir um futuro favorável na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. A partir das diretrizes gerais da Política Estadual de Recursos Hídricos PERH, instituída pela Lei N 1.307/2002, e das conclusões técnicas obtidas nas fases de diagnóstico e prognóstico da bacia, foram definidas diretrizes específicas com o objetivo de garantir a aplicabilidade e a eficiência desse Plano de Bacia. A discussão em torno das diretrizes levou em consideração não apenas a situação local dos recursos hídricos no Entorno do Lago, mas o cenário de crise hídrica nacional, que vem sistematicamente ocupando espaço na mídia em todas as partes do Brasil. Foi feito um estudo abrangente dos problemas enfrentados no Estado do Tocantins e também em outras regiões do país e assim, foram definidas as diretrizes gerais: Integração da gestão de recursos hídricos e meio ambiente; Garantia da segurança hídrica para o desenvolvimento socioeconômico; Inserção dos municípios na gestão integrada dos recursos hídricos; Consideração dos subsistemas hídricos: reservatório, bacias urbanas e bacias rurais; Indissociabilidade dos problemas físicos e operacionais; Efetividade das ações e programas do plano de bacia; e Meta em um cenário normativo atemporal. No Capitulo 2 são apresentados e discutidos os Cenários Normativos construídos para servirem de meta para o desenvolvimento das ações e programas de gestão na bacia hidrográfica. Esses cenários foram construídos comparando-se o cenário tendencial, que teremos daqui a 20 anos, em 2035, com o futuro que queremos e concordamos que podemos fazer. Atendendo uma diretriz do plano de bacia, as discussões e a construção dos cenários foram estabelecidas para cada um dos três subsistemas hídricos da Bacia do Entorno do Lago: o reservatório, as bacias urbanas e as bacias rurais. Como resultado, foram construídos diagramas dos cenários normativos que facilitam, sobremaneira, a visualização das metas que deverão ser alcançadas a partir da execução das ações propostas no Plano. No Capítulo 3, como parte indispensável do plano de bacia, conforme estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH), é apresentada a metodologia, os resultados e as discussões em torno do instrumento de Enquadramento dos Corpos Hídricos em Classes de Uso. Pautando-se nos usos prioritários de cada subsistema hídrico, definidos em conjunto com o Comitê de Bacia Hidrográfica, foi elaborada uma proposta de enquadramento em nível de sub-bacia. Essa abrangência foi necessária, uma vez que sendo a outorga de direito de uso ainda pouco representativa da demanda, desconhecemse a localização exata dos usuários de água ao longo dos cursos d água, impossibilitando o enquadramento trecho a trecho, na bacia hidrográfica. Outro ofensor ao enquadramento dos corpos hídricos foi a escassez de informações contínuas sobre a qualidade da água na bacia, de forma que junto às discussões de enquadramento, foi elaborada uma proposta de monitoramento de parâmetros específicos de qualidade da água em acordo com o tipo de uso prioritário de cada subsistema hídrico: abastecimento, saneamento, praias e parques aquícolas no reservatório, irrigação e dessedentação animal nas bacias rurais e o abastecimento humano nas bacias urbanas. 2

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12 1. DIRETRIZES PARA O PLANEJAMENTO DAS AÇÕES Os princípios da gestão integrada dos recursos hídricos foram consolidados na Política Nacional de Recursos Hídricos PNRH (Lei Federal n 9.433/97) e endossados pela Política Estadual de Recursos Hídricos PERH (Lei Estadual n 1.307/02). De forma objetiva, a gestão integrada dos recursos hídricos tem a ver com atingir o equilíbrio adequado entre as políticas locais de desenvolvimento e a necessidade de manutenção da integridade ambiental, com o compromisso legal do desenvolvimento sustentável. Atingir esse equilíbrio é um grande desafio e requer a cooperação de diversas instâncias de governo assim como entre os agentes públicos, privados e os usuários de recursos hídricos. Não se pode esquecer também que o meio ambiente é um sistema dinâmico, continuamente se adaptando para um novo equilíbrio, seguindo os efeitos tanto do ser humano como das influências naturais sobre ele. Assim, mais importante que atingir esse equilíbrio, é o tempo necessário para alcançá-lo. Esse tempo para alcançar um novo equilíbrio irá depender da intensidade, da duração e da frequência das ações de gestão, e no pior cenário, onde houver omissão da gestão integrada, o meio ambiente pode não ser capaz de recuperar-se depois que uma linha de estresse limite for ultrapassada e a resiliência, perdida. Entre os desafios enfrentados pelos agentes públicos e privados na implementação da gestão integrada dos recursos hídricos destacam-se o estabelecimento de fundos de investimento; de redes de monitoramento; a capacitação dos agentes locais; a definição clara das funções e responsabilidades de todos os setores envolvidos na gestão; e o alinhamento dos processos e instituições de desenvolvimento e proteção do meio ambiente nos diferentes níveis: nacional, estadual e municipal. Em alguns casos, os conflitos envolvendo os recursos hídricos estão mais relacionados à operação e gestão do que à real escassez e estresse hídrico (ROGERS, 2006). Entretanto, para alguns especialistas, a crise hídrica é resultado de um conjunto de problemas ambientais agravados com outros problemas relacionados à economia e ao desenvolvimento social (GLEICK, 2000). Tundisi (2006) lembra que para Somlyody & Varis (2006), o agravamento e a complexidade da crise da água decorrem de problemas reais de disponibilidade e aumento da demanda, e de um processo de gestão ainda setorial e de resposta a crises e problemas sem atitude preditiva e abordagem sistêmica. Tundisi & Matsumura- Tundisi (2008) acentuam a necessidade de uma abordagem sistêmica, integrada e preditiva na gestão das águas com uma descentralização para o nível da bacia hidrográfica. Apesar dos diferentes pontos de vista em relação à raiz dos problemas, existe consenso ao afirmar que o Plano de Bacia é, mais do que tudo, um roteiro para se alcançar a Visão de Futuro, estabelecida pelo Comitê de Bacia, formado por agentes públicos, privados, usuários e sociedade civil organizada. Como instrumento de gestão, o Plano de Bacia deve auxiliar o Comitê de Bacia a melhorar sua atuação. Uma vez que o Comitê aglutina diferentes pontos de vista e interpretações do cenário atual, o Plano de Bacia permite disciplinar os objetivos comuns e concentrar a energia dos atores envolvidos para mudar a trajetória atual segundo uma visão de futuro e prioridades compartilhadas por seus membros. Incentivado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Sermah e pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago - CBHEL, o planejamento da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago tem sido objetivo e direto, focalizando o que realmente tem importância ou significado para as metas perseguidas, evitando-se repetições de formatos de planos e até mesmo o aprofundamento em assuntos secundários, que acabaria por dispersar o foco no que realmente importa para a bacia. Tomando por base os diferentes pontos de vista e a necessidade de somar esforços, foram discutidas algumas diretrizes para contextualizar o problema e facilitar o entendimento das ações propostas no Plano. O principal objetivo das diretrizes é servir como guia no estabelecimento e acompanhamento das metas pelo Comitê de Bacia Hidrográfica. O segundo objetivo é fornecer clareza à integração entre a gestão de recursos hídricos e a de uso e ocupação do território. Esse problema foi identificado nas audiências públicas e parece ser o maior entrave na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. 4

13 O Plano de Recursos Hídricos de uma bacia hidrográfica é o primeiro dos instrumentos de gestão definidos pela PNRH (Lei Federal nº 9.433/97) e PERH (Lei Estadual n 1.307/02). Considera-se que um Plano de Recursos Hídricos de Bacia Hidrográfica não estará completo sem as diretrizes a serem observadas na implementação dos instrumentos de gestão (outorga, cobrança, enquadramento de corpos hídricos, sistema de informação sobre recursos hídricos) assim como as recomendações quanto à organização do sistema de gerenciamento de recursos hídricos na bacia hidrográfica e à capacitação técnica do Comitê de Bacia Hidrográfica e agentes públicos do órgão gestor dos recursos hídricos. Por meio da avaliação dos cenários em diversas bacias hidrográficas do país, incluindo uma avaliação acerca da implementação do Plano Estadual de Recursos Hídricos e dos Planos de Bacia existentes no Tocantins, verificou-se que a objetividade e clareza dos planos são mais importantes que o detalhamento profundo das ações. Nesse sentido, o Plano de Bacia precisa primeiro registrar a Visão de Futuro com clareza e objetividade em relação aos problemas e metas, para assim construir o seu esquema de implementação, isto é, um roteiro para sua concretização, esclarecendo e informando quanto a: Princípios e diretrizes do Plano de Bacia; Pré-requisitos estruturais e não estruturais a satisfazer; Alianças a serem forjadas e termos de cooperação entre os atores; Pontos críticos para o sucesso do plano, identificação dos riscos; Práticas gerenciais a serem empregadas por sua comprovada efetividade, custo, aceitação pública e minimização de efeitos adversos; Ações de promoção e transparência do plano ao público em geral; Identificação da responsabilidade dos diferentes atores envolvidos na sua implementação; Dimensionamento das ações e programas estruturais e não estruturais; e Cronograma de implementação do plano, com indicação das metas, das atividades de captação de recursos, medições de fases, conclusão de etapas e indicadores de cumprimento das metas. Com a finalidade de melhorar a atuação do Comitê de Bacia em suas atribuições, o Plano do Entorno do Lago incorpora os Princípios Gerais da Política Estadual de Recursos Hídricos do Tocantins (PERH), ao considerar o valor ambiental, social e econômico dos recursos hídricos, bem público de uso comum, essencial à vida e utilizável segundo as premissas do desenvolvimento sustentável. Adota-se a bacia hidrográfica como unidade de gestão e planejamento, e estimula-se o uso múltiplo das águas por meio de ações de gestão descentralizadas com a participação do poder público, dos usuários e comunidades. Também as Diretrizes Gerais da PERH são reafirmadas e complementadas nesse Plano de Bacia: Gestão sistemática das águas superficiais e subterrâneas sob os aspectos de quantidade e qualidade; Adequação da gestão às diversidades físicas, sociais e ambientais; Articulação com o planejamento dos setores usuários, nacional, estadual e regional; e Prioridade do uso dos recursos hídricos para abastecimento público e dessedentação de animais e em casos de escassez, a garantia da oferta de forma a obter o maior retorno econômico. Até o término desse Plano, pelo menos duas reuniões públicas ainda devem ser realizadas para o compartilhamento do conhecimento e proposições com os órgãos públicos, os usuários de recursos hídricos, as instituições de pesquisa, as organizações interessadas ou com atuação na bacia, segmentos da sociedade civil e os residentes da bacia, com o objetivo de gerar um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com o gerenciamento integrado dos recursos hídricos. A primeira delas terá como ponto chave as diretrizes e metas estabelecidas para o Plano de Bacia, já a segunda terá o roteiro de ações e o programa de investimentos como centro das discussões na Audiência Pública. 5

14 1.1. Integração da Gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente Apesar de temas estritamente relacionados, atualmente no Brasil, tanto em nível federal como estadual, há uma distância operacional entre a gestão dos recursos hídricos e a gestão do meio ambiente. A fim de elucidar essas questões é necessário recapitular a história dos recursos hídricos em nosso País. No panorama internacional, após a revolução industrial, o mundo começou a demonstrar preocupação com as questões ambientais a partir da década de 1970, inaugurando-se um ciclo de debates que inicia com a Conferência de Estocolmo sobre o meio ambiente e perdura até os dias atuais. A Conferência das Nações Unidas sobre a Água, de 1977 em Mar Del Plata Argentina, declarou que todos os povos da Terra têm direito à agua potável, por se tratar de recurso comum e essencial à vida. A partir de então, no Brasil em processo de industrialização, iniciaram-se nas instituições públicas relacionadas ao tema, as discussões sobre a conservação quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos. Já em meados da década de 80, em âmbito nacional, foi criado o Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas (CEEIBH), como a primeira experiência do Governo Federal sobre a gestão integrada e descentralizada dos recursos hídricos em nível de bacia hidrográfica. Pouco tempo depois, veio a regulamentação dos mecanismos de controle ambiental com a promulgação da Lei Federal nº de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), constituído por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Em 1988, a promulgação da Constituição Federal determinou ser de competência da União instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), bem como definir os critérios de outorga de direito de uso dos recursos hídricos. A Constituição de 88 aboliu a propriedade privada da água, que era prevista no Código de Águas, dividindo o domínio das águas entre a União e os estados. A seguir, iniciando-se a década de 90, crescem as preocupações ambientais e surge o conceito do Desenvolvimento Sustentável. Em 1992 a Conferência de Dublin apontou a existência de sérios problemas relacionados à disponibilidade de água para a humanidade e no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) produziu o documento intitulado Agenda 21, uma espécie de plano de ação para o desenvolvimento sustentável. Cinco anos mais tarde, em 8 de janeiro de 1997, a Lei Federal n instituiu a PNRH e o SINGREH, que reconhece o valor ambiental, social, cultural e econômico dos recursos hídricos e estabelece que sua gestão seja estruturada de forma integrada com os estados e com efetiva participação social. Com a sanção da Lei nº 9.433/1997, os estados estabeleceram suas políticas de recursos hídricos, tendo como referência a legislação federal. No Tocantins a Lei de 22 de março de 2002 instituiu a PERH e acrescentou aos instrumentos da PNRH, a Educação Ambiental e a Compensação aos Municípios. São inegáveis os benefícios conquistados no país desde a promulgação da legislação ambiental e de recursos hídricos, como dignos de aplausos os esforços de implementação do Sisnama e do Singreh. No entanto, apesar dos esforços, são ainda incipientes as ações voltadas para efetivar a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental, necessitando de uma programação mais ativa e com objetivos mais claros de como deve ocorrer essa integração e em quais momentos (ANA, 2006). Não se pode deixar de destacar a diferença no tratamento dos municípios nas políticas de meio ambiente e de recursos hídricos. Enquanto a PNMA deixa claro que os municípios constituem o Sisnama, a PNRH estabelece competências e domínios de gestão somente aos estados e à união. Embora tenham representação no Singreh, a PNRH e as políticas estaduais correlatas, em sua maioria, não deixam claro qual a participação dos municípios na gestão dos recursos hídricos. Isso, de certa forma, obstrui a gestão descentralizada e dificulta a integração com a gestão do meio ambiente e com as políticas e programas de ordenamento território, que existem com a abrangência política dos municípios. 6

15 Julga-se de extrema importância fazer referência à relevância dos planos de recursos hídricos como instrumentos indutores dessa articulação com as políticas voltadas à preservação e conservação do meio ambiente. Nesse sentido, a PERH faz a previsão legal do conteúdo mínimo desses planos, que pressupõe, entre outras questões, o estabelecimento de metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria dos recursos hídricos disponíveis, assim como o estabelecimento de propostas para a criação de áreas sujeitas às restrições de uso com vistas à proteção dos recursos hídricos. Com relação ao procedimento de outorga de direitos de uso dos recursos hídricos e ao licenciamento ambiental, tanto a União quanto os estados têm tentado instituir mecanismos de integração, como o sistema de protocolo único e integrado para recebimento de documentação destinada à obtenção de ambas as autorizações legais. O mesmo tem ocorrido para os procedimentos de vistoria e fiscalização. Todavia, essa integração muitas vezes não é clara para a população, especificamente aos requerentes de outorga ou do licenciamento ambiental. Por muitas vezes, essa confusão acaba por afastar os usuários dos recursos hídricos do instrumento de outorga, uma vez que o processo de licenciamento ambiental exige mais informações, cujas análises costumam ser mais demoradas. As outorgas em geral e a outorga para lançamento de efluentes em particular, além de serem articuladas ao licenciamento ambiental, carecem de confronto com o enquadramento do corpo de água em classe, para evitar que a qualidade de água seja comprometida em relação aos usos designados, promovendo a integração entre a gestão da quantidade e a da qualidade da água. Nesse ponto, tanto a ausência de uma rede de monitoramento da qualidade da água como a baixa representatividade das demandas hídricas pela base de dados da outorga ou mesmo por um cadastro de usuários, dificulta sobremaneira a integração da gestão integrada dos recursos hídricos e ambientais, com prejuízos a ambos os sistemas. A representatividade da demanda poderia ser suprida, por exemplo, pela integração da Outorga ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), já em operação no Estado do Tocantins. A partir da análise dos instrumentos estabelecidos por ambas as políticas de recursos hídricos e meio ambiente, é possível identificar pontos em que há sobreposição de conhecimento e em alguns casos complementação de um em outro sistema de gestão, conforme exemplificado no Quadro 1.1. Essa diretriz diz respeito, exatamente, à necessidade de agregar esses instrumentos bem como as entidades e as pessoas envolvidas a fim de reduzir os riscos e potencializar as chances desse Plano dar certo. Quadro 1.1. Comparação dos instrumentos de gestão das políticas de recursos hídricos e meio ambiente Política de Recursos Hídricos Planos de Recursos Hídricos Enquadramento em Classes de Uso Outorga de Direito de Uso Cadastro de Usuários Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos Política de Meio Ambiente Planos de Saneamento Planos de Resíduos Sólidos Planos de Florestas ou Desmatamento Estabelecimento de Padrões de Qualidade Zoneamento Ambiental Avaliação de Impactos Ambientais Licenciamento Ambiental Cadastro de Atividades Poluidoras Cadastro Ambiental Rural (CAR) Penalidades Disciplinares ou Compensatórias Concessão Florestal Servidão Ambiental Seguro Ambiental Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos Sistema de Informações sobre o Meio Ambiente Incentivos à Melhoria da Qualidade Ambiental Compensação aos Municípios Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) ICMS Ecológico Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Educação Ambiental Federal n de 27 de abril de 1999) 7

16 1.2. Garantia da Segurança Hídrica para o Desenvolvimento Sem dúvida, a água é o recurso mais importante da Terra. Recurso natural essencial à vida, seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo final e intermediário. Recurso de valor inestimável que apresenta utilidades múltiplas como geração de energia elétrica, abastecimento doméstico e industrial, irrigação, navegação, recreação, paisagismo, turismo, aquicultura, piscicultura, dessedentação de animais, preservação da biota aquática, melhorias climáticas e, até mesmo, para a assimilação e condução de poluentes. Mas apesar de renováveis, os recursos hídricos são limitados e nem sempre suficientes para atender a todos os usuários. Com o aumento da demanda, torna-se necessário disciplinar a distribuição das águas para evitar conflitos e assegurar o direito do uso da água a todos os cidadãos das gerações atual e futura. Hoje, com a expansão dos centros urbanos e da agricultura irrigada, aliada a chegada de novas indústrias, é crescente a demanda por água, quer para consumo direto ou para utilização em diversas fases de processos produtivos ou mesmo para usos não consuntivos. Alguns usos implicam na retirada de água das coleções hídricas, enquanto outros estão associados a atividades desenvolvidas no próprio ambiente aquático. O estabelecimento de uma distinta ligação entre os diversos usos da água e seus requisitos de qualidade é fundamental. Determinados usos da água são considerados nobres, exigindo, portanto, um rigoroso controle da qualidade, enquanto outros usos são menos restritivos e não estão vinculados a rígidos critérios de qualidade. Com tantas variáveis na dinâmica de uma bacia hidrográfica, como fazer para gerenciar de forma eficiente os recursos hídricos? A Universidade Federal do Tocantins - UFT acredita que a gestão das águas deve ser pautada no conhecimento científico e ter um planejamento técnico, suficientemente claro para permitir sua análise por dirigentes políticos, agentes financeiros e sociedade civil, de forma a viabilizar a implementação dos programas e ações priorizadas para a concretização do Plano. Este planejamento envolve instituições públicas e privadas mais a sociedade, tendo como eixo principal a compatibilização entre a disponibilidade hídrica e a demanda de água pelos diferentes setores usuários. A meta do plano? Segurança hídrica para o desenvolvimento, aliada à conservação dos recursos hídricos e ambientais. A PNRH reconhece o valor ambiental, social e econômico dos recursos hídricos, porém é na PERH, instituída pela Lei Estadual n de 22 de março de 2002 que o valor econômico fica mais evidente. Destaca-se o trecho da PERH, do Capítulo II Das Diretrizes, em seu artigo 3, inciso V: Art. 3. São diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos: V - Assegurar, em caso de escassez hídrica e mediante a compensação aos usuários racionados, a garantia do uso dos recursos hídricos de forma: a) prioritária, conforme o inciso II do art. 2º desta Lei; b) a obter maior retorno econômico. É claro que não se pode analisar essa diretriz isoladamente, fora do contexto da PERH. Porém, uma vez que a redação da Política Nacional não faz diferenciação entre os tipos de usos segundo critérios econômicos, a Política Estadual ao fazê-lo, complementa e articula a Política de Recursos Hídricos conforme o planejamento regional e estadual, o que é flexibilizado pela PNRH, como diretriz nacional. Dessa forma, a gestão de recursos hídricos no Tocantins reconhece o valor econômico, ambiental e social das águas, mas apesar de assegurar o uso múltiplo dos recursos hídricos, em situações de escassez, prioriza o uso dos recursos hídricos que produzam maiores retornos econômicos. É portanto, a garantia da segurança hídrica para o desenvolvimento econômico, uma diretriz desse Plano de Bacia. 8

17 A segurança hídrica para o desenvolvimento das atividades econômicas da bacia hidrográfica requer, antes de qualquer coisa, conhecimento detalhado das disponibilidades hídricas e uma gestão de alto nível das demandas hídricas nos três subsistemas da bacia: sub-bacias rurais, urbanas e o reservatório. É possível comparar a bacia hidrográfica a uma Fábrica de Aguas, onde seu papel é transformar uma entrada de água concentrada no tempo (as chuvas) em uma saída mais distribuída (vazões) de forma a garantir disponibilidade hídrica para o ecossistema e atividades econômicas durante todo o ano. Nesse papel, diversos processos acontecem e apenas conhecendo cada um deles, podemos agir com precisão. Com o tempo, nossa fábrica de águas precisa de ajustes e conhecendo o presente e o futuro que queremos alcançar, apertaremos os parafusos para garantir a segurança hídrica na bacia hidrográfica. Nesse ajuste, ambas as frentes (disponibilidade e demanda hídrica) deverão ser trabalhadas com ações estruturais e não estruturais, que se relacionam com os instrumentos de gestão instituídos na PERH para reduzir a vulnerabilidade hídrica das atividades econômicas preponderantes na bacia hidrográfica. O Quadro 1.2 apresenta os usos preponderantes da água nos subsistemas da Bacia do Entorno do Lago. Quadro 1.2. Usos preponderantes dos recursos hídricos nos subsistemas da bacia hidrográfica Subsistemas Hídricos Subsistema Bacias Rurais Subsistema Bacias Urbanas (Palmas e Porto Nacional) Subsistema Reservatório Irrigação Dessedentação Animal Aquicultura Abastecimento Público Diluição de Poluentes Abastecimento Público Diluição de Poluentes Recreação e Lazer Aquicultura Usos Preponderantes São exemplos de ações estruturais para o aumento da disponibilidade hídrica: os barramentos, as estruturas de drenagem, terraceamento, canalização de cursos d água, instalação de estações de monitoramento, a revitalização de nascentes, a conservação de APPs e o reflorestamento. Como ações estruturais para redução de desperdícios, destacam-se: a instalação de medidores na rede de abastecimento e elevatórias para irrigação, a regulagem das bombas nas elevatórias e das pressões nas redes de abastecimento e irrigação; projetos de captação da chuva e o tratamento ou reuso de águas residuárias. As ações não estruturais estão relacionadas à operacionalização e desempenho dos instrumentos de gestão como uma maior clareza na função e responsabilidade de cada agente público e privado, a exemplo da Semarh, Naturatins, Ibama, Embrapa, Ruraltins, Incra, Prefeituras (vigilância sanitária) e as IFES. O Quadro 1.3 resume algumas ações estruturais e não estruturais para aumento da disponibilidade e redução das demandas hídricas na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Quadro 1.3. Exemplos de ações estruturais e não estruturais para melhoria dos recursos hídricos Ações Estruturais Ações Não Estruturais Disponibilidade Hídrica Demanda Hídrica Disponibilidade Hídrica Demanda Hídrica Monitoramento Barramentos Drenagem Terraços Barraginhas Revitalização Reflorestamento Instalação de medidores Redução de perdas Eficiência energética Captação da chuva Tratamento de águas residuárias Reuso de águas residuárias Monitoramento Manejo de irrigação Sistema de informações Educação ambiental Cooperação municipal Preservação de APPs Gestão do uso do solo Enquadramento Cadastro de usuários Outorga Capacitação Suporte técnico Otimização dos usos Regras de captação Fiscalização Cobrança Compensação 9

18 1.3. Inserção dos Municípios na Gestão dos Recursos Hídricos A Agência Nacional de Águas (ANA, 2014) reconhece que as experiências acumuladas até o momento com a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos na esfera federal e dos entes permitem algumas reflexões voltadas para o aperfeiçoamento da gestão integrada dos recursos hídricos no país. Entre os principais desafios a serem vencidos para a consolidação gradativa do Singreh e para alcançar a efetividade dos instrumentos da política citam-se: a necessidade de mútua adequação do Singreh e o ordenamento administrativo do aparelho de estado brasileiro; e a consolidação da gestão por bacia hidrográfica, implicando um maior envolvimento dos municípios, que ainda não participam da gestão. Nesse ponto, ambas as Políticas Nacional e Estadual de Recursos Hídricos carecem de elementos para a efetiva participação dos municípios na gestão de recursos hídricos. No entanto, destaca-se que PERH avança na descentralização ao considerar dois novos instrumentos de gestão. Na PNRH são poucas as referências aos municípios, tendo sido vetado o quinto instrumento de gestão que trataria da Compensação aos Municípios. Mas, conforme a Lei Federal 9.433/97 (Art. 31): na implementação da PNRH, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. Além do instrumento vetado e do artigo 31, os municípios aparecem novamente, apenas em seu Art. 39, onde o inciso III descreve que os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação. A Política Estadual (Lei Estadual 1.307/02) também carece de elementos em relação ao papel dos municípios na gestão das águas, mas estabelece dois novos instrumentos: a compensação aos municípios e a educação ambiental, que influenciam positivamente na participação dos municípios. A princípio, o instrumento de compensação aos municípios soa como um grande avanço, porém a PERH estabelece apenas o ressarcimento financeiro por prejuízos ao desenvolvimento municipal devido à inundação de terras por reservatórios ou o estabelecimento de unidades de conservação, não fazendo qualquer referência ao pagamento por serviços ambientais de conservação e produção de águas. A falta de clareza em relação ao papel dos municípios é uma das críticas mais recorrentes à Gestão dos Recursos Hídricos. Como não há clareza sobre a responsabilidade municipal na gestão das águas, criase uma sombra administrativa, no território político administrativo, elementar das Unidades da Federação. Ponto negativo em relação à descentralização e participação popular. Conforme revelam as experiências, essa distância da administração municipal é um verdadeiro entrave à operacionalização da gestão dos recursos hídricos, já que é o município que convive com os problemas e são os gestores municipais que mais conhecem a realidade em seu território, como: os usuários, os conflitos e as oportunidades hídricas, em quantidade e qualidade. Hoje, percebe-se que incluir os municípios é aproximar a gestão de quem melhor conhece e é capaz de agir para resolver os problemas. Pelo fato de a bacia hidrográfica representar a unidade de planejamento e gestão definida pela PNRH, diferentemente da divisão federada e político-administrativa oficial vigente, há de se efetivar nos Estados o envolvimento dos municípios no processo de gestão de recursos hídricos para aproximar a gestão dos problemas e da população diretamente envolvida. Considerando a problemática da degradação de APPs, da deficiência de drenagem, da clandestinidade das demandas e da poluição decorrente da insuficiência de saneamento básico presente na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, devem ser incentivadas as ações de cadastro e monitoramento, bem como de saneamento e de planejamento do uso e ocupação do solo, que reforçam a necessidade de ações de integração, além do desenvolvimento e da execução de políticas públicas específicas para incentivos voltados aos municípios. 10

19 Acredita-se que o objetivo maior da gestão de recursos hídricos é simultaneamente cumprir com a garantia de disponibilidade hídrica aos múltiplos usuários e promover o desenvolvimento socioeconômico em um ecossistema seguro e saudável. Notoriamente, esse objetivo só poderá ser alcançado com a consciência coletiva e a participação das pessoas. Essa consolidação da gestão participativa exigirá um processo sistemático de mútua educação e cooperação entre os agentes e os atores públicos e privados; esforços em formação de pessoal para participação no Comitê de Bacia e nas instâncias locais do sistema; disseminação de informações e de experiências em gestão de recursos hídricos; recursos humanos, financeiros, infraestrutura adequada e recursos tecnológicos plenos para os agentes de governo na Bacia; formação de novos perfis profissionais pela academia e a consequente adequação dos currículos; abordagem crítica das questões relacionadas à representação e à representatividade nas instâncias colegiadas do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. A participação dos usuários, do público, da iniciativa privada e do setor público deve ser um dos eixos principais da governança dos recursos hídricos no contexto de bacias hidrográficas (ROGERS, 2006). No Entorno do Lago, essa participação deverá melhorar e aprofundar a sustentabilidade das demandas e trazer segurança coletiva à população em relação à disponibilidade hídrica e à vulnerabilidade do meio ambiente. A educação ambiental da comunidade em todos os níveis e preparação de gestores com novas abordagens é outra ação necessária para o desenvolvimento da gestão de recursos hídricos. Melhorar a gestão dos recursos hídricos por meio da compatibilização dos usos múltiplos da água e de investimentos em saneamento público é uma das formas mais eficientes de desenvolvimento econômico e social (BHATIA & BHATIA, 2006). Pois essa melhoria da gestão poderá propiciar o uso múltiplo da água de forma harmoniosa entre os usuários, em que as pessoas que terão acesso ao saneamento básico sofrerão menos com problemas sanitários, além de impulsionar a economia local com a geração de emprego e renda, o que leva a uma melhoria generalizada da qualidade de vida da população. Tecnologias de baixo custo também podem fornecer soluções em saneamento básico, especialmente para populações de baixa renda nas periferias das regiões metropolitanas (TUNDISI et al., 2006). As competências do Estado do Tocantins estão muito bem definidas na PERH, no entanto precisam ser estendidas às autoridades locais quando estas demonstrarem capacidade para uma participação efetiva. Conforme já discutido, essa delegação de competências não é controlada pela legislação vigente e não necessariamente implica na transferência de recursos, que potencialmente, poderia até mesmo oferecer risco legal e financeiro aos municípios. Mais que uma movimentação de caixa, essas delegações devem ser vistas como pactos sociais e políticos entre duas esferas administrativas de governo. A seguir, algumas ações relacionadas aos recursos hídricos que precisam de mais atenção das autoridades: Planejamento municipal (Planos Diretores, Planos de Saneamento, Resíduos Sólidos); Ocupação de APPs e Áreas de Segurança Pública da União (Rios e Reservatório); Ocupação de áreas urbanas e parcelamento de imóveis rurais; Vigilância sanitária (Saúde Municipal ou Saúde Ambiental); Poluição do ar (Monitoramento e Controle); Manejo das águas de chuva em áreas urbanas (Zoneamento e Projetos de Drenagem); Serviços de abastecimento e esgoto (Redução de Perdas e Qualidade de Tratamento); Parques de recreação e áreas verdes urbanas; Praias e balneários no reservatório; Serviços de limpeza de arruamentos urbanos; Conservação das estradas de terra rurais; e Coleta e destinação adequada de resíduos sólidos. Além das ações de abrangência municipal, essa diretriz diz respeito às ações específicas da gestão de recursos hídricos que podem ser compartilhadas com o poder municipal, como o cadastro de usuários, o monitoramento da disponibilidade hídrica e a fiscalização dos empreendimentos usuários de água. 11

20 É no território urbano, que a distância é maior. Se a PNRH estabelece os Planos de Bacia Hidrográfica como instrumento central da gestão dos recursos hídricos, no campo da política urbana brasileira, um grande avanço para o planejamento e gestão foi efetivado com a aprovação do Plano Nacional Urbano, pela Lei Federal nº /2001 (Estatuto da Cidade). Do ponto de vista dos municípios, o Plano Diretor Municipal transformou-se no principal instrumento para a gestão territorial, regulando o uso e a ocupação do solo e definindo parâmetros para o cumprimento da função social da cidade e da propriedade. Os instrumentos de controle do uso e ocupação do solo deveriam ser utilizados de forma complementar aos instrumentos do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. No entanto, Peres e Silva (2010) apontam que o que se observa é uma desarticulação entre eles, refletindo uma deslegitimação do planejamento e da legislação urbanística nas cidades brasileiras, marcados pela ilegalidade e informalidade da ocupação do solo. Alvim et al. (2008) complementam dizendo que, embora a legislação brasileira seja considerada avançada no que diz respeito às políticas urbanas, ambientais e hídricas, elas obedecem à lógicas diferentes e, muitas vezes, conflitantes e o principal desafio é a construção de caminhos que possam viabilizar a permanente integração entre elas Partindo do pressuposto que existe então uma sombra na gestão dos recursos hídricos no que concerne às interfaces com as políticas urbanas, parte-se da hipótese de que é possível construir uma ação mais integrada para a gestão territorial, considerando sua abrangência local (municípios) e regional (bacias hidrográficas). O objetivo desta diretriz é, portanto, analisar a relação da gestão da água com a gestão urbana, por meio dos instrumentos Planos de Bacias Hidrográficas e Planos Diretores Municipais. No caso específico da gestão de recursos hídricos, a participação municipal em organismos de bacia tem sido a principal, se não a única forma de interação com outros atores públicos e privados relacionados com a água. Entretanto, do ponto de vista da Gestão da Água pouco é definido em termos concretos de como deve ser feita essa articulação com a gestão do uso do solo. De acordo com Rolnik e Someck (2003), os Comitês de Bacia são um esforço consistente que sofrem de ineficiência ao não controlar os organismos e não deterem os recursos necessários para a implementação de suas ações. Embora o Comitê atue como fórum de gestão das águas e tenha um papel relevante na operacionalização e concepção da gestão integrada, a efetividade de suas ações depende de um processo negociado entre políticas que ali incidem, instâncias de governo, setores institucionais e atores que determinam conflitos e oportunidades (ALVIM et al, 2008). Permanecem, portanto, indefinições quanto ao papel fundamental do município como formulador e implementador de políticas urbanas de impacto nos recursos hídricos, quer através dos instrumentos de ordenamento territorial, quer pela ausência desses instrumentos (CARNEIRO et al, 2008). Desta forma, a partir de análises procedidas por alguns autores (LEAL, 2003; SILVA e PORTO, 2003; CARNEIRO et al, 2008), é possível apontar fatores de conflito que relacionam a questão da água: a dificuldade legal dos municípios gerenciarem diretamente os recursos hídricos contidos em seus territórios; os recursos insuficientes dos municípios, o que inviabiliza uma participação mais efetiva na gestão das águas; a natureza essencialmente setorial como a gestão municipal é organizada, fazendo com que atuem mais como usuários do que como gestores desses recursos; a limitada capacidade institucional e técnica dos municípios; a desigualdade da realidade socioeconômica municipal apresentando-se como um obstáculo para efetividade das estruturas de gestão dos recursos hídricos; e a compatibilização de limites territoriais e administrativos com os limites físicos da bacia hidrográfica; a questão regional que envolve o corpo d água, que muitas vezes engloba mais de um município em sua extensão. 12

21 1.4. Consideração dos Subsistemas Hídricos Quando o assunto é Gestão de Recursos Hídricos, há consenso entre pesquisadores e técnicos em adotar a bacia hidrográfica como a unidade de gestão e planejamento. A bacia hidrográfica uma unidade biogeofisiográfica que drena para um rio, lago ou oceano é a unidade natural de pesquisa e gestão (LIKENS, 1992; TUNDISI, 2003; TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2008). Todos os elementos envolvidos nos processos físicos, biológicos, econômicos e sociais são naturalmente contornados pela bacia hidrográfica, que como unidade natural, favorece a integração do conhecimento, da pesquisa e da gestão. Devem, portanto, os bancos de dados serem voltados para as bacias, funcionando como uma plataforma de consulta para o desenvolvimento de projetos e garantindo a transparência da gestão. Quanto à governança da água, o movimento descentralizador que existe promovendo uma gestão por bacias hidrográficas, que inclui o estabelecimento de agências de bacia, é fundamental. Mas, nesse contexto, a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago precisa ser tratada de maneira singular. Considerando a grande extensão territorial da bacia hidrográfica do entorno do lago, abrangendo vinte municípios na região mais povoada do Tocantins, o Comitê das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago (CBHEL) apontou a necessidade de se analisar, separadamente, cada uma das sub-bacias associadas aos principais cursos d água que drenam as águas para o reservatório da UHE Lajeado. Dessa forma, na Fase A Diagnóstico, foram trabalhadas 16 (dezesseis) sub-bacias que aglomeradas formam a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. A Figura 1.1, a seguir, apresenta o mapa com a divisão da Bacia do Entorno do Lago em Sub-bacias, associadas aos cursos d água principais. Apesar de reconhecer a necessidade de descentralizar a gestão ao nível de sub-bacia, o diagnóstico revelou não haver informações suficientes, tanto de disponibilidade como de demandas, para se diferenciar as ações previstas para as dezesseis sub-bacias do Entorno do Lago. Com base nessa carência de informações e na necessidade de representar, com máxima exatidão, as diferentes variáveis e seus relacionamentos nas sub-bacias, optou-se por dividir o sistema hídrico da área de estudo em três subsistemas, considerados homogêneos, conforme ilustrados na Figura 1.2. Subsistema Reservatório considera-se a região do reservatório e suas margens. Estão inseridos nesse subsistema todos os usos da água do reservatório e as atividades que afetam ou dependem direta e indiretamente das águas do reservatório e as atividades desenvolvidas na orla; Subsistema de Bacias Urbanas bacias urbanas não necessariamente são aquelas que estão predominantemente em centros urbanos, mas sim aquelas em que o uso preponderante é o abastecimento público para a população urbana, o que dá uma conotação e perspectiva diferenciada. Esse tipo de bacia foi encontrada apenas nos municípios de Palmas e Porto Nacional; Subsistema de Bacias Rurais São aquelas bacias em que ainda não há perímetros urbanos significativos e em que há uma expressiva atividade agrícola ou de pecuária. A maioria da extensão territorial da área de estudo está classificada dentro desse subsistema. Essa abordagem sistêmica mostrou-se extremamente adequada para representar as diferentes variáveis que interagem em cada tipo de sistema e que influenciam seu próprio desempenho. Em síntese, ajustouse o nível de detalhe disponível nas informações de disponibilidade e demanda, à unidade efetiva de planejamento das ações. Para cada subsistema, foram desenhados diagramas visuais que melhoraram a compreensão das variáveis envolvidas na situação atual e nos cenários tendenciais de curto, médio e longo prazo, permitindo a identificação dos problemas pontuais e que portanto, exigem ações da gestão. A diretriz de consideração dos subsistemas hídricos tem por objetivo principal, agrupar bacias que possuem comportamento biofísico, social e econômico homogêneo e como objetivo secundário, facilitar o entendimento dos problemas e metas pela população, a fim de garantir maior efetividade às ações desse Plano e simplificar o seu acompanhamento pelo Comitê de Bacia. 13

22 Figura 1.1. Sub-bacias associadas aos principais cursos d água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. 14

23 Figura 1.2. Subsistemas da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães. 15

24 1.5. Abordagem Sistêmica Associado ao problema da governança dos recursos hídricos, uma questão que vem sendo amplamente debatida é a transição ou evolução de um gerenciamento setorial, de recursos hídricos, para um gerenciamento de sistema, especificamente, de ecossistema, integrando o ciclo da água com a dinâmica de uso e ocupação do solo, com as questões sociais, políticas, culturais e dos usos múltiplos da água. Se no passado, a hidrologia era focada no controle de eventos extremos e no suprimento de água, hoje se busca cada vez mais uma hidrologia funcional e integrada, visando agir nos elementos necessários para aumentar a capacidade de suporte da bacia como uma Fábrica de Águas, com maior resistência e resiliência às atividades do homem, com seus usos múltiplos da água e ocupação do solo. Essa nova forma de ver e entender a bacia hidrográfica surgiu como um novo paradigma: chamado Ecohidrologia. A Ecohidrologia é uma área interdisciplinar que associa os processos hidrológicos e ecológicos envolvidos com o ciclo da água. Basicamente, a Ecohidrologia almeja compreender a dupla regulação dos processos hidrológicos e ecológicos. Como os processos hidrológicos regulam aspectos ecológicos (ex: o regime de vazões em rios regulando as espécies e as populações locais), e de modo recíproco, como os aspectos ecológicos podem interferir na hidrologia (ex: cobertura do solo regulando o hidrograma de cheias e as estiagens). Integrando os conhecimentos sobre estes dois processos, será possível propor soluções eficazes para os problemas de degradação na Bacia do Entorno do Lago. Segundo a Ecohidrologia, a bacia hidrográfica é um sistema, portanto formado por várias partes que interagem entre si para formar a unidade. Como qualquer sistema, uma parte não funciona isolada do sistema, tampouco o sistema funciona sem uma das partes. É inevitável a analogia com um grande organismo ou mesmo uma máquina, onde cada órgão ou peça precisa desempenhar a sua função, para que o sistema seja capaz de desempenhar o seu papel, que se tratando da bacia, seria produzir água. Mas por que esta integração ainda é vista como um novo paradigma? Moraes (2009) explica que ainda é comum a gestão de recursos hídricos trabalhar com a eliminação de ameaças como inundações, secas e fontes pontuais de poluição. Ao passo que Zalewski (1996) enfatiza que toda estratégia de sucesso deve ser sustentada sobre dois pilares: a eliminação das ameaças e a amplificação das possibilidades. Apesar da percepção tradicional da degradação das águas associada aos conflitos de usuários e à poluição hídrica, o crescimento das atividades humanas nas bacias tem impactos bem mais profundos na integridade ecológica dos ecossistemas. Como consequência do desenvolvimento humano, com a atual taxa de crescimento da degradação ambiental, espera-se que nos próximos 30 ou 60 anos, se esgote a capacidade de suporte do meio ambiente global (UNEP-IETC, 2004). Por esta razão, programas internacionais de conservação do meio ambiente como o UNEP-IETC, UNESCO-IHP e UNESCO-Regional Bureau for Science na Europa destacam a Ecohidrologia como ferramenta fundamental ao manejo integrado de bacias hidrográficas e à gestão dos recursos hídricos. O conceito de Ecohidrologia e seus fundamentos científicos foram desenvolvidos pelo Programa Hidrológico Internacional IHP da UNESCO. Segundo a Ecohidrologia, através da manipulação das interações entre a biota e a hidrologia, a possibilidade de aumentar a resiliência dos ecossistemas aos impactos antropogênicos pode ser alcançada mais rapidamente (UNEP-IETC, 2004). A interação entre processos hidrológicos e ecológicos define a Ecohidrologia como a ferramenta para gerenciar a quantidade e qualidade dos recursos hídricos e ao mesmo tempo, aumentar a capacidade dos ecossistemas em absorver os impactos das atividades humanas. É nesse sentido que a Ecohidrologia cria um novo paradigma na gestão dos recursos hídricos, pois admite a larga influência de fatores bióticos sobre processos hidrológicos como os fluxos de água, sedimentos, nutrientes e poluentes. Sob o respaldo da Ecohidrologia, o planejamento e gestão dos recursos hídricos ganha nova estratégia: a eliminação dos riscos e a amplificação das possibilidades. Uma ilustração dessa nova estratégia de gestão dos recursos hídricos é apresentada pela Figura 1.3, a seguir. 16

25 Figura 1.3. A diretriz sistêmica como fator amplificador de sucesso do plano de bacia. Fonte: Zalewski, Até recentemente, o gerenciamento dos recursos hídricos e conseqüentemente, a aplicação de recursos públicos esteve concentrado na eliminação de riscos, como: 1) conflitos, através do cadastro de usuários e outorgas de uso; 2) poluição, pela construção de estações de tratamento e uma legislação específica; 3) eventos críticos como enchentes e secas, através de barragens e reservatórios; e 4) erosão, reduzindo as encostas com a construção de terraços. Segundo Zalewski et al. (1997) a carência de resultados na escala da bacia hidrográfica pode ser atribuída à negligência ao segundo componente da estratégia: a amplificação das possibilidades. Mas o que vem a ser amplificação de possibilidades? A resposta está na utilização das propriedades do ecossistema como ferramenta de manejo, ou seja, manipular as funções naturais do meio ambiente para garantir a continuidade do uso dos recursos hídricos. Por exemplo, integrar a resistência e resiliência dos ecossistemas contra os impactos da ocupação crescente nas bacias hidrográficas do entorno do lago. Entretanto, para a manutenção dos processos ecológicos de um ecossistema, uma determinada quantidade de água tem que ser garantida e com a variabilidade natural do ciclo hidrológico. Ou seja, para que o ecossistema resista e contribua com o uso sustentável dos recursos hídricos, há necessidade de planejar ações que garantam vazões remanescentes condizentes com os hidrogramas ecológicos. Zalewski et al (1997), citam que o International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA) estudou os investimentos em gestão e conservação dos recursos hídricos em países desenvolvidos e em desenvolvimento e apontou que os elevados custos são decorrentes de tecnologias avançadas com alto custo de implantação e operação. As análises do IIASA concluíram que o potencial para produzir resultados melhores e autossustentáveis com tecnologias de baixo custo existe em grande escala, mas carece de incentivos para ser explorado. Basicamente, estas tecnologias concentram-se no aumento das possibilidades para o ecossistema, através da manipulação da interação entre os processos hidrológicos e ecológicos. Com os avanços da engenharia hídrica e ecológica, é possível utilizar o meio físico para controlar processos hidrológicos e, vice-versa, utilizar a hidrologia para regular o meio (UNEP-IETC, 2004). Para entender melhor essa diretriz de abordagem sistêmica do Plano de Bacia, é importante conhecer as três hipóteses que fundamentam a gestão sustentável dos recursos hídricos, segundo os preceitos da Ecohidrologia (ZALEWSKI, 2000). 17

26 Hipótese 1: A manipulação de parâmetros hidrológicos no ecossistema de uma bacia hidrográfica pode ser aplicada no controle dos processos biológicos. Hipótese 2: A manipulação da estrutura biofísica de um ecossistema em uma bacia hidrográfica pode ser aplicada no controle de processos hidrológicos. Hipótese 3: Ambas as manipulações, integradas de forma sinérgica na bacia hidrográfica, podem ser aplicadas no gerenciamento sustentável dos recursos hídricos, maximizando os serviços naturais a fim de melhorar a quantidade e qualidade das águas superficiais. Em acordo com a visão apresentada, para a gestão sustentável dos recursos hídricos em termos de qualidade e estabilização do ciclo hidrológico é necessário harmonizar tecnologia e ecologia. Consequentemente, a avaliação de como e em que extensão os processos bióticos podem modificar o escoamento de água, nutrientes, sedimentos e poluentes nos ecossistemas hídricos e na paisagem circundante é um requisito fundamental para a aplicação de soluções hidrológicas e ecológicas. Dessa forma, o Centro Internacional de Tecnologia Ambiental IETC, no âmbito do Programa Ambiental das Nações Unidas UNEP, publicou o Manual de Ecohidrologia a fim de apresentar as avaliações necessárias para a quantificação das relações biota-água, em áreas específicas da bacia hidrográfica. Um exemplo dos processos naturais executados pela bacia hidrográfica, que podem ser administrados através da regulação de vazões e da estrutura biofísica é a retenção de poluentes em planícies de inundação (Figura 1.4). Por meio da criação de uma estrutura ecológica no ecótono água-biota e da regulação de vazões, cria-se um mecanismo capaz de aprisionar o excesso de nutrientes e poluentes transportados, principalmente pelas enchentes. Mecanismos como este podem ser aplicados em zonas rurais ou urbanas e melhoram a qualidade das águas e do ecossistema a um custo bastante reduzido. Outro exemplo da dupla regulação água-biota aborda o problema mais importante em bacias com elevada atividade humana, a eutrofização. Um problema que ameaça a qualidade de água em qualquer reservatório, a exemplo do lago do Parque Cesamar em Palmas ou o próprio reservatório da UHE Lajeado. Além da estrutura ecológica dos ecótonos, a magnitude e o regime de variação das vazões interferem na concentração de nutrientes, principalmente o fósforo, nas águas superficiais (Figura 1.5). Figura 1.4. Exemplo de como a interação dos processos ecológicos e hidrológicos pode aumentar a qualidade das águas com custo reduzido. 18

27 Figura 1.5. Exemplo do efeito da dupla regulação dos processos hidrológicos e ecológicos sobre a qualidade das águas superficiais. Segundo Zalewski et al. (1997), depois da temperatura, a água é o principal fator determinante no equilíbrio dos ecossistemas hídricos. Os autores destacam, por exemplo, as enchentes, que contribuem para a sedimentação e transporte de nutrientes, estimulando alta produtividade biológica nas planícies de inundação. Por outro lado, a cobertura vegetal dessas planícies aprisiona a matéria orgânica e os nutrientes, reduzindo as cargas e as concentrações a jusante. Além da magnitude das vazões, a periodicidade das enchentes também influencia a circulação de matéria na bacia hidrográfica, pois a atividade de micro-organismos depende da variabilidade entre fases secas e úmidas. Todo ecossistema possui a habilidade natural de proteger-se contra a variabilidade ambiental. Na gestão dos recursos hídricos e na conservação da estrutura ecológica, esta habilidade precisa ser administrada a fim de aumentar a tolerância aos impactos antrópicos e reduzir os custos com o manejo da qualidade das águas. Embora a Ecologia, como ciência, tenha surgido no final do século XIX, ela esteve voltada para a observação e descrição da estrutura dos ecossistemas e das relações ecológicas, de modo que ainda falta a habilidade preditiva demandada pela gestão dos recursos hídricos. De modo análogo, temos a hidrologia, que pressionada pela possibilidade de conflitos entre usuários de recursos hídricos, orientouse para a otimização e extrapolação das informações hidrológicas existentes, enquanto as entidades gestores trabalham com uma gestão menos técnica e mais administrativa. 19

28 Como resultado, dois extremos apareceram e contribuíram para legislações pouco efetivas em termos de sustentabilidade. De um lado, a Hidrologia técnica e administrativa voltada ao controle de eventos críticos e ao suprimento de água, e de outro, uma Ecologia descritiva, fundamentada na preservação das condições prístinas dos ecossistemas hídricos. Zalewski et al. (1997), acreditam que a Ecohidrologia é a ferramenta necessária para realizar esta transição, de uma fase descritiva e administrativa, para uma fase analítica e operacional da gestão sustentável dos recursos hídricos (Figura 1.6). Figura 1.6. A Ecohidrologia como fator catalisador na transição de uma gestão administrativa para uma gestão sustentável dos recursos hídricos. Esta integração significa também que as demandas de todos os usos de água na bacia hidrográfica do Entorno do Lago devem se encontrar, de forma sustentável. Nesta abordagem, de sistema, as demandas e necessidades da biota e aquelas da sociedade são consideradas em igualdade de condições quantitativas e qualitativas (ZALEWSKI et al., 1997). Esta nova percepção identifica a Ecohidrologia como um novo paradigma, pois a visão tradicional de gestão dos recursos hídricos, planejada para atender as necessidades da civilização mas em harmonia com as demandas do meio ambiente passa a ser rejeitada. E rejeita-se também a visão ambiental de que os ecossistemas precisam ser mantidos em seu estado natural. É preciso entender que a razão principal da Ecohidrologia não está na filosofia de conservação dos ecossistemas para manutenção das diversidades de espécies e habitats. A Ecohidrologia busca a conservação do desenvolvimento nas bacias hidrográficas, ou seja, manipular os elementos físicos e biológicos visando a sustentabilidade da exploração atual e a possibilidade de crescimento no futuro. Em síntese, todo o esforço da Ecohidrologia em sustentar e aperfeiçoar os processos naturais oferecidos pela bacia hidrográfica só é possível com a manipulação da estrutura ecológica do ambiente aquático e ecótonos água-solo, além da garantia de vazões remanescentes potenciais em quantidade, qualidade e variabilidade. Nesse sentido surge o conceito das vazões ecológicas, em termos quantitativos, qualitativos e naturalmente, associadas a hidrogramas ecológicos. Sob o olhar dessa diretriz, inicialmente, uma avaliação econômica dos serviços dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos deve ser considerada como uma base importante da metodologia e das ações futuras. Estima-se que esses serviços e sua valoração serão a base para uma governabilidade adequada dos recursos hídricos, pois serviços como regulação dos ciclos, controle do clima, abastecimento de água, produção de energia e alimentos devem ser a base para uma nova abordagem na gestão e governança dos recursos hídricos (MEA, 2003). 20

29 1.6. Estratégia Realista O objetivo de todo plano de bacia é melhorar a gestão dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas, no entanto nem sempre se obtêm êxito nessa tarefa. Muitas vezes, os planos de bacia acabam sendo apenas um diagnóstico, sem projeções de desenvolvimento e principalmente, sequer chegam a estabelecer metas. É nesse contexto que se propõe um salto qualitativo na elaboração do planejamento dos recursos hídricos, transformando desejos em ações realistas para alcançar resultados concretos. Em um esforço conjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SEMARH e da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins FAPTO, a equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins UFT e da Universidade do Tocantins UNITINS, vem construindo uma metodologia modelo para a elaboração de Planos de Bacia, como um processo amplo, mas realista. A diretriz de uma estratégia realista diz respeito à efetividade das ações e programas do Plano de Bacia. Um plano que não pode ser executado é um sonho, que não servirá de guia e que logo será esquecido. A princípio, o gestor deve entender que é preciso coletar informações para conhecer os problemas e assim estabelecer as metas e os objetivos. Sem informação, não há conhecimento para se estabelecer metas, tampouco os métodos para alcançar objetivos. Munido de informações atuais e projeções futuras, a proposta do Plano de Bacia é estabelecer um roteiro de ações efetivas para alcançar metas realistas. Em diversas ocasiões o planejamento estratégico se concentra em o que fazer e não em como fazer. Tal equívoco tem gerado planos de bacia inexequíveis ou sem poder de mobilização dos órgãos gestores e comitês de bacia. É importante que todos os envolvidos na definição dos rumos da bacia hidrográfica tenham a capacidade de transformar a visão de futuro em realidade. Só assim, serão estabelecidas metas realistas e ações efetivas para que o planejamento traga resultados concretos. A seguir são identificados 9 (nove) pontos importantes que serão considerados na elaboração do plano de ações do Plano da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães: 1. Realismo É evidente que para transformar uma visão de futuro em realidade, o plano de ação precisa ser realista. Ganha importância analisar o histórico da gestão de recursos hídricos e o cenário social, econômico e principalmente político da região onde está localizada a bacia hidrográfica, incluindo as diferenças entre os municípios, para manter os pés no chão. Deve se ter uma preocupação muito grande em identificar e rejeitar metas intangíveis, que podem comprometer a confiança e a credibilidade de todo o plano. Infelizmente, é prática comum a elaboração de planos de bacia desalinhados à realidade dos municípios compreendidos nas bacias hidrográficas do Brasil, por esta razão e também devido à discrepância de cenários, uma importante diretriz desse Plano de Bacia é a consideração dos municípios na gestão dos recursos hídricos. Tanto para os agentes gestores estaduais como para os funcionários e usuários municipais, planos de bacia que se apresentam como peça de ficção são rapidamente desacreditados e arquivados nos escritórios, juntando-se ao grande grupo dos chamados planos de gaveta. Deverão ser evitadas metas intangíveis na mesma medida que objetivos simplórios facilmente atingíveis, que também comprometem o planejamento estratégico da bacia, uma vez que podem transmitir a falsa impressão de um bom desempenho. 2. Relevância Conforme destacado no parágrafo anterior, é preciso medir a relevância das metas de um plano, para não comprometer a valorização da proposta como um todo. As metas de um plano de ação devem efetivamente mudar a realidade da bacia hidrográfica. Sob esta ótica, mobilizar gestores e usuários em torno de objetivos que nada transformam, representa desperdício de tempo, energia e dinheiro. Uma forma de incorporar a relevância ao planejamento das ações é classificá-las por ordem de prioridade. 21

30 3. Detalhamento Ao considerar o Plano de Bacia como um caminho para deixarmos uma situação atual desfavorável e alcançarmos o futuro que queremos e podemos fazer, torna-se evidente a necessidade de detalhamento. O plano de ação deve trazer claras atribuições, tarefas e prazos. Se ele não apresentar respostas para as três questões: quem, o quê e quando, terá grandes chances de fracassar. Recomenda-se que o Plano seja organizado em Eixos, com Programas que por sua vez, possuem as Ações. Entre as informações que caracterizam as ações, não se pode deixar de responder: Quem? São os responsáveis e os atores envolvidos em cada ação. O quê? É a descrição da ação, com objetivo geral e específicos, a metodologia, a área de abrangência, o nível de prioridade, o porte da intervenção, indicadores de desempenho e os resultados esperados pela ação. Quando? Trata-se do cronograma físico e financeiro das ações, importante para a elaboração do Plano de Investimentos do Plano de Bacia. Esse cronograma pode ser organizado em curto, médio e longo prazo, em razão da prioridade de cada ação. Observa-se que cronogramas mais precisos dificilmente são atendidos e acabam por desorganizar o fluxograma das ações. O mais importante é cumprir as metas, podendo variar o tempo que levará para se atingir o cenário futuro perseguido pelo Plano de Bacia. 4. Foco Cada meta precisa ser específica, deixando claro o problema a ser atacado e o resultado que se quer alcançar. Quanto maior o grau de precisão, melhor. Por exemplo, aumentar a disponibilidade em 20%. 5. Ordem de grandeza No planejamento estratégico, cada meta e ação precisam ser contextualizadas. A estratégia é o conjunto ou o sistema do planejamento. É preciso construir um fluxograma de Ações inseridas em Programas, por diferentes Eixos de Ações. As ações devem ser contextualizadas, dando-lhes uma medida, uma ordem de grandeza. Assim, as metas serão reorganizadas, em partes menores, mais fáceis de serem alcançadas e monitoradas desde as escalas menores, dos municípios, aos subsistemas, até a unidade de gestão. 6. Cronograma A implementação do planejamento estratégico, com o cumprimento de metas, requer um cronograma. Aqui vale a máxima o que não tem data de entrega jamais é entregue. Prazos são fundamentais para o êxito do planejamento, podendo ser adotadas unidades maiores como semestres ou anos para a gestão. 7. Colaboração São muitos os atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos. Normalmente, quem mais vivencia uma determinada dificuldade tem a solução para resolvê-la, mas jamais é escutado. O gerenciamento colaborativo, entre gestores públicos, privados e usuários deverá ser perseguido em todas as ações. 8. Avaliação permanente A execução do plano de ação exige a avaliação permanente pelo Comitê. Isso permite, por exemplo, a redefinição de metas e a adequação do planejamento a mudanças bruscas na política ou na economia. 9. Divulgação Por tratar de um recurso de uso comum da sociedade, as ações do plano precisam ser divulgadas. Isso promove a consciência ambiental para preservação das águas e motiva os atores envolvidos na gestão. 22

31 1.7. Meta em um Cenário Normativo Atemporal O Plano de Bacia do Entorno do Lago possui como meta a Visão de Futuro proposta pela equipe técnica de elaboração do plano e compartilhada com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Denominou-se Cenário Normativo, o cenário futuro que representa a situação desejada em relação aos recursos hídricos e mais importante do que atingir essa meta, é o tempo que levará para se obter êxito. Enquanto algumas características da bacia podem ser consideradas imutáveis, outras possuem forte dinâmica variando bastante ao longo do tempo dependendo de todo um conjunto de variáveis. Essa realidade dinâmica da bacia hidrográfica, frente aos fatores políticos, sociais e econômicos deu forma e conteúdo aos estudos de diagnóstico e prognóstico da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago, que mostrou-se objetivo e direto, focalizando o que realmente tem importância ou é significativo para os objetivos perseguidos, evitando-se a repetição de planos anteriores ou a dispersão em temas inúteis. No prognóstico, foi utilizada uma metodologia inovadora para representar de forma gráfica as variáveis e o tipo de relacionamento entre elas, favoráveis ou desfavoráveis à situação dos recursos hídricos. Foram construídos diagramas visuais para representar os cenários futuros nos horizontes de curto, médio e longo prazo, nos subsistemas das bacias rurais, urbanas e no reservatório da UHE Lajeado. Em todas as projeções, conforme esperado, a tendência é uma degradação crescente da disponibilidade hídrica em quantidade e qualidade nos três subsistemas hídricos (urbanas, rurais e reservatório). A partir dos diagramas projetados, considerando o cenário mais crítico, ou seja, para longo prazo (2035), foi fácil identificar os maiores problemas e os impactos gerados em cada um dos subsistemas hídricos. Sobre essas variáveis projetadas e apoiando-se nas discussões junto ao Comitê de Bacia, foram então construídas as metas para o Plano da Bacia Hidrográfica que constituem a Visão de Futuro da bacia. O cotejo entre a visão de futuro (Cenário Normativo) e a realidade existente e suas tendências de evolução espontânea (isto é, sem intervenções) determinou as necessidades de ação e intervenção nos processos em andamento, para reorientar o curso dos acontecimentos e promover as transformações necessárias, de forma a implantar a realidade desejada, o mais rápido possível. Para entender melhor, a Figura 1.7, apresenta um esquema de como funciona a ideia dos cenários normativos para representar a situação futura desejada e possível na Bacia do Entorno do Lago. Admitiu-se como referência da tendência atual o cenário de longo prazo, para daqui a 20 anos, em O esforço dessa diretriz é apontar as questões que levam a uma situação não desejada visando direcionar as ações para sair dessa tendência atual e recriar uma realidade futura mais favorável ao desenvolvimento sustentável da bacia. O tempo para alcançar esse objetivo irá variar, dependendo de vários fatores, técnicos, econômicos, políticos, e por essa razão considera-se o Cenário Normativo Atemporal, devendo as ações ser ordenadas de acordo com sua relevância ou caráter emergencial. Figura 1.7. Esquema para os cenários normativos em relação aos cenários do prognóstico. 23

32 24

33 2. CENÁRIOS NORMATIVOS No prognóstico foram apresentados os cenários tendenciais de curto, médio e longo prazo para os três subsistemas que compõem a Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago da UHE Luis Eduardo Magalhães. Conforme anunciado nas diretrizes, visando o estabelecimento de metas estratégicas, foram construídos os Cenários Normativos, que representam graficamente a Visão de Futuro de cada subsistema hídrico, ou seja, o cenário em que se pretende alcançar a compatibilização das demandas e a disponibilidade hídrica para assim garantir a segurança hídrica ao desenvolvimento socioeconômico da região em estudo. A construção dos Cenários Normativos utilizou como referência as abordagens e os trabalhos desenvolvidos por Vergara (2007), Vergara e Cordeiro Netto (2007), Godet (1993) e Godet (2000). Como colocado anteriormente, os cenários normativos representam uma condição desejada, plausível, ou seja, com reais condições de ser alcançada. Pode-se dizer que o cenário normativo é o cenário que representa uma realidade em que todas as ações propostas no plano tenham sido implementadas com sucesso. Dessa forma, o cenário normativo funciona como um cenário meta ou cenário objetivo. É a realização dos programas e das ações propostas no plano de forma adequada e efetiva que irá conduzir a bacia, naturalmente à Visão de Futuro representada pelo Cenário Normativo. A Figura 2.1 apresenta um esquema de como é o processo de construção de um cenário normativo. Figura 2.1. Processo de construção do cenário normativo. Fonte: Adaptado de Buarque, Entre as etapas a serem realizadas para definir o cenário normativo, destaca-se a consulta à sociedade, quando a comunidade é consultada para extraírem-se as suas preferências em relação ao que seria uma condição desejável de futuro para a bacia. Neste caso os cenários normativos foram apresentados a membros do CBHEL durante um Encontro Técnico em Palmas para que, mesmo de forma informal, os cenários fossem validados pelo Comitê e assim dar prosseguimento a seus detalhamentos. Os cenários alternativos foram apresentados no relatório de Prognóstico da Bacia Hidrográfica, Fase B deste plano. Os cenários de referência neste estudo são os de 2035 (20 anos), para que os cenários normativos sejam construídos a partir da condição mais desfavorável apresentada no prognóstico. O teste de viabilidade técnica é dado pela factibilidade de poder realizar ações que possam resolver os problemas apontados no diagnóstico e no prognóstico. Aqui são apontados os problemas que devem ser solucionados para que se alcance o cenário normativo. A viabilidade técnica das ações é apontada posteriormente na Fase D, mas desde já, na medida em que são apontados os problemas, as ações já são dimensionadas de forma preliminar para corrigir e melhorar o desempenho do sistema hídrico. 25

34 O teste de aceitação política se dá pela aprovação do plano e consequentemente dos cenários normativos aqui propostos. Parte-se do princípio de que, uma vez que o CBHEL aprove este plano entende-se ter sido aceito e assumido o compromisso de alcançar a condição pactuada por meio dos cenários normativos aqui propostos por parte de todos os segmentos que o compõem, ou seja: poder público, usuários e sociedade civil. Neste relatório, o apontamento das questões que levam a uma situação de futuro não desejada está indicado pelas setas dos diagramas dos cenários da Fase B, para 2035, por representarem a situação mais desfavorável. Cada seta está associada a uma situação de futuro não desejada e tem toda uma explicação de porque pode-se chegar a essa condição. Uma possível ação deve então ser apontada para que essa situação de futuro não se materialize. Para melhor entendimento, todas as setas em que se quer interferir para uma mudança da realidade futura foram numeradas nos diagramas tendenciais de 2035, tanto para o reservatório como para os subsistemas das bacias urbanas e rurais do entorno do lago. Numerados os problemas, é apresentada a ação e como ela poderia reverter esse quadro desfavorável. Em alguns casos as ações poderão estar associadas a uma variável apenas, já em outros casos poderão estar associadas a uma seta, indicando uma relação de influência de uma variável para outra. Quando a ação estiver associada a uma variável entende-se que se quer modificar o comportamento da variável e não a influência que ela exerce, influência esta representada pelas setas. Sendo assim, para a construção do cenário normativo de cada subsistema (reservatório, bacias rurais e bacias urbanas) foram seguidos os seguintes passos: 1. Apresentação do cenário de 2035 com as setas e variáveis que sofrerão alguma interferência; 2. Descrição da importância e do resultado esperado para cada ação, que leva para um melhor desempenho em relação à conservação e uso dos recursos hídricos; 3. Descrição do cenário normativo e do seu respectivo diagrama Subsistema Reservatório Como apresentado no prognóstico, o reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhaes ainda apresenta uma situação bastante confortável em disponibilidade de água, tanto em quantidade e qualidade, mesmo para o horizonte de longo prazo, de 20 anos proposto por este plano de bacia, ou seja, em Apesar de sua situação confortável, verifica-se um aumento da demanda hídrica para o reservatório, em vários tipos de uso da água. Atualmente o uso para recreação tanto de contato primário como secundário é bastante presente e com grande potencial de desenvolvimento, além disso, outros usos ameaçam afetar o reservatório com grande potencial de conflito, o primeiro é o lançamento de esgotos com ou sem tratamento, e o segundo, os tanques rede para produção de peixes a médio e longo prazo. Somado a esses fatores, ainda há o risco de outros usos virem a se desenvolver com o passar dos anos, como o abastecimento público e a navegação fluvial, de cargas agrícolas, combustíveis e da mineração. Como já apontado no prognóstico, há uma tendência de que o uso e a ocupação da orla do lago se intensifiquem cada vez mais, podendo gerar problemas para a qualidade da água do reservatório. A Figura 2.2 apresenta o diagrama do reservatório para 2035 com os pontos em que devem ser realizadas intervenções na gestão dos recursos hídricos. A partir da observação das setas vermelhas desse diagrama, verifica-se que o Sistema Estadual de Gestão dos Recursos Hídricos (SEGRH) é o principal elemento a ser apoiado por ações estruturais e não estruturais na Bacia do Entorno do Lago. 26

35 Figura 2.2. Diagrama do Cenário de 2035 para o Subsistema Reservatório, cenário referência (mais desfavorável). 27

36 Sendo assim, para alcançar um cenário com melhor desempenho, que permita a gestão adequada dos recursos hídricos deve-se trabalhar com ações a partir do SEGRH, nas três instituições que o compõem: a Diretoria de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh); a Gerência de Recursos Hídricos do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins); e o Comitê de Bacias do Entorno do Lago (CBHEL). A seguir, serão discutidos os problemas enumerados no diagrama tendencial de 2035 do reservatório: 1 Influência do SEGRH na Disponibilidade Hídrica (DH) Refere-se à falta de informações mais precisas e prontamente disponíveis sobre a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do entorno do lago. A instalação de estações fluviométricas e a operação de um sistema de informações para coletar, consistir e divulgar informações sobre os principais tributários do reservatório deve garantir a segurança hídrica para o atendimento das futuras demandas do lago. 2 Influência do SEGRH nos Usos e Usuários da Água Refere-se ao conhecimento da demanda hídrica no reservatório. É necessário um cadastro completo dos usos e da emissão das outorgas e das declarações de uso insignificante ao longo do reservatório. O importante aqui é conhecer bem as demandas e como elas atuam no sistema do reservatório, para que a partir dessa informação seja possível mapear e avaliar conflitos potenciais pelo uso da água. Embora atualmente não existam conflitos relevantes no reservatório, no horizonte de médio e longo prazo, daqui a 10 a 20 anos, as captações no reservatório para o abastecimento público de Palmas e Porto Nacional, somadas ao lançamento de efluentes e à produção de pescado nos parques aquícolas, com uma provável intensificação do transporte hidroviário para cargas no reservatório poderão afetar o uso compartilhado do reservatório e exigir uma gestão mais detalhada sobre os usos múltiplos da água. 3 Influência do SEGRH no Licenciamento Ambiental (LA) O Licenciamento Ambiental é um importante instrumento da Política Estadual de Meio Ambiente, sendo de responsabilidade do Naturatins a sua implementação e monitoramento. Como instrumento de regulação de uso dos recursos ambientais, considera-se de grande relevância e de impacto direto sobre a regulação de uso dos recursos hídricos. De forma análoga ao instrumento de outorga o licenciamento ambiental impacta de forma significativa na política de recursos hídricos, principalmente no que tange à regularização do uso e ocupação do solo, como nas margens ou orla do reservatório. Essa ocupação, quando ocorre de forma desordenada, com parcelamentos irregulares e desmatamento, compromete a qualidade da água do reservatório e afeta o equilíbrio dos serviços ambientais do ecótono água-solo, prejudicando em longo prazo, os usos econômicos mais exigentes em relação à qualidade da água. Também é fundamental o licenciamento ambiental de grandes empreendimentos, como as Estações de Tratamento de Água (ETA), Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), Centrais de Mineração e grandes perímetros irrigados, para que essas atividades sejam desenvolvidas de forma adequada, com impactos dimensionados e com planos de mitigação e recuperação das áreas degradadas que possibilitem a gestão dos usos múltiplos da água em consonância com o desenvolvimento socioeconômico da região. É conhecimento comum que os processos de Licenciamento Ambiental podem sofrer influência política para liberação da instalação ou operação de um empreendimento, ou mesmo para a chamada vista grossa por parte do poder público, inclusive quando da ocorrência de denúncias pela população. Essa influência política na gestão ambiental do Tocantins é considerada GRAVE AMEAÇA à manutenção dos recursos hídricos e ambientais para o desenvolvimento das futuras gerações. Recomenda-se que o SEGRH, principalmente por meio da Semarh e o CBHEL aproxime-se do órgão ambiental com a finalidade de proteger as margens do reservatório, nas áreas rurais e urbanas. 28

37 Com base nos dispositivos técnicos e legais a disposição do Estado, entende-se que bastaria a aplicação da legislação ambiental para que o desenvolvimento sustentável fosse assegurado às futuras gerações. Portanto, faz-se necessário um esforço intenso e específico do Comitê de Bacia e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos cujo foco é o licenciamento ambiental adequado das chácaras e empreendimentos que estão instalados ou que vierem a se instalar na orla do reservatório. 4 Influência do SEGRH na Qualidade da Água (QA) Refere-se à falta de informações sobre a qualidade da água no Reservatório. Apesar de existir pontos de monitoramento no reservatório, a implementação de um programa de monitoramento de qualidade das águas mais amplo, com parâmetros que possam diagnosticar o atendimento aos mais variados usos é fundamental. Com um programa de monitoramento mais robusto, aliado ao cadastro e outorga das intervenções no lago, será possível realizar o enquadramento segundo a resolução Conama 357/2005. Há vários usos da água no reservatório que são mais restritivos em relação à qualidade da água, como aqueles que implicam o contato primário nas praias e o abastecimento público que, atualmente, ocorre apenas em Ipueiras e Brejinho de Nazaré, mas que muito em breve deverá se estender a Palmas. Os parques aquícolas, para criação de Tambaqui em tanques-rede, constituem outra atividade que deve ser monitorada em relação à qualidade da água, tanto para o desenvolvimento da própria atividade como para se mensurar o impacto dos nutrientes sobre o meio aquático e os demais usos do reservatório. 5 Considerações sobre Outras Variáveis Não é grande a probabilidade da implantação e operação da hidrovia Araguaia-Tocantins até a UHE Luis Eduardo Magalhães nos próximos 20 anos. Porém, caso isso aconteça, o licenciamento ambiental será fundamental para que se mantenha a harmonia com os demais usos da água já estabelecidos. Com base na elevada disponibilidade hídrica do reservatório, nos atuais índices de qualidade da água e ainda considerando a execução das ações propostas nesse Plano de Bacia, estima-se que caso a hidrovia venha a se estabelecer, o empreendimento não enfrente maiores problemas para operar de forma adequada, respeitando-se os múltiplos usos da água já estabelecidos ou que vierem a se estabelecer. Como pode ser verificado no diagnóstico e prognóstico desse Plano de Bacia, Palmas e Porto Nacional já se encontram em situação emergencial em relação ao abastecimento público. Embora o reservatório represente a primeira alternativa em termos de manancial, serão propostas metas voltadas ao subsistema das bacias urbanas, também visualizadas por meio do diagrama para o Cenário Normativo Cenário Normativo para o Subsistema Reservatório É possível verificar, comparando-se o cenário tendencial de 2035 (Figura 2.2) com o cenário normativo para o subsistema reservatório, ilustrado na Figura 2.3 a seguir, que quase todas as relações de influência entre as variáveis passam de vermelho a verde, ou seja, no futuro que queremos e acreditamos que podemos fazer, as variáveis irão favorecer a gestão integrada dos recursos hídricos. Permanece em vermelho a influência do Licenciamento Ambiental (LA) em relação ao Uso e Ocupação da Orla (UOO), pois se acredita que mesmo em um cenário de sinergia entre o SEGRH e o LA, dificilmente será alcançada uma realidade em que todos os empreendimentos na orla e no reservatório atendam todas as exigências ambientais. Sendo assim, na Visão de Futuro desse Plano, ainda haverá uma influência negativa do uso e ocupação da orla sobre a qualidade da água (QA) do reservatório. É importante entender que mesmo com as ações a serem desenvolvidas pelo SEGRH, sempre haverá impactos negativos do uso e ocupação sobre os recursos hídricos do reservatório. O foco mais relevante é minimizar o comprometimento das mais variadas atividades que demandam a água do reservatório. 29

38 Figura 2.3. Diagrama do Cenário Normativo para o Subsistema Reservatório. 30

39 O diagrama deste cenário normativo mostra ainda que pode haver uma influência negativa dos usos da água em sua qualidade, mesmo que de forma esporádica (linha pontilhada), uma vez que nenhum sistema de monitoramento e fiscalização é totalmente efetivo, havendo sempre o risco de acidentes. O mais importante aqui é deixar claro que o Subsistema Reservatório encontra-se em uma situação confortável, mas que há a necessidade de implementar ações específicas do SEGRH para garantir que esse cenário de segurança hídrica se mantenha, frente à perspectiva de avanço no uso e ocupação da orla e aumento dos usos múltiplos da água no reservatório da UHE Lajeado Subsistema Bacias Urbanas A Figura 2.4 apresenta o diagrama do cenário tendencial de longo prazo (2035) para o Subsistema das Bacias Urbanas. Esse diagrama representa o cenário mais desfavorável para os recursos hídricos nas bacias urbanas de Palmas e Porto Nacional, que conforme o diagnóstico e o prognóstico, já apresentam situação de RISCO ELEVADO para o atendimento das demandas prioritárias de abastecimento público. Recomenda-se PRIORIDADE MÁXIMA para essas bacias, devido à situação emergencial em que já se encontram. Além do cadastro e do monitoramento contínuo das vazões, faz-se necessário um programa de conscientização dos usuários, instruções de manejo aos pequenos agricultores, programas de redução de perdas nas redes de abastecimento, a articulação técnica e política com o licenciamento ambiental no que tange à regulação do uso e ocupação do solo e um programa integrado de recuperação das nascentes e proteção ou recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas bacias urbanas. Apesar dos esforços planejados nesse Plano de Bacia, estima-se que em breve, será necessário estabelecer regras de emissão e operação de outorgas específicas para essas bacias. Para facilitar a visualização das metas, no diagrama foram numeradas as relações de influência e as variáveis que devem sofrer algum tipo de ação para evitar que em um futuro não distante haja um colapso da disponibilidade hídrica e a interrupção dos serviços de abastecimento de água da população. Assim como no cenário do Subsistema Reservatório, percebe-se que a maioria dos problemas apontados no Subsistema das Bacias Urbanas está também associada à atuação do Sistema Estadual de Gestão dos Recursos Hídricos (SEGRH). 1 Influência do SEGRH na Disponibilidade Hídrica As bacias urbanas, já no diagnóstico, indicaram um nível crítico na relação demanda por disponibilidade hídrica. A bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, por exemplo, que constitui o principal manancial de abastecimento público da cidade de Palmas, já apresenta toda a sua vazão outorgável comprometida. Uma situação similar verifica-se na bacia do Córrego São João que abastece a cidade de Porto Nacional. Esse córrego é o único manancial de abastecimento da cidade e além de já apresentar quase a totalidade da vazão outorgável comprometida, sofre com a pressão da ocupação urbana na bacia. Nessas situações, em que a as demandas hídricas estão no limite da vazão outorgável, há uma necessidade urgente em realizar o cadastro e a outorga das intervenções, aliado a um programa de registro contínuo de informações hidrológicas, para permitir uma gestão de alto nível dos recursos hídricos, compatível com a meta de segurança hídrica para o desenvolvimento socioeconômico das bacias. 2 Influência do SEGRH nos Usos e Usuários da Água No diagnóstico da bacia hidrográfica, verificou-se que o principal instrumento para disciplinar os usos múltiplos da água, a Outorga de Direito de Uso, não é representativo da real demanda hídrica. Significa que a maioria das intervenções não possui a outorga para uso da água, tampouco o órgão gestor, um cadastro dos usuários dos recursos hídricos. Isso dificulta, sobremaneira, a capacidade de gestão da água. 31

40 Figura 2.4. Diagrama do Cenário de 2035 para o Subsistema Bacias Urbanas, cenário referência (mais desfavorável). 32

41 O levantamento mais preciso e completo dos usuários dessas bacias é vital para evitar ou minimizar possíveis situações de conflito. Nessas bacias urbanas, mais do que nas outras, efetuar o cadastro dos usuários e a devida outorga ou declaração de uso insignificante das intervenções é prioridade absoluta. 3 Influência do SEGRH no Licenciamento Ambiental (LA) Pelo fato dessas bacias apresentarem as maiores concentrações populacionais da região de estudo, é natural que nelas se desenvolvam as mais variadas atividades econômicas, que por sua vez demandam o licenciamento ambiental. Como colocado anteriormente, essas bacias já apresentam uma situação delicada em relação à disponibilidade hídrica para novos empreendimentos, com isso é fundamental que o licenciamento ambiental esteja em sintonia com o órgão gestor responsável pelas outorgas, caso contrário os conflitos pelo uso da água poderão se tornar um grande problema para o desenvolvimento das cidades de Palmas e Porto Nacional, com prejuízos à qualidade de vida da população. Assim como no Subsistema Reservatório, o SEGRH deverá desenvolver ações que aproximem os agentes gestores do Licenciamento e da Outorga, enquanto que o Comitê deverá ser informado sobre as atividades potencialmente poluidoras que possam se instalar nas bacias urbanas do entorno do lago. 4 Influência do SEGRH na Qualidade da Água (QA) Atualmente, essas bacias respondem por boa parte do abastecimento público em Palmas e Porto Nacional, fazendo com que essas bacias tenham que atender um uso prioritário bastante exigente em matéria de qualidade da água, caso contrário, devido à degradação da qualidade da água haveria um aumento significativo nos custos de tratamento para o abastecimento público de suas populações. Essas bacias devem ser prioritárias no que se refere ao monitoramento contínuo da qualidade da água. Uma bacia como a do Taquaruçu Grande responde pelo abastecimento de mais de 60% da população de Palmas, exigindo um controle rigoroso da qualidade da água nos corpos hídricos. Por sua vez, o enquadramento de corpos hídricos segundo os usos preponderantes, instrumento previsto na PNRH e na PERH, também deve ser encarado como prioridade nas bacias urbanas tendo em vista a segurança hídrica para o abastecimento público da população. Sendo assim, o cadastro dos usuários aliado a um monitoramento de qualidade da água poderá gerar o conhecimento necessário ao enquadramento dos corpos hídricos segundo a resolução CONAMA 357/2005, auxiliando sobremaneira, a gestão de alto nível, necessária para garantir os usos múltiplos dos recursos hídricos nas bacias urbanas. 5 Influência do SEGRH nas áreas de Proteção Permanente (APP) No cenário tendencial de longo prazo, apresentado no prognóstico para 2035, verifica-se uma intensa degradação das APPs nas bacias urbanas, causado pelo crescimento e ocupação das cidades de forma desordenada, frequentemente sem respeitar as áreas de proteção permanente. Essa degradação desequilibra o ecossistema hídrico, implica a redução da disponibilidade hídrica dos corpos hídricos e interfere significativamente na qualidade da água devido ao transporte de sedimentos e poluentes. Recomenda-se que o SEGRH invista em programas que recuperem e preservem essas áreas para que não ocorra uma redução na capacidade de produção de água das bacias hidrográficas, nossas fábricas de águas, tanto em termos de quantidade como de qualidade. Nesse contexto, a participação do Licenciamento Ambiental torna-se fundamental. É o licenciamento ambiental que irá identificar as ocorrências de degradação e apontar medidas para que não se permita o uso dessas áreas. Ressalta-se a importância da descentralização do licenciamento ao nível dos municípios, por entender que são eles quem mais conhecem sobre a realidade da ocupação em seu território. Reforça-se, novamente, a necessidade de articulação política e do acompanhamento da evolução do uso e ocupação das APP s, sob a responsabilidade do Comitê de Bacia Hidrográfica (CBHEL). 33

42 6 Abastecimento Público (AP) Esta é a variável mais delicada e complexa desse cenário. Acredita-se que, com as projeções de aumento populacional e consequentemente da demanda hídrica, essas bacias urbanas não mais conseguirão atender todos os usos, incluindo o abastecimento público das cidades. Nas cidades de Palmas e Porto Nacional, considera-se EMERGENCIAL a situação do abastecimento publico, sendo absolutamente URGENTE a avaliação de alternativas de mananciais para a continuidade do abastecimento público. Atualmente, cerca de 80% da vazão outorgada na bacia do Taquaruçu Grande está comprometida para o abastecimento, já tendo se esgotado a sua capacidade outorgável. A geografia da cidade de Palmas, entre uma serra e o reservatório, não oferece muitas alternativas de outros mananciais, senão a captação de água do próprio reservatório, o que indubitavelmente viria a demandar novas tecnologias de tratamento dadas as caraterísticas de qualidade da água, assim como investimentos nas elevatórias e ramais de captação, caso decida-se por captar água do meio do lago. Qualquer ação nesse sentido deve ser pensada desde já, uma vez que sua execução pode levar alguns anos desde a concepção até a operação e demandar grandes valores financeiros para o investimento. Acredita-se que, caso a cidade de Palmas não tome decisões estratégicas a respeito dessa situação, poderá em curto prazo sofrem com problemas sérios de abastecimento, principalmente nos períodos de estiagem prolongada, com o fornecimento irregular em algumas regiões e a necessidade de racionamento. Caso se opte pela captação de água do reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães, o cenário dessas bacias urbanas ganhará fôlego e tornar-se-á bem diferente, muito mais favorável à garantia dos usos múltiplos da água. Como o abastecimento público responde por quase 80% do volume captado desses rios, a vazão outorgável que pode ser liberada, por captar água do reservatório, pode ser considerável, propiciando o desenvolvimento de outros usos que podem beneficiar a qualidade de vida na região. 7 Expansão Urbana (EU) A expansão urbana é a principal variável de pressão sobre os recursos hídricos nessas bacias, seja pelo uso e ocupação do solo, seja pelo crescimento populacional. Nessa variável está inserida toda essa dinâmica e, além disso, incorpora-se toda a demanda por infraestrutura pública, como drenagem de águas pluviais e a coleta, tratamento e disposição de esgotos sanitários e resíduos sólidos. A maneira como se dará a expansão urbana, se de forma ordenada ou não, será crucial para a garantia de segurança hídrica dos usos múltiplos da água. Por esta razão, é necessário que o CBHEL acompanhe as ações do poder público desses municípios no que se refere ao uso e ocupação do solo urbano, como nas revisões dos Planos Diretores de Palmas e Porto Nacional. Também se recomenda que o CBHEL marque presença e se posicione como voz ativa nos fóruns de discussão de temas urbanos, alertando quanto aos riscos de abertura de novos loteamentos sem levarse em consideração a infraestrutura hídrica para essas localidades, como a drenagem, abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, assim como em relação à necessidade de estudos que comprovem que há disponibilidade hídrica para comportar esses serviços nas localidades de interesse. 8 Considerações sobre Outras Variáveis Outros usos como para atividades industriais e de serviços devem ser considerados enquanto possíveis novos grandes usuários, assim como a coleta e tratamento de efluentes, que pode demandar cada vez mais vazão de diluição para os efluentes tratados. Com este objetivo, reforça-se a necessidade do monitoramento sistemático da quantidade e qualidade da água nas bacias urbanas, para que os valores de disponibilidade hídrica sejam cada vez mais precisos e se possa alcançar uma gestão de alto nível, com ações preditivas, devido à situação emergencial em que já se encontram. 34

43 Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Urbanas De forma análoga ao processo de construção das metas para o Subsistema Reservatório, a Visão de Futuro para o Subsistema Bacias Urbanas pode ser estabelecida comparando-se o diagrama tendencial mais desfavorável, ou seja, para daqui a 20 anos, (Figura 2.4), com o Cenário Normativo da Figura 2.5. Conforme o diagrama do Cenário Normativo, apresentado a seguir (Figura 2.5) com as ações propostas espera-se que a pressão sobre os recursos hídricos das bacias urbanas diminua consideravelmente, principalmente se houver a opção de captar água do reservatório para a o abastecimento das cidades de Palmas e Porto Nacional. Com isso a disponibilidade hídrica das bacias do ribeirão Taquaruçu Grande em Palmas e do córrego São João em Porto Nacional poderia ser remanejada para outros tipos de uso. Nem todas as relações de influência entre as variáveis passariam a uma condição favorável (verde). Observa-se que algumas relações ainda permaneceriam em vermelho, indicando, de certa forma, os limites em que a gestão dos recursos hídricos consegue atuar. É preciso resgatar a diretriz de uma estratégia realista, de modo a garantir a efetividade das ações e programas propostas pelo Plano de Bacia, pois não há como garantir uma situação ideal para os usos da água, mas sim uma forma controlada em que as demandas são compatibilizadas com a disponibilidade hídrica dos cursos d água, e onde os conflitos podem ser resolvidos sem prejuízos socioeconômicos. A variável Expansão Urbana (EU) demonstra muito bem essa questão. Mesmo com todas as ações propostas, acredita-se que o impacto dessa variável ainda poderá ser negativo para o uso adequado dos recursos hídricos, no entanto como pode ser visto no diagrama do cenário normativo, esses impactos estariam controlados a tal ponto de afetar as outras variáveis, mas sem comprometer o seu desempenho, e consequentemente, do sistema hídrico das bacias urbanas como um todo. Assim como no Subsistema Reservatório, também não se espera que o Licenciamento Ambiental consiga adequar todos os empreendimentos que se relacionem com os recursos hídricos. Todavia, espera-se que apesar de não favorecer o uso adequado dos recursos hídricos, o licenciamento não mais comprometa o sistema hídrico como um todo. Em função do crescimento em número e tipos de atividades que demandam água, também se espera certos impactos negativos por parte desses usuários na qualidade da água, mas que não seriam suficientes para comprometer outros usos ou gerar conflitos entre usuários. Por fim, após o traçado das diretrizes gerais e das metas nas bacias urbanas, avalia-se que no cenário normativo para as bacias urbanas projeta-se uma situação controlada dos usos dos recursos hídricos, não tão confortável como no subsistema reservatório, mas sustentável em termos de segurança hídrica, de forma a garantir o cumprimento das exigências legais na maior parte do tempo, nas bacias. 35

44 Figura 2.5. Diagrama do Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Urbanas. 36

45 2.3. Subsistema Bacias Rurais Sem dúvida, a análise da evolução dos problemas por meio da comparação dos diagramas tendenciais para curto, médio e longo prazo é suficientemente clara e objetiva para identificar as metas a serem perseguidas com o Plano de Bacia. No diagrama tendencial mais desfavorável, referente ao horizonte de longo prazo, daqui a 20 anos em 2035, é possível identificar as variáveis e as relações de influência que precisam receber algum tipo de ação para evitar esse cenário desfavorável e estabelecer um cenário meta, denominado nesse Plano, como Cenário Normativo. A Figura 2.6 a seguir, apresenta o cenário tendencial de 2035 e enumera os principais problemas no Subsistema das Bacias Rurais. A seguir são apresentadas e discutidas essas relações de influência negativas e que, portanto precisam sofrer algum tipo de interferência para evitar uma situação de futuro indesejada nas bacias rurais. 1 Influência do SEGRH na Disponibilidade Hídrica Assim como nos demais subsistemas, nas bacias rurais também há a necessidade de mais dados de vazões nos corpos hídricos para permitir estimativas mais precisas de disponibilidade hídrica e melhorar a atuação do instrumento de outorga de direito de uso. Neste caso, uma vez que se projeta uma intensa expansão da fronteira agrícola nessas bacias, a outorga deve não apenas garantir a oferta de água aos empreendimentos, mas acompanhar os impactos da irrigação e da dessedentação animal sobre a disponibilidade hídrica nessas bacias. Futuramente, caso venham a se instalar perímetros irrigados na região, ou mesmo indústrias com grande consumo de água, dados mais precisos de disponibilidade hídrica serão fundamentais para evitar possíveis conflitos e investimentos inadequados. Apesar do prognóstico não mostrar preocupação em relação à disponibilidade hídrica nessas bacias, há sempre o risco de no futuro ocorrer situações diferentes daquelas estimadas pelo planejamento, e neste caso, o conhecimento das vazões passa a ser fundamental para se alcançar uma gestão de alto nível. 2 Influência do SEGRH nos Usos e Usuários da Água No diagnóstico deste plano foi verificado que há diferença muito grande entre a quantidade de água outorgada e aquela estimada com base em dados secundários do IBGE, como áreas plantadas e número de cabeças dos rebanhos. Na fase seguinte, o prognóstico projetou um forte crescimento das atividades agropecuárias nos próximos anos, que poderá ser catalisado com o desenvolvimento da infraestrutura logística em Porto Nacional, com a operação da Ferrovia Norte Sul e a possibilidade de uso do reservatório para o transporte de cargas. A projeção de crescimento das demandas hídricas, que já é significativa, pode se tornar limitante ao desenvolvimento econômico em algumas bacias. Dito isso, verifica-se a necessidade de reverter esse quadro de falta de informações, para que seja efetivamente conhecida a demanda hídrica dessas bacias, para um melhor planejamento das ações de gestão dos recursos hídricos e para que esses usuários desenvolvam suas atividades dentro de um cenário de maior segurança hídrica, compatível com as ofertas em quantidade e qualidade das águas. 3 Influência do SEGRH no Licenciamento Ambiental (LA) O licenciamento ambiental de propriedades rurais costuma ser algo complexo, mas necessário tanto para a integridade ambiental da propriedade, como dos corpos hídricos que dependem da preservação de nascentes, das encostas e da mata ciliar para garantir o cumprimento do papel hidrológico das bacias, ou seja, transformar a chuva em disponibilidade hídrica mesmo nos períodos mais secos. Acredita-se que outro instrumento que pode ajudar muito o órgão gestor de recursos hídricos, além do licenciamento ambiental, é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), com informações importantes sobre as propriedades rurais como a área plantada e o número de cabeças dos rebanhos. 37

46 Figura 2.6. Diagrama do Cenário de 2035 para o Subsistema Bacias Rurais, cenário referência (mais desfavorável). 38

47 4 Influência do SEGRH na Qualidade da Água (QA) Ações de monitoramento de qualidade da água são fundamentais para as bacias rurais, principalmente no que se refere ao monitoramento de pesticidas e fertilizantes. Com a perspectiva de expansão da fronteira agrícola e, como apontoado no prognóstico, com a expectativa de um aumento drástico no uso de defensivos agrícolas, acompanhando a tendência de todo o país, o risco de contaminação dos corpos hídricos por esses produtos passa a ser grande e muito preocupante. Nesse sentido, apoiando-se nas projeções do prognóstico, recomenda-se um programa de monitoramento da água nas bacias rurais direcionado, principalmente, para a detecção de parâmetros relacionados ao uso de produtos agroquímicos, como defensivos e fertilizantes. 5 Influência das Atividades Agropecuárias nas APPs Como apontado em outras relações deste diagrama, o uso intensivo das áreas rurais aliado à expansão da fronteira agrícola oferece risco à manutenção das Áreas de Proteção Permanente (APPs) e consequentemente à integridade e qualidade da água dos corpos hídricos. Acredita-se que uma ação importante é o monitoramento para a preservação dessas áreas. Recomenda-se essa competência ao SEGRH, que precisa desenvolver ações e programas conjuntos com o Licenciamento Ambiental, para que sejam cumpridas as determinações do Código Florestal. 6 Influência das Atividades Agropecuárias na Qualidade da Água (QA) Essa relação só reforça a questão do monitoramento da qualidade da água em relação aos agroquímicos. Essa questão representa GRAVE AMEAÇA nas bacias rurais, podendo vir a comprometer o uso dos recursos hídricos nessas bacias, como já apontado anteriormente. Um dos maiores potenciais de conflito pelo uso da água pode vir dessa relação, principalmente quando se olha para os núcleos rurais, como pequenos assentamentos que têm toda sua atividade econômica e até social relacionada diretamente à disponibilidade em quantidade e qualidade da água. São necessárias ações de cadastro e monitoramento para aplicação do enquadramento dos corpos hídricos segundo seus usos preponderantes, trecho a trecho. 7 Considerações sobre Outras Variáveis A variável que rege este sistema é a fronteira agrícola, de modo que caso ocorra sua expansão com a agricultura irrigada ou a pecuária, o aumento da demanda hídrica pode ser significativo. Mesmo que a expansão consista em agricultura de sequeiro, o impacto é grande, sobre a capacidade de infiltração dos solos e o comprometimento das áreas de nascente e recarga de aquíferos, que sem dúvida irão comprometer a disponibilidade hídrica e a qualidade da água dos corpos hídricos. Nesse sentido, recomenda-se o acompanhamento por parte do CBHEL da evolução da fronteira agrícola. Nesse caso ressalta-se que o acesso às informações do CAR pode ser de grande valia para o monitoramento desse tipo de atividade produtiva. Em relação aos núcleos rurais, há a necessidade de se levantar maiores informações sobre suas atividades e população. Infelizmente não foi possível levantar essas informações no diagnóstico do Plano de Bacia, mas levantou-se que a falta d água é um dos problemas que mais afetam essas comunidades. Em relação aos condomínios que estão surgindo na zona rural, próximos aos centros urbanos, há de se verificar além do licenciamento ambiental, se são viáveis e sustentáveis em relação à disponibilidade de água, coleta e tratamento de esgoto e drenagem, para que não impactem os corpos hídricos de uso comum em suas proximidades. 39

48 Dentro de uma perspectiva de desenvolvimento do segmento da agroindústria, há a necessidade de se considerar que esse setor pode ser um grande usuário de água e gerador de efluentes. O SEGRH precisa atuar em conjunto com o Licenciamento Ambiental do Naturatins para obter informações e monitorar os antigos e os novos empreendimentos Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Rurais Após serem identificados os principais problemas para a definição das metas do Subsistema Bacias Rurais, procedeu-se a construção do diagrama do Cenário Normativo, que representa de forma ilustrada a Visão de Futuro estabelecida nesse Plano de Bacia. Esse diagrama é apresentado pela Figura 2.7. Assim como nos demais subsistemas, aqui também não há como garantir que todas as relações de influência entre as variáveis que compõem este subsistema sejam positivas em relação ao uso adequado dos recursos hídricos. Essa consideração é importante para manter o plano na diretriz de estratégia realista. Entende-se que sempre haverá componentes que fogem da esfera da gestão dos recursos hídricos e que não há como assegurar que medidas externas sejam totalmente adequadas. O mais importante na análise dos Cenários Normativos dos subsistemas é a comparação das relações entre as variáveis quando comparadas com os Cenários Tendenciais projetados no prognóstico da bacia. Se nada for feito, o futuro que nos aguarda apresenta uma situação ruim em relação aos recursos hídricos, recurso essencial à vida e dotado de valor social, ambiental e econômico. Mas seguindo as recomendações desse Plano de Bacia, será possível mudar a direção do desenvolvimento e conduzirmos a bacia hidrográfica para um futuro sustentável apoiado na segurança hídrica. Verifica-se que as variáveis associadas ao desempenho ambiental do subsistema, como a disponibilidade hídrica (DH), a qualidade da água (QA) e as áreas de proteção permanente (APP), passam a conseguir desempenhar suas funções ambientais e hídricas de forma satisfatória a boa, ou seja, haverá água disponível para os usos múltiplos, de boa qualidade e as áreas de nascentes e matas ciliares conseguirão contribuir para a proteção dos corpos hídricos. Por outro lado, as variáveis decorrentes da ação antrópica ainda devem exercer pressão sobre os corpos hídricos, como a fronteira agrícola (FA), a irrigação (IR), a agroindústria (AI) entre outros, mas estarão controladas e adequadas às exigências legais e, até certo ponto, deverão ter adotado medidas conservacionistas que favorecem o uso adequado dos recursos hídricos, motivadas pelo poder público. Por parte da gestão pública, ainda se projeta uma dificuldade do Licenciamento Ambiental em regularizar e fiscalizar todos os empreendimentos, principalmente se houver um crescimento significativo do setor agroindustrial, mas mesmo assim acredita-se que seja suficiente para que não ocorram maiores problemas ambientais que possam comprometer o uso múltiplo dos recursos hídricos nessas bacias. 40

49 Figura 2.7. Diagrama do Cenário Normativo para o Subsistema Bacias Rurais. 41

50 2.4. Conclusão sobre os Cenários Normativos A construção de cenários normativos, como uma meta a ser alcançada pelo comitê de bacias, pode ser de grande valia, uma vez que fica claro aonde se que quer chegar e quais são os problemas e possíveis soluções a serem tomadas para sair de uma situação de futuro, que possa comprometer o uso racional e a conservação dos recursos hídricos para uma realidade alternativa plausível mais confortável e continuar a atender as demandas por água e ao mesmo tempo propiciar o desenvolvimento econômico e social da região do entorno do lago da UHE Luís Eduardo Magalhães. Construir os Cenários Normativos foi como desenhar a Visão de Futuro na bacia. Como os cenários normativos podem ser usados como uma meta de referência da condição de futuro que se quer alcançar, também podem facilitar a revisão do plano, uma vez que permite confrontar visualmente a realidade vigente com a do cenário normativo e medir o desempenho das ações realizadas e das não realizadas. Como pode ser visto neste documento, muito dos problemas em relação ao uso e conservação dos recursos hídricos passam por ações de gestão, uma vez que a magnitude dos mesmos ainda não é tão preocupante, à exceção das bacias urbanas. Nos três subsistemas verifica-se a necessidade urgente de: monitoramento das vazões para melhor estimativa da disponibilidade hídrica; cadastro e outorga de usuários para melhor conhecimento da demanda hídrica; monitoramento da qualidade da água para fins de futuro enquadramento pela resolução CONAMA 357/2005 e para apontar possíveis conflitos pelo uso da água; e a articulação técnica e política do SEGRH com o Licenciamento Ambiental, instrumento fundamental para o ordenamento territorial e mitigação de possíveis impactos nos recursos hídricos. O Subsistema Reservatório é atualmente o que se encontra em situação mais confortável, seja pelo uso pouco intenso, seja pela grande disponibilidade hídrica. Mesmo assim, a perspectiva de desenvolvimento e aumento de atividades usuárias é grande nos próximos 20 anos. Com poucas ações de gestão e monitoramento, há uma boa perspectiva de que esse subsistema mantenha-se com um bom desempenho no cenário dos recursos hídricos dentro do horizonte deste plano. O Subsistema de Bacias Urbanas é o mais complexo da área de estudo. Já se encontra com quase toda sua vazão outorgável comprometida para abastecimento público e ao mesmo tempo são as localidades com mais perspectivas de crescimento populacional e desenvolvimento de atividades econômicas. Acredita-se que o município de Palmas tenha que discutir o mais rápido possível, alternativas de mananciais de abastecimento. Caso a solução seja captar água do reservatório, haverá que se fazer adequações ao atual sistema de tratamento e das elevatórias, mas por outro lado há a perspectiva de que os atuais mananciais sejam aliviados em suas demandas o que pode propiciar o desenvolvimento de outras atividades que demandem água nessas bacias, como a agricultura familiar e a recreação. O Subsistema de Bacias Rurais ainda tem uma situação confortável em relação à disponibilidade hídrica para os usos preponderantes, porém já desperta preocupação no quesito qualidade da água devido ao uso crescente dos agroquímicos. A necessidade de um monitoramento da qualidade da água dessas substâncias é prioritária. A preocupação da expansão da fronteira agrícola também é apontada aqui pelo risco de comprometimento da capacidade de infiltração dos solos, de degradação das matas ciliares e potencial risco de erosão e transporte de sedimentos e poluentes para os mananciais. Ações para fiscalizar e monitorar a preservação das APP s também se destacam como de suma importância. 42

51 43

52 3. ENQUADRAMENTO DOS CORPOS HÍDRICOS Um dos instrumentos mais importantes da PNRH e também da PERH é o chamado enquadramento dos corpos hídricos em classes de uso. O enquadramento é fundamental para a gestão de alto nível que se propõe nesse Plano de Bacia, por representar o elo entre a gestão da quantidade e da qualidade das águas da bacia e também por aproximar a gestão dos recursos hídricos da gestão do meio ambiente, na medida em que o enquadramento estabelece um limite claro e objetivo para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e de forma indireta, também influencia a análise dos impactos do uso e ocupação do solo sobre a qualidade da água dos corpos hídricos. O enquadramento é estabelecido a partir dos usos preponderantes acordados com o Comitê de Bacia, para cada trecho da hidrografia, refletindo, portanto classes de qualidade adequadas para atender os usos prioritários estabelecidos. Não se trata de classificar a qualidade atual dos corpos hídricos, mas sim o cenário futuro para a qualidade da água em consonância com os usos mais exigentes da bacia. Portanto, o enquadramento é uma classificação que estabelece o nível de qualidade a ser alcançado ou mantido ao longo do tempo para atender as principais necessidades do corpo hídrico. Seu objetivo é assegurar qualidade das águas compatíveis com os usos preponderantes. Para cumprir com este objetivo, o enquadramento deve ser entendido como um Pacto Social acordado pela sociedade. Como referência para o enquadramento, utiliza-se a Resolução Conama n o 357/2005 que estabelece cinco classes de corpos hídricos, com base em limites para um conjunto de parâmetros de qualidade. Segundo a resolução os corpos hídricos podem ser classificados como pertencendo à Classe Especial, ou à Classe 1, 2, 3, ou 4. Junto com as classes do enquadramento, varia a qualidade da água no sentido decrescente para acompanhar o atendimento a usos menos exigentes dos recursos hídricos. Porém, a Resolução Conama 357 possui dezenas de parâmetros de qualidade da água. Já a Resolução CNRH n o 91/2008 estabelece que o conjunto de parâmetros de qualidade da água adotados no processo de enquadramento deve ser definido em função dos usos pretendidos dos recursos hídricos, considerando-se os diagnósticos e os prognósticos elaborados. Portanto, não é necessária a análise de todos os parâmetros listados na Resolução Conama n o 357/2005, mas sim daqueles que possuem fontes significativas na bacia e que por isso que podem afetar os usos múltiplos pretendidos. Nesse contexto, as sub-bacias do Entorno do Lago foram classificadas quanto aos usos preponderantes identificados na etapa de diagnóstico. Conforme já elucidado nos capítulos anteriores, de acordo com os estudos de diagnóstico e prognóstico, propôs-se uma classificação em três subsistemas: o reservatório, as bacias urbanas, e as bacias rurais, cada qual com suas características predominantes, que levaram a uma proposta de enquadramento e monitoramento menos usual, mas muito mais realista. No diagnóstico da bacia hidrográfica foram levantados os principais usos econômicos nos corpos hídricos dentro de cada subsistema, que após apresentados ao Comitê de Bacia consistiram no ponto de partida para a construção dessa proposta de enquadramento e para o dimensionamento das ações de monitoramento de parâmetros específicos, dependendo dos usos prioritários de cada subsistema. Sabe-se que o monitoramento da qualidade da água é essencial para a gestão dos recursos hídricos. Além de demonstrar tendências, o monitoramento é importante para identificar e hierarquizar problemas e pressões aos recursos hídricos, avaliar programas de gestão e auxiliar na tomada de decisão para resposta às emergências. Tão essencial quanto um bom programa de monitoramento de qualidade é a destinação, o tratamento e a divulgação das informações. Quantidade de dados não significa mais conhecimento se não forem adequadamente tratados e colocados à disposição de forma clara e objetiva. Neste capítulo, é apresentada uma proposta de abordagem conservacionista ao enquadramento e compatibilização dos usos múltiplos dos recursos hídricos nas bacias do Entorno do Lago e de monitoramento dos subsistemas, classificadas conforme seu uso principal e mais exigente. Conforme as diretrizes estabelecidas, para efeitos de enquadramento dos corpos hídricos e monitoramento de sua qualidade, os estudos foram orientados aos três subsistemas: reservatório, bacias rurais e bacias urbanas. Cada subsistema com suas características e necessidades próprias de monitoramento. 44

53 3.1. Identificação dos Usos Preponderantes da Bacia A caracterização dos usos preponderantes das Bacias Hidrográficas do Entorno do Lago foi realizada nas Fases A (Diagnóstico) e B (Prognóstico) deste trabalho, organizados nos três subsistemas Subsistema Reservatório Nesse subsistema, formado pelo Reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães, aportam no lago as águas de toda a bacia, além do próprio rio Tocantins. As principais cidades, Palmas e Porto Nacional, têm suas sedes às margens do lago, assim como Lajeado, Ipueiras e Brejinho de Nazaré. Dessa forma, muitas pressões do desenvolvimento podem ser percebidas sobre a qualidade das águas superficiais, no entanto como os volumes de lançamento de efluentes ainda são pequenos e a capacidade receptora muito grande, o comprometimento da qualidade da água do lago ainda é pequeno. Os principais usos das águas do reservatório e de suas proximidades incluem as captações para o abastecimento público e a diluição de poluentes lançados pelas Estações de Tratamento de Esgoto ETEs da Odebrecht Ambiental Saneatins, e ainda a diluição de sedimentos da drenagem de águas pluviais, a recreação nas praias, a mineração por dragagem, a pesca esportiva e a produção aquícola. As intervenções que, atualmente (2015), possuem outorga no reservatório são ilustradas na Figura Subsistema Bacias Urbanas Compreende aquelas bacias que contém ou estão muito próximas a grandes núcleos populacionais, em que o uso prioritário e determinante é o abastecimento público das populações urbanas. Constituem esse subsistema, as sub-bacias: Córrego Água Fria; Córrego Brejo Comprido e Ribeirão Taquaruçu Grande em Palmas; e o Córrego São João em Porto Nacional. Nessas bacias, têm-se como principais usos as captações das Estações de Tratamento de Água ETAs da Odebrecht Ambiental Saneatins, para o abastecimento público, a irrigação de agricultura familiar, a piscicultura em tanques escavados, o lazer em chácaras e outros usos urbanos enquadrados apenas como serviços. Nessas bacias, não há o monitoramento contínuo das vazões e da qualidade das águas. Como principais pressões sobre os recursos hídricos estão enquadrados os lançamentos de esgotos, tratados ou não, nos cursos d água das sub-bacias, o microparcelamento do solo nas áreas rurais, as ocupações irregulares das Áreas de Preservação Permanente APPs, tanto na área rural como nas zonas urbanas, e a recepção do escoamento de águas pluviais, que acabam carreando grandes volumes de sedimentos e nutrientes, responsáveis pelo assoreamento e eutrofização dos corpos hídricos. Os usos que, atualmente (2015) possuem outorga nas sub-bacias estão representadas na Figura Subsistema Bacias Rurais Com populações residentes bem menores quando comparadas às sub-bacias urbanas e com economias baseadas prioritariamente em atividades voltadas à agropecuária, a maioria das sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago ainda pode ser classificada como rural (Figura 3.3). Essas bacias são territorialmente maiores, com baixa densidade populacional e onde se encontram a maioria dos corpos hídricos que desaguam no reservatório. Fazem parte desse subsistema, as subbacias: Córrego Santa Luzia; Ribeirão do Carmo; Ribeirão dos Mangues; Ribeirão São João; Ribeirão Conceição; Ribeirão Lajeado; Rio Água Suja; Rio Areias; Rio Crixás; Rio Formiga e Rio Matança. Nessas bacias, as principais fontes de pressão sobre a biodiversidade e sobre a quantidade (produção) e qualidade dos recursos hídricos são a substituição crescente da vegetação nativa do cerrado pela agropecuária, a evapotranspiração das extensas lavouras de soja, milho e cana de açúcar, as captações de água sem a devida outorga de direito de uso, a poluição devido à aplicação de agroquímicos (fertilizantes, defensivos e pesticidas), a retirada da cobertura vegetal de zonas de umidade e a destruição da integridade ecológica das zonas ripárias. Nessas bacias, também não há informações disponíveis sobre a quantidade nem sobre a qualidade dos recursos hídricos. 45

54 Figura 3.1. Atividades outorgadas pela ANA no subsistema do reservatório do entorno do lago. 46

55 Figura 3.2. Atividades outorgadas pelo Naturatins no subsistema das bacias urbanas do entorno do lago. 47

56 Figura 3.3. Atividades outorgadas pelo Naturatins no subsistema das bacias rurais do entorno do lago. 48

57 3.2. Propostas de Enquadramento Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2016), mais que uma simples classificação, o enquadramento deve ser visto como um instrumento de planejamento, pois deve estar baseado não necessariamente na condição atual do corpo d água, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir ou ser mantidos no corpo d água para atender às necessidades estabelecidas pela sociedade. O enquadramento busca assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e a diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes (Art. 9º, Lei nº 9.433, de 1997). A classe do enquadramento de um corpo d água deve ser definida em um pacto acordado pela sociedade, levando-se em conta as prioridades de uso da água. A discussão e o estabelecimento desse pacto ocorrem dentro do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH). O enquadramento é, portanto referência para os demais instrumentos de gestão de recursos hídricos (outorga, cobrança) e instrumentos de gestão ambiental (licenciamento, monitoramento), sendo, portanto, um importante elo entre o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Meio Ambiente. As Políticas Nacional e Estadual de Recursos Hídricos estabelecem como um de seus fundamentos que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. Entretanto, os vários usos da água da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago possuem diferentes requisitos de qualidade. Por exemplo, para se preservar as comunidades aquáticas do reservatório é necessária uma água com certo nível de oxigênio dissolvido, temperatura, ph, nutrientes, entre outros. Para a recreação com contato primário nas praias, não deve haver parâmetros transmissores de doenças. Em contraste, para a navegação os requisitos de qualidade da água são bem menores, devendo estar ausentes os materiais flutuantes e os materiais sedimentáveis que causam assoreamento do corpo d água. Portanto, os usos da água são influenciados pela qualidade do manancial. Conforme a classificação da Resolução Conama n 357/2005, apresentada pela Figura 3.4 abaixo, as águas com maior qualidade permitem usos mais exigentes, enquanto águas com pior qualidade permitem usos menos exigentes. É evidente que as águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em usos menos exigentes, desde que esses não prejudiquem a qualidade da água. Na Figura 3.5 a seguir é apresentada a relação entre as classes de enquadramento e os usos respectivos a que se destinam as águas-doces. A Resolução Conama n 357 também estabelece quadros para as águas salinas e águas salobras, que não vêm ao caso de nossa bacia hidrográfica. Figura 3.4. Classes de enquadramento e respectivos usos e qualidade da água. Fonte: ANA,

58 Figura 3.5. Classes de enquadramento das águas-doces e usos respectivos. Fonte: ANA (2016). Entende-se que o enquadramento de um rio, ou de qualquer outro corpo hídrico, como previsto em lei, deve considerar três aspectos principais: O rio que temos Para caracterizar o rio que temos é necessário primeiro conhecer os parâmetros de qualidade do manancial e também a localização e a caracterização das demandas hídricas. O rio que queremos O rio que queremos representa o sonho da sociedade em relação aos recursos hídricos. Se por um lado, em bacias pouco degradadas o cenário dos sonhos se assemelha à realidade, em bacias impactadas pela poluição, o rio que queremos normalmente expressa um cenário inatingível, devido à necessidade de altos investimentos, de alta tecnologia e um cenário político e econômico especialmente favorável. O rio que podemos ter O rio que podemos ter representa uma visão mais realista da Visão de Futuro para a bacia, representado nesse Plano de Bacia pelos diagramas dos Cenários Normativos, para cada subsistema hídrico da bacia do entorno do lago. Esse cenário incorpora as limitações técnicas, econômicas e políticas da bacia. No Brasil, em diversos planos de bacia vem sendo adotado o enquadramento dos corpos hídricos como pertencentes à Classe 2, por se tratar de uma classe intermediária em termos de qualidade, exigindo apenas tratamentos convencionais para o abastecimento humano, por exemplo. No entendimento da equipe técnica do Plano do Entorno do Lago, essa abordagem é um tanto simplória, pois carece de detalhamento, não apresentando relevância ao planejamento e sendo incapaz de permitir o foco de ações associadas aos instrumentos de outorga e cobrança do uso dos recursos hídricos. Em contrapartida, pretende-se nesse Plano estabelecer uma proposta de enquadramento realista, classificando os corpos hídricos por sub-bacia, porém destacando os principais usos que interferem ou sofrem influência da qualidade da água nos mananciais bem como os passos necessários para se alcançar no futuro, o enquadramento preconizado com base na Resolução Conama n 357/2005. A seguir a Figura 3.6 ilustra o diagrama simplificado com a proposta de enquadramento discutida a seguir. 50

59 Figura 3.6. Proposta de enquadramento dos corpos hídricos em classes de uso Diagrama Simplificado com os principais usos nas sub-bacias do Entorno do Lago. 51

60 Subsistema Reservatório O Subsistema Reservatório é um exemplo clássico de conflito ou sobreposição de usos múltiplos no corpo hídrico. Como mencionado anteriormente, os principais usos das águas do reservatório e de suas proximidades incluem a captação para abastecimento, a diluição de poluentes, a recreação nas praias, a mineração com dragas, a pesca esportiva e a produção aquícola em tanques rede. Muitos desses usos, geralmente estão espacialmente próximos, o que dificulta a delimitação de regiões de enquadramento. O mapa ilustrado na Figura 3.7 apresenta a localização dos usos considerados prioritários para o enquadramento dos corpos hídricos nos subsistemas do reservatório e das bacias urbanas. Os usos prioritários das bacias rurais não foram localizados uma vez que são muitas as intervenções voltadas à agropecuária e ainda se considera baixa a representatividade do banco de dados das outorgas. Em algumas regiões é possível observar a sobreposição das áreas de influência dos usos prioritários. Um exemplo dessa situação seria as praias próximas à foz de alguns cursos d água em bacias urbanas como as de Palmas. Nesses casos é possível que as praias sofram influência na qualidade da água, devido à proximidade principalmente, dos pontos de lançamento de efluentes das Estações de Tratamento de Esgotos, tanto em Palmas como em Porto Nacional. No mesmo sistema ainda temos estações de captação de água e os parques aquícolas para criação de peixes em tanques-rede. Nessas regiões de sobreposição de usos (ou de ambientes), entende-se que o enquadramento do reservatório deve levar em conta o uso mais restritivo e que pode causar o maior impacto quando for violada a classe de qualidade do corpo hídrico. Próximo às praias, por exemplo, uma vez que são utilizadas para recreação com contato primário é estritamente necessário água com qualidade de classe 2 ou superior. A proximidade das praias e dos pontos de captação de água para o abastecimento público com os pontos de lançamentos das ETEs e dos parques aquícolas PREOCUPA, sendo necessário um programa de monitoramento da qualidade com base em parâmetros específicos para cada tipo de uso. Classifica-se com RISCO ELEVADO o lançamento de esgotos sem tratamento da Universidade Federal do Tocantins UFT no reservatório. Embora a universidade tenha instalada uma ETE, a mesma encontra-se totalmente inoperante, já tendo sido alvo de recomendações e multas por parte do poder público. Atualmente, discutem-se alternativas como a ligação à rede coletora da Odebrecht Ambiental Saneatins ou aquisição e operação de uma nova Estação de Tratamento de Esgotos. Como são vários usos sensíveis à qualidade da água no reservatório, entende-se que o mais adequado a esse subsistema é um enquadramento e monitoramento segundo a localização dos principais usos dos recursos hídricos do reservatório. Dessa forma, os parâmetros para usos mais e menos restritivos podem ser monitorados a fim de se observar alterações de qualidade que podem modificar esses usos. Captações para Abastecimento Público (ETAs) Atualmente, captam diretamente do reservatório apenas os municípios de Porto Nacional (Luzimangues), Ipueiras e Brejinho de Nazaré, conforme ilustrado na (Figura 3.7). Em Palmas, já há previsão de uma captação no reservatório pela Odebrecht Ambiental Saneatins, devido à situação limite no Ribeirão Taquaruçu e no Ribeirão Água Fria, principais mananciais da capital. Possivelmente, a captação será nas proximidades do exutório do Ribeirão Taquaruçu, onde já existe uma Estação de Tratamento de Água (ETA6). Este ponto está inserido no mapa, não às margens, mas no centro do reservatório para atingir águas de maior qualidade e menor custo de tratamento para o abastecimento da população. Praias Para as regiões do lago próximas as praias, o mais adequado é um enquadramento utilizando parâmetros de balneabilidade segundo a Resolução Conama n o 274/2000. Vale ressaltar que este monitoramento já é feito nas praias oficiais, mas deve ser ampliado para praias não oficiais com grande número de banhistas, pelo menos na época da chamada temporada de praias entre junho e agosto. 52

61 Figura 3.7. Usos prioritários para o enquadramento dos corpos hídricos na Bacia do Entorno do Lago. 53

62 Lançamentos de Efluentes (ETEs) No caso das ETEs, os parâmetros de enquadramento devem ser os da Resolução Conama n 430/2011, para lançamento de efluentes. Esses parâmetros, se devidamente monitorados, garantem o mínimo de qualidade do corpo hídrico que recebe os efluentes após o tratamento dos esgotos sanitários. No corpo hídrico é importante atender as exigências da Resolução Conama n 357/2005. Nas proximidades das zonas urbanas, os parâmetros do Índice de Qualidade das Águas - IQA são suficientes para enquadrar o corpo hídrico e acompanhar a qualidade da água e eventuais alterações. O IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos: oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, ph, DBO 5,20,Temperatura, Nitrogênio Total, Fósforo Total, Turbidez e Resíduo Total. Parques Aquícolas Em relação ao enquadramento de regiões próximas aos parques aquícolas do reservatório, é importante ressaltar que a atividade aquícola no lago ainda não está plenamente operacionalizada, de acordo com os levantamentos realizados no diagnóstico. No entanto, a proposição de oito parques aquícolas no reservatório e sua subsequente licitação para uso por parte do extinto Ministério da Pesa e Aquicultura, atual Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, requer a previsão deste tipo de uso. Paralelo ao desenvolvimento e à intensificação da aquicultura no Brasil, e provavelmente no reservatório do Lago da UHE Luís Eduardo Magalhães, cresce a necessidade de monitoramento dos recursos hídricos, visando à melhora nos processos de gestão e acompanhamento dos procedimentos efetivados, o que se traduziria ainda em contribuição ao processo de licenciamento ambiental e outorga pelo uso da água. Apesar da aquicultura ser uma atividade produtiva que utiliza os recursos hídricos, ela também colabora com sistemas de controle ambiental da qualidade da água no corpo hídrico em que ela é praticada, por necessitar de monitoramento para a saúde do produto piscícola (TIAGO; GIANESELLA, 2002). As políticas públicas de cessão de águas da União, embasada no Decreto n 4.895, de 25 de novembro de 2003 (BRASIL, 2003) são o arcabouço legal que tornou viável a instalação de sistemas produtivos em águas públicas federais. Esse arcabouço deve ser caracterizado por estudos que contemplam diretrizes sociais, econômicas e ambientais, levando em consideração a capacidade de suporte do corpo hídrico, sendo, posteriormente, demarcadas as áreas favoráveis ao cultivo em tanques-rede. Assim, o primeiro passo para a regularização da atividade de aquicultura no reservatório é a definição clara e adequada das espécies da ictiofauna selecionadas para cultivo e da capacidade suporte do reservatório. No Brasil, as espécies cultivadas são a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), tambaqui (Colossoma macropomum) e pintado (Pseudoplatystoma sp.) em sistemas de tanque-rede em grandes reservatórios. É fundamental que se estabeleça o enquadramento, indicando a necessidade de estudos prévios da espécie (ou espécies) com permissão de cultivo. Depois, para esta espécie, que se faça a definição da capacidade suporte do reservatório e de cada parque aquícola. A criação de tambaqui no Tocantins foi normatizada pela a Instrução Normativa nº 09, de 9 dezembro de 2012, do Ibama, que autorizou o uso do tambaqui na atividade de aquicultura em sistema de cultivo em tanques-rede nos reservatórios artificiais, localizados ao longo do rio Tocantins. Assim, a recomendação para o enquadramento é a proposição do Tambaqui como espécie indicada para aquicultura no reservatório. Em segundo lugar, o dimensionamento da área de aquicultura, embora já tenha sido realizada pelo MAPA, deve ser objeto de análise. O Plano de Usos Múltiplos do Reservatório (IIE, 2009) apresenta os principais impactos provenientes do uso excessivo de rações, da concentração de peixes em tanques rede e os impactos dos efluentes das estações de piscicultura; que podem contribuir para a eutrofização do sistema aquático. A legislação brasileira, através da Instrução Normativa Interministerial - INI n 06 de 31 de maio de 2004, sugere que a área para cultivo em reservatórios utilizando-se tanques-rede deve possuir taxa de diluição entre 1:5 e 1:8, enquanto que o MAPA usa uma taxa de 1:10. Isto quer dizer que compartimentos de até 10 hectares possuem área utilizável de um hectare (BUENO et al., 2015). 54

63 Em terceiro lugar, o monitoramento limnológico é considerado a principal ferramenta para garantir a manutenção da aquicultura no reservatório. Os dados limnológicos são ferramenta importante para quantificar diversos impactos ligados a uma eventual não conformidade dos níveis operacionais com a capacidade de suporte estimada. É necessário desenvolver um conjunto mínimo de indicadores de importância para o monitoramento ambiental da aquicultura no reservatório. O monitoramento de condições ambientais, por parâmetros físicos e fisicoquímicos possibilita o acompanhamento das condições de qualidade ambiental por meio do Índice de Qualidade de Água (IQA), além de permitir aos produtores responderem rapidamente às condições desfavoráveis e tomarem medidas que possam ser decisivas para o sucesso da atividade. Portanto, além de cumprir as exigências legais, o monitoramento é ainda uma ação de grande interesse para o produtor aquícola, uma vez que permitirá maximizar sua produção por meio de uma melhoria na sua gestão, reafirmando seu compromisso com a qualidade ambiental. Também parâmetros bióticos deverão ser considerados, especialmente aqueles de risco à saúde humana, no caso, as cianobactérias que fazem parte do fitoplâncton; e microbiológicos associados à contaminação da água com doenças de veiculação hídrica. Também, deverão ser contemplados aqueles parâmetros de conservação da ictiofauna regional que se relacionam ao monitoramento da abundância e distribuição da diversidade de espécies por família, além do estudo do padrão reprodutivo da ictiofauna associada às áreas de parques. Finalmente, o uso das águas do reservatório para a atividade de aquicultura não deve degradar tais águas, impedindo ou trazendo riscos aos usos mais conservadores ou restritivos, quais sejam, abastecimento humano, recreação com contato primário e manutenção da integridade do ecossistema aquático. Para isso, propõe-se que o enquadramento dos parques aquícolas atente para os usos mais restritivos quais sejam, abastecimento humano e recreação, e para a manutenção da integridade do ecossistema aquático do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães. Deste modo, condições ambientais que indicam o risco de eutrofização, como as medições do Índice de Estado Trófico - IET, podem predizer riscos aos usos mais restritivos da água. Tais medições são, de acordo com Lamparelli (2004), medidas de transparência, concentrações de fósforo e clorofila-a na água. O índice de estado trófico de um reservatório pode ser categorizado em seis níveis, como mostrado no Quadro 3.1. Nota-se que cada nível pode identificar a situação de risco, possibilitando o acompanhamento e alerta acerca da qualidade da água. Quadro 3.1. Classificação do Índice de Estado Trófico IET Estado Trófico Critério Fosfato mg PO 4-3.m -3 Clorofila a (mg.m -3 ) Ultraoligotrófico (Normalidade) IET < 47 P < 8 CL < 1,17 Oligotrófico (Normalidade) 47 < IET < 52 8 < P < 19 1,17 < CL < 3,24 Mesotrófico (Monitoramento) 52 < IET < < P < 52 3,24 < CL < 11,03 Eutrófico (Atenção) 59 < IET < < P < ,03 < CL < 30,55 Supereutrófico (Alerta) 63 <IET < < P < ,55 < CL < 69,05 Hipereutrófico (Intervenção) IET > < P 69,05 < CL Fonte: LAMPARELLI, Propõe-se o enquadramento do reservatório em suas condições atuais de trofia, quais sejam: 1. Na região de características lóticas, do início do reservatório até a cidade de Porto Nacional, manutenção do grau de trofia adequado aos usos conservadores de abastecimento da água das municipalidades de Brejinho de Nazaré e Ipueiras, ou seja nível oligotrófico na maior parte do período monitorado anualmente; 2. Na região de transição entre a cidade de Porto Nacional e a capital Palmas, manutenção de grau de trofia adequado ao baixo risco ao uso para recreação de contato primário, ou seja nível mesotrófico na maior parte do período monitorado anualmente; e monitoramento da presença e contagens de cianobactérias tóxicas quando o nível eutrófico for atingido; 55

64 3. Na região de características lênticas, após a capital Palmas, manutenção do grau de trofia mesotrófico a eutrófico. O grau eutrófico deverá ser aceito em condições definidas, quais sejam, estação seca, pluviosidade mínima abaixo da média dos últimos períodos. Nestes excepcionais casos de eutrofia, deve ser com obrigatório monitoramento da presença e contagens de cianobactérias tóxicas e acompanhamento em intervalos semanais até o retorno do grau mesotrófico. O Quadro 3.2 apresenta o resumo da proposta de enquadramento para o reservatório nas áreas próximas aos parques aquícolas, que será melhor detalhado no Plano de Ações. Quadro 3.2. Padrões de enquadramento do corpo hídrico do reservatório nas áreas de parques aquícolas Padrões de enquadramento conservacionista do subsistema reservatório 1. Espécie com permissão para cultivo 2. Estudo da capacidade de suporte do reservatório 3. Enquadramento do reservatório em níveis de trofia Tambaqui (Colossoma macropomum) Instrução Normativa Nº 09, de 9 dezembro de 2012, do Ibama. Definida como taxa de diluição entre 1:8 e 1:10 (ocupação de 1/10 da área reservada aos Parques Aquícolas, obedecendo a INI 06 de 2004) A ser definida com base nos dados de cultivo de Colossoma macropomum Compartimento lótico, do início do reservatório até Porto Nacional, com nível oligotrófico; Compartimento de transição entre Porto Nacional e Palmas, com nível mesotrófico observadas condições sazonais de pluviosidade; Compartimento lêntico, de Palmas a usina, com nível mesotrófico a levemente eutrófico observadas condições sazonais de pluviosidade*. * O grau eutrófico deverá ser aceito em condições definidas, quais sejam, estação seca, pluviosidade mínima abaixo da média dos últimos períodos. Nestes excepcionais casos de eutrofia, deve ser com obrigatório monitoramento da presença e contagens de cianobactérias tóxicas e acompanhamento em intervalos semanais até o retorno do grau mesotrófico Subsistema Bacias Urbanas O subsistema das bacias urbanas, de Palmas e Porto Nacional, tem como principal critério de enquadramento e monitoramento as captações para o abastecimento público. Ressaltam-se os cursos d água primários das cabeceiras das sub-bacias do Entorno do Lago, onde se propõe o enquadramento em Classe Especial, devido à singular importância da proteção das nascentes, conforme determina o atual Código Florestal, regulamentado pela Lei Federal nº , de 25 de maio de Dessa forma, os trechos primários da hidrografia, ou seja, das nascentes até a confluência com outro curso d água serão enquadrado como Classe Especial, e o demais corpos hídricos desse sistema devem ser enquadrados, sem restrição, na Classe 2, conforme a Resolução Conama n o 357/2005. Assim, nenhum uso poderá infringir os limites dos parâmetros da respectiva classe, podendo os impactos serem considerados no processo de outorga e futuramente, na cobrança pelo uso dos recursos hídricos. Conforme apresentado no diagnóstico feito neste trabalho, foi detectado que o principal monitoramento das bacias urbanas da área de estudo é feito pela concessionária de abastecimento público (Odebrecht Ambiental Saneatins) que monitora todos os parâmetros da Resolução Conama n 357/2005, nos pontos de captação de água bruta e alguns parâmetros (Resolução Conama Nº 430/2011) de qualidade nos locais de despejo de efluentes urbanos tratados. 56

65 Destaca-se que os pontos de monitoramento são poucos e concentrados o que dificulta sua utilização para o enquadramento, a identificação de problemas e alterações da qualidade dos mananciais. Dessa forma, percebe-se um risco neste procedimento, que apesar de legal, não mostra uma real situação de toda extensão das bacias e as constantes alterações a que estes corpos hídricos estão sujeitos. Como já mencionado, as principais bacias urbanas (de Palmas e de Porto Nacional) são utilizadas principalmente para fins de abastecimento urbano e recreação de contato primário. No enquadramento de Classe 3, situação que eventualmente é observada nesses corpos hídricos, a captação para abastecimento urbano deve ter um tratamento convencional ou avançado. Já a recreação de contato primário (natação, p.ex.) não é permitida. Ressalta-se que esse monitoramento é semestral e que muitas desconformidades não se mantêm, sendo precipitado concluir sobre a violação da qualidade das águas. A Figura 3.8 apresenta os trechos da hidrografia das bacias urbanas em que foram encontradas desconformidades eventuais de alguns parâmetros em relação aos limites estabelecidos para a Classe 2. Essas desconformidades foram apresentadas e discutidas no diagnóstico da bacia hidrográfica. Torna-se necessário um monitoramento com uma frequência maior e em um maior número de pontos, nestas bacias, afim de que sejam identificados os eventuais problemas e que soluções sejam planejadas e os usos não sejam comprometidos em um breve espaço de tempo. A disponibilização e o tratamento destes dados de monitoramento também devem ser adequados a fim de subsidiar tais ações. Figura 3.8. Trechos da hidrografia com desconformidades eventuais em parâmetros da Classe Subsistema Bacias Rurais No subsistema das bacias rurais, cujos usos principais são para a irrigação e a dessedentação animal, o cadastro das intervenções é deficiente e a base de outorgas pouco representativa das demandas hídricas reais, de modo que não é possível detalhar o enquadramento. Propõe-se enquadrar os trechos primários como Classe Especial alinhando-se ao Código Florestal e o restante como Classe 2 (Figura 3.9). A proposta de pontos, parâmetros e frequência de monitoramento é sugerida apenas em termos de acompanhamento de eventuais desconformidades na foz dos principais rios no intuito de avaliar o enquadramento desses corpos hídricos dentro da Classe 2, segundo a Resolução Conama n 357/

66 Figura 3.9. Proposta de enquadramento dos cursos d água com a hidrografia e o reservatório na Classe 2 e os trechos de primeira ordem com Classe Especial. 58

67 Nascentes dos Rios Principais Ao reconhecer a importância das nascentes para a manutenção da produção de água com qualidade nas sub-bacias, o Plano também propõe nas nascentes, um enquadramento não em classes de uso pela Resolução CONAMA 357/2005 e sim a partir do conceito de integridade ecológica de zonas ripárias. As zonas ripárias são áreas de saturação hídrica da microbacia, encontradas principalmente ao longo das margens e nas cabeceiras da rede de drenagem, mas podendo ocorrer também em partes mais elevadas da encosta, dependendo da topografia e das condições de transmissividade do solo (ATTANASIO et al, 2012). Exercem importante função do ponto de vista hidrológico e ecológico, contribuindo assim para a manutenção da saúde ambiental e da resiliência da microbacia hidrográfica (WALKER et al.,1996; NAIMAN e DÉCAMPS, 1997; LIMA e ZAKIA, 2000, AGNEW et al., 2006; ABELL et al., 2007; ALLAN et al., 2008; BISHOP et al., 2008; BURKHARD et at., 2010; PERT et al., 2010). O ecossistema ripário, em sua integridade, inclui a dinâmica da zona ripária, sua vegetação e suas interações e desempenha funções relacionadas à geração do escoamento direto em micro bacias, ao aumento da capacidade de armazenamento e à manutenção da qualidade da água (efeito-tampão), além de promover estabilidade das margens dos rios, equilíbrio térmico da água e formação de corredores ecológicos (FAIL et al., 1987; NAIMAN e DÉCAMPS, 1997; LOWRANCE et al., 1997; LIMA e ZAKIA, 2006). Sendo a zona ripária fator essencial para a resiliência da microbacia, a estimativa dos riscos de degradação dos recursos naturais, no mínimo, poderá ser deficiente se não incorporar a manutenção da integridade do ecossistema ripário. Assim, propõe-se o enquadramento das zonas ripárias das nascentes, ou riachos de primeira ordem principais das bacias aportantes ao Lago de acordo com as classes de capacidade de uso do solo (KLINGEBIEL e MONTGOMERY, 1966; LEPSCH et al., 1983) após a identificação, delimitação e inclusão das zonas ripárias no cenário de classes de uso. Isto permite a indicação das áreas da sub-bacia que precisam ser protegidas ou áreas cujo manejo agrícola deve ser diferenciado, sob a ótica da hidrologia. São propostas três categorias: a) classe com uso adequado: equilíbrio entre o uso atual e as possibilidades e limitações da terra; b) classe com subutilização: terras com uso atual abaixo da capacidade ambiental; c) classe com sobreutilização: terras com uso atual acima da capacidade ambiental a partir de Klingebiel e Montgomery (1966) e Lepsch et al. (1983). A categorização das áreas das bacias de acordo com tais categorias deve ser feita a partir de sobreposição de mapas de informação de solos e declividade. A zona ripária, no entanto, não deverá ser delimitada considerandose apenas a Área de Preservação Permanente (APP) de acordo com a legislação e sim de acordo com o Mapa de Zona Ripária. O mapa das zonas ripárias resulta da combinação dos planos de informação de Área Variável de Afluência - AVA, que representa a zona ripária em áreas declivosas, com o mapa de vegetação, considerando apenas as florestas com influência fluvial temporária ou permanente (florestas paludosas, florestas ribeirinhas e campos úmidos), indicadoras de locais úmidos, de ecossistemas ripários, presentes em áreas planas, reconhecidamente diferenciadas do ponto de vista hidrológico e vegetal. A metodologia para identificação da AVA na microbacia deverá guiar-se pelo levantamento dos tipos de vegetação, ao identificar as várzeas, banhados e florestas paludosas, vegetações típicas de áreas planas, baixas e úmidas, que auxilia na localização da zona ripária da microbacia. Propõe-se que o mapa de AVA deve orientar-se segundo método descrito em Zakia et al. (2006) e Franchini et al. (1996), de modo a reproduzir o comportamento hidrológico das sub-bacias, em particular, da dinâmica das áreas de contribuição. O mapa de vegetação deve definir a localização, forma e área dos fragmentos de vegetação. Em seguida, deve ser obedecida a carac-terização fisionômica da vegetação, segundo o Mapeamento das Regiões Fitoecológicas e Inventário Florestal do Estado do Tocantins (SEPLAN, 2013) para categorização dos fragmentos de tipos de vegetação típicos de zonas ripárias. Para a identificação da zona ripária, deverão ser considerados apenas os tipos de vegetação da microbacia que ocorrem em áreas de saturação hídrica temporária ou permanente. 59

68 Finalmente, a zona ripária da microbacia (ATTANASIO et al., 2006) será identificada por meio da localização das Áreas Variáveis de Afluência e da vegetação ripária. Este procedimento deverá ser objeto de ações iniciais a serem delineadas para a Fase D do Plano da Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago. Nessas zonas ripárias, o enquadramento e monitoramento de situação deverão obedecer à necessária classificação de adequação do uso do solo, que indica o grau de intensidade de cultivo que se pode aplicar em um terreno sem que haja diminuição de sua produtividade de água em quantidade e qualidade indicadas pelo mapeamento hidrológico, que definirá a contribuição daquela nascente para a bacia. O mapeamento hidrológico permite determinar o manejo integrado da microbacia e suas áreas hidrologicamente sensíveis sob nova abordagem, com base em diagnóstico mais abrangente que considera, além do aproveitamento agrícola da terra e da análise das características do solo e da declividade, os aspectos hidrológicos e sistêmicos da microbacia hidrográfica. A inclusão do conceito e da delimitação da zona ripária na determinação da adequação do uso do solo e de riscos de degradação ambiental de microbacias resulta em uma análise diferente, relativamente ao que é observado nos métodos convencionais usados que, em geral, não a consideram, acarretando diferenças no planejamento agroambiental da microbacia (ATTANASIO et al, 2012). Dessa forma, os serviços ambientais que o ecossistema ripário desempenha, principalmente no que diz respeito à qualidade e produção de água e à preservação da biodiversidade, correm risco de serem comprometidos se a zona ripária não for considerada pelos gestores. Os objetivos de um plano de manejo integrado de uma bacia são, certamente, compatibilizar o alcance de boas produções agrícolas com a prevenção de impactos ambientais, proteção de zonas sensíveis, preservação de seus serviços ecossistêmicos e restauração de áreas degradadas. Propõe-se o enquadramento das nascentes, por meio do mapeamento hidrológico e definição das zonas ripárias de cada contribuinte principal, em seu trecho de nascente; e do monitoramento através de um Índice de Integridade Ripária (NEISSIMIAN et al, 2008) ou outro índice biótico pertinente: 1. Propõe-se enquadramento das zonas ripárias das nascentes, de acordo com classes de capacidade de uso do solo que indicarão o grau de intensidade de cultivo que se pode aplicar na zona ripária e suas adjacências sem que haja diminuição de sua produtividade de água em quantidade e qualidade indicadas pelo mapeamento hidrológico. 2. Metodologia de identificação da zona ripária da microbacia a partir da localização das Áreas Variáveis de Afluência e do mapeamento da vegetação ripária. 3. Área Variável de Afluência (AVA) representa a zona ripária em áreas declivosas que reproduz o comportamento hidrológico da sub-bacia, em particular da dinâmica das áreas de contribuição 4. Mapa de Vegetação é o levantamento dos tipos de vegetação, que identifica as várzeas, banhados e florestas paludosas, vegetações típicas de áreas planas, baixas e úmidas 5. Enquadramento do uso conservacionista da zona ripária de cada bacia a partir do parâmetro de produtividade de água em quantidade e qualidade necessárias às demandas atuais e futuras da sub-bacia. 6. Resulta na indicação das áreas da sub-bacia que precisam ser protegidas ou áreas cujo manejo agrícola deve ser diferenciado, sob a ótica da hidrologia 7. Monitoramento por Índice de Integridade Ripária, estabelecida a manutenção de tal índice nas condições estabelecidas pelo diagnóstico ou exigidas pelo mapeamento hidrológico. O enquadramento das zonas ripárias deverá obedecer primeiramente seu mapeamento em escala 1:10.000, incluindo-se aí o Mapa de AVA e Mapa de Vegetação. Nesta proposta atual, sugere-se que o mapeamento seja realizado nas nascentes dos rios principais de cada bacia, mostradas na Figura

69 Figura Mapa de localização das nascentes dos principais rios das bacias a serem enquadradas em usos conservacionistas da água. 61

70 Para que não haja impacto sobre a qualidade atual das zonas ripárias, propõe-se que o enquadramento seja realizado por Protocolos de Avaliação da Integridade Ripária (exemplo no Quadro 3.3), até que as indicações sejam feitas pelos mapeamentos hidrológico, de relevo e de vegetação. O Protocolo de Integridade de habitat de Neissimian et al. (2008) é baseado em protocolos como Petersen (1992). É composto por 12 itens, sendo cada item composto por quatro a seis alternativas ordenadas em relação a aspectos perceptíveis da integridade do habitat. Para assegurar que cada item tenha o mesmo peso, os valores observados são padronizados em relação ao máximo valor de cada item. O índice final é o valor médio do total de características do habitat, e é expresso em valores entre 0 e 1 que são diretamente relativos à integridade das condições do habitat (NEISSIMIAN et al., 2008). Quadro 3.3. Protocolo de avaliação do Índice de Integridade da Zona Ripária - HII Categoria Quesito Score 1. Cultivos Agrícolas de ciclo curto/solo exposto 1 2. Cultivos Agrícolas de ciclo longo (culturas 2 perenes) 1) Padrão de Uso da Terra além 3. Pasto 3 da zona de vegetação ribeirinha 4. Capoeira (Floresta secundária com domínio de 4 Vismia) 5. Capoeira (Floresta secundária com domínio de Cecropia) 5 6. Floresta Contínua 6 1. Mata ciliar e arbustos ausentes 1 2) Largura da Mata Ciliar 2. Mata ciliar ausente, mas com alguns arbustos e espécies pioneiras 2 3. Mata ciliar entre 1 a 5m de largura 3 4. Mata ciliar entre 5 e 30m de largura 4 5. Mata ciliar entre 30 e 100 m 5 6. Floresta contínua 6 1. Marcas profundas com ravinas ou voçorocas ao 1 longo de sua extensão 3) Estado de preservação da 2 2. Quebras frequentes, com algumas Mata Ciliar ravinas/vocorocas e barrancos 3 3. Quebras da vegetação ocorrendo em intervalos maiores que 50 m 4. Mata Ciliar intacta, sem quebras na vegetação 4 4) Estado da Mata ciliar dentro de uma faixa de 10m 5) Dispositivos de retenção 6) Sedimentos no canal 1. Vegetação constituída de grama e poucos arbustos 2. Mescla de grama e árvores pioneiras e arbustos 3. Espécies pioneiras mescladas com árvores maduras 4. Mais de 90% da densidade é constituída de árvores não pioneiras 1. Canal de areia e silte soltos, com poucos dispositivos de retenção 2. Dispositivo de retenção solto, movendo-se com o fluxo 3. Rochas e/ou troncos presentes, mas cobertos com sedimento 4. Canal com rochas e/ou troncos firmemente colocados no local 1. Canal divido em tranças ou rio canalizado 2. Barreira de sedimento e pedras, areia e silte comuns 3. Algumas barreiras de cascalho e pedra grandes e pouco silte 4. Pouco ou nenhum alargamento resultante de acúmulo de sedimento Continua... 62

71 Quadro 3.3. Protocolo de avaliação do Índice de Integridade da Zona Ripária HII (continuação) Categoria Quesito Score 1. Margens instável, com solo e areia soltos, facilmente perturbável 2. Margens de terra solta mantidos por uma camada 1 2 7) Estrutura das margens do esparsa de grama e arbustos riacho ou córrego 3. Margens firme, mas coberto por grama e arbustos. 4. Margens estável, com rochas e solo mantido 3 4 firmemente por gramas, arbustos ou raízes de árvores. 5. Margens imperceptíveis 5 1. Escavações severas ao longo do canal, com 1 queda das margens (ou dos barrancos) 8) Escavação da margem 2. Escavações frequentes, subescavações das 2 margens e raízes (buracos nas margens) 3. Escavações apenas nas curvas e em constrições 3 4. Pouca, não evidente, ou restrita a áreas com suporte de raízes 4 1. Fundo uniforme de areia e silte frouxamente 1 unidos, substrato de pedra ausente 2. Fundo de silte, cascalho e areia, estáveis em 2 9) Leito do igarapé alguns locais 3. Fundo de pedra facilmente movível, com pouco 3 silte 4. Fundo de pedras de vários tamanhos, agrupadas, com interstício óbvios 4 10) Áreas de corredeiras e poções ou meandros 11) Vegetação Aquática 12) Detritos 1. Meandros e áreas de corredeiras/poções ausentes ou igarapé canalizado 2. Longos poções separando curtas áreas de corredeiras, meandros ausentes 3. Irregularmente espaçado 4. Distintos, ocorrendo em intervalos de 5 a 7 vezes a largura do igarapé 1. Algas cobrem no fundo, plantas vasculares dominam o canal 2. Tapetes de algas, algumas plantas vasculares e poucos musgos 3. Algas dominantes nos poções, plantas vasculares semi-aquáticas ou aquáticas ao longo das margens 4. Quando presente, consistem de musgos e manchas de algas 1. Sedimento fino anaeróbio, nenhum detrito grosso 2. Nenhuma folha ou madeira, matéria orgânica grossa e fina, com sedimento 3. Pouca folha e madeira, detritos orgânicos finos, floculentos, com sedimento 4. Consistindo principalmente de folhas e material lenhoso, com sedimento Consistindo principalmente de folhas e material lenhoso, sem sedimento As indicações derivadas do HII deverão obedecer às seguintes classes de ocupação e uso: 1. Manutenção dos usos atuais, quando o valor do HII estiver entre 1 0,8; 2. Recuperação das zonas ripárias e mudança nos padrões de usos, quando o valor do HII estiver entre 0,79 0,49; 3. Recomendação de restrição completa, ou seja, sem uso antrópico, quando o valor do HII estiver próximo de 0 (0,49-0). 63

72 3.3. Propostas de Programas de Monitoramento O monitoramento é sem dúvida o instrumento de proteção mais importante dos níveis de qualidade dos recursos hídricos, é um instrumento de gestão no qual se considera que a saúde, o bem estar humano e o equilíbrio ecológico aquático não devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas. Apenas com um monitoramento abrangente será possível fazer gestão da qualidade junto à quantidade, por exemplo, condicionando as outorgas de lançamento aos limites da classe de enquadramento. Conforme a abordagem realista desse Plano de Bacia propõe-se um programa de monitoramento com parâmetros de qualidade específicos para cada tipo de subsistema e tipo de uso prioritário. Assim, apresenta-se na sequência, a abordagem proposta para o monitoramento, a ser detalhada na Fase D Monitoramento do Reservatório Áreas de parques aquícolas Sampaio et al. (2013) propõem, com base no projeto Desenvolvimento de Sistema de Monitoramento para Gestão Ambiental da Aquicultura no Reservatório de Furnas, MG Suporte para a consolidação de indicadores para o plano de monitoramento e gestão ambiental da aquicultura, um Sistema de Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades (CAMPANHOLA, 2003; RODRIGUES, 2009; RODRIGUES et al., 2010) como instrumento de gestão ambiental para o setor. Tal sistema inclui 68 indicadores nas dimensões: organização espacial, qualidade das águas, qualidade dos sedimentos e nutrição e sanidade (Quadro 3.4). Destes indicadores, duas dimensões são relacionadas ao Monitoramento Ambiental, quais sejam: Qualidade das águas e Qualidade dos sedimentos. Quadro 3.4. Sistema de avaliação ponderada de impacto ambiental em reservatório, apresentando os indicadores das duas dimensões de interesse Organização espacial Qualidade das águas Dimensões Qualidade dos sedimentos Manejo, nutrição e sanidade Fonte: Sampaio et al., Indicadores 1. Características locacionais dos tanques-rede 2. Formato e dimensões dos tanques-rede 3. Infraestrutura operacional e equipamentos 1. Transparência 2. Fosfato 3. Clorofila-a 4. Oxigênio dissolvido 5. Coliformes termotolerantes 6. DBO 5 7. PH 8. Nitrato 9. Nitrito 10. Nitrogênio amoniacal total 11. Turbidez 12. Poluição visual da água 13. Impacto de pesticidas 1. Matéria orgânica 2. Fósforo 3. Ka trocável 4. Mg (e Ca) trocável 5. PH 6. Acidez potencial 7. Soma de bases 8. CTC 9. Volume de bases 1. Manejo e operações 2. Arraçoamento 3. Sanidade animal 4. Despesca 5. Qualidade do produto 64

73 O conjunto de indicadores específicos de qualidade ambiental e dos recursos naturais pode parecer extenso e de impacto financeiro à atividade aquícola. No entanto, é importante lembrar que esses indicadores permitem a verificação de índices múltiplos, sejam estes relativos: a) ao impacto ambiental, isto é, à variação no estado do ambiente por implantação da aquicultura: os indicadores de qualidade de água transparência, fosfato e clorofila-a são utilizados no cálculo do IET; os indicadores oxigênio, coliformes termotolerantes, DBO 5, ph, N total, P total, turbidez somados aos parâmetros temperatura e resíduo total permitem o cálculo do ÍQA; b) à adequação do recurso natural para a produção aquícola, isto é, a fonte de água e o tipo de substrato; c) à qualidade do manejo e efetividade das boas práticas, isto é, a qualidade do recurso produtivo; d) aos indicativos da conformidade com a Legislação Ambiental aplicável, ou seja, da geração de resíduos ou poluentes liberados. Propõe-se, então, o monitoramento da atividade por parte do órgão ambiental licenciador balizando-se no Quadro 3.5. Já o monitoramento intensivo e continuado das áreas de influência dos parques aquícolas a montante e jusante de cada parque, têm vistas a dois objetivos: 1. Monitoramento do risco de eutrofização local (pontual) e global do reservatório; 2. Monitoramento da microbiota (fitoplâncton) e ictiofauna nativa na área de influência dos parques aquícolas. O monitoramento do risco de eutrofização é recomendado seguir os procedimentos metodológicos de Lamparelli (2004) para obtenção do Índice de Estado Trófico (IET) para fósforo, clorofila-a e transparência da água, com periodicidade trimestral, obedecendo a sazonalidade típica da região: estação chuvosa, transição chuva-seca ou vazante, estação seca, transição seca-chuva. Os pontos de monitoramento estão considerados nos mapas detalhados abaixo. Já o monitoramento da microbiota (fitoplâncton) e da ictiofauna associada aos parques aquícolas deverá ser dimensionado pela escala produtiva implantada, ou seja, pelo número de tanques em produção, incluindo-se aí as densidades de cada em cada tanque, e parque, e irão requerer estudos de capacidade suporte de cada Parque e do Lago. Minimamente, orienta-se acompanhar as alterações na comunidade de peixes, estabelecer rotas migratórias, identificar habitats utilizados para procriação, verificar distribuição de ovos e larvas, subsidiar medidas de preservação. Para exemplificar, a Figura 3.11 ilustra os pontos de monitoramento propostos no reservatório e nas bacias urbanas de Palmas Quadro 3.5. Resumo do Monitoramento de Parques Aquícolas IET Parâmetro Frequência Sazonal (seca, enchente, chuva, vazante) IQA Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividade de Aquicultura Fitoplâncton Ictiofauna Mensal A critério do orgão licenciador, com base na capacidade suporte do parque aquícola Dimensionada a partir dos dados de IET e dimensões dos parques aquícolas Dimensionada a partir das dimensões dos parques aquícolas 65

74 Figura Proposta de pontos de monitoramento no reservatório e nas sub-bacias urbanas de Palmas. 66

75 Áreas de praias Uma rede de monitoramento, realizada pela empresa que opera a UHE Luis Eduardo Magalhães (Investco) fornece dados de IQA para 17 pontos do lago. A prefeitura municipal de Palmas monitora as cinco praias oficiais do município em termos de balneabilidade. Apesar dos pontos monitorados pela Investco se apresentarem com qualidade boa ou ótima, segundo o IQA, muitos parâmetros apresentam desconformidade. Nas praias de Palmas os parâmetros de balneabilidade estão normalmente em acordo. Apesar da rede de monitoramento já presente alguns parâmetros importantes para os usos pretendidos para a agua do lago não são monitorados. Destaca-se, que algumas praias não oficiais devem ser monitoradas quanto à balneabilidade. Além disto o IQA deve ser monitorado em pontos mãos próximos das bacias urbanas as margens do lagos afim de serem percebidas quaisquer alterações e medidas possam ser aplicadas. No reservatório, próximo as praias e zonas urbanas. Próximo às praias. Parâmetros de balneabilidade e IQA. Periodicidade mensal, conforme o Quadro 3.6. Quadro 3.6. Programa de monitoramento de balneabilidade das praias Ponto Parâmetro Periodicidade OBS P1 IQA e Balneabilidade Mensal e Mensal/semanal Próximo a regiões urbanas. Nas praias. P2 IQA e Balneabilidade Mensal e Mensal/semanal Próximo a regiões urbanas. Nas praias. P3 IQA e Balneabilidade Mensal e Mensal/semanal Próximo a regiões urbanas. Nas praias. P4 IQA e Balneabilidade Mensal e Mensal/semanal Próximo a regiões urbanas. Nas praias. P5 IQA e Balneabilidade Mensal e Mensal/semanal Próximo a regiões urbanas. Nas praias Monitoramento das Bacias Urbanas Nos corpos hídricos onde existem ETAs o monitoramento será realizado a montante das estações, levando-se em consideração os parâmetros da Resolução Conama n 357/05, com periodicidade mensal. E nos corpos hídricos onde existem ETEs, o monitoramento será realizado a jusante das estações, levando-se em consideração os parâmetros da Resolução Conama n 430/11, no ponto de lançamento e os parâmetros da Resolução Conama n 357/05 em pontos situados a montante e a jusante do ponto de lançamento. Tudo com uma periodicidade mensal conforme apresentado no Quadro 3.7. Quadro 3.7. Proposta dos pontos de monitoramento, seus parâmetros e periodicidade, para as bacias urbanas de Palmas Corpos hídricos onde há ETAs Ponto Parâmetro Periodicidade Posição A1 Todos da norma Conama 357 Mensal Montante A2 Todos da norma Conama 357 Mensal Montante A3 Todos da norma Conama 357 Mensal Montante A4 Todos da norma Conama 357 Mensal Montante Corpos hídricos onde há ETEs Ponto Parâmetro Periodicidade Posição E1 Todos da norma Conama 430 Mensal Jusante E2 Todos da norma Conama 430 Mensal Jusante E3 Todos da norma Conama 430 Mensal Jusante 67

76 Monitoramento das Bacias Rurais Ao contrário das bacias urbanas, não há qualquer tipo de monitoramento da qualidade da agua nas bacias rurais. Isto torna a necessidade de ações de monitoramento urgente. Como não há parâmetros de monitoramento em quantidade e periodicidade, todos os corpos destas bacias são enquadrados como de classe 2. Sabe-se, porém, que a tendência de aumento da utilização de agroquímicos é crescente e a alteração da qualidade destas águas é iminente, se é que já não está ocorrendo. Para que se possa acompanhar eventuais alterações e prever ações nesses locais, uma rede de monitoramento, com parâmetros mínimos, deve ser implementada. Propõe-se o monitoramento em pelo menos um ponto por sub-bacia rural, preferencialmente, na foz dos principais corpos hídricos de cada sub-bacia. É previsto o monitoramento de parâmetros como matéria orgânica, nutrientes e pesticidas, com periodicidade trimestral em todas as sub-bacias rurais Monitoramento das Nascentes Seguindo a abordagem de conservação de nascentes, os trechos de cabeceira dos rios principais deverão ser monitorados de forma rápida e eficaz, dada à extensão da bacia. Assim, propõem-se protocolos de biomonitoramento rápidos como aqueles recomendados pela USEPA (Rapid Bioassessment Protocols for Use in Wadeable Streams and Rivers: Periphyton, Benthic Macroinvertebrates, and Fish, 1999) ou o Índice de Integridade Ripária (NEISSIMIAN, 2008). Quadro 3.8. Proposta de monitoramento de nascentes dos rios principais Parâmetro Periodicidade Posição Índice de Integridade Ripária (HII) Anual trecho de 100 metros dos riachos de 1ª ordem 68

77 69

78 Considerações Finais É usual organizar um Plano de Bacia Hidrográfica em três partes, a primeira tratando do Diagnóstico, a segunda do Prognóstico e a terceira e última efetivamente orientada à formulação do Plano de Metas e Ações. No entanto o formato de quatro etapas do Plano da Bacia hidrográfica do Entorno do Lago permitiu um olhar crítico sobre a realidade política e econômica da região em estudo, resultando em uma etapa complementar bastante realista sobre as Diretrizes e Alternativas de Compatibilização das Disponibilidades e Demandas. A discussão sobre as diretrizes a serem adotadas no Plano de Bacia e posteriormente na operacionalização da gestão dos recursos hídricos se deu no sentido de tornar o plano possível de ser executado. Trata-se, portanto de um plano realista com ações efetivas, preocupado com a institucionalização das metas aqui apresentadas e discutidas. A discussão em torno das diretrizes levou em consideração não apenas a situação local dos recursos hídricos no Entorno do Lago, mas o cenário de crise hídrica nacional, que vem sistematicamente ocupando espaço na mídia em todas as partes do Brasil. Foi feito um estudo abrangente dos problemas enfrentados no Estado do Tocantins e também em outras regiões do país e assim, foram definidas as diretrizes gerais: Integração da gestão de recursos hídricos e meio ambiente; Garantia da segurança hídrica para o desenvolvimento socioeconômico; Inserção dos municípios na gestão integrada dos recursos hídricos; Consideração dos subsistemas hídricos: reservatório, bacias urbanas e bacias rurais; Abordagem de sistema; Estratégia realista; e Meta em um cenário normativo atemporal. Confirmou-se o potencial dos diagramas de relacionamentos para traduzir graficamente o cenário que nos aguarda e o cenário que queremos fazer. Os cenários normativos foram construídos comparando-se o cenário tendencial, que teremos daqui a 20 anos, em 2035, com o futuro que queremos e concordamos que podemos fazer. Atendendo uma diretriz do plano de bacia, as discussões e a construção dos cenários foram estabelecidas para cada um dos três subsistemas hídricos da Bacia do Entorno do Lago: o reservatório, as bacias urbanas e as bacias rurais. Como resultado, foram construídos diagramas dos cenários normativos que facilitam, sobremaneira, a visualização das metas que deverão ser alcançadas a partir da execução das ações propostas no Plano. Pautando-se nos usos prioritários de cada subsistema hídrico, definidos em conjunto com o Comitê de Bacia Hidrográfica, foi elaborada uma proposta de enquadramento realista, mas com foco na preservação das nascentes e em um programa de monitoramento de parâmetros específicos para os principais usos da bacia. Uma simplificação foi necessária, uma vez que sendo a outorga de direito de uso ainda pouco representativa da demanda, desconhecem-se a localização exata dos usuários de água ao longo dos cursos d água, impossibilitando o enquadramento trecho a trecho, na bacia hidrográfica. Outro ofensor ao enquadramento dos corpos hídricos foi a escassez de informações contínuas sobre a qualidade da água na bacia, de forma que junto às discussões de enquadramento, foi elaborada uma proposta de monitoramento de parâmetros específicos de qualidade da água em acordo com o tipo de uso prioritário de cada subsistema hídrico: abastecimento, saneamento, praias e parques aquícolas no reservatório, irrigação e dessedentação animal nas bacias rurais e o abastecimento humano nas bacias urbanas. 70

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