UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO CLAYTON DANIEL MASQUIETTO

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1 UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO CLAYTON DANIEL MASQUIETTO ANÁLISE DA CENTRALIDADE E DA DENSIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO ÁLCOOL DE PIRACICABA (APLA) PIRACICABA 2009

2 CLAYTON DANIEL MASQUIETTO ANÁLISE DA CENTRALIDADE E DA DENSIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO ÁLCOOL DE PIRACICABA (APLA) Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Administração da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração. Campo de conhecimento: Estudos Organizacionais e de Negócios Orientador: Prof. Dr. Mário Sacomano Neto PIRACICABA 2009

3 Masquietto, Clayton Daniel Análise da centralidade e da densidade do Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA)/ Clayton Daniel Masquietto f. Orientador: Mário Sacomano Neto Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Gestão e Negócios - Universidade Metodista de Piracicaba 1. Arranjos Produtivos Locais. 2. Análise de Redes. 3. Medidas de Redes. I. Sacomano Neto, Mário. II. Dissertação (Mestrado). III. Título

4 CLAYTON DANIEL MASQUIETTO ANÁLISE DA CENTRALIDADE E DA DENSIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO ÁLCOOL DE PIRACICABA (APLA) Dissertação apresentado ao curso de Mestrado Profissional em Administração da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração. Campo de conhecimento: Estudos Organizacionais e de Negócios Data do Exame de Qualificação: / / Banca Examinadora: Prof. Dr. Mario Sacomano Neto (orientador) Universidade Metodista de Piracicaba Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani Universidade Metodista de Piracicaba Prof. Dr. Mauro Rocha Côrtes Universidade Federal de São Carlos

5 Dedico este trabalho à Juliana, um anjo que me trouxe motivação e paz para finalizar esta importante etapa de minha vida.

6 AGRADECIMENTOS É muito difícil agradecer a todas pessoas pessoas que diretamente contribuír para a realização desta pesquisa, mas gostaria citar em especial: Ao meu orientador Prof. Dr. Mário Sacomano Neto, pela dedicação, apoio e por acreditar em meu potencial paraa realização deste trabalho. Aos professores que participaram da banca examinadora, Prof. Dr. Mauro Rocha Côrtes (UFSCar), Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani, (UNIMEP) e Prof. Dr. Mateus Canniatti Ponchio, pelas contribuições oferecidas. Aos professores e amigos Francisco Constantino Crocomo, Júlio Cesar Tranquilim e Angela Maria Corrêa, pelo incentivo, apoio e compreensão no transcorrer do trabalho. Ao aluno do Curso de Negócios Intenacionais da UNIMEP Danilo Domiciano, pela colaboração no processo de coleta de dados. Ao Sr. José Antonio de Godoy, Presidente do APLA pela colaboração oferecida para a realização do trabalho. Aos gestores Mário Cesar Mendes, Paulo Estevam Camargo, Reginaldo Coletti, José Edgard Camolese, Paulo Leite, Edenir Tabai, Jorge Luiz Zanatta e Alex Salvaia, pelarica colaboração ao responderem o questioáriode pesquisa. Aos colegas de curso, em especial Fábio Camozzi e Fábio Bergamo, pela amizade e companheirismo. Aos meus pais, pelo incentivo e paciência oferecidos em todos os momentos de minha vida. E sobretudo à Deus.

7 RESUMO O objetivo do presente estudo é analisar a centralidade e a densidade da rede de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA). O estudo busca identificar o conjunto de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) e a possibilidade de formação das redes verticais, horizontais e interpessoais. Os arranjos produtivos locais são definidos como aglomerações de empresas especializadas num mesmo território, que mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais e instituições, como universidades, governo, associações e instituições de crédito. Embora o estudo das formas de aglomerações seja tradicionalmente tratado no campo da economia, tem crescido essa preocupação nos estudos em administração, sob a perspectiva das redes. Porém, ao estudar um APL por meio da análise de redes leva-se em conta que os posicionamentos estrutural e relacional dos atores em uma determinada rede compreendem diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Nesse sentido é realizada uma análise estrutural da rede de empresas que compõe o APLA, através de uma proposta de mensuração das propriedades de centralidade, isto é, posição relativa dos atores em uma rede, e de densidade, isto é, extensão da interconexão entre os atores da rede. Essa análise permite uma melhor compreensão de como os atores e a rede se comportam e como as relações influenciam nesse comportamento no APL em questão. A metodologia de pesquisa se caracteriza sob perspectiva cognitivista, descritiva, exploratória e qualitativa, realizada através de uma pesquisa de campo baseada numa amostragem não probabilística por conveniência com 7 empresas diretas e 22 indiretas. Utilizam-se também matrizes, sociogramas e gráficos para mensuração das propriedades de centralidade e densidade do APLA, descrição e compreensão da rede de empresas que compõe o Arranjo. Como resultado da pesquisa pode-se afirmar a existência de uma rede integrada de relações no contexto do APLA, embora difusa, sendo caracterizada pela maior freqüência relações cooperativas e interpessoais em relação às interações comerciais. Também é possível ponderar que a formalização do APLA e as ações realizadas a partir deste marco institucional contribuíram com fundamental importância para constituição da rede integrada visível no conjunto de empresas analisado na presente pesquisa. O estudo propicia ainda o levantamento das estratégias de posicionamento de diferentes atores dentro do Arranjo. Palavras-Chave: arranjos produtivos locais, análise de redes, centralidade e densidade.

8 ABSTRACT The objective of this study is to analyze the centrality and density of the network of companies that make up the Local Productive Arrangement of Alcohol Piracicaba (APLA). The study seeks to identify all the companies that make up the Local Productive Arrangement of Alcohol Piracicaba (APLA) and the possibility of formation of vertical networks, horizontal and interpersonal. The local production arrangements are defined as agglomerations of specialized firms in the same territory, which maintain a bond of articulation, interaction, learning and cooperation among themselves and with other local actors and institutions such as universities, government, associations and credit institutions. Although the study of the forms of settlements is traditionally treated in the field of economy, this concern has grown in studies in administration, from the perspective of networks. However, the APL a study by the analysis of networks it takes into account the relational and structural positions of actors in a network includes different possible configurations of the processes of exchange. In this sense it made a structural analysis of the network of companies that make the APLA, through a proposal for measuring the properties of centrality, the relative position of actors in a network, and density, extent of interconnection between actors of the network. This analysis allows a better understanding of how the actors and the network they behave and how the relationships that influence behavior in APL concerned. The methodology of research is characterized under cognitive perspective, descriptive, exploratory and qualitative, conducted through a field research based on non-probabilistic by convenience sampling with 7 direct and 22 indirect business. It is used also dies, sociogramas and charts to measure the properties of centrality and density of APLA, description and understanding of the network of companies that make the arrangement. As a result of research can be said that there is an integrated network of relationships in the APLA, but diffuse, characterized by more frequent cooperative relationships and interpersonal interactions in relation to trade. You can also consider that the formalization of APLA and the actions performed from the institutional framework contributed crucial for formation of integrated network visible in the number of companies analyzed in this study. The study also provides strategies for the removal of the positioning of different actors within the arrangement. Keywords: cluster, analysis of networks, centrality and density.

9 LISTA DE QUADROS Quadro Características das Aglomerações Quadro Empresas Participantes da Pesquisa de Campo Quadro Empresas Citadas na Pesquisa de Campo Quadro Distribuição de Empresas da Amostra na Cadeia Produtiva Sucroalcooleira Quadro Amostra Final Quadro Cadeia Produtiva Sucroalcooleira Quadro Identificação do Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba Quadro Distribuição de Empresas do APLA na Cadeia Produtiva Sucroalcooleira 129

10 LISTA DE TABELAS Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Vertical Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Vertical Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamentos Vertical Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Vertical Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Verticais Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Horizontal Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Horizontal 139 Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamentos Horizontal Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Horizontal Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Horizontais Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Tipo de Atividade de Cooperação Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Interpessoal Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Interpessoal Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamentos Interpessoal Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Interpessoal Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Interpessoais Tabela Distribuição da Amostra por Tipo de Informação Trocada Tabela Distribuição da Amostra por Tipo de Relação entre os Gestores Tabela Distribuição da Amostra por Freqüência de Relação entre os Gestores Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Integrada Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Integrada Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamentos Integrada Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Integrada Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Tabela Comparativo da Densidade entre a Rede Vertical e a Rede Horizontal Tabela Comparativo da Centralidade de Grau entre a Rede Vertical e a Rede Horizontal Tabela Comparativo da Centralidade de Intermediação entre a Rede Vertical e a Rede Horizontal Tabela Comparativo da Centralidade de Proximidade entre a Rede Vertical e a Rede Horizontal Tabela Comparação da Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Verticais e Horizontais

11 Tabela Comparativo da Densidade entre a Rede Interpessoal e a Rede Vertical Tabela Comparativo da Densidade entre a Rede Interpessoal e a Rede Horizontal 172 Tabela Comparativo da Centralidade de Grau entre a Rede Interpessoal e a Rede Vertical Tabela Comparativo da Centralidade de Grau entre a Rede Interpessoal e a Rede Horizontal Tabela Comparativo da Centralidade de Intermediação entre a Rede Interpessoal e a Rede Vertical Tabela Comparativo da Centralidade de Intermediação entre a Rede Interpessoal e a Rede Horizontal Tabela Comparativo da Centralidade de Proximidade entre a Rede Interpessoal e a Rede Vertical Tabela Comparativo da Centralidade de Proximidade entre a Rede Interpessoal e a Rede Horizontal Tabela Comparação da Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Interpessoais, Verticais e Horizontais

12 LISTA DE FIGURAS Figura Índice de Especialização Figura Quociente Locacional Figura Criação do Conhecimento Organizacional Figura Exemplo de Entrada no UCINET Figrua Exemplo de Saída no NetDraw Figura Fases de Produção do Álcool Combustível Figura Sociograma da Rede de Relacionamentos Vertical Figura Distribuição da Amostra por Tipo de Transação Figura Sociograma da Rede de Relacionamentos Horizontal Figura Distribuição da Amostra por Tipo de Relação Horizontal Figura Sociograma da Rede de Relacionamentos Interpessoal Figura Sociograma da Rede de Relacionamentos Integrada Figura Sociograma Integrado das Redes de Relacionamentos Vertical e Horizontal Figura Sociograma Integrado das Redes de Relacionamentos Interpessoal e Vertical Figura Sociograma Integrado das Redes de Relacionamentos Interpessoal e Horizontal

13 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS APEX Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos APL Arranjo Produtivo Local APLA Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba ARS Análise de Redes Sociais CDPA Comissão de Defesa da Produção Açucareira CENA Centro de Energia Nuclear na Agricultura CNAE Classificação Nacional de Atividade Econômicas CTC Centro Tecnológico da Copersucar EEP Escola de Engenharia de Piracicaba ESALQ Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" FAPESP Fundação de Amparo da Pesquisa do Estado de São Paulo FATEC Faculdade de Tecnologia de Piracicaba FEE Fundo Especial de Exportação FOP Faculdade de Odontologia de Piracicaba FUMEP Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba IAA Instituto do Açúcar e do Álcool IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MTE Ministério de Trabalho e Emprego OMC Organização Mundial de Comércio P&D Pesquisa e Desenvolvimento PIB Produto Interno Bruto PLANALSUCAR Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool QL Quociente Locacional RAIS Relação Anual de Informações Sociais REDESIST Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SIMTEC Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira SPILs Sistemas Produtivos e Inovativos Locais UNICAMP Universidade Estadual de Campinas UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba

14 SUMÁRIO Pag... 1 INTRODUÇÃO Problema e questões de pesquisa Objetivos geral e específicos Justificativas Metodologia da pesquisa Estrutura do trabalho AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS E ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS Introdução a aglomerações produtivas Formas de aglomerações produtivas Desenvolvimento regional Caracterização de arranjos produtivos locais (APLs) Economias externas Identificação de arranjo produtivo local Formas de governança Difusão do conhecimento e inovação Capital social Arranjos produtivos locais e redes sociais ANÁLISE DE REDES Introdução a redes Análise de redes Propriedades e morfologia das redes Medidas de redes CENTRALIDADE E DENSIDADE EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS Relações, medidas e análise da centralidade e densidade Relações em arranjos produtivos locais Formas de mensuração da centralidade de densidade em arranjos produtivos locais Possibilidades de análise da centralidade e da densidade em arranjos produtivos locais Proposta de mensuração da centralidade e densidade em APLs Caracterização do arranjo produtivo local Relações verticais, horizontais e informais do APL Medidas de densidade e de centralidade em APLs Softwares e instrumentos de análise para APLs METODOLOGIA E DELINEAMENTO DA PESQUISA Caracterização do tema e da pesquisa Metodologia de pesquisa Plano de pesquisa Caracterização da amostra Questionário e coleta de dados

15 6 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO ÁLCOOL DE PIRACICABA (APLA) A indústria sucroalcooleira no Brasil A indústria sucroalcooleira em Piracicaba A cadeia produtiva sucroalcooleira em Piracicaba O arranjo produtivo local de álcool de Piracicaba (APLA) RESULTADOS DA PESQUISA Análise das redes de relacionamentos vertical, horizontal e interpessoal Análise da rede de relacionamentos vertical Análise da rede de relacionamentos horizontal Análise da rede de relacionamentos interpessoal Análise da rede de relacionamentos integrada Análise integrada das redes de relacionamentos vertical e horizontal Análise integrada das redes de relacionamentos interpessoal, vertical e horizontal CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO 1 Questionário

16 16 1 INTRODUÇÃO As vantagens referentes à localização geográfica das empresas, já evidenciadas por teóricos como Marshall no início do século XX, vem ganhando maior representatividade na economia contemporânea. De acordo com Fuini (2006), a noção de competitividade incorpora fatores situados fora do âmbito das empresas, considerando-se então, as externalidades advindas da aglomeração de empresas, como: infra-estrutura, aparato político institucional e regulatório, centros de educação e formação de mão de obra qualificada, além dos elementos não mercantis do ambiente territorial, tais como práticas cooperativas não formais e vínculos entre empresas e instituições. Nesse sentido, Porter (1989) vislumbra na dimensão territorial um elemento ativo da vantagem competitiva, em que os setores mais competitivos de uma nação se concentram geograficamente em certas cidades e regiões na forma de agrupamentos, como visto no Vale do Silício e na Terceira Itália. Ao mesmo tempo o processo de globalização em curso na economia atual, como indica Amato Neto (2000), vem impondo aos agentes produtivos a busca de novos conceitos e de novas formas de pensar a organização produtiva, não somente em termos microeconômicos, mas também na perspectiva de novos tipos de estruturas organizacionais mais enxutas, flexíveis e permeadas pelo ambiente externo. Assim, diferentes formas de cooperação e competição, além dos avanços tecnológicos, vêm transformando as estruturas organizacionais das empresas, bem como os modelos de negócios, fazendo com que as organizações busquem nas informações base para uma maior absorção de conhecimento, que surge como aspecto fundamental neste processo de mudanças (CHIOCHETTA, 2005). Neste sentido, conforme Amato Neto (2000) destaca, uma das principais tendências relativas às novas formas de organização produtiva envolvem novas formas de relações interempresas, ou seja, redes de empresas. As redes de empresas dizem respeito a novos padrões, tanto de localização de investimentos que rompem com as tradicionais tendências baseadas em critérios convencionais das vantagens competitivas tradicionais de oferta abundante de matériasprimas e de mão-de-obra baratas, como de proximidade com um mercado consumidor favorável. Assim, os Arranjos Produtivos Locais (APLs) emergem como importantes exemplos de relações interempresas, sendo as aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam

17 17 vínculos e interdependência. Os APLs geralmente envolvem a participação de empresas, que podem ser produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes e suas variadas formas de representação e associação, incluindo, também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para a formação e capacitação de recursos humanos; pesquisa e desenvolvimento; política, promoção e financiamento (REDESIST, 2006). Conforme define o SEBRAE (2006, p. 1), APLs são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Embora as primeiras idéias sobre aglomerações tenham sido apresentadas por Alfred Marshall em seu livro Principles of Economics, primeiramente publicado em 1920, isto é, mesmo que a importância das relações interempresas já tenham sido diagnosticadas no início do século XX, quando se fala na emergência dos APLs como importantes exemplos de relações interempresas no Brasil, tem-se em mente salientar a relevância das caraterísticas de "local" e de "especialização" embutidas em diferentes aglomerações. Neste sentido, segundo Noronha e Turchi (2005), a abordagem de arranjos produtivos locais explicita distinções em relação a outras abordagens de aglomerações, tais como a de cadeias produtivas, na qual é dada ênfase à relação vertical do sistema produtivo, independentemente de sua delimitação espacial ou "local", e abordagem mais comum de "cluster", cuja ênfase nos principais estudos não é a presença de especialização, mas justamente a concentração de boa parte da cadeia produtiva em uma determinada região. Assim, os esforços empenhados para o desenvolvimento em APLs buscam melhor alocar as ações de promoção de desenvolvimento, complementando as políticas para o desenvolvimento de cadeias de empresas e regiões, e atuando de forma a focar as iniciativas institucionais locais na redução da multiplicidade de esforços, otimizando a alocação de recursos, promovendo o compartilhamento de objetivos comuns e a consolidação de boas práticas de desenvolvimento local (CHIOCHETTA, 2005). Considerando, como já expresso, o APL no contexto dos crescentes esforços por parte dos agentes econômicos em busca de novos conceitos e novas formas de pensar a organização

18 18 produtiva, seu estudo acaba interligando aspectos de diferentes áreas de conhecimento, tais como economia, sociologia, engenharia de produção, administração de empresas entre outras. Neste sentido, considerando-se o APL como uma forma de aglomeração de empresas, deve-se considerar que este conceito e essa forma de organizar a produção tornaram-se mais articulado com o passar do tempo, sendo que um importante passo nesta direção, segundo Cassiolato e Szapiro (2003), foi a ligação da idéia de aglomeração com a de redes. Tendo como base a experiência japonesa e da Terceira Itália, a cooperação entre agentes ao longo da cadeia produtiva passa a ser cada vez mais destacada como elemento fundamental na competitividade. Porém, apesar da ênfase na cooperação, não se pode esquecer que autores como Porter (1999), ao desenvolverem a idéia de cluster, destacavam também a idéia de rivalidade, ou concorrência, entre empresas como estimulador da competitividade. Portanto, estudar um APL sobre a perspectiva de redes de empresas 1 implica, segundo Garcia e Mendez (2004), a aceitação de um enfoque metodológico baseado no estudo de sistemas produtivos formados pelas relações mantidas entre os atores que os compõem. Nestes sistemas, as relações entre os agentes constituem a base dos intercâmbios, comerciais ou de outro tipo, tal como, de informação, conhecimento, entre outros. Por este motivo, as redes de empresas são cruciais para compreender a caracterização e o funcionamento do arranjo e para desenhar estratégias e políticas públicas para seu crescimento e desenvolvimento. Porém, ao estudar um APL por meio da análise de redes 2 deve-se levar em conta que os posicionamentos estrutural e relacional dos atores em uma determinada rede compreendem diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Assim, Wasserman e Faust (1994) consideram que a análise de redes fornece uma série de medidas para a análise da estrutura e das relações entre os atores participantes da rede. Entre as principais medidas estruturais lembradas por Wasserman e Faust (1994) encontram-se a centralidade, em suas diferentes vertentes de mensuração, e a densidade. Neste sentido, Steiner (2006) pondera que a medida de centralidade é uma medida que carateriza a posição relativa dos atores em uma rede, ou seja, esta centralidade é mais elevada a partir do 1 Redes de empresas, segundo Brito (2002, p. 347), "refere-se a arranjo interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos entre empresas formalmente independentes, que dão origem a uma forma particular de cooerdenação das atividade econômicas". 2 Análise de redes se refere a um método analítico que baseia-se, segundo Britto (2002, p. 350), "em uma perspectiva de análise que ressalta a dimensão social das relações entre empresas e seus possíveis desdobramentos sobre a conformação institucional do ambiente econômico e sobre o padrão de conduta dos agentes".

19 19 momento em que o ator está conectado a um número maior de outros atores. Já a densidade de uma rede diz respeito ao número de vínculos observados frente ao número de relações possíveis. Entre outros conceitos, a análise das redes fornece um aparato teórico metodológico para o estudo do Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba. 1.1 Problema e questões de pesquisa O problema de pesquisa foi formulado através de uma ampla análise do objeto de estudo, isto é, através de uma extensa análise bibliográfica sobre análise de redes e arranjos produtivos locais. Considerando que o problema de pesquisa pode surgir da curiosidade e vivência do pesquisador em seu ambiente de trabalho, a definição da situação problemática passou, não necessariamente na mesma ordem, pelas fases citadas por Roesch (1999): 1) caracterizar o APLA, historiando a sua evolução; 2) caracterizar o ambiente, ou mercado, do APLA; 3) historiar os antecedentes do problema; 4) apresentar as evidências sobre os efeitos do problema em aspectos do APLA; 5) identificar para quem a situação representa um problema; 6) estabelecer o foco do projeto e seus limites. Os APLs suscitam inúmeros problemas de pesquisa pela sua complexidade. Nesta pesquisa a preocupação gira em torno do posicionamento estrutural dos diversos atores do APL envolvidos na pesquisa. Desta forma, seguindo as considerações de Cassiolato e Szapiro (2003), articula-se o conceito de APL com a abordagem de análise de redes. Uma vez que, conforme Wasserman e Faust (1994), a análise de redes fornece uma série de medidas para o estudo da estrutura de uma rede e consequentemente de uma determinada aglomeração. O posicionamento estrutural dos atores em uma determinada rede compreende diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Segundo Sacomano Neto e Truzzi (2004), é possível participar não só de uma rede altamente conectada com relações de longo prazo, mas também de uma rede difusa e conseguir informações novas e não redundantes. Nesse sentido, dimensionar as propriedades estruturais da rede permite compreender qual o posicionamento mais adequado ao contexto de uma organização. Neste sentido, entre as principais medidas estruturais, elencadas por Wasserman e Faust (1994), encontram-se a centralidade e a densidade, sendo que a centralidade é uma medida que

20 20 carateriza a posição relativa dos atores em um uma rede, enquanto a densidade diz respeito à mensuração da quantidade de relações possíveis em uma aglomeração que é concretizada. O presente trabalho partindo da premissa de que a análise de redes fornece uma série de medidas para a análise da estrutura e das relações entre os atores participantes de um determinado arranjo, sendo que entre as principais medidas estruturais encontram-se a centralidade e a densidade de uma rede, entende que a mensuração e a análise de tais medidas permitem identificar e entender importantes características da rede. Desta forma remete-se ao seguinte problema de pesquisa: como podem ser mensuradas a centralidade e a densidade de um Arranjo Produtivo Local de forma que permita compreender como os atores e a rede se comportam e como as relações influenciam nesse comportamento? Levando em consideração a escolha do Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) como objeto de pesquisa, tendo em vista as lacunas nos estudos sobre este arranjo, principalmente em relação às características das relações entre o conjunto de empresas que o compõe e considerando a proposta de mensuração da centralidade e da densidade deapls a ser apresentada no presente estudo trabalha-se com as seguinte questões de pesquisa: 1. O conjunto de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constitui uma rede vertical? Se positivo, até que ponto a constituição formal do APLA auxiliou na formatação desta rede? 2. O conjunto de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constitui uma rede horizontal? Se positivo, até que ponto a constituição formal do APLA auxiliou na formatação desta rede? 3. As relações interpessoais tomadas pelas pessoas que participam do conjunto de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constituem uma rede informal de informações? Se positivo, até que ponto a constituição formal do APLA reforçou e expandiu esta rede? Em complemento a tais questões de pesquisa, fazem-se necessários levantar outros pontos que permitam uma melhor caracterização de cada rede de relacionamento: 1) Considerando a rede de relacionamento vertical, também denominada rede cliente-fornecedor, que relações dizem respeito à compra e que relações dizem respeito à venda? 2) Levando em conta a rede de relacionamento horizontal, também denominada cooperativa, existem relações entre concorrentes ou empresas do mesmo setor? Que tipo de atividades de cooperação são desenvolvidas com os

21 21 diferentes atores do Arranjo? 3) Levando em consideração a rede de relacionamento informal, também denominada interpessoal, que informações são trocadas entre as pessoas? Com que freqüência as pessoas trocam estas informações? Qual o tipo de relação existente entre as pessoas que trocam informações? 1.2 Objetivos geral e específicos A presente pesquisa, com base no entendimento do papel e da relevância das medidas de rede no estudo de APLs, tem como objetivo analisar as propriedades de centralidade e de densidade da rede de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA). É importante salientar que no presente trabalho quando se menciona que se pretende analisar a centralidade está se condicionando ao estudo de três variações desta medida: centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade. Desta forma, foram analisadas na pesquisa a centralidade e a densidade das redes de relacionamentos verticais, horizontais e interpessoais. Para atingir o objetivo geral se faz necessário realizar os seguintes objetivos específicos: 1. Realizar um aprofundamento na revisão teórica sobre análise e medidas das redes e Arranjos Produtivos Locais; 2. Caracterizar a cadeia produtiva do álcool e o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA); 3. Propor uma forma de mensuração e análise das medidas de centralidade e densidade na rede de empresas que compõe o APLA; 4. Medir a centralidade e a densidade da rede de empresas que compõe o APLA; 5. Analisar as medidas de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade, referentes às redes de relacionamentos vertical, horizontal e interpessoal do APLA, separadamente; 6. Analisar as medidas de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade, referentes à rede de relacionamentos integrada, ou seja, a soma das três redes de relacionamento avaliadas no APLA;

22 22 7. Realizar a análise comparativa e correlacional das medidas de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade, da rede vertical com a rede horizontal e com a rede interpessoal do APLA. 1.3 Justificativas É importante salientar que tal estudo se justifica tanto pela importância da aplicação de medidas de rede para melhor entender a caracterização e o funcionamento de um APL, quanto pelo caráter recente da organização do Arranjo Produtivo do Álcool em Piracicaba, que se encontra neste momento em etapa de implantação. Discorrendo com maior detalhe sobre os pontos que justificam o presente estudo, deve-se salientar o crescente interesse pelos estudos em rede de empresas, levando em conta a capacidade do conceito de estruturas em rede captar a sofisticação das relações interindustriais que caracteriza a dinâmica econômica contemporânea representada por tendências, tais como toyotismo, flexibilização e avanço da tecnologia de informação (BRITTO, 2002). Portanto, considerando-se a dimensão técnico-produtiva das redes de empresas, levanta-se a necessidade do aperfeiçoamento da logística de coordenação dos fluxos produtivos no interior destes arranjos, ou seja, a integração entre as diferentes atividades produtivas que formatam determinada rede (BRITTO, 2002). Entendendo-se a centralidade e a densidade como propriedades estruturais da rede, que dizem respeito aos relacionamentos existentes dentro de uma determinada aglomeração de empresas, pode-se, através de sua análise, identificar e entender importantes características da rede. Neste sentido, a centralidade pode apontar para atores mais poderosos dentro do arranjo, enquanto a densidade aponta para um maior volume de relações entre os atores, além de permitir detectar os atores com o acesso a recursos escassos ou a capacidade de cooperar com vários outros atores (LEVINE; KURZBAN, 2004). Ainda deve-se destacar, segundo Martes et alli (2006), que na área de Administração, mais especificamente no que diz respeito aos estudos organizacionais, ainda são poucos os trabalhos nacionais que fazem uso da metodologia específica de rede para analisar intensidade e características estruturais das relações.

23 23 Pensando-se em aglomerações de empresas, se faz importante apontar a emergência dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) como importantes exemplos de formatação de redes que contemplam relações interempresarias (REDESIST, 2006). Também deve-se ressaltar que o caráter recente da organização do Arranjo Produtivo do Álcool em Piracicaba, proporciona muitas possibilidades de estudo, que inclusive poderão auxiliar no próprio desenvolvimento do Arranjo. 1.4 Metodologia da pesquisa A metodologia da pesquisa será amplamente apresentada no quarto capítulo do presente trabalho. No sentido de adiantar algumas escolhas metodológicas, o presente trabalho caracterizase por seguir uma linha cognitivista, descritiva e exploratória. Pensando-se em delineamento de pesquisa, primeiramente deve-se considerar que o conceito de redes encerra em si abrangência e subjetividade. Isto é, não existe um consenso se as redes são metáforas, métodos ou uma teoria, sendo possível pensar nas redes como uma metáfora para se compreender relações das mais variadas, entretanto, as redes também podem ser consideradas teorias, à medida que evoluem nos métodos e na sistematização de suas análises. Também se deve considerar que o estudo de redes atribui uma ênfase importante aos atores e aos processos de produção de conhecimentos na construção do sentido de organização ou, em outras palavras, no processo produtivo da sociedade. Assim, considerando a subjetividade inserida no tema e a característica processual e construtivista, segundo Bastos (2002), se enxerga grande proximidade com a ênfase cognitiva comum nas ciências sociais nas décadas recentes, quando pesquisadores de diferentes disciplinas passam a voltar sua atenção para os aspectos epistemológicos, representacionais e construídos da vida social. Portanto, ao seguir concepções cognistivistas, de acordo com Bastos (2002), o estudo passa a ser resultado de um processo de abstração, cerne da atividade simbólica representada pelas metáforas que envolve o conceito de redes. Ou seja, não busca elaborar um modelo que reflita uma cópia exata do ambiente organizacional de um Arranjo Produtivo Local, mas sim uma representação da realidade extraída das interpretações construídas no decorrer da pesquisa. Portanto, segue linhas interpretativistas, tendo em vista que a realidade está sempre em mudança,

24 24 principalmente quando se parte da idéia que esta é derivada da transmissão de informações que levam a uma forma e a uma atividade sempre em mudança, mas também pela natureza inferencial dos mecanismos envolvidos em seu desenvolvimento. Metodologicamente, embora o estudo possua perspectivas cognitivistas, ou seja, se aproxime de uma análise qualitativa, será lançada mão de técnicas quantitativas de análises no decorrer da pesquisa. Assim, o trabalho utilizará de técnicas matemáticas, como matrizes, diagramas, gráficos, entre outras, por essas permitirem uma descrição mais adequada e concisa das características do objeto de análise, ou seja, a rede de empresas que constitui um APL. O estudo tem característica de pesquisa descritiva, uma vez que busca elaborar um modelo através do levantamento de dados que representem o conjunto de empresas que constituem um determinado APL e o conjunto de relações ou laços entre tais empresas, para que, assim, possa-se realizar a aplicação das medidas de redes propostas. Além de descritiva a pesquisa também é exploratória, uma vez que, necessita-se aprofundar os conhecimentos sobre as diferentes abordagens do tema através de levantamento bibliográfico que permita consolidar conceitos que venham a delinear a análise dos dados a serem levantados, além de busca resumir e apresentar os dados em tabelas, gráficos e diagramas, permitindo que padrões e relações que não estejam aparentes num primeiro momento sejam discernidos, possibilitando novas questões de pesquisas no decorrer do estudo. 1.5 Estrutura do trabalho Além desta linha introdutória, o presente trabalho apresenta no capítulo 2 as principais formas de aglomerações de empresas, os conceitos sobre arranjos produtivos locais, as formas de governança, ganhos coletivos, a difusão do conhecimento e a questão do capital social em APLs, além de também levantar as possibilidades da análise de rede para o estudo de tais arranjos. O capítulo 3 apresenta um aprofundamento na revisão teórica sobre análise e medidas das redes, incluindo considerações sobre as possibilidades do estudo de rede, além de discorrer sobre as propriedades e a morfologia das redes. O capítulo 4, apresenta uma proposta de mensuração e análise da centralidade e densidade em Arranjos Produtivos Locais, contendo a síntese da pesquisa bibliográfica utilizada na

25 25 construção da proposta e a sistematização do modelo de referência partindo das escolhas a serem realizadas a partir do referencial teórico. O Capítulo 5 apresenta a metodologia da pesquisa, enquanto o capítulo 6 apresenta um histórico do setor sucroalcooleiro no Brasil e na cidade de Piracicaba, além de caracterizar a cadeia produtiva sucroalcooleira e o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA). O capítulo 7 apresenta os resultados advindos da aplicação da proposta de mensuração e análise das medidas de centralidade e densidade de redes sobre uma amostra formada por empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA). E por fim, o capítulo 8 faz algumas reflexões relativas aos resultados da pesquisa, buscando inclusive levantar as possibilidades de aprendizado, melhoramentos, contribuições e limitações do modelo.

26 26 2 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS E ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS O presente capítulo tem por objetivo apresentar as principais formas de aglomerações de empresas, os conceitos sobre arranjos produtivos locais, as formas de governança, ganhos coletivos, a difusão do conhecimento e a questão do capital social em APLs, além de também levantar as possibilidades da análise de rede para o estudo de tais arranjos. 2.1 Introdução a aglomerações produtivas Igualmente ao estudo de redes, segundo Garcia (2001), foram dois os motivos básicos que fizeram com que diversas atenções se voltassem para a problemática das aglomerações produtivas. Primeiro, a partir dos anos 1980, algumas regiões européias, especialmente a chamada região da Terceira Itália, apresentaram um avanço no desempenho competitivo, inclusive com aumento na participação no mercado internacional em alguns setores, a partir da concentração geográfica e setorial de pequenas e médias empresas. Essas regiões, que atuavam basicamente nos chamados setores tradicionais como têxtil, vestuário, calçados, móveis, cerâmica, entre outros, ficaram conhecidas como distritos industriais. O segundo motivo que contribuiu para o aumento da importância das aglomerações de empresas está relacionado com as formas de apoio de política industrial utilizadas, principalmente, a partir da década de Uma vez que tendo em vista as restrições colocadas por organismos internacionais de comércio, como a Organização Mundial de Comércio (OMC), as políticas industriais tradicionais foram relegadas a um segundo plano, dando lugar a formas de apoio descentralizadas e fortemente voltadas aos sistemas produtivos localizados. Neste sentido, se faz importante salientar que as primeiras idéias sobre aglomeração de empresas foram estudadas por Alfred Marshall em seu livro Principles of Economics, primeiramente publicado em Um dos temas centrais dos estudos de Marshall referia-se a localização das indústrias, em geral associada a circunstâncias geográficas, condições físicas, clima, solo e mercado consumidor (MARSHALL, 1985). Marshall (1985), tomou como objeto de análise agrupamentos de trabalhadores especializados em cidades manufatureiras densamente povoadas, buscando explicar o porque das pessoas seguirem uma determinada profissão especializada, onde os segredos da profissão deixam de ser segredos, inclusive defendendo a possibilidades de obtenção de conhecimentos fora do âmbito das empresas.

27 27 Portanto, a partir de um corolário marshalliano surgem diversos estudos contemporâneos relativos às possibilidades de ganhos coletivos de atividades geograficamente concentradas. Ou seja, volta-se a discutir sobre a importância da concentração espacial para o desenvolvimento econômico de empresas e regiões. Sendo que, Marshall foi o pioneiro em observar, a partir da análise dos distritos industriais na Inglaterra no final do século XIX, que a presença concentrada de empresas em uma mesma região pode prover ao conjunto de produtores, vantagens competitivas que não seriam verificadas se eles estivem atuando de forma isolada (Garcia, 2001). Assim, a idéia de aglomerações torna-se explicitamente associada ao conceito de competitividade podendo-se dizer, conforme Cassiolato e Szapiro (2003), que as fontes locais da competitividade são importantes, tanto para o crescimento das firmas quanto para o aumento da sua capacidade inovativa. Isto se torna mais nítido, principalmente a partir do início dos anos 1990, o que parcialmente explica seu forte apelo para os formuladores de políticas. Dessa maneira, distritos industriais, clusters, arranjos produtivos tornam-se tanto unidade de análise como objeto de ação de políticas industriais. Neste sentido, muitas organizações passam a realizar estudos sobre aglomerações em que a especialização e a competitividade econômicas são reinterpretadas dentro de uma perspectiva de interações. Segundo Marshall (1985), são três os tipos básicos de economias oriundas da especialização dos agentes produtivos localizados que geram vantagens competitivas às empresas: 1) a existência de mão-de-obra qualificada e com habilidades específicas ao setor industrial, além do treinamento de mão-de-obra, que representam conjuntamente custos reduzidos para as empresas locais que se apropriam de processos de aprendizado; 2) as economias externas e a presença de fornecedores especializados de bens e serviços aos produtores locais; 3) a proximidade geográfica entre os produtores aglomerados que facilita o processo da circulação das informações e dos conhecimentos através de canais próprios de comunicação. Entretanto, para que se possa compreender o processo de aglomeração é necessário, antes de tudo, se ter uma noção clara dos conceitos de cluster e clustering. Segundo Barros (2003), ambos os conceitos são imprecisos e variam entre diferentes autores, embora sempre tragam a noção de aglomeração de empresas com inter-relação entre si e operando espacialmente próximas. Ou seja, a idéia de clustering está relacionada a processos, gerados pelas forças de mercado, por políticas públicas ou por ações definidas a partir de agentes privados, com o fim planejado de promover a integração de empresas e fomentar o

28 28 crescimento da atividade econômica de empresas de um mesmo setor numa mesma área geográfica. Nesse sentido, pode-se tomar como conceito de cluster a definição de Porter (1999), um dos principais autores contemporâneos na abordagem sobre a importância dos clusters e dos processos de clustering, de que: Clusters são concentrações geográficas de empresas e instituições interconectadas numa área de atuação particular. Eles incluem um conjunto de empresas e outras entidades ligadas que são importantes para competição. Os clusters abrangem, por exemplo, fornecedores de insumos especializados, tais como componentes, máquinas, serviços e provedores de infra-estruturas especializadas. Clusters freqüentemente se estendem na cadeia para incluir canais de comercialização e mesmo compradores, ou produtores de bens complementares, atingindo algumas vezes empresas relacionadas por qualificação da mão-de-obra, tecnologias ou insumos comuns. Finalmente, muitos clusters incluem instituições governamentais e de outra natureza, tais como universidades, instituições de controle de qualidade, empresas de pesquisa e geração de idéias, especializadas em qualificação profissional, e associações patronais, que provêm treinamentos especializados, educação, informações, pesquisa, e suporte técnico (PORTER, 1999, p. 78). 2.2 Formas de aglomerações produtivas A partir de Marshall as formas de aglomerações de empresas passaram a ser estudadas por diversos pesquisadores em diferentes contextos históricos e geográficos, inclusive com pressupostos epistemológicos distintos. Por esse fato, a terminologia relativa a aglomerações de empresas, a exemplo de seu conceito, tornou-se bastante confusa e controversa na literatura. Conforme destacam Lastres e Cassiolatto (2005), as abordagens sobre aglomerações não são exclusivas dos estudos sobre arranjos produtivos locais, como pode-se pensar no Brasil. Outros recortes de estudo sobre aglomerações podem ser destacados, como: cadeia produtiva, clusters, distritos industriais, milieu inovador, pólos, parques científicos e tecnológicos e redes de empresas. O quadro 2.01 ilustra as diversas formas de aglomerações encontradas na literatura.

29 29 Quadro Características das Aglomerações Fonte: Lastres e Cassiolato (2005) As cadeias produtivas referem-se ao conjunto de etapas consecutivas de um determinado produto desde os insumos, produção, distribuição e comercialização, como por exemplo, a cadeia produtiva dos calçados. Os clusters referem-se à aglomeração de empresas similares em um mesmo território. O termo cluster está associado à tradição anglo-saxônica e refere-se ao aglomerado de empresas que desenvolvem atividades similares (LASTRES; CASSIOLATO, 2005). Segundo Florian (2005), além da concentração de empresas inter-relacionadas, o cluster inclui em sua composição, supridores especializados de insumos, tais como componentes, maquinarias, além de prestadores de serviços especializados de infra-estrutura; também inclui distribuidores e clientes, além de ligações com empresas produtoras de bens complementares ou empresas que se relacionam em razão da habilidade, tecnologias ou insumos comuns. Finalmente, o cluster também conta com o governo, instituições, como as universidades, provedores de treinamento profissional, fornecedores de informações especializadas e suporte técnico, além de associações comerciais e outras entidades associativas do setor privado que apoiam seus participantes. Já os distritos industriais agregam elevado grau de especialização e interdependência no nível horizontal, entre empresas do mesmo segmento, e vertical, entre empresas que compõem as etapas da cadeia produtiva. Difere-se do modelo de distrito industrial popularmente chamado no Brasil, o qual contempla uma determinada área com infra-estrutura básica, isto é, água, esgoto, luz, pavimentação, gases, entre outros, para a instalação de empresas.

30 30 O conceito de distrito industrial, conforme Florian (2005), faz referência às aglomerações geográficas e setoriais de pequenos e médios produtores que se destacam pelo alto grau de especialização produtiva e pela alta flexibilidade. A alta flexibilidade produtiva das empresas é resultado da presença de diversos produtores especializados que mantêm relações cooperativas entre si, configurando um processo de divisão do trabalho. De acordo com Piore e Sabel (1984), estas formas de aglomerações representam o oposto dos modelos tradicionais baseados no modelo de organização fordista, uma vez que pressupõem um aglomerado de pequenas e médias empresas funcionando de maneira flexível e estreitamente integradas entre elas e ao ambiente social e cultural. Por sua vez, o milieu inovador tem o foco no ambiente social que favorece as atividades de inovação em uma determinada aglomeração de empresas. Esse conceito foi criado na França e buscava uma análise territorial da inovação (LASTRES; CASSIOLATO, 2005). Ou seja, essa teoria de localização está ligada às condições geográficas, seja, econômicas, sociais ou físicas, da produção e estuda os problemas ligados à inovação tecnológica, tendo como unidade de análise, conforme formula Florian (2005), que o meio (millieu) é um espaço geográfico que não tem fronteiras definidas, mas que apresenta uma certa unidade específica, como também se apresenta mais ou menos conservador ou mais ou menos inovador segundo as práticas e os elementos que os regulam. Por outro lado, os pólos, parques científicos e tecnológicos são áreas ligadas a centros de ensino, pesquisa e desenvolvimento com infra-estrutura apropriada para empresas de base tecnológica. As redes de empresas referem-se a formatos organizacionais definidos a partir de um conjunto de articulações. Todos os termos acima destacados são relevantes para o estudo de arranjos produtivos locais (APLs). Todo APL tem uma cadeia produtiva permeando as atividades produtivas. Essa cadeia produtiva envolve relações verticais e horizontais na cadeia. O conceito de cluster é o conceito que mais se aproxima do conceito de APL. Embora alguns autores destaquem que os clusters têm elevado grau de concentração de determinada cadeia em um território produtivo. Nesta pesquisa, APL e cluster são entendidos como sinônimos, tendo em vista que APL, segundo Noronha e Turchi (2005), foi um termo criado pelo governo brasileiro, através de um grupo interministerial em 2004, para designar as aglomerações de empresas, sendo muitas destas já existentes. Segundo Cassiolato e Lastres (2004), o termo arranjos produtivos locais é descrito como um produto histórico do espaço social local. Alguns destes arranjos podem, inclusive,

31 31 não progredir necessariamente em direção a formas mais sistêmicas de organização produtiva local, enquanto outros podem, ao contrário, desenvolver formas organizacionais como verdadeiros sistemas produtivos inovativos localizados. Neste sentido sistemas produtivos inovativos locais podem ser definidos como arranjos produtivos cuja interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, possibilitando inovações de produtos, processos e formatos organizacionais, gerando maior competitividade empresarial e capacitação social. Porém, essas diferentes abordagens e conceitos têm em comum o fato de buscarem os vínculos que explicitam as dinâmicas dos sistemas produtivos, deixando de lado a velha classificação de empresas por setor, limitada por sua abordagem centrada apenas na similaridade de produtos concorrentes, e incapaz de verificar cooperações verticais e horizontais, entre empresas e essas outras organizações que lhes dão apoio ou que constrangem suas ações (NORONHA; TURCHI, 2005). 2.3 Desenvolvimento regional Quando se pensa em espaço geográfico, deve-se levar em conta que o espaço regional, segundo Lanna (1987), não é um dado isolado, nem uma fonte neutra pela qual passam os processos históricos, pelo contrário, o espaço regional apresenta uma densidade, uma dimensão e um significado histórico diferente dependendo do enfoque com o qual é visualizado, isto é, se como aspecto econômico, político, jurídico ou geográfico. Assim, para discutir desenvolvimento regional, primeiro é necessário definir o conceito de região que se deseja utilizar. Neste sentido, deve-se considerar, segundo Lastres e Cassiolato (2005), que o termo região usualmente refere-se à uma área geográfica com certas características comuns que a diferem de áreas adjacentes, sendo que tradicionalmente pode estar ligado à diferentes escalas espaciais, ou seja, o regional pode ser alguma parte entre o mundial e o nacional ou entre o nacional e o local. Também se deve citar, que com maior ênfase, a região é utilizada como unidade político-administrativa ou unidade econômica. No presente trabalho a região será entendida dentro da escala local e estudada sob a ótica de unidade econômica, considerando que o desenvolvimento das atividades econômicas em nível regional segue as características próprias de cada região, levando em conta as propriedades de cada processo de ocupação e a predominância de atividades desenvolvidas por cada uma.

32 32 Segundo Ferreira (1989), dentro da contextualização de região descrita acima, um dos conceitos mais influentes de espaço econômico e região econômica foi desenvolvido pelo professor Franços Perroux, onde se diferencia os espaços econômicos dos espaços geográficos banais, considerando que espaços econômicos dizem respeito a espaços abstratos constituídos por um conjunto de relações que se referem aos amplos fenômenos econômicos, sociais, institucionais e políticos interdependentes, sendo que estes espaços são de inúmeras dimensões, de forma que os pontos neste espaço não podem ser localizados geograficamente. Portanto, de acordo com Ferreira (1989), as atividades econômicas, sociais e políticas são deslocalizadas, tendo apenas uma dimensão econômica, social ou política, ou seja, os vários espaços econômicos abstratos se superpõem e os pontos nesses espaços de inúmeras dimensões passam a representar certas combinações de fluxos de produtos e serviços. A importância de se estudar o desenvolvimento regional dentro da escala local e sob a ótica econômica tem relação direta, por mais que pareça contraditório, com o processo de globalização em curso na economia atual, fortemente marcado, segundo Cano (1995), por graves conjuntos de constrangimentos, entre eles encontram-se aqueles decorrentes da chamada terceira revolução industrial, que impôs, nas últimas quatro décadas, um conjunto de profundas transformações que atingiram notadamente os países desenvolvidos, transformações, estas, que não são apenas tecnológicas, e podem ser agrupadas nos seguintes pontos: globalização produtiva, o papel das empresas transnacionais, substituição de insumos convencionais e substituição de trabalho. Neste cenário mundial, faz-se necessário pensar em termos de uma categoria mais ampla das cidades como sendo uma localização de grande importância, além daquelas localizações de definição mais restrita, representadas pelas matrizes das corporações transnacionais, para que, assim, seja possível aprofundar-se numa compreensão dos principais aspectos da organização e do gerenciamento da economia mundial (SASSEN, 1998). Incluir as cidades nesta análise acrescenta uma importante dimensão ao estudo da internacionalização econômica. Uma vez que se desloca o enfoque do poder exercido pelas grandes corporações em relação aos governos e às economias para o âmbito das atividades e arranjos organizacionais necessários à implementação e manutenção de uma rede global de fábricas e operações ligadas à prestação de serviços e mercados. Além de contribuir para focar o lugar e a ordem urbana social e política associada a essas atividades. Os processos de globalização econômica são, assim, reconstituídos como complexos de produção concretos, situados em lugares específicos, e que contêm uma multiplicidade de atividades e interesses, muitos dos quais desligados de processos globais. Focalizar as cidades permite-nos especificar uma geografia dos

33 33 lugares estratégicos em escala global, bem como as microgeografias e a política presente nesses lugares (SASSEN, 1998, p. 16). Portanto, a formação de redes entre empresas tende a estreitar a distância física ótima para os sistemas supridores das indústrias montadoras finais, de forma a viabilizar a minimização dos estoques de partes e peças e a operação dos sistemas de just in time. Reforçando-se o papel de certas economias de aglomeração em pólos regionais, uma vez que a concentração de profissionais qualificados e especializados é crescentemente importante para a sustentação dessas redes. Ganhando, assim, importância a presença de infra-estruturas universitárias e de pesquisa e tornando-se relevante a formação de pólos culturais profissionais. A concentração de profissionais especializados, como operários qualificados, técnicos, engenheiros e gerentes, tende a atrair fluxos imigratórios de elevada qualidade, reforçando as características positivas da área e realimentando a cultura local (COUTINHO, 1995). Assim, conforme Coutinho (1995), quanto mais forte a velocidade de transformação, quanto mais relevante a presença de conhecimentos tácitos e práticas não-codificáveis, quanto mais importante os requerimentos de educação, tanto maior será o significado das novas economias de aglomeração e das novas externalidades enquanto fatores locacionais para investimentos. Com efeito, um tecido industrial cooperativo, com a presença de fornecedores aptos, confiáveis, rápidos e de um contigente de trabalhadores qualificados e capazes, tende a funcionar como poderoso fator de atração de investidores e, consequentemente, de desenvolvimento regional. 2.4 Caracterização de arranjos produtivos locais (APLs) No contexto de emergência das discussões sobre desenvolvimento regional, como já mencionado, os estudos referentes à localização das empresas já eram evidenciados desde o final do século XIX por teóricos como Marshall (1985), uma vez que diferentemente do estágio primitivo da civilização, onde cada lugar tinha que depender de seus próprios recursos para a maioria das mercadorias pesadas que consumia, a menos que dispusesse de facilidades especiais para o transporte por água, os produtores passaram a ir ao encontro das necessidades de até mesmo consumidores com os quais tinham poucos meios de comunicação, permitindo que pessoas relativamente pobres pudessem adquirir um certo número de mercadorias caras de lugares distantes, sendo que algumas dessas mercadorias passaram a ser produzidas em alguns lugares apenas, ou mesmo num único lugar, se difundindo por todo território europeu,

34 34 favorecendo-se dos avanços mercantis e permitindo um crescente avanço da divisão do trabalho nas artes mecânicas e na tarefa de administração de empresa. Voltando-se para o período contemporâneo, como indica Amato Neto (2000), o processo de globalização em curso na economia atual vem impondo aos agentes produtivos a busca de novos conceitos e de novas formas de pensar a organização produtiva, não somente em termos microeconômicos, mas também nas perspectivas de novos tipos de estruturas organizacionais mais enxutas e flexíveis. Uma vez que, conforme Chiochetta (2005), a competição e os avanços tecnológicos estão transformando os modelos de empresas e até mesmo os modelos de negócios, fazendo com que o conhecimento surja nas organizações com base nas informações. Neste sentido, uma das principais tendências que vem se fortalecendo na economia moderna, sob o marco da globalização e do processo de reestruturação industrial, é a que diz respeito às formas de relações intra e interempresas, trazendo mais uma vez para a discussão a questão localizacional, uma vez que os arranjos, conseqüentes de tais relações, dizem respeito à novos padrões tanto de localização de investimentos, que rompem com as tradicionais tendências baseadas em critérios convencionais da vantagens competitivas tradicionais de oferta abundante de matérias-prima e de mão-de-obra baratas, como de proximidade com um mercado consumidor favorável (AMATO NETO, 2000). Portanto, pode-se afirmar que na atualidade, a globalização representa fator determinante nos países subdesenvolvidos, uma vez que este processo exige, das empresas nacionais, um esforço cada vez maior para se adaptarem à nova realidade mundial. Ao mesmo tempo em que se pode constatar que nem todas as empresas encontram-se em um estágio de desenvolvimento, que apresentem condições de modernizar-se o suficiente para competir, ou até mesmo sobreviver, nesse contexto competitivo isoladamente. Assim, a organização interempresas, ou mais especificamente os aglomerados territoriais, despontam-se como importantes ferramentas no sentido de enfrentar os problemas referentes à necessidade de modernização estrutural. Como já descrito no presente trabalho, distritos industriais, clusters, milieu inovativo, sistemas produtivos, sistemas locais, nacionais e regionais de inovação, arranjos produtivos, entre outros, são alguns dos conceitos e/ou nomenclaturas que evidenciam as economias de aglomeração e as formas de cooperação existentes entre empresas e instituições e que são destacados na literatura sobre o assunto. Portanto, uma das formas de organização interempresas seriam os arranjos produtivos locais (APLs), um termo exclusivamente brasileiro, cuja hipótese básica de origem, de acordo com Chiochetta (2005), está na adoção de inovações radicais para o processo organizacional,

35 35 combinando as condições locais que podem criar novos paradigmas de produção, com economia de escala superior àquelas existentes, onde as condições locais necessárias é a oferta de matéria prima e outros insumos, existência de capacitação nas áreas em que estão sendo utilizadas, bem como a disponibilidade de capital social adequado. Sendo assim, os arranjos produtivos locais (APLs) emergem como importantes exemplos de relações intra e interempresas, sendo aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência. Ou seja, conforme sintetiza o SEBRAE (2006, p. 1), APLs são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Ainda deve-se ressaltar que o termo arranjos produtivos refere-se à concentração de quaisquer atividades similares ou interdependentes no espaço, não importando o tamanho das empresas, nem a natureza da atividade econômica desenvolvida, podendo esta pertencer ao setor primário, secundário ou, até mesmo, terciário, variando, desde estruturas artesanais, com pequeno dinamismo, até arranjos que comportem grande divisão do trabalho entre as firmas e produtos com elevado conteúdo tecnológico. É importante ter em mente que um APL pode englobar uma cadeia produtiva estruturada localmente ou concentrar-se em um ou alguns elos de uma cadeia produtiva de maior abrangência espacial, seja ela regional, nacional ou até mesmo internacional. Voltando-se para a questão conceitual, alguns autores, como os ligados à Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist), segundo Lastres e Cassiolato (2005), entender que um termo mais adequado para representar os arranjos entre empresas, aqui descritos, seria Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPILs), sendo que o termo APL deve ser utilizado para designar aglomerações produtivas que ainda não apresentam significativa articulação entre agentes. Porém, independente do termo a ser utilizado, deve-se apontar, segundo Chiochetta (2005), que estes arranjos ou sistemas geralmente, incluem empresas produtoras de bens e serviços, fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, representantes comerciais, revendedoras, clientes, cooperativas, associações e demais organizações, que se dedicam à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa e desenvolvimento, promoção e financiamento.

36 Economias externas Nos últimos anos, os estudos sobre aglomerações de empresas, entre elas os arranjos produtivos locais, vêm ganhando importância crescente em diversas áreas do conhecimento, tais como, economia, sociologia, geografia, ciências políticas, engenharia de produção e administração de empresas, tendo em vista as experiências bem sucedidas recentes desta forma de organização industrial, como os distritos industriais italianos e o Vale do Silício nos Estados Unidos. Segundo Garcia (2002), a unidade de medida central para a determinação do sucesso das aglomerações de empresas passa a ser a provisão de vantagens competitivas aos produtores aglomerados em detrimento àqueles que atuam de forma isolada. As vantagens competitivas advindas da concentração geográfica entre as firmas, ou seja, das aglomerações de empresas, de acordo com Garcia (2002), tem como fonte as economia externas, isto é, fatores externos às empresas e internos à aglomeração, que também podem ser denominadas de ganhos coletivos. As economias externas resultantes das aglomerações de empresas, conforme Alves (2006), podem ser classificadas em: economias externas passivas, ou incidentais, que são aquelas retiradas do arcabouço teórico marshalliano e que não são planejadas antecipadamente pelas empresas; e economias externas ativas, ou planejadas, que dizem respeito à ações conjuntas e cooperativas entre empresas e/ou instituições locais. Alfred Marshall, conforme Garcia (2002), foi o pioneiro em reconhecer a importância das economias externas locais para a geração de vantagens concorrenciais para um conjunto de produtores concentrados em uma mesma região ao estudar os distritos industriais na Inglaterra no final do século XIX e ao verificar os retornos crescentes de escala que emergiam do processo de especialização, ou seja, da divisão social do trabalho realizada entre as empresas ali localizadas, além dos consideráveis ganhos de organização e desenvolvimento decorrentes da maior integração entre os agentes, isto é, geração de fluxos de conhecimentos tácitos. Analisando-se Marshall (1985), podem-se apontar três economias externas puras ou incidentais oriundas da especialização dos agentes produtivos locais. Em primeiro lugar, verificam-se os ganhos com a existência concentrada de mão-de-obra qualificada e com habilidades específicas ao setor ou segmento industrial em que as empresas locais são especializadas, representando custos reduzidos em qualificação e treinamento. O segundo fator diz respeito à presença de fornecedores especializados em bens e serviços aos produtores

37 37 locais, sendo que essas empresas são atraídas a estabelecer unidades produtivas, comerciais ou de prestação de serviços, nas aglomerações industriais, propiciando aos produtores locais o acesso a esses produtos e serviços a custos relativamente reduzidos. E, finalmente, cita-se como terceiro elemento as possibilidades de transbordamento (spillovers) de conhecimento e tecnologia, uma vez que se tornam freqüentes os casos em que a formação e o desenvolvimento de aglomerações industriais são resultados de processos de transbordamento de empresas locais, que passam a exercer o papel de formar um contingente de capacitações entre os agentes. A partir da teoria marshalliana, conforme cita Garcia (2002), tem-se estudado a capacidade das aglomerações geográficas de produtores em fomentar um processo de aprendizado de caráter local ao facilitar o processo de circulação das informações e dos conhecimentos, embora o trabalho original de Marshall não enfatize este aspecto. Outro autor à reconhecer a existência de economias externas nas aglomerações geográficas de produtores foi Paul Krugman, ao estudar os fatores determinantes da participação dos países no comércio internacional, sendo que neste sentido, segundo Garcia (2002), Krugman afirma que a concentração geográfica de produtores, em um ambiente de concorrência imperfeita, é capaz de proporcionar às empresas retornos crescentes de escala que as tornam mais competitivas no cenário internacional. Assim, de acordo com Suzigan (2001), o modelo analítico de Krugman é construído num sentido em que a evolução da estrutura espacial da economia é determinada por processos de mão invisível que confrontam, de um lado, forças centrípetas, ou seja, aquelas que atraem as empresas à aglomeração, tais como, retornos crescentes de escala, mercados densos e transbordamentos de conhecimento; e de outro lado, forças centrífugas, isto é, aquelas que desestimulam a concentração das empresas, tais como, elevados custos dos aluguéis de imóveis e do sistema de transporte. A despeito da importância da abordagem de Krugman para os estudos das aglomerações de empresas, principalmente ao que dizem respeito aos seus impactos no comércio internacional, muitas são as críticas voltadas a esta abordagem. Primeiramente deve-se considerar, de acordo com Suzigan (2001), a abordagem das pequenas empresas e distritos industriais, representada por Schmitiz, que argumenta que as economias externas não têm caráter exclusivamente incidental, ou passivo, conforme afirma Krugman ao negar a capacidade dos agentes, por meio de ações conjuntas planejadas públicas ou privadas, de incrementar a competitividade do sistema produtivo local.

38 38 Outra crítica à teoria de Krugman sobre as aglomerações de empresas, conforme Garcia (2002), parte de David e diz respeito à não incorporação ou formalização da ocorrência de acidentes históricos como elementos de explicação da conformação de uma determinada aglomeração de empresas no modelo de Krugman, reduzindo estes acidentes à fatos estilizados específicos, ou factóides. Garcia (2002), também critica a não incorporação, por parte de Krugman, da possibilidade das externalidades econômicas se manifestarem como transbordamentos tecnológicos locais, considerando assim apenas os transbordamentos de conhecimentos, diferentemente de Marshall. Um terceiro autor influente nos estudos de aglomerados de empresas é Michael Porter, que ao estudar a competitividade e a rivalidade entre as empresas despende grande ênfase às indústrias correlatas e de apoio como um dos principais determinantes da vantagem competitiva, reforçando assim, a trindade de economias externas marshallianas, principalmente no que diz respeito à presença de fornecedores especializados em bens e serviços e, inclusive, indo um pouco além de Marshall ao destacar também a evolução da cadeia para frente, isto é, o surgimento de canais de distribuição, o que intensifica ainda mais a divisão social do trabalho, como destaca Garcia (2002). Outro ponto significativo levantado por Porter sobre aglomerações de empresas, segundo Garcia (2002), é reconhecer que a presença das indústrias correlatas e de apoio tem papel importante nos processos de aprendizado, aperfeiçoamento e inovação, abrindo espaços, também, para existência de ações planejadas em conjunto entre os agentes, ou seja, reconhecendo a existência de externalidades ativas que levam os produtores a se apropriarem dos benefícios de processos de aprendizado interativos. Porém, conforme destaca Suzigan et alli (1999), o fato de reconhecer ações conjuntas planejadas entre agentes do aglomerado, não significa aceitar ações de governo como positivas no sentido da competitividade, uma vez que Porter segue a linha de pensamento de que as forças de mercado determinam o desempenho dos aglomerados, cabendo ao governo prover educação, infra-estrutura física e regras de concorrência. Além dos autores descritos acima, Suzigan et alli (1999) cita outras escolas de pensamento que afirmam e estudam a existência de ganhos coletivos advindos da atividade de produtores em aglomerações de empresas, entre elas destacam-se a abordagem da economia regional e a já citada abordagem das pequenas empresas e distritos industriais. A abordagem da economia regional, representada por Scott, conforme Suzigan et alli (1999), estuda os aglomerados sob o prisma da geografia econômica e do desempenho

39 39 industrial, dando ênfase às estruturas de interdependência que se espalham por todos os continentes e, neste sentido, colocando em posição central a coordenação extra-mercado e as políticas públicas na construção de vantagens competitivas localizadas. Já a abordagem das pequenas empresas e distritos industriais, representada por Schmitz, além de reforçar a idéia de economias externais locais incidentais, ou passivas, discorre sobre a existência de uma força planejada decorrente da cooperação conscientemente buscada entre agentes privados e de apoio do setor público, definindo a vantagem competitiva como derivada das economias externas locais e da ação conjunta. Portanto, as discussões atuais sobre a existência de economias externas, ou ganhos coletivos, advindas das aglomerações de produtores locais e gerando vantagens competitivas na economia global preponderante nos dias de hoje, estão polarizadas em um primeiro momento entre, de um lado, quem defende a ocorrência de externalidades econômicas apenas incidentais, ou passivas, e, de outro lado, quem argumenta que também se pode ocorrer externalidades planejadas, ou ativas. Outra polarização, nas discussões recentes, diz respeito à efetividade das ações governamentais voltadas aos aglomerados de empresas no sentido de fortalecer as vantagens competitivas de determinada região. 2.6 Identificação de arranjo produtivo local Portanto, a crescente importância atribuída pela literatura de Organização Industrial à análise de APLs reflete o reconhecimento de que a análise setorial tradicional não dá conta de uma série de fenômenos crescentemente importantes na dinâmica industrial. Segundo Britto e Albuquerque (2001), a ênfase nesse tipo de arranjo oferece uma alternativa em relação ao enfoque setorial tradicional, uma vez que assume as mudanças nas condições de rivalidade entre firmas e que permite captar uma série de elementos estruturais e sistêmicos que afetam a competitividade dos agentes. Neste sentido, os estudos de Economia Regional costumam atribuir grande importância a determinados fatores locacionais que influenciam a instalação de uma indústria em determinada região, explicitando as forças determinantes deste processo e as implicações resultantes sobre a dinâmica de reprodução e transformação de regiões específicas. Assim, ressalta-se a importância da proximidade entre os agentes, seja no plano organizacional, espacial ou a diferentes partes de determinada cadeia produtiva, como fator indutor de articulações e interações entre os mesmos; além de apontar a importância do

40 40 contexto social e institucional subjacente como fator de estímulo à consolidação desses arranjos. Entre as diferentes formas de abordagens que podem ser utilizadas nos estudo de APLs, pode-se contrastar, segundo Britto e Albuquerque (2001), as análises qualitativas fundamentadas em estudos de caso, com as análises quantitativas, as quais geralmente são desenvolvidas a partir de dois enfoques distintos. O primeiro enfoque está baseado no conceito de similaridade, pressupondo que diferentes atividades econômicas se estruturam em clusters porque necessitam de uma infra-estrutura semelhante para operarem de forma eficiente. Nesta perspectiva, considera-se que este tipo de agrupamento gera diversos tipos de benefícios (geralmente associados ao conceito de externalidades em rede ) que não são acessíveis para agentes isolados. Do ponto de vista metodológico-operacional, essas análises utilizam diversas técnicas para definição e caracterização de grupos homogêneos de agentes integrados a esses arranjos (BRITTO; ALBUQUERQUE, 2001, p. 5). Porém, de acordo com Piekarski e Torkomian (2004), deve-se considerar que os métodos qualitativos ao envolverem questões subjetivas, geram limitações para a utilização de seus resultados, enquanto os métodos quantitativos não abordam fatores importantes e subjetivos que caracterizam um APL. Ou seja, qualquer um dos métodos adotados isoladamente não é adequado, colocando-se a necessidade de uma abordagem híbrida, que adote um método quantitativo para identificar potenciais arranjos em uma região, que posteriormente serão analisados de acordo com um método qualitativo. Entretanto, ao selecionar arranjos para um estudo surge a questão de como identificar que determinada aglomeração refere-se a um Arranjo Produtivo Local, ou seja, que condicionantes devem ser levadas em conta na classificação de um APL? Utilizando-se o estudo de Suzigan et alli (1999) como ponto de partida, pode-se definir como base de dados para identificação de APLs a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo esta a mais completa e imediatamente disponível, apesar de considerar suas limitações, uma vez que, em primeiro lugar, ao considerar apenas os empregos formais, exclui-se uma parcela dos trabalhadores e dos ocupados, além da possibilidade de que as firmas, operando com diversas plantas em diferentes regiões, lancem os seus trabalhadores sem correspondência com a sua localização espacial efetiva, e por fim há a limitação da auto-classificação, ou seja, o enquadramento setorial e profissional, sendo realizado pela própria empresa respondente, pode apresentar distorções. Portanto, deve-se observar que os dados serão utilizados como um exercício para a mensuração da importância das aglomerações estudadas no cenário estadual e nacional, mas não podem ser considerados de forma absoluta e sem qualificações.

41 41 Atentando-se à preocupação de Suzigan et alli (1999) em identificar aglomerações importantes no contexto do estado de São Paulo, num primeiro momento pode-se utilizar um índice de especialização definido na Figura 2.01, tratando-se de um índice simples que tem como propósito indicar a especialização relativa de uma aglomeração de uma determinada indústria em comparação ao grau de concentração da mesma indústria no estado como um todo. Figura 2.01 Índice de Especialização Fonte: Suzigan et alli (1999). Segundo Do Carmo e Vannale (2006), tal índice parte da teoria do Quociente Locacional desenvolvida originalmente por Isard em 1960, que trata da identificação dos setores produtivos importantes de determinada região, podendo-se utilizar além da quantidade de empregos o montante de empresas de uma determinada região. Todavia, conforme aponta Suzigan et alli (2002), o índice de especialização deve ser utilizado com cautela. Uma vez que não se presta, por exemplo, a comparações estritas entre regiões ou municípios, já que uma região pouco desenvolvida industrialmente poderá apresentar um elevado índice de especialização simplesmente pela presença de uma unidade produtiva, mesmo que de dimensões modestas. Complementa-se este problema a utilização da RAIS como base de dados, uma vez que determinada unidade empresarial pode apresentar um elevado grau de diversificação não captada pelo Cadastro. Outra deficiência do índice é a dificuldade para identificar algum tipo de especialização em regiões que apresentam estruturas industriais bastante diversificadas, como ocorre em municípios muito desenvolvidos, com estrutura industrial diversificada e emprego total elevado.

42 42 Levando em conta tais dificuldades, Brito e Albuquerque (2002) apresentam uma proposta de metodologia de identificação de APLs que baseia-se em três critérios. O primeiro é o uso do próprio Quociente Locacional (QL) para determinar se uma cidade em particular possui especialização em um setor específico em relação ao país, definido como na Figura 2.02, onde se considera que existe especialização caso o QL encontre-se acima de 1. Como segundo critério adota-se a participação relativa de empregados num setor de determinada cidade em relação ao mesmo setor no país, sendo que ele deve possuir no mínimo 1% do emprego nacional. E, finalmente, aplica-se o critério de densidade, isto é, são considerados APLs aqueles arranjos que possuam um mínimo de 10 estabelecimentos no setor e mais 10 em atividades correlatas. Figura 2.02 Quociente Locacional Fonte: Britto e Albuquerque (2002). 2.7 Formas de governança Partindo-se para uma análise mais qualitativa dos APLs, as discussões e as investigações acerca da conformação de sistemas produtivos locais levantam um problema, que tem sido recorrentemente colocado em questão, que é a coordenação, ou governança, da atividade produtiva. Segundo Suzigan et alli (2002b), essa questão nasce de uma característica usualmente encontrada nos APLs que é a presença concentrada de produtores, muitas vezes com predominância de empresas de pequeno e médio porte, e de indústrias correlatas e de apoio. Ou seja, forma-se uma estrutura produtiva complexa em que se encontram empresas que atuam em diversas etapas de uma cadeia produtiva, caracterizando um interessante processo de divisão do trabalho entre produtores especializados, que se traduz em economias

43 43 externas que beneficiam todas as empresas do sistema e são de fundamental importância para a sua competitividade. Porém, esse elevado grau de desintegração vertical exige a manutenção de interações constantes entre os agentes. Portanto, nos arranjos produtivos locais a governança refere-se aos diferentes modos de coordenação, intervenção e participação, nos processos de decisão dos diferentes atores Estado, em seus vários níveis, empresas, cidadãos e trabalhadores, organizações não governamentais etc.; e das diversas atividades que envolvem a organização dos fluxos de produção e comercialização, assim como o processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos (LASTRES; CASSIOLATTO, 2005, p. 12). Para Suzigan et alli (2002b) a governança também se refere ao grau de hierarquia, liderança e comando, ou, ainda, colaboração e cooperação, entre os atores. Neste sentido Storper e Harrison (apud SUZIGAN ett alli, 2002b) abordaram a forma de governança a partir da análise das hierarquias formadas dentro das cadeias de produção, utilizando o sistema de produção para designar a estrutura de coordenação que se forma a partir das relações horizontais e verticais das firmas. Essas relações podem ser governadas por mecanismos de mercado ou por processos interativos conformados em fortes hierarquias entre os atores. Conforme destaca Suzigan et alli (2002b) faz-se necessário verificar se as relações são governadas por mecanismos de preços ou resultado de um processo de imposição dos atores mais poderosos da cadeia. Assim, segundo Suzigan ett alli (2002b), a conformação das interações entre empresas em um arranjo produtivo traz consigo a preocupação sobre as formas de coordenação entre os diversos agentes envolvidos no processo. Algumas das questões que emanam desse debate são: quais são os determinantes da capacidade de comando da relação entre as empresas? Quais são os elementos que levam a diferentes configurações em termos das relações de poder dentro dos sistemas locais e seus vínculos globais? De que forma a existência de assimetrias acentuadas dentro das aglomerações afeta a organização produtiva do sistema e as relações entre os agentes? As relações entre os produtores locais e os agentes responsáveis pela comercialização do produto representam um estímulo ao desenvolvimento do sistema? E em que áreas as empresas conseguem se desenvolver ou encontram obstáculos colocados pela forma de organização da cadeia de produção e distribuição do produto? (SUZIGAN ett alli, 2002b, p. 3). Dentro desta linha de pensamento, Storper e Harrison (apud SUZIGAN ett alli, 2002b) elaboraram uma classificação de cadeias produtivas a partir de: 1) características do sistema da cadeia produtiva (matriz insumo-produto); 2) existência de aglomerações de empresas e 3) estrutura de governança da rede de empresas. E a partir desses três atributos os autores destacam quatro tipos de sistemas produtivos.

44 44 Primeiramente citam o sistema all ring no core, ou seja, sistema produtivo com relação entre iguais, sem grandes diferenças de liderança entre os atores, como exemplo distritos industriais italianos da década de 80. Embora os estudos recentes mostrem que atualmente nos distritos industriais italianos foram incorporadas relações assimétricas de subcontratação (SUZIGAN et alli, 2002b). Posteriormente os autores comentam sobre o sistema core-ring with coordinating firm, um sistema com certo grau de hierarquia decorrente de certa influência sistemática de algumas firmas sobre outras. Entretanto, não é determinante para a sobrevivência das outras empresas, como exemplo Bosch e Benetton. Outro sistema é o core-ring with lead firm, sistema similar ao anterior por apresentar assimetria entre os atores. Entretanto, neste sistema a firma líder é dominante, isto é, os participantes dependem da estratégia do líder e a empresa líder é independente de seus fornecedores, como exemplo Sony, Philips e General Eletric. E finalmente o sistema all-core, onde todas as tarefas de produção e distribuição de mercadorias são assumidas por uma grande empresa verticalizada. As estruturas de governança intermediárias, isto é, core-ring with coordinating firm e core-ring with lead firm, parecem ser as formas mais comuns de coordenação das atividades produtivas. Isso também se efetiva em função do processo de desverticalização em que as empresas se lançaram nos últimos anos. (SUZIGAN et alli, 2002b). Outro ponto importante sobre a governança refere-se à investigação da inserção das estruturas localizadas em um contexto mais amplo, é o que Gereffi (apud SUZIGAN ett alli, 2002b) chamou de cadeias produtivas locais. Assim, busca-se por meio de uma análise do formato organizacional das cadeias produtivas internacionais investigar as hierarquias e formas de governança na cadeia. Um dos pontos centrais é que a apropriação do valor pago entre os agentes se configura de forma simétrica. Isto é, a capacidade de comandar a rede de empresas localizadas faz com que o valor gerado ao longo dos processos seja apropriado pelos grandes compradores internacionais. As dimensões utilizadas por Gereffi (apud SUZIGAN ett alli, 2002b) para análise da governança são: 1) cadeia de valor agregado; 2) dispersão geográfica das redes de produção e marketing nos âmbitos nacional, regional e global; 3) estrutura de governança nas relações de autoridade e poder entre as firmas determinando a alocação de recursos financeiros, materiais e humanos ao longo da cadeia. 4) arcabouço institucional que identifica como as condições políticas locais agem em cada estágio da cadeia global.

45 45 Desta forma, o autor identifica dois tipos de redes: 1) Producen-driven (indústrias metal mecânica, eletrônica e química - desenvolvimento de produtos e processos; e 2) Buyerdriven (indústrias textil-vestuário, calçados, móveis e alimentos, ou seja, empresas que possuem a marca, canais de comercialização e distribuição). Esses formatos correspondem a diferentes tipos de estruturas de governança, determinadas pela capacidade da firma deter ativos estratégicos que não sejam reproduzidos pelos outros agentes da cadeia. A governança também contempla os aspectos contratuais que regem as interações entre agentes, envolvem tanto mecanismos de incentivo que estimulam a interação e também formas particulares de resolução dos conflitos (BRITTO, 2002). O autor menciona que os ganhos coletivos obtidos vão além da dimensão técnico-produtiva e envolvem a capacidade e a competência de enfrentar, de forma coordenada, a instabilidade e a competição dos negócios. Conforme destacam Lastres e Cassiolato (2005), verificam-se dois tipos de formas de governança em APLs. Primeiro, as hierárquicas onde a autoridade é internalizada dentro de grandes corporações com capacidade de coordenação das atividades tecnológicas, produtivas e mercadológicas; e a governança não hierárquica caracterizada pela existência de pequenas e médias empresas onde poucos atores são dominantes. 2.8 Difusão do conhecimento e inovação Pensando-se na participação das empresas em arranjos produtivos locais, a inovação passa a ser o foco principal, buscando-se, nesse sentido, novas formas para seu fomento. Considerando que a inovação dentro do contexto de construção de capacidade competitiva dinâmica através do funcionamento dos arranjos, pode-se desenvolver a idéia de competitividade baseada na capacidade inovativa das empresas e instituições concentradas localmente. Segundo Scheffer e Schenini (2004), do ponto de vista conceitual, um arranjo está diretamente associado à relação entre proximidade, aprendizado e inovação. Portanto, o intercâmbio de informações, conhecimentos e aprendizado entre empresas de um arranjo produtivo local pode favorecer inovações em produtos e processos, além de fortalecer a competitividade das empresas do arranjo. Assim, o aprendizado, conforme define Campos et alli (2003), é um processo fundamental para a construção de novas competências e obtenção de vantagens competitivas, o qual, pela repetição, experimentação, busca de novas

46 46 fontes de informação e outros mecanismos, capacita tecnologicamente às empresas e estimula as suas atividades produtivas e inovativas. Quanto ao conceito de inovação, de forma genérica, pode-se entendê-la como a introdução de qualquer tipo de mudança ou melhoria realizada em um produto, processo ou tipo de organização da produção dentro de uma empresa. Conforme Lemos (2001), podem se referir, ainda, a alterações de tal ordem, que geram um novo produto, processo ou forma de organização da produção, consideradas como inovações radicais. Desta forma, muitos são os exemplos de inovações, sendo um grande número deles incrementais, imperceptíveis para o consumidor, que podem gerar crescimento da eficiência técnica, aumento da produtividade, redução de custos, aumento de qualidade e mudanças que possibilitem a ampliação das aplicações de um produto ou processo. Já o conceito de aprendizado na literatura econômica, de acordo com Lastres e Cassiolato (2005), associa-se a um processo cumulativo pelo qual as organizações adquirem e ampliam conhecimentos. Enquanto no âmbito da teoria das organizações, esse conceito, segundo Rapini et alli (2004), é tratado de aprendizado organizacional, sendo que tal aprendizado envolve não somente a elaboração de novos mapas cognitivos, que possibilitem compreender melhor o que está ocorrendo em seu ambiente externo e interno, como também a definição de novos comportamentos, que comprovam a efetividade do aprendizado (FLEURY, 1997). Ainda se faz relevante salientar, que, longe de ser linear, o processo inovativo se caracteriza por ser descontínuo, irregular e possuir certo grau de incerteza, já que a solução dos problemas existentes e as conseqüências das resoluções são desconhecidas a priori. Porém, Lemos (2001), lembra que esse processo revela, por outro lado, um caráter cumulativo, tendo em vista que a capacidade de um agente realizar mudanças e avanços, dentro de um padrão estabelecido, é fortemente influenciada pelas características das tecnologias utilizadas e pela experiência acumulada no passado. Portanto, como acentuam Scheffer e Schenini (2004), assim como a atividade inovativa ocorre gradualmente no tempo, os arranjos produtivos caracterizados pela inovação também apresentam um caráter evolutivo. Ou seja, dentro dos arranjos processam-se vários tipos de aprendizado, tanto individual, quanto organizacional, ou coletivo, gerando conhecimentos e agregando valor ao capital humano, o que se trata de um pré-requisito fundamental para o processo inovativo. Atentando-se para a questão da geração de conhecimento, Balestro (2004, p. 3) sinaliza que "a propriedade da crescente dependência do conhecimento científico das novas

47 47 oportunidades tecnológicas deve ser vista com ressalva quando se considera a importância do conhecimento tácito para o processo de inovação". Isto quer dizer que o conhecimento científico é codificado e formalizado, podendo ser transmitido por outros meios que não a socialização, assim, ainda que a inovação esteja de certa forma baseada no conhecimento científico é importante notar que o conhecimento tácito é relevante nos estágios iniciais do desenvolvimento de uma indústria, antes dos padrões terem sido estabelecidos e o desenho dominante ter sido fixado. Isto é, o conhecimento organizacional é desencadeado através de uma espiral que parte do indivíduo, detentor de conhecimento tácito, o qual passa a explicitar, através de alguns modos de conversão, seus conhecimentos junto ao grupo e assim, o conhecimento vai sendo ampliado intra e interorganização. Segundo Nonaka e Takeuchi (2002, p. 82), a criação do conhecimento organizacional é um processo em espiral, que começa no nível individual e vai subindo, ampliando comunidades de interação que cruzam fronteiras entre secções, departamentos, divisões e organizações, conforme ilustra a Figura Figura Criação do Conhecimento Organizacional Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (2002)

48 48 Neste sentido pode-se dizer que o conhecimento humano é o aspecto mais básico e universal da organização, o qual divide-se em conhecimento explícito e tácito (NONAKA; TAKEUCHI, 2002). Sendo que o conhecimento explícito refere-se àquele que pode ser articulado na linguagem formal, ou seja, em palavras e números, tais como expressões matemáticas, especificações manuais, bem como em afirmações gramaticais, podendo, portanto, ser transmitido de modo fácil e formal entre os indivíduos. Enquanto o conhecimento tácito é difícil de ser articulado na linguagem formal porque é um conhecimento altamente pessoal, incorporado à experiência individual, a qual envolve fatores intangíveis, tais como: crenças pessoais, perspectivas e sistemas de valores e idéias, conclusões, insihgts e palpites. Segundo Nonaka e Takeuchi (2002), existem condições essenciais para que a conversão do conhecimento tácito se converta em conhecimento explícito, ou seja, na forma de criação do novo conhecimento organizacional nas empresas, destacando-se que para criar conhecimento, o aprendizado que vem dos outros e as habilidades compartilhadas com outros precisam ser internalizadas, isto é, modificados, enriquecidos e traduzidos de modo a se ajustarem a identidade e auto-imagem da empresa. Neste sentido, o processo de transformação do conhecimento tácito em explícito aproveita-se de três características do conhecimento humano, de acordo com Nonaka e Takeuchi (2002), a primeira delas é o uso da linguagem figurada e do simbolismo para explicar o inexplicável. A segunda é que para transmitir conhecimento é necessário que o conhecimento pessoal de um indivíduo seja compartilhado com os outros. Finalmente, a ambigüidade e a redundância propiciam o surgimento de novos conhecimentos. Como então compreender os processos de difusão do conhecimento entre empresas de um APL? Dentre as várias formas de aprendizado em APLs, Lastres e Cassiolato (2005) destacam: 1) o aprendizado a partir de fontes internas, isto é, aprendizado com experiência própria e 2) o aprendizado a partir de fontes externas, ou seja, processo de cooperação com fornecedores, concorrentes e clientes. Dessa última, os autores destacam o aprendizado por interação (learning-by-interacting and cooperating) e o aprendizado por imitação (learningby-imitating). Deve-se salientar que o intercâmbio de informações e conhecimentos em arranjos produtivos locais é responsável por um tipo de aprendizado informal, onde se destaca a circulação e disseminação de conhecimentos, a partir do qual, é possível elevar a difusão de inovações (RAPINI et alli, 2004).

49 49 Estes mecanismos informais trazem para as empresas participantes do APLs várias vantagens conforme mostrado por Rapini et alli (2004, p. 3): em primeiro lugar, eles favorecem a equalização dos patamares de eficiência técnica das diversas empresas do arranjo, em virtude da compatibilização das tecnologias utilizadas e de procedimentos gerais no tocante à formação de recursos humanos. Esta troca de conhecimento favorece a troca de procedimentos operacionais e estabelecimentos de novas técnicas organizacionais. Outro aspecto também destacado pelos autores, é o que se refere à contribuição desse intercâmbio de informações para o estabelecimento de novos padrões de controle de qualidade e normas técnicas que orientem o comportamento dos agentes integrados ao arranjo. Assim, a natureza das relações e a capacidade de articulação dos atores de um arranjo produtivo local têm impactos na capacidade das organizações absorverem novos conhecimentos. 2.9 Capital social As conexões estabelecidas em aglomerados, tal como APL, constituem-se em um ativo, denominado capital social, que produz ganhos econômicos, além daqueles obtidos pela divisão do trabalho. Aceitar tal afirmação significa, conforme Costa e Costa (2005), entender que o auto-interesse não é o único guia na condução dos indivíduos em sua atuação no mercado, como prega a escola econômica neoclássica. Isto é, a cooperação, a confiança e a reciprocidade, podem também se constituir em normas a orientar o comportamento dos agentes no mercado e serem, assim, capazes de gerar progresso e bem-estar. Portanto "o homo economicus atua mediado por instituições e relações sociais" (COSTA; COSTA, 2005, p. 3). É importante salientar que o conceito de capital social ganha diversas definições dependendo das orientações teóricas e metodológicas a serem utilizadas. Isto se deve, de acordo como Costa e Costa (2005), pelo motivo da difusão do termo no meio acadêmico ser relativamente recente, tendo adquirido vulto a partir da década de 1980, quando passou a ser largamente utilizada entre sociólogos, antropólogos, economistas, cientistas políticos e teóricos do desenvolvimento. Porém, pode-se definir, segundo Costa e Costa (2005), que, embora não haja homogeneidade na forma de abordar o capital social, há um consenso de que em comparação a outras questões que são centrais ao debate do desenvolvimento econômico, esse conceito se faz de natureza sobretudo relacional.

50 50 Em outras palavras, o capital social possui uma natureza multidimensional, sendo que, segundo Marteleto e Silva (2004, p. 44), "a visão mais estreita o define como um conjunto de normas e redes sociais que afetam o bem-estar da comunidade na qual estão inscritas, facilitando a cooperação entre os seus membros pela diminuição do custo de se obter e processar informação". Focando-se na dimensão anteriormente descrita, as relações de base para a formação das redes seriam entre iguais, ou seja, entre indivíduos similares do ponto de vista de suas características demográficas, o que se define como "capital social de ligação". No entanto, as redes constituídas desta forma não permitem que determinada comunidade rompa suas próprias fronteiras, embora essa ruptura, conforme Marteleto e Silva (2004), seja de suma importância para a construção conjunta de metas e confiança entre seus membros. Neste sentido, as redes necessitam de uma ampliação para criar ligações com outras comunidades semelhantes e assim ampliar o alcance de suas ações, e assim possibilitar um processo de inovação, constituindo-se no que se denomina, conforme Marteleto e Silva (2004) "capital social de ponte. De acordo com Silva e Ferreira (2007), esta duas dimensões do capital social também podem ser descritas num sentido onde enquanto há um mecanismo de fechamento que está associado à confiança, viabilizando a realização do valor criado, existe um outro mecanismo de intermediação que se relaciona com a mudança, permitindo a obtenção de novos recursos e a geração de valor. Portanto, a conjugação dos dois mecanismos é um elemento importante para o estudo das redes internas das organizações e das redes entre organizações em um aglomerado. Porém, de acordo com Marteleto e Silva (2004), a simples ampliação da rede em termos de comunidades, não rompe com as características horizontais da mesma. Assim, para se entender o alcance de uma rede, deve-se, ainda, identificar laços com indivíduos que estejam em posição de autoridade, isto é, que podem intermediar recursos adicionais para o desenvolvimento da comunidade, o que se denomina "capital social de conexão". Portanto, conforme Marteleto e Silva (2004), para os aglomerados, a situação ideal seria ter o seu capital social dividido entre essas três dimensões de redes sociais, uma vez que cada uma delas responde por aspectos importantes para o sucesso da comunidade, ou seja, confiança e comprometimento; ampliação das fontes de informações e conhecimento; e acesso às instituições e ao poder. Voltando-se ao conceito de capital social sob ótica teórica pode-se destacar, conforme Marteleto e Silva (2004), três visões/autores:

51 51 1) James Coleman, que aplica o conceito na área da educação e analisa o seu papel no crescimento do capital humano, em uma abordagem que, segundo Costa e Costa (2005), liga a teoria da escolha racional com a perspectiva da influência das relações sociais no desenvolvimento de capital humano, ou seja, para este autor, o capital social é um recurso para o indivíduo que pertence a uma determinada estrutura, tratando-se, portanto, de um recurso coletivo (SILVA; FERREIRA, 2007); 2) Robert Putnam, que utiliza o conceito para a compreensão da participação e engajamento da sociedade e os seus efeitos nas instituições democráticas e na qualidade do governo, focando em seus estudos algumas regiões da Itália. Neste sentido, segundo Costa e Costa (2005), Putnam ressalta a existência de uma associação significativa entre responsabilidade cívica, políticas públicas e o desenvolvimento econômico, ou seja, também trata o capital social como um recurso coletivo, porém, baseado nas normas e redes de intercâmbio entre os indivíduos (SILVA; FERREIRA, 2007); e 3) Pierre Bourdieu, que trata o capital social como uma soma de recursos decorrentes da existência de uma rede de relações de reconhecimento mútuo institucionalizada em campos sociais, tendo como foco, de acordo com Costa e Costa (2005), as estratégias de reprodução ou a mudança de posição na estrutura social, ou seja, para este autor os recursos são empregados pelas pessoas em uma estratégia de progresso dentro da hierarquia social, prática resultante da interação entre o indivíduo e a estrutura (SILVA; FERREIRA, 2007). Portanto, enquanto Coleman e Putnan tratam o capital social como um recurso coletivo baseado nas normas e redes de intercâmbio entre os indivíduos, Bourdieu é o único entre três autores a incluir na estrutura de análise do capital social a noção de conflito. No sentido de conflito, segundo Marteleto e Silva (2004), para Bourdieu cada campo social se caracteriza como um espaço onde se manifestam relações de poder, ou seja, os campos sociais se estruturam a partir de uma distribuição desigual de um quantum social que determina a posição que cada agente ocupa em seu interior, e é exatamente este quantum que o autor denomina de capital social. Assim, a estrutura do campo é composta por dois pólos opostos: o dos dominantes e o dos dominados. Após a esta breve análise teórica sobre o conceito de capital social, e voltando-se a conceituação do termo em si, pode-se mencionar que o capital social é uma forma de capital, e, embora sua definição seja alvo de discussão na ciência econômica, se destacam algumas características, tais como: 1) a não-ocorrência de retornos decrescentes; 2) a sua apreciação no decorrer de uso, em oposição a outros capitais que se depreciam com o tempo de utilização; 3) sua produção ser coletiva, a partir das relações sociais existentes nas comunidades; 4) o fato

52 52 de seus benefícios não poderem ser antecipadamente mensurados; 5) ser um bem público (MARTELETO; SILVA, 2004). Porém, partindo-se de tais teorias e característica, novas definições vão surgindo ao passar do tempo, tal como a visão de Burt (1992) que considera que as relações densas e difusas também podem ser denominadas de capital social. Segundo o autor, partindo-se da idéia que a arena competitiva tem uma estrutura social formada por atores confiando em outros atores, obrigados a suportar outros, dependentes de trocas com outros e, pressupondo que cada ator tem suas redes de contatos, pode-se colocar que a posição ocupada por um ator, na estrutura social da arena, proporciona vantagens competitivas e altas taxas de retorno em seus investimentos. Segundo Burt (1992), isto se dá pelo motivo óbvio de que as pessoas socialmente similares passam o tempo nos mesmos lugares e as relações entre elas assim emergem, além de que, as pessoas socialmente similares têm mais interesses em comum e assim as relações são mantidas. Portanto, a opinião e os recursos de um indivíduo estão relacionados às opiniões e aos recursos de seus contatos estreitos. Assim quando se pensa em redes difusas, pode surgir um primeiro tipo de capital social denominado por Burt (1992) de buraco estrutural. Esse termo foi utilizado para descrever a posição que um ator pode ocupar entre contatos não redundantes, ou seja, o ator assume um papel de intermediário. Os buracos estruturais proporcionam benefícios aos atores que ocupam essa posição na rede. Isto é, para os setores dinâmicos, onde as inovações tecnológicas são rápidas, são necessárias informações não redundantes, promovidas normalmente por redes difusas (SACOMANO NETO, 2007). Por outro lado, quando se pensa em redes densas, surge outra forma de capital social das redes que são as relações cooperativas, também denominadas, conforme Burt (1992), como strong ties. Diferentemente dos buracos estruturais, as relações cooperativas encerram informações redundantes, normas de confiança, previsibilidade das relações e contratos de longo prazo. Isto é, maior coesão e densidade permitem a troca de informações refinadas, reciprocidade, normas cooperativas, entre outras vantagens (SACOMANO NETO, 2007) Arranjos produtivos locais e redes sociais Conforme ilustrado no presente capítulo o próprio conceito de aglomeração tornou-se mais articulado. Um importante passo nesta direção, segundo Cassiolato e Szapiro (2003), foi a ligação da idéia de aglomeração com a de redes. Tendo como base a experiência japonesa e

53 53 da Terceira Itália, a cooperação entre agentes ao longo da cadeia produtiva passa a ser cada vez mais destacada como elemento fundamental na competitividade. Porém, apesar da ênfase na cooperação, não se pode esquecer que autores como Porter (1999), ao desenvolverem a idéia de cluster, colocavam um grande peso na idéia de rivalidade, ou concorrência, entre empresas como estimulador da competitividade. Portanto, a perspectiva de redes implica, segundo Garcia e Mendez (2004), a aceitação de um enfoque metodológico baseado no estudo de sistemas produtivos, formados pelas relações mantidas entre os atores que os compõem. Nestes sistemas, as relações entre os agentes, sejam eles, empresas, instituições ou indivíduos, constituem a base dos intercâmbios, comerciais ou de outro tipo, tal como, de informação, conhecimento, entre outros. Por este motivo, a perspectiva da estrutura de redes é crucial para compreender o funcionamento das economias e para desenhar estratégias de crescimento e desenvolvimento. Além disso, a dimensão territorial, conforme Garcia e Mendez (2004), é de grande importância, já que a estrutura relacional que conforma os sistemas produtivos se localiza em espaços geográficos concretos, nos quais fluem conhecimento, informação e inovação e nos quais se desenvolvem relações baseadas na confiança. Partindo-se do fato que dentro de tais dimensões territoriais pode-se manifestar a presença de inumeráveis unidades produtivas especializadas, consolida-se o que se conhece como arranjo produtivo local. Neste sentido, deve-se considerar que dentro de um APL podem aparecer diversas configurações empresariais, possibilitando, de acordo com Macias (2002), a convivência de empresas de diversos tamanhos, que conformam redes de relações baseadas tanto na subcontratação, nos sistemas de operação satelital ou em esquemas de colaboração interorganizacional. Em termos econômicos, conforme Macias (2002), pode-se supor que em um APL se tem a existência de uma complexa rede de cooperação e concorrência entre empresas, principalmente de tamanho pequeno e médio, que se supõem as mais capacitadas para enfrentar a rigidez do decadente modelo de produção Taylorista Fordista, e que pode também dar lugar a um comportamento econômico que permite aos pequenos produtores, se estiverem unidos e recorrerem a determinadas estratégias e ações coletivas, poderem enfrentar com sucesso a concorrência global e superar as barreiras das empresas de grande escala. Das considerações acima, pode deduzir-se que a perspectiva de estrutura em redes é condicionante importante para melhor entender e analisar os arranjos produtivos locais como forma de organização empresarial.

54 54 Desta forma, considerando a utilização da análise de redes no estudo de APLs, pode-se fazer a analogia que os posicionamentos estrutural e relacional das empresas em um APL compreendem diferentes configurações possíveis dos processos, mercantis, ou não, de trocas. Nesse sentido, dimensionar as propriedades estruturais da rede de empresas que compõe um APL permite compreender qual o posicionamento mais adequado ao contexto de uma organização. Portanto, ao estudar um APL sob a perspectiva da análise de redes, conforme Wasserman e Faust (1994), pode-se lançar mão de uma série de medidas para a análise da estrutura e das relações entre os atores participantes da rede. Entre as principais medidas estruturais lembradas por Wasserman e Faust (1994) encontram-se a centralidade e a densidade. Neste sentido, Steiner (2006) pondera que a medida de centralidade é uma medida que carateriza a posição relativa dos atores em uma rede, ou seja, esta é mais elevada a partir do momento em que o ator está conectado a um número maior de outros atores. Já a densidade, segundo Sacomano Neto e Truzzi (2004), pode ser entendida pela extensão da interconexão entre os atores da rede, isto é, quanto maior a interconexão, maior a densidade. Avançando-se na medida de centralidade, Wasserman e Faust (1994), apontam que o fato de o ator de uma APL ter maior número de ligações na rede que o compõe pode significar a presença de maior número de oportunidades para o mesmo, uma vez que ele terá mais escolhas e um maior número de caminhos alternativos, ou seja, os atores mais importantes são localizados em posições estratégicas das redes, utilizando-se muitas vezes de seu prestígio. Em relação às redes densas Gnyawali e Madhavan (2001) destacam três características: primeiro, facilitam o fluxo de informações e outros recursos; segundo, funcionam como sistemas fechados de confiança e normas divididas, em que as estruturas de comportamento em comum se desenvolvem mais facilmente; e, terceiro, as redes densas facilitam a atribuição de sanções. Deve-se considerar que as medidas de redes, aqui descritas, dizem respeito a análise estrutural da rede e segundo Steiner (2006), que a utilização de tal análise, no caso deste trabalho para estudar um APL, permite quantificar algumas características da estrutura social que compreende determinada rede de empresas, além de tornar possível a investigação dos objetivos atingidos por determinados atores da rede. Ainda como possibilidade da aplicação de determinadas medidas de rede no estudo de APLs, entendendo-se a centralidade e a densidade como propriedades estruturais da rede que dizem respeito aos relacionamentos existentes dentro de uma determinada aglomeração de empresas, pode-se elencar que através da centralidade é possível levantar os atores mais

55 55 poderosos dentro do arranjo, inclusive apontando os setores mais influentes na cadeia, enquanto a partir da densidade pode-se apontar para um maior volume de relações entre os atores, possibilitando inclusive identificar quais setores estão menos envolvidos na rede, ou seja, com mais ausência de relações concretas, sendo assim, causas de possíveis buracos estruturais. Tais medidas de rede também podem auxiliar na caracterização do APL e na descrição de seu funcionamento, apontando, inclusive, os atores com o acesso a recursos escassos ou a capacidade de cooperar com vários outros atores. Levando em conta a importância da perspectiva de estrutura em redes, da análise estrutural e da aplicação de medidas de redes, para melhor entender e analisar os arranjos produtivos locais, o Capítulo 3 do presente trabalho apresenta os tópicos citados com maiores detalhes.

56 56 3 ANÁLISE DE REDES O presente capítulo tem por objetivo apresentar um aprofundamento na revisão teórica sobre análise e medidas das redes, incluindo considerações sobre as possibilidades do estudo de rede, além de discorrer sobre as propriedades e a morfologia das redes. 3.1 Introdução a redes No momento em que a Internet se consolida como a "rede das redes", e cada vez mais perturba as regras do jogo, ou seja, perturbando o status quo socioeconômico em todo o globo, falar do fenômeno rede pode se tornar redundante. Neste sentido, no período recente de nossa história, o estudo das redes encontrou um largo eco nas ciências sociais, inclusive naquelas focadas aos estudos organizacionais. Conforme Sacomano Neto e Truzzi (2004), até a década de 1960 a análise organizacional se interessava apenas pela dinâmica e os aspectos internos às organizações, porém após esse período passaram a ser crescentes os trabalhos desenvolvidos no sentido de considerar o contexto externo em que as organizações estão inseridas, até alcançarem como unidades de análise as estruturas de relações e não mais as organizações individuais. A relevância do conceito de estruturas em rede em estudos organizacionais, segundo Britto (2002), decorre de sua potencialidade em captar a crescente sofisticação das relações interindustriais que caracteriza a dinâmica econômica contemporânea. Ou seja, a partir do início da década de 1990, com diversas tendências relacionadas ao padrão evolutivo das principais economias capitalistas, representadas por um grande número de fusões, aquisições, co-produções, alianças estratégicas e joint ventures, reforça-se a importância da perspectiva das redes para explicar a nova estrutura de relações entre os atores econômicos. Neste sentido, seguindo os estudos de Nohria (1992), Britto (2002), Sacomano Neto e Truzzi (2004) destacam-se como principais razões para o aumento do interesse nos estudos de redes, na perspectiva organizacional: a emergência de uma nova forma de competição devido ao sucesso dos distritos regionais da Califórnia e da Itália e, consequentemente, o processo de mudança no enfoque da política industrial no sentido de privilegiar o apoio a redes envolvendo diversas empresas, em detrimento ao apoio a empresas isoladas; o surgimento das novas indústrias de computadores e biotecnologia, consolidando um novo paradigma tecnológico

57 57 baseado em novas tecnologias de informação e telecomunicação que facilitam a interação entre agentes; ao notório crescimento das economias asiáticas, como Japão, Coréia e Taiwan, representando a consolidação de um paradigma organizacional que veio a incorporar novos princípios gerenciais que enfatizam a cooperação interindustrial nas articulações entre produtores e fornecedores; o grande desenvolvimento que leva as organizações a adotarem novas formas de organização da produção, incorporando o conceito de especialização flexível enquanto princípio organizador das atividades; e o amadurecimento da análise de redes como uma disciplina acadêmica, avançando no sentido de uma nova sistemática de realização de atividades inovativas, crescentemente baseadas na aglutinação de múltiplas competências e em projetos cooperativos de caráter interdisciplinar. Assim, de acordo com Britto (2002), pode-se afirmar que o interesse que o conceito de estruturas em rede vem despertando na literatura decorre da sua maleabilidade, ou seja, de sua capacidade inerente em tornar-se aplicável à investigação de múltiplos fenômenos caracterizados pela densidade de relacionamentos cooperativos entre os agentes. Desta maneira, o conceito de redes passa a ser utilizado por vários campos de estudo, como a Antropologia, a Ciência Política, a Psicologia, a Sociologia, a Economia, as Ciências Quantitativas e os Estudos Organizacionais. Entre os diversos campos de estudo citados, um dos principais responsáveis pela emergência do conceito de redes na abordagem de problemas econômicos foi a Sociologia, mais especificamente no que diz respeito à sociologia econômica, uma vez que, conforme considera Swedberg (2004), quando a sociologia econômica foi revigorada nos Estados Unidos em meados da década de 1980, os sociólogos andavam perdidos em matéria de teoria, até que Mark Granovetter sugeriu a fusão das idéias de Karl Polanyi sobre enraizamento com a análise de redes, surgindo assim um processo pelo qual se tornaria possível descrever o modo em que as ações econômicas são estruturadas por meio de redes, apreendendo assim a importância da estrutura social na economia. Portanto, a partir de Granovetter diversos estudos de sociologia, no decorrer dos anos de 1980, passaram a utilizar a análise de redes para os estudos de problemas econômicos, alguns focando os tipos de rede que se desenvolvem em torno das firmas; outros analisando as redes formadas pelos diretores com assento em inúmeros conselhos; e mais recentemente passou a ser usada para explorar diversos tipos de interações econômicas que não podem ser classificadas nem

58 58 como costumes nem como alguns tipos de organização econômica, ou seja, as formas de organização em rede (SWEDBERG, 2004). Em relação às Ciências Econômicas propriamente dita, a utilização do conceito genérico de rede, segundo Britto (2002), pode ser diferenciada por duas abordagens distintas. Sendo que a primeira delas ressalta o caráter instrumental do conceito de rede para a compreensão da dinâmica de comportamento dos diferentes mercados, isto é, o conceito é utilizado no tratamento de problemas de natureza alocativa, estando relacionado à noção de externalidades em rede enquanto princípio orientador da análise. Neste sentido, a presença de externalidades em rede em determinados mercados é reflexo da existência de efeitos diretos e indiretos da interdependência entre as decisões de agentes que neles atuam, ou seja, nesta perspectiva de análise procura-se entender como determinada rede de relações afeta as decisões tomadas pelos agentes econômicos fundamentais, produtores e consumidores, em determinados mercados. Em contrapartida, Britto (2002) descreve que o segundo tipo de abordagem está relacionado com a discussão do conceito do ponto de vista da constituição de um tipo particular de instituição, com a capacidade de coordenar a realização de atividades econômicas, ou seja, a ênfase se direciona na caracterização das estruturas em rede como um objeto específico de investigação. Neste sentido, as estruturas em rede estariam associadas a elementos básicos constituintes, bem como a mecanismos de operação particulares, responsáveis pela geração de estímulos endógenos indutores de processos adaptativos face à evolução do ambiente. Porém, embora venha sendo cada vez mais utilizadas pelos diferentes campos de estudo, não existe ainda consenso sobre as redes serem metáforas, métodos ou teoria. De acordo com Sacomano Neto e Truzzi (2004), é possível pensar-se em redes como uma metáfora para compreender relações das mais variadas, entretanto, as redes também podem ser consideradas teorias à medida que evoluem nos métodos e na sistematização de suas análises. Portanto, não há como negar a abrangência e a subjetividade do termo redes. Em termos de Estudos Organizacionais, segundo Ferreira Junior (2006), uma exata definição do que seja uma rede interorganizacional não é tarefa fácil, levando em conta a abrangência e complexidade do conceito de rede, inclusive considerando a multiplicidade de formatos existentes, dentro do campo da cooperação entre empresas, o que impede uma homogeneidade conceitual.

59 59 Assim, a definição do que seja uma rede deve guiar-se por suas características básicas e mais comuns. Tomando por base que as empresas têm passado por novas necessidades e exigências, as quais seriam de difícil atendimento caso as empresas atuassem de maneira isolada, segundo Amato Neto (2000), a cooperação interempresarial pode viabilizar o atendimento de uma série de necessidades, dentre as quais de destacam: combinar competências e utilizar a experiência de outras empresas; dividir ônus de realizar pesquisas tecnológicas, compartilhando o desenvolvimento e conhecimento adquirido; partilhar riscos e custos de explorar novas oportunidades, realizando pesquisas e desenvolvimento em conjunto; oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada; exercer uma maior pressão sobre o mercado; compartilhar recursos e fortalecer o poder de compra. Portanto, conforme Carrão (2004), as redes de empresas se baseiam em um formato organizacional que utiliza tipos inovadores de alianças, que permitem combinar eficácia, informalidade, espontaneidade, rompendo assim com modelos ortodoxos de organização, e abrindo espaços para relacionamentos, ao mesmo tempo, dinâmicos e complexos. Mas antes de se iniciar o estudo de redes de empresas, se faz importante ponderar que existem duas abordagens para se estudar as redes na economia. De acordo com Sacomano Neto e Truzzi (2004): A primeira, redes como forma de governança, é mais multidisciplinar e prescritiva e enxerga as redes como um tipo de lógica de organização ou uma forma de governar as relações entre os atores econômicos. A segunda, redes como forma analítica, é ancorada na Sociologia e na Teoria Organizacional e utiliza-se da rede como base analítica para estudar as relações sociais, seja dentro da firma, seja nas relações interorganizacionais, seja no ambiente externo das organizações. Ambas as perspectivas contribuem com parâmetros analíticos que permitem compreender a estrutura de relações em rede (SACOMANO NETO; TRUZZI, 2004, p. 256). 3.2 Análise de redes Como mencionado anteriormente, cada vez mais, a organização individual tem perdido importância na sociedade contemporânea. Segundo Castanha et alli (1999), com o advento de novas tecnologias de gerenciamento e o desenvolvimento das tecnologias de informação, aliados a um novo paradigma de competição as organizações individuais foram suplantadas, tendo em vista que tais organizações passam a abandonar as estruturas piramidais procurando as relações de parcerias.

60 60 Portanto, a busca de um enfoque coletivo emerge em um ambiente competitivo onde impera a necessidade de especialização e flexibilidade, ou seja, a busca por economias de escala e de escopo. Isto se dá pelo motivo que, historicamente, a cooperação sempre se mostra presente nos momentos de lutas pela sobrevivência e de crises econômicas, políticas e sociais, bem como nos processos de mudanças. Assim, conforme Mazzali e Costa (1997), a natureza das novas configurações organizacionais fruto de um novo modelo de articulação das relações entre as empresas deixa claro a insuficiência dos aparatos teórico-metodológicos tradicionais para descrever e explicar a nova dinâmica das articulações entre agentes no mundo globalizado. Neste sentido, a organização em rede surge como um novo instrumental de análise da dinâmica recente de estruturação das relações entre as empresas, trazendo consigo um corte analítico historicamente significativo e teoricamente procedente. Cabe salientar, que a partir das análises estruturais, muitos estudiosos passaram a enfocar as redes de relações interorganizacionais como unidades de análise. Seguindo a linha de pensamento de Powell e Smith-Doer (1994), as redes passam a ser concebidas como uma forma de unir as perspectivas sociológicas e econômicas para o entendimento do comportamento dos atores econômicos, concentrando-se em um nível intermediário de análise, que considera a intencionalidade dos atores, mas também a estrutura social e a coação das escolhas. Porém, conforme apontam Mazzali e Costa (1997), a noção de organização em rede obriga a se repensar os limites da empresa individual, colocando acento nos diversos tipos de articulação com outras empresas ou agentes, provocando o desenvolvimento de relações complexas, e fazendo com que o comportamento de um agente não possa ser dissociado de outros agentes com os quais ele estabelece interações sistemáticas. Nessa perspectiva, os atores ocupam posições estruturais em relação a outros atores, sejam eles competidores, fornecedores, clientes, associações, agências governamentais, entre outros, e estabelecem canais e relações onde fluem bens, serviços, recursos e informações. Ainda deve-se ponderar, que o ambiente onde as organizações operam é estruturado através de vínculos produtivos e tecnológicos dentro das diversas redes de relações possíveis. Assim, pode-se apontar, conforme Sacomano Neto (2007), que compreender como a posição estrutural das organizações, em uma determinada rede, influencia as atividades, os recursos, a coordenação, o desempenho e o comportamento estratégico dos atores é uma

61 61 necessidade crescente. Ou seja, os resultados das atividades organizacionais dependem das relações entre vários atores e estas relações constituem a estrutura social das organizações, que por sua vez assume importância fundamental dentro deste contexto. Voltando à questão da utilização da rede como forma analítica, deve-se citar a grande influência da antropologia e da sociologia na análise das redes de afiliação, como lembram Powell e Smith-Doer (1994) ao relatar que os estudiosos desta linha de pensamento buscavam compreender como os indivíduos são ligados uns aos outros e como estas relações funcionam como um facilitador para as realizações. Neste sentido, também se faz necessário destacar a análise de redes sociais (ARS), uma abordagem oriunda da sociologia, da psicologia social e da antropologia que, segundo Matheus e Silva (2006), estuda as ligações relacionais entre atores sociais. Porém, nesta linha de análise os atores, cujas ligações são analisadas, podem ser tanto pessoas e empresas, analisadas como unidades individuais, quanto unidades sociais coletivas como, por exemplo, departamentos dentro de uma organização, agências de serviço público em uma cidade, Estados-Nações de um continente ou do mundo (WASSERMAN; FAUST, 1994). Entretanto, a diferença fundamental da análise de redes para outros estudos é que a ênfase não é nas características dos atores, mas nas ligações, ou elos, entre diferentes atores, isto é, a unidade de observação se compõe pelo conjunto de atores e seus laços. Isto significa que nos estudos de rede a unidade de análise não são os atores e sim um conjunto de ligações entre um conjunto de atores, explicitando que as análises tomam como base as relações ocorridas na rede social. Assim, afirmam Wasserman e Faust (1994): Em análise de redes sociais os atributos observados a partir dos atores sociais (como a raça e o grupo étnico das pessoas, ou o tamanho ou produtividade de corpos coletivos, tais como empresas ou estados-nações) são compreendidos em termos de padrões ou estruturas de ligações entre as unidades. As ligações relacionais entre atores são o foco primário e os atributos dos atores são secundários (WASSERMAN; FAUST, 1994, p. 3). Portanto, a rede, como instrumento de análise, apóia-se na estrutura das relações para compreender uma ampla gama de aspectos. Nessa perspectiva, de acordo com Wasserman e Faust (1994), o ambiente social pode ser expresso como estruturas ou relações regulares entre as unidades. Assim, as estruturas de relações podem ser econômicas, políticas, interacionais ou afetivas, entre outras forma. As relações são expressas através dos elos ou conexões entre as

62 62 unidades de análise, e é através destes elos e conexões que fluem recursos materiais e não materiais, a interação física dos atores e as relações formais de autoridade. Para reforçar a importância da análise de redes nos estudos organizacionais, Borgatti e Foster (2003), realizaram uma revisão da literatura que comprova o crescimento da pesquisa em várias áreas do conhecimento ao detectar um crescimento exponencial do número de publicações a partir do início dos anos 1970, em especial no que diz respeito à área de administração e gestão. No tocante a esta área de conhecimento, os autores levantaram estudos nas seguintes categorias: capital social, rede de organizações e organizações em rede, integração de conselhos, aliança entre empresas e joint ventures, gestão do conhecimento, cognição social, além de uma categoria que agrega as demais pesquisas, denominada processos em grupo. Tal crescimento da abordagem de redes nos estudos de administração está intimamente ligado com o fato das relações entre organizações oferecem oportunidades estratégicas para os atores, embora também condicionem as escolhas e restrinjam a ação através de acordos de comportamento e normas operacionais. Conforme Sacomano Neto (2007), os atores que estão em uma posição privilegiada na estrutura de uma rede gozam de níveis elevados de status e são levados a desempenhar um novo conjunto de papéis na estrutura e na trajetória da rede. Ou seja, a posição de uma organização na estrutura da rede gera níveis diferenciados de status e papéis, o que acaba por mudar o próprio status quo desses atores. Ademais, segundo Porter (1999), é possível deduzir que a essência da estratégia competitiva consiste em desenvolver parcerias que atuem diretamente nas cinco forças que agem numa determinada indústria. Isto é, as organizações colaboram com seus clientes, consumidores, apresentando-lhes suas necessidades e suprindo-as; com os seus fornecedores ao integrá-los ao processo de produção e de distribuição do produto; com os entrantes em potencial ao manter os preços baixos o suficiente para evitar entradas desastrosas; e, com os concorrentes promovendo políticas de atuação em segmentos distintos diminuindo a probabilidade de ocorrerem movimentos competitivos irracionais. Seguindo esta visão estratégica, de acordo com Faggion et alli (2002) as redes interorganizacionais são formadas a partir de pressões contingenciais, tais como necessidades, assimetria, reciprocidade, eficiência, estabilidade, legitimidade, flexibilidade e competitividade, e

63 63 feitas possíveis pela existência de fatores viabilizadores, entre eles, a conectividade, a coerência e a infra-estrutura. Neste sentido, ainda conforme Faggion et alli (2002), as redes apresentam atributos estratégicos, tais como a fluidez, economias relacionais, aprendizagem, economias de escala, acesso a recursos tangíveis, acesso a recursos intangíveis, redução dos custos de transação e credibilidade organizacional que vem a potencializar o desempenho das empresas em ambientes competitivos. Assim, uma vez aceito que o ambiente coletivo pode e deve ser utilizado como fonte de vantagens competitivas, amplia-se o foco de análise organizacional da organização individual para um conjunto de organizações. Entretanto, mais uma vez se faz necessário enfatizar, conforme Castanha et alli (1999), que quando o foco da análise é ampliado, a perspectiva que se apresenta é alterada, ou seja, as técnicas gerenciais e administrativas para controlar e coordenar essa nova estrutura devem levar em consideração novos fatores. Portanto, a administração e gerência de extensos sistemas de coordenação e controle das atividades de um conjunto de empresas, cada qual com seus respectivos e particulares sistemas de coordenação e controle, colocam em questão os limites das tecnologias de gerenciamento. Isto se dá, de acordo com Castanha et alli (1999), a partir do momento que as interações entre os atores elevam-se geometricamente fazendo com que individualidades e particularidades culturais sejam expostas e tornem-se sensíveis à própria exposição e à coletividade. A problemática, assim, se deve mais à sua complexidade do que devido ao seu tamanho quantitativo. Pensando-se em tal complexidade e na montagem do sistema técnico-produtivo que integra as capacidades operacionais e as competências técnicas dos agentes econômicos, no interior da rede, Mazzali e Costa (1997), destacam determinadas especificidades de formato organizacional, associadas à natureza da motivação que leva às articulações e ao tipo de parceiro envolvido, distinguindo, nesse sentido, dois tipos de redes, ou seja, as redes verticais e as redes horizontais. Conforme Balestrin e Vargas (2004), redes verticais são aquelas que têm clara estrutura hierárquica, tendo como exemplo as grandes redes de distribuição que adotam a estratégia de redes verticais para estarem mais próximas do cliente, como as grandes redes de distribuição integradas, distribuição alimentar e bancos. Neste sentido, as relações que se travam neste tipo de

64 64 rede são semelhantes às estabelecidas entre matriz/filial, onde as filiais possuem pouca autonomia jurídica e administrativa. Em outras palavras, Mazzali e Costa (1997) apontam que a rede vertical envolve a articulação estreita das atividades de um conjunto de fornecedores e distribuidores por uma empresa coordenadora que exerce considerável influência sobre ações desses agentes que integram a cadeia produtiva. Ou seja, ela se baseia na agregação de empresas especializadas complementares, que, pela sua própria existência, reforçam a especialização de cada um dos participantes, observando-se a perda de autonomia relativa dos agentes, na medida em que a sua identidade se dissolve no interior do conjunto. Já as redes horizontais têm como principal característica a dimensão da cooperação. Neste sentido, Balestrin e Vargas (2004) revelam que as redes de cooperação interfirmas são constituídas por empresas que guardam cada uma sua independência, mas que optam por coordenar certas atividades específicas de forma conjunta e tendo vário objetivos, tais como, criação de novos mercados, suporte de custos e riscos em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, gestão da informação e de tecnologias, definição de marcas de qualidade, defesa de interesses, ações de marketing, entre outros. Pensando-se tal modelo de cooperação interorganizacional, pode-se descrever uma grande heterogeneidade de formas, tais como, os consórcios de compra, as associações profissionais, as redes de lobbying e as alianças tecnológicas. Enquanto no que diz respeito à estratégia em rede, as relações interfirmas, deste modelo, formam um interessante ambiente de aprendizagem por meio da cooperação, uma vez que, a partir de relações complexas, através das quais os atores concorrentes escolhem cooperar dentro de certo domínio, gera-se uma concentração de esforços, sem privar a liberdade de ação estratégica de cada membro. Mazzali e Costa (1997) descrevem que o posicionamento estratégico, citado a cima, é tomado frente a dois grandes desafios do recente processo de reestruturação industrial: a exigência de um rápido reposicionamento das empresas em relação a um amplo conjunto de competências de que elas não dispõem; e a necessidade de administrar a incerteza competitiva advinda do confronto com novos concorrentes e com uma dinâmica diferente de interação estratégica. Porém, levando em conta as especificidades de formato organizacional, Balestrin e Vargas (2004) listam outros dois tipos de redes, que se entrelaçam com os dois já citados: as redes

65 65 formais, caracterizadas pela dimensão contratual, ou seja, baseadas no estabelecimento de regras de conduta entre os atores, e pode-se tomar como exemplo as alianças estratégicas, os consórcios de exportação, as joint-ventures e as franquias; e as redes informais, que têm como principal característica a dimensão da conivência e permitem os encontros informais entre os atores econômicos portadores de preocupações semelhantes, a troca de experiência e de informação sobre as bases da livre participação, além da criação de uma cultura de cooperação e de auxílio ao estabelecimento de relações interempresariais mais freqüentes e estruturadas, sendo formadas sem qualquer tipo de contrato formal que estabeleça regras e agindo em conformidade com os interesses mútuos de cooperação, baseados, sobretudo, na confiança entre os atores. 3.3 Propriedades e morfologia das redes Discutida a análise de redes e descritos alguns tipos de redes cabe agora discorrer sobre as propriedades das redes, neste sentido, Wasserman e Faust (1994), esclarecem que redes sociais referem-se a um conjunto de atores, organizações ou outras entidades conectados por relacionamentos sociais, motivados por diferentes pontos, tais como, pela amizade, relações de trabalho, troca de informação, entre outros. Portanto, a rede constitui-se da representação formal dos atores e suas relações. Assim, as redes desenvolvem-se a cada contato mantido pelos atores, se envolvendo num processo de construção social do indivíduo e, quando vistas por suas relações, podem identificar coesões e similaridades, em ações recíprocas de indivíduos que agem de forma cooperativa. Sob esse aspecto, Mitchell (1974), descreve duas perspectivas pelas quais as redes sociais podem ser estudadas. Na primeira, o comportamento de um ator é interpretado pelo padrão de suas ligações, tanto interacionalmente, isto é, com quem se liga e por que, quanto morfologicamente, ou seja, através do diagrama da rede. Na outra perspectiva o ângulo de análise se volta sobre a forma como o ator manipula suas ligações para alcançar um propósito específico. Portanto, além de reconhecer que uma organização possui um laço com outra, ou seja, que se constitui uma rede, é importante compreender, conforme Nohria (1992), que tipos de laços importam, em que circunstâncias e de que maneiras, o que leva à formação de diferentes padrões de redes e como as redes evoluem e mudam ao longo do tempo.

66 66 Buscando compreender como uma organização decide com quem vai construir seus laços e como esses laços moldam a formação das redes, Gulati e Gargiulo (1999) argumentam que as organizações tendem a basear-se em informações fornecidas pelas redes organizacionais existentes. Segundo este raciocínio, redes de alianças prévias surgem como uma fonte de informação confiável sobre parceiros potenciais, levando em conta disponibilidade, capacidades e confiabilidade. Ainda deve-se considerar que a informação que flui através destas redes está à mão, ou seja, é oportuna. Assim, fontes de informação sobre competências, necessidades e confiabilidade de parceiros potenciais, bem como a posição do parceiro potencial na rede e os laços indiretos com terceiros, estão relacionadas aos mecanismos que moldam a criação de novos laços. Reconhecendo que além de identificar uma rede é necessário conhecer suas propriedades, Wasserman e Faust (1994) apontam quatro pontos importantes sobre análises de redes: 1) os atores e suas ligações são vistas como interdependentes ao invés de independentes ou unidades autônomas; 2) as ligações, relações entre os atores, são canais para a transferência ou fluxo de recursos, sejam eles, materiais, tangíveis ou intangíveis; 3) os modelos de redes que focam os indivíduos percebem a estrutura de rede como fonte de oportunidades ou restrições para as ações individuais; e 4) os modelos de redes conceituam a estrutura social econômica ou política, como padrões de relações entre os atores. Atentando-se ao parágrafo acima, pode-se definir, conforme Wasserman e Faust (1994), que qualquer tipo de rede encerra uma estrutura e determinadas relações entre os atores. Sendo que, o ambiente onde os atores transacionam bens e serviços pode ser expresso por meio de regularidades nas relações de interação entre as atividades. E, é esta presença de regularidades nas relações que denomina-se de estrutura de uma rede. Por sua vez, a estrutura contém canais através dos quais os atores trocam bens e serviços, transferem recursos e informações. Diferentemente da estrutura, as relações são entendidas apenas entre pares de atores. Embora a estrutura e as relações tratem de diferentes níveis de análise das redes, ambas são complementares para se entender a dinâmica das trocas entre atores econômicos. Procurando resumir a formatação de uma rede, Matheus e Silva (2006), apontam que um ator em uma rede social é uma unidade discreta que pode ser de diferentes tipos, isto é, uma pessoa, ou um conjunto de pessoas agregadas em uma unidade social coletiva, tais como subgrupos, organizações entre outras. Já o laço relacional, também denominado simplesmente

67 67 laço ou ligação, é responsável por estabelecer a ligação entre pares de atores, sendo que os tipos mais comuns de laços são: a avaliação individual, por exemplo, amizade ou respeito; a transação e a transferência de recursos materiais, tal como uma transação de compra e venda entre duas empresas; a transferência de recursos não materiais, como a troca de mensagens eletrônicas; a associação ou afiliação que ocorre quando os atores participam de eventos em comum; e a movimentação e a conexão física e social. Matheus e Silva (2006), também indicam que em redes sociais os laços se diferenciam entre laços fortes, laços ausentes e laços fracos, lembrando que os laços fracos, principalmente devido à sua função de ligação entre partes de uma rede social que não são ligadas diretamente através de laços fortes, são também chamados de ponte. Avançando na formatação da rede cabe salientar que os atributos de um ator são suas características individuais, e que uma relação em uma rede é o que define todo o conjunto de laços que respeitam o mesmo critério de relacionamento, dado um conjunto de atores. Neste sentido, redes multi-relacionais são aquelas nas quais existem mais de um tipo de laço, portanto mais de uma relação. Quanto às relações, Matheus e Silva (2006) referenciam duas propriedades importantes que devem ser consideradas por condicionarem os métodos de análise de dados disponíveis: o direcionamento, podendo ser direcionais, tendo um ator como transmissor e outro como receptor, ou não-direcionais, caso no qual a relação é recíproca; e a valoração, podendo ser dicotômicas, o que implica sua presença ou ausência, ou valoradas, com valores discretos ou contínuos, atribuindo-se peso à relação. Na formatação da rede também se deve considerar as díades e as tríades, que se constituem de unidades de análise que levam em conta dois e três atores, respectivamente, e os laços possíveis entre eles. A análise de díades busca identificar, por exemplo, se os laços são recíprocos e se um conjunto específico de relações múltiplas tende a ocorrer simultaneamente. Outro ponto importante, segundo Matheus e Silva (2006), é a transitividade, ou não, de uma relação que é um tipo de análise feita utilizando-se o conceito de tríade, sendo o tema central na análise do equilíbrio estrutural da rede. Já um subgrupo, é um subconjunto de atores e todas as possíveis relações entre eles. Enquanto um clique é um subgrupo no qual cada ator tem laços com todos os demais, sendo que não pode haver qualquer ator fora que tenha laços com todos os atores do clique. Por outro lado, um grupo é um conjunto finito que engloba todos os atores para os quais os laços de determinado

68 68 tipo foram mensurados. E, finalmente, um conjunto de atores compreende todo o conjunto de atores do mesmo tipo. Portanto, conforme Matheus e Silva (2006), uma rede social consiste de um ou mais conjuntos finitos de atores e todas as relações definidas entre eles. Avançando-se na propriedade da rede, conforme mencionado por Britto (2002), existem quatro elementos morfológicos que constituem a estrutura das redes: nós, posições, ligações e fluxos. Os nós podem ser descritos como um conjunto de agentes, objetos ou eventos presentes na rede em questão. Existem duas perspectivas para o estabelecimento dos nós da rede, sendo a primeira tendo as empresas como unidade básica de análise e a segunda considerando as atividades como os pontos focais do arranjo, ou seja, a relevância passa a ser atribuída aos fatores que explicam a aproximação e a integração de diferentes atividades produtivas no interior de uma estrutura em rede. Em relação às posições, elas definem como os diferentes pontos se localizam no interior da estrutura. Segundo Britto (2002), as posições estão associadas a uma determinada divisão do trabalho que conecta os diferentes agentes visando atingir determinados objetivos. Neste sentido, Oliveira e Guerrini (2003), apontam que tal divisão visa integrar as capacidades e competências organizacionais da grande diversidade de atividades necessárias à produção. Quando se referem às posições, Oliveira e Guerrini (2003), também às relacionam com o termo competências essenciais, que se tornou um conceito estratégico muito difundido, principalmente a partir dos anos 1990, onde as empresas com características dinâmicas, voláteis e globalizadas passam a ter o escopo da medição de seu sucesso pela competitividade. Já Wasserman e Faust (1994), destacam os benefícios em termos de informação que as organizações ganham por ocuparem posições particulares na rede. Já que a posição pode influenciar tanto a facilidade para acessar informação detalhada, como a visibilidade e a atratividade de uma firma em relação às outras. Assim, desde que a posição e a centralidade aumentem a atratividade da organização e o acesso à informação, organizações terão uma tendência de procurar parceiros centrais, ou seja, atores mais importantes que estão usualmente localizados em regiões estratégicas das redes. Outro ponto importante a ser salientado diz respeito à cooperação técnico-produtiva, que segundo Britto (2002), também se associa à sistemática de divisão do trabalho, ou seja, à posição da empresa dentro da rede, e ao padrão de especialização de funções produtivas entre os diversos

69 69 agentes inseridos nela, a partir das quais conformam-se sistemas técnico-produtivos com características específicas, que proporcionam ganhos de eficiência para os participantes da rede. É possível também associar as estruturas em rede a determinadas ligações entre seus nós constituintes. Em função da estrutura destas ligações, é possível distinguir estruturas dispersas - nas quais o número de ligações entre pontos é bastante limitado - de estruturas saturadas - nas quais cada ponto está ligado a praticamente todos os demais pontos que conformam a rede. A identificação da configuração das ligações entre nós que conformam a rede é também particularmente importante para a caracterização desse tipo de estrutura (BRITTO, 2002, p. 355). Levando em conta que as ligações entre os nós da rede podem ser dispersas ou saturadas, Sacomano Neto e Truzzi (2004) refletem que através delas pode ser determinada uma certa densidade para a rede. Outro conceito importante refere-se ao grau de centralidade da rede, verificando-se o número de ligações a um ponto particular ou pontos que são passagem obrigatória para outros nós, indicando assim maior centralização. Também se deve mencionar que no caso das redes de empresas, a caracterização das ligações deve levar em conta um detalhamento dos relacionamentos organizacionais, produtivos e tecnológicos entre os membros da rede, inclusive no que diz respeito aos aspectos qualitativos dos mesmos. Neste sentido, estes relacionamentos podem ser referenciados a dois aspectos, ou seja, a forma e o conteúdo dos mesmos. Quanto à forma dos relacionamentos, o principal aspecto refere-se ao grau de formalização do arcabouço contratual que regula as ações entre agentes. Porém, a caracterização morfológica das redes de empresas requer também a identificação do conteúdo de seus relacionamentos internos. Lembrando que estes relacionamentos estão articulados a um determinado esquema de divisão de trabalho, podem-se identificar três tipos de ligações distintos, em função de um nível crescente de competitividade. Sendo elas as ligações sistemáticas, entre agentes que se restringem ao plano estritamente mercadológico, não envolvendo o estabelecimento de diretrizes comuns relacionadas a procedimentos produtivos nem a compatibilização-integração das tecnologias empregadas; as ligações que envolvem a integração de etapas seqüencialmente articuladas ao longo de determinada cadeia produtiva; além das ligações que envolvem a integração de conhecimentos e competências retidos pelos agentes, de maneira a viabilizar a obtenção de inovações tecnológicas (BRITTO, 2002). Neste sentido, de acordo com Britto (2002), os ganhos competitivos proporcionados pela consolidação de redes de empresas extrapolam uma dimensão estritamente técnico-produtiva, envolvendo também a capacidade de enfrentar, de forma coordenada, a instabilidade ambiental. Esta perspectiva está intimamente relacionada à estrutura de poder e à conformação hierárquico-

70 70 funcional da rede, ressaltando os mecanismos internos de resolução de conflitos e a especificidade da concorrência existente entre os membros da rede. Ou seja, é possível associar cada tipo de rede a um regime de transações específico, no qual se destacam uma determinada base contratual que regula as interações entre seus membros, bem como um determinado nível de confiança mútua que pode ser encontrado em seus relacionamentos internos. Entretanto, a simples descrição das ligações entre nós é insuficiente para se avançar na estrutura morfológica da rede, tornando-se necessário identificar a natureza específica dos fluxos que circulam pelos canais de ligação entre aqueles nós. Porém, no caso de redes de empresas, a análise destes fluxos é mais complicada em função do caráter complexo dessas redes. Britto (2002) aponta que é possível identificar diferentes fluxos internos que estão presentes nas redes de empresas. Diferenciando os fluxos tangíveis, baseados em transações estabelecidas entre os agentes, através das quais são transferidos insumos e produtos, ou seja, fluxos que compreendem operações de compra e venda realizadas entre os agentes integrados à rede; dos fluxos intangíveis que conectam os diversos agentes integrados às redes, e que são cercados de dificuldade para quantificação, levando em conta a natureza intangível dos mesmos. Britto (2002), também pontua que no caso dos fluxos intangíveis, diferentemente dos fluxos baseados em bens, não existe um arcabouço contratual que regule a transmissão e recepção desses fluxos. Além de considerar que o conteúdo das informações transmitidas pode variar bastante em termos de seu grau de codificação, sendo que uma parcela importante dessas informações apresenta, inclusive, um caráter tácito, estando baseadas em padrões cognitivos retidos pelos agentes responsáveis pela transmissão e recepção das mesmas. A importância dos fluxos intangíveis na rede também pode ser explicitada, segundo Britto (2002), do ponto de vista dinâmico, já que o reforço da competitividade através da consolidação das redes de empresas envolve o fortalecimento do potencial inovativo de seus membros constituintes, e neste sentido, uma das principais características das redes de empresas refere-se à criação e circulação de conhecimento e informações, envolvendo a consolidação de um produto de aprendizado coletivo que amplia o potencial inovativo da rede.

71 Medidas de redes Levando em conta a descrição das propriedades da rede, pode-se colocar que os posicionamentos estrutural e relacional dos atores em uma determinada rede compreendem diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Segundo Sacomano Neto e Truzzi (2004), é possível participar não só de uma rede altamente conectada com relações de longo prazo, mas também de uma rede difusa e conseguir informações novas. Nesse sentido, dimensionar essas propriedades permite compreender qual o posicionamento mais adequado ao contexto de uma organização, ou seja, além de estudar as propriedades da rede, também, se faz importante discorrer sobre medidas de rede. Britto (2002), ao pensar em medidas de rede discorre que em relação às ligações entre os nós constituintes de uma rede, alguns aspectos devem ser levados em conta: Em primeiro lugar, é possível caracterizar uma determinada densidade da rede. Genericamente, o conceito de densidade pode ser associado à relação existente entre o número efetivo de ligações observados na estrutura e o número máximo de ligações que poderiam ocorrer no interior do arranjo em questão. Outro conceito importante refere-se à definição de uma determinada medida que expresse o grau de centralização da estrutura. Nesse sentido, dois aspectos costumam ser considerados. O primeiro deles refere-se ao número de ligações que podem ser associados a um ponto particular. Supõe-se que estruturas nas quais determinados pontos concentram um grande número de ligações são mais centralizados do que outras nas quais esta característica não pode ser captada. O segundo aspecto refere-se ao número de pontos que constituem passagem necessária entre as ligações estabelecidas entre dois pontos quaisquer da estrutura. Na medida em que seja possível identificar um grande número destes pontos de passagem, a estrutura como um todo poderia ser associada a um maior grau de centralização (BRITTO, 2002, p. 354). Avançando-se na medida de centralidade, Wasserman e Faust (1994), apontam que o fato de o ator ter maior número de ligações na rede pode significar a presença de maior número de oportunidades para o mesmo, uma vez que ele terá mais escolhas e um maior número de caminhos alternativos, ou seja, os atores mais importantes são localizados em posições estratégicas das redes, e assim, tanto centralidade quanto o prestígio são índices de importância dos atores nas redes sociais. Porém, centralidade, segundo Tomael e Marteleto (2006), é um conceito sociológico que não tem uma definição clara, sendo definido apenas de forma indireta, esclarecendo-se que um indivíduo é central em uma rede quando pode comunicar-se diretamente com muitos outros, ou está próximo de muitos atores ou, ainda, quando há muitos atores que o utilizam como intermediário em suas comunicações.

72 72 Portanto, o grau de centralidade leva em conta somente os relacionamentos adjacentes, isto é, tal medida revela somente a centralidade local dos atores, ou ainda, o grau de centralidade indica a posição de um ator em relação às trocas e às comunicações na rede, considerando-se a quantidade de ligações que se colocam entre eles. Nesse sentido, segundo Tomael e Marteleto (2006), para medição do grau de centralidade pode-se utilizar quatro métodos que chegam a resultados quantitativos diferentes, sendo eles: 1) centralidade de informação; 2) centralidade de grau; 3) centralidade de intermediação; 4) centralidade de proximidade. A centralidade de informação, conforme Tomael e Marteleto (2006), é a medida de centralidade mais recente a ser utilizada em redes sociais, e emprega a teoria de aproximação estatística, se distanciando dos caminhos geodésicos utilizados em outras medidas de centralidade empregadas nos estudos de rede. Baseada no conceito de informação, o conceito usa uma combinação que analisa todos os caminhos entre os atores, uma vez que o fluxo da informação em uma rede pode utilizar qualquer canal disponível e esse nem sempre é o mais curto. Enquanto a centralidade de grau, de acordo com Tomael e Marteleto (2006), é o índice que identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma rede, ou seja, é o que mede o nível de comunicação de um ator. Nesse sentido, segundo Hanneman (2001), se um ator recebe muita informação significa que ele tem prestígio na rede, isto é, muitos outros atores buscam compartilhar informações com ele e isso pode indicar sua importância e influência na rede. Segundo Steiner (2006, p. 78), pode ser obtida, matematicamente, "somando-se os vínculos (X ij ) entre um ator i e os outros atores membros do grupo j". Já a centralidade de intermediação, segundo Rossoni (2006), mede o potencial dos indivíduos que servem de intermediários, ou seja, considera um ator como meio para alcançar outros atores, sendo ponte, mediando as interações e assim facilitando o fluxo de informações, já que as interações entre atores não adjacentes podem depender de outros atores, que podem potencialmente ter algum controle sobre tais interações. Conforme, Tomael e Marteleto (2006) um ator pode ter poucos contatos diretos na rede, estar conectado basicamente por ligações fracas, mas exercer um importante papel intermediando informações. E, finalmente, a centralidade de proximidade, de acordo com Tomael e Marteleto (2006), ressalta a distância de um ator em relação a outros na rede, sendo medida, conforme Wasserman e Faust (1994), por meio da soma das distâncias geodésicas entre todos os outros atores. Isto é,

73 73 quanto mais próximo um ator estiver de outros atores da rede, mais central ele estará. Nesse sentido, a centralidade de proximidade representa independência, isto é, a possibilidade de comunicação com muitos atores em uma rede, com um número mínimo de intermediários. Conforme Steiner (2006), a medida é dada, matematicamente, pelo inverso da soma das distâncias. Porém, segundo Levine e Kurzban (2006), quando se trata de agrupamentos de empresas, de uma forma simples, não se podem pensar apenas em pontos positivos, pois eles contêm questões problemáticas para as organizações, bem como a outros coletivos, porque pode, em algum momento, vir a impedir fluxos e aumentar o isolamento. Isto se dá, porque um cluster aparentemente atua em múltiplos níveis, podendo resultar em menor comunicação entre atores. É nesse ponto que ganha importância as redes organizadas de empresas, como forma de se ultrapassar os prováveis problemas advindos do agrupamento em si. Assim, conforme Levine e Kurzban (2006), deve-se levar em conta que, enquanto a decisão de se conectar ou se desligar de alguns atores pode ser benéfica para uma empresa, existe a probabilidade que seja menos favorável, ou até mesmo prejudicial, à rede como um todo. Uma maneira de se perceber e medir esse fato são através dos laços relacionais, uma vez que estes permitem ampla pesquisa para encontrar o ótimo intercâmbio entre as empresas parceiras, levando em conta que a eventual troca não exige reciprocidade direta do beneficiário, sendo que mesmo os recursos advindos de atores pobres podem ser detectados neles. Mas, deve-se ponderar que a hipótese dos laços relacionais, aparece quando os agentes percebem que tanto a si próprios como aos destinatários são incorporados em uma rede densa. Isto é, eles têm muitos laços sobrepostos, embora eles não estejam ligados uns aos outros, o que é uma característica típica dos clusters. A partir do relatado a cima, pode-se afirmar que em relação ao posicionamento estrutural, uma medida crucial da rede é sua densidade. O conceito de densidade, segundo Sacomano Neto e Truzzi (2004), pode ser entendido pela extensão da interconexão entre os atores da rede, isto é, quanto maior a interconexão, maior a densidade. Em relação às redes densas Gnyawali e Madhavan (2001) destacam três características: primeiro, facilitam o fluxo de informações e outros recursos; segundo, funcionam como sistemas fechados de confiança e normas divididas, em que as estruturas de comportamento em comum se desenvolvem mais facilmente; e, terceiro, as redes densas facilitam a atribuição de sanções.

74 74 Porém, o conceito de densidade permite diferentes definições, que podem vir afetar sua medição. Britto (2002), como já descrito, considera que a densidade pode ser associada à relação existente entre o número efetivo de ligações observados na estrutura e o número máximo de ligações que poderiam ocorrer no interior do arranjo em questão. Já Brito e Albuquerque (2002), ao proporem uma metodologia para determinação de arranjos de empresas, utilizam como um dos critérios, o denominado critério de densidade, que nesse sentido está relacionado ao número de estabelecimentos contidos no arranjo a ser estudado, visando capturar tanto a escala da aglomeração, como também a possível existência de cooperação dentro da aglomeração, desta forma, são considerados APLs aqueles arranjos que apresentarem um mínimo de 10 estabelecimentos no respectivo setor e mais de 10 em atividades associadas. Além de diferentes definições a medida de densidade também se vê envolta de algumas confusões, sendo a principal delas aquela que a iguala ao conceito de coesão. Conforme Sacomano Neto e Truzzi (2004), a coesão das relações é uma medida relacional dos pares de atores de uma rede e pode ser compreendida pela intensidade do relacionamento, isto é, forte ou fraca, estratégia de saída ou diálogo, relações de longo prazo, entre outras. Nesse sentido a coesão tem forte relação com a densidade, porém não se trata de sinônimos. Assim, podem existir relações coesas dentro de redes difusas, mas a coesão é fundamental para a maior densidade de uma rede. Portanto, a densidade e a coesão devem ser tratadas conjuntamente, uma vez que a intensidade de relacionamento, forte ou fraca, é dependente da estrutura da rede, densa ou difusa. Porém, segundo Levine e Kurzban (2006), a principal diferença entre as medidas é que, diferentemente do conceito de coesão, a densidade é uma característica da rede, não de uma díade, ou seja, relação entre dois atores. Assim, levando em conta que em teoria social da rede, a densidade refere-se à relação entre o número de relações existentes em um grupo, bem como a soma do total de potenciais relacionamentos no mesmo grupo, esta pode ser expressa matematicamente como Δ = 2R I/ (I -1), onde R é o número de relações existentes na rede e I o número de empresas que compõem a rede. Neste sentido a densidade da rede será expressa por valores sempre em intervalos binários, [0,1], em uma continuidade, onde 0 representa nenhum tipo de relacionamento dentro do grupo e, 1, quando existe em relação à um membro um vínculo direto para qualquer outro membro. Continuando as discussões sobre densidade, uma pergunta relevante, formulada por Sacomano Neto e Truzzi (2004), é: qual a melhor forma de se conectar a uma determinada rede?

75 75 Deve-se levar em conta que a posição de um ator é dependente do contexto da indústria. Portanto, o ambiente e a relação com outras organizações irão determinar qual a melhor configuração da rede. Levine e Kurzban (2006) sugerem que os atores preferem ser vinculados a outros atores com quem partilham muitas sobreposições de laços. Em outras palavras, os laços que são incorporados em uma rede densa, como em um cluster, têm preferência frente aos laços que são incorporados em uma rede difusa. Assim, acredita-se que os agentes irão, em geral, preferir os laços que parecem ser encaixados em uma rede densa de relações, do que aqueles que parecem estar inseridos numa difusa. Além disso, pensa-se que os agentes têm desenvolvido expectativas que seguem a lógica dos benefícios em cascata e usam essas para julgar a adequação entre coesão e densidade. Espera-se assim, que a força de um determinado laço seja sensível à percepção da densidade da rede em que este laço esteja contido (LEVINE E KURZBAN, 2006, p. 2). Nesse sentido, Levine e Kurzban (2006), definem que ao delinear uma teoria de benefícios em cascata, propõe-se que a aglomeração é o resultado da aparente preferência por redes densas por parte dos atores. Esta preferência é resultado de uma expectativa de sucesso através da troca realizada por meio de um laço que está embutido em uma rede densa, sendo que esta teria como resultado não só em benefícios diretos recíprocos, mas também em secundários e terciários benefícios que surgem em cascata através da rede e voltam ao seu ordenador. Os efeitos secundários e terciários seriam muito mais fracos em uma rede difusa. Assim, os agentes geralmente preferem as redes densas, pois suas contribuições são muito maiores, além dos maiores custos associados com comportamentos imorais nas redes esparsas. Porém, Sacomano Neto e Truzzi (2004), defendem que mesmo as redes difusas originando-se quando há pouca densidade em uma rede, isto é, quando o grau de interconexão é relativamente menor, também apresentam uma contribuição positiva ao desempenho das firmas. Sendo que, diferentemente das redes densas, elas estão associadas ao acesso às novas informações, graças ao caráter não redundante das relações. Assim, pode-se considerar que a medida de densidade além de ser utilizada como uma proxy, também gera a hipótese de ter influência importante sobre o funcionamento das redes sociais. Uma vez que o interesse no impacto da estrutura é certo, em sociologia, mas também se podem rever algumas das provas e afirmações sobre as causas e conseqüências da densidade da rede na área da economia e teoria organizacional.

76 76 Levine e Kurzban (2006), explicam que diferentes relações foram assumidas ou implícitas, mas não há nenhuma teoria clara sobre o processo, nem suficientes dados empíricos. Os alegados efeitos da densidade não são diretamente previstos pelas explicações dominantes da formação e da força dos laços sociais. Teorias sociais, como a teoria das trocas sociais, ou a teoria homophily, prevêem que os agentes são atraídos uns aos outros por causa de recursos ou por possuírem determinadas características, não devido a certa estrutura de rede. Em troca social, o fator decisivo são os respectivos dotes das partes, bem como a correspondência entre o que cada um quer e tem para oferecer. Em homophily, é a semelhança entre os atores, tal como prestígio e status. Portanto, as medidas de redes aqui descritas, especialmente a centralidade e a densidade, dizem respeito a análise estrutural da rede, uma vez que esta modela o sistema de relações que existem entre os atores e delineia as características da rede por meio de tais medidas. Segundo Steiner (2006), a análise estrutural desenvolve uma abordagem na qual a ação individual e o quadro institucional são dimensões inseparáveis, ou seja, enquanto a ação individual utiliza os recursos oferecidos pela rede, esta última a constrange, ao mesmo tempo em que a rede só existe devido às ações individuais que colocam em relação os indivíduos que compõem essa rede. Steiner (2006), ainda salienta que o interesse na análise estrutural se relaciona com o fato dela permitir a quantificação de algumas características da estrutura social de uma rede, além de tornar possível a explicação dos objetivos atingidos pelos atores. Neste sentido, uma das formas de abordagem freqüentemente utilizada na análise de rede apóia-se na idéia de integração do grupo ou de coesão social para estudar, empírica e quantitativamente, suas características em termos de centralidade e densidade. No presente trabalho a análise estrutural, baseada na aplicação de medidas de redes, toma como objeto de análise um tipo específico de rede, a rede de empresas, sendo que esta se insere numa forma específica de aglomerações de empresas, ou seja, o arranjo produtivo local (APL), cujos conceitos e característica foram detalhados no capítulo 2.

77 77 4 CENTRALIDADE E DENSIDADE EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS O presente capítulo apresenta uma proposta de mensuração e análise da centralidade e densidade em arranjos produtivos locais. O capítulo apresenta a pesquisa bibliográfica utilizada na construção da proposta e a formulação do modelo de referência para mensurar e analisar a centralidade e densidade em arranjos produtivos locais. 4.1 Relações, medidas e análise da centralidade e densidade Na formulação/sistematização da proposta serão consideradas as pesquisas bibliográficas e metodológicas apresentadas nos capítulos anteriores. Foram considerados os tipos de relações possíveis em redes de empresas, as formas de mensuração das medidas de centralidade e densidade, e as possibilidades de análise de tais medidas Relações em arranjos produtivos locais Conforme apresentado nos capítulos anteriores, a noção de organização em rede traz a necessidade de se repensar os limites da empresa individual, acentuando a importância dos diversos tipos de articulações com outros atores e instituições. Esse fato, acarreta o desenvolvimento de relações complexas, onde o comportamento de um agente não se dissocia de outros agentes com os quais ele estabelece interações. Nesse sentido, os atores passam a ocupar posições privilegiadas ou não na estrutura da rede em relação a outros atores, sejam eles competidores, fornecedores, clientes, associações, agências governamentais, entre outros, com os quais estabelecem canais e relações onde fluem bens, serviços, recursos e informações. Também é relevante considerar que o ambiente em que as organizações operam é estruturado através de vínculos produtivos e tecnológicos dentro das diversas redes de relações possíveis. Portanto, pode-se apontar, conforme Sacomano Neto (2007), que compreender como a posição estrutural das organizações, em uma determinada rede, influencia as atividades, os recursos, a coordenação, o desempenho e o comportamento estratégico dos atores se faz uma necessidade crescente. Ou seja, os resultados das atividades organizacionais dependem das

78 78 relações entre vários atores e estas relações constituem a estrutura social das organizações, que por sua vez assume importância fundamental dentro deste contexto. No sentido de auxiliar tal compreensão cabe destacar a análise de redes sociais (ARS), uma abordagem oriunda da sociologia, da psicologia social e da antropologia que, segundo Matheus e Silva (2006), tem como objetivo estudar as ligações relacionais entre atores sociais. Entretanto, a diferença fundamental da análise de redes para outros estudos de natureza organizacional é que a ênfase não é nas características dos atores (empresas, gestores, funcionários), mas nas ligações, ou elos, entre diferentes atores, isto é, a unidade de observação se compõe pelo conjunto de atores e seus laços. Isto significa que nos estudos de rede a unidade de análise não são os atores individuais e sim um conjunto de ligações com outros atores, ou seja, as relações travadas na rede. Assim, a rede, como instrumento de análise, apóia-se na estrutura das relações para compreender uma ampla gama de aspectos. Nessa perspectiva, de acordo com Wasserman e Faust (1994), o ambiente social pode ser expresso como estruturas ou relações regulares entre as unidades. Assim, as estruturas de relações podem ser econômicas, políticas, interacionais ou afetivas, entre outras formas. As relações são expressas através dos elos ou conexões entre as unidades de análise, e é através destes elos e conexões que fluem recursos materiais e não materiais, a interação física dos atores e as relações formais de autoridade. Portanto, considerando que a análise de redes sociais é uma metodologia usada para se estudar a troca de recursos entre atores e que quando focada na análise dos aglomerados de empresas passa a incluir as relações econômicas existentes entre as diferentes empresas e organizações do aglomerado, Lazzarini (2008) explicita que tais relações podem ser de dois tipos: verticais e horizontais. Uma rede formatada por laços/relações verticais, que pode ser denominada como cadeia vertical, ou cadeia de suprimentos, ou ainda rede cliente/fornecedor, nada mais é, conforme destaca Lazzarini (2008), uma rede de laços seqüencialmente encadeados, a qual permite gerenciar interdependências seqüenciais entre diversos atores envolvidos, ou seja, "cada ator a montante fornece um produto (ou serviço) que é insumo do outro ator a jusante" (LAZZARINI, 2008, p. 37). Porém, segundo Porter (1999), é possível deduzir que a essência da estratégia competitiva consiste em desenvolver parcerias que atuem diretamente nas cinco forças que agem numa

79 79 determinada indústria. Isto é, as organizações além de colaborar com seus clientes, apresentandolhes suas necessidades e suprindo-as e com os seus fornecedores ao integrá-los ao processo de produção e de distribuição do produto; também interage com outros atores, sobretudo com seus concorrentes, promovendo políticas de atuação em segmentos distintos, diminuindo a probabilidade de ocorrerem movimentos competitivos irracionais, além de outras atividades com intuito de cooperação. Portanto, deve-se considerar, como já mencionado, que a distinção da abordagem de redes para outras formas organizacionais diz respeito à lógica própria e particular de seus atores perseguirem acordos cooperativos. Neste sentido, a simples relação mercadológica entre clientes e fornecedores analisada através da análise da rede vertical não garante que ocorra cooperação entre os atores. Desta forma, apresentam-se as redes formatadas por laços horizontais, que também recebem o nome de redes cooperativas, que ocorrem entre empresas concorrentes de um mesmo setor ou entre empresas de setores adjacentes ou complementares. Nesta linha de pensamento, Lazzarini (2008, p.38) aponta que "as redes horizontais tipicamente apresentam dois tipos de interdependências entre os atores: interdependências de agregação e recíprocas". As de agregação são interdependências mais fracas, pois, embora a cooperação resulte de interesses comuns, não será preciso que se desenvolvam relações intensas com os pares, podendo resultar em apenas diálogos momentâneos em momentos específicos. Por outro lado, se as interdependências forem recíprocas as relações horizontais tenderão a ser mais fortes, nesse caso, as empresas podem não apenas compartilhar recursos físicos, como também trocar conhecimentos e desenvolver conjuntamente novos produtos e processos, através do estabelecimento de alianças para compartilhar, de forma recíproca, os recursos de cada uma. Segundo Lazzarini (2008) também é importante citar que em ambos os tipos de interdependência as relações podem ocorrer não apenas entre clientes e fornecedores, mas também entre concorrentes, ou outros tipos de empresas do mesmo setor. Porém, levando em conta as especificidades de formato organizacional, Balestrin e Vargas (2004) listam outro tipo de rede, que se entrelaça com os dois já citados: as redes informais, caracterizadas pela conivência e encontros informais entre os atores econômicos portadores de preocupações semelhantes. Tais relações se caracterizam pela troca de experiência e de

80 80 informação sobre as bases da livre participação, ou seja, sem qualquer tipo de contrato formal que estabeleça regras. Desta forma além da existência de uma cultura de cooperação e de auxílio ao estabelecimento de relações interempresariais mais freqüentes e estruturadas, também se deve considerar as relações entre os indivíduos envolvidos com as empresas, sejam empresários, gerentes ou empregados em geral, na qual os laços de amizade e conhecimento são relevantes para os contatos profissionais, agindo em conformidade com os interesses mútuos de cooperação, baseados, sobretudo, na confiança entre os atores. Este ponto, das relações interpessoais, se torna ainda mais importante quando se leva em conta, conforme Bastos (2002), que se verifica uma crescente tendência a ver as organizações como um fenômeno processual, enraizado nas ações e decisões de pessoas, fortalecendo-se uma vertente de pensamento que "recusa-se a reificar a organização e coloca as pessoas, os grupos, as redes sociais, as cognições gerenciais e os processos decisórios como alicerces do fenômeno organizacional" (BASTOS, 2002, p.66). Portanto, dar importância à rede interpessoal significa assumir um paradigma interpretante e cognitivista, em que os indivíduos constituintes passam a ser envolvidos na construção da rede de empresas. Dessa forma, pode-se considerar que as formatações das redes verticais e horizontais de um determinado aglomerado dependem muito da rede de relações informais e interpessoais formada pelas pessoas participantes das empresas. Assim, o estudo de redes toma contornos, segundo o pensamento de Bastos (2002), de uma epistemologia social construtivista que leva a se ver a organização como uma construção social. Levando em conta as considerações acima, sobre as relações interempresariais, para a perspectiva dos arranjos produtivos locais, deve-se relevar que todo APL tem uma cadeia produtiva permeando as atividades produtivas. Assim, se pode partir da idéia que tal cadeia produtiva envolve relações verticais e horizontais entre as empresas que a constitui. Também é importante se atentar que o termo APL, segundo Noronha e Turchi (2005), foi criado pelo governo brasileiro, em um grupo interministerial em 2004, para designar as aglomerações de empresas. Portanto, embora as primeiras idéias sobre aglomerações tenham sido apresentadas por Alfred Marshall em seu livro Principles of Economics, primeiramente publicado em 1920, isto é, mesmo que a importância das relações interempresas já tenham sido diagnosticadas no início do século XX, a atual emergência dos APLs como importantes exemplos

81 81 de relações interempresas no Brasil, tem como diferencial a relevância dispensada às características de "local" e de "especialização" embutidas em diferentes aglomerações. Neste sentido, segundo Cassiolato e Lastres (2004), o termo arranjos produtivos locais é descrito como um produto histórico do espaço social local. Alguns destes arranjos podem, inclusive, não progredir necessariamente em direção a formas mais sistêmicas de organização produtiva local, enquanto outros podem, ao contrário, desenvolver formas organizacionais como verdadeiros sistemas produtivos inovativos localizados. Dessa forma, sistemas produtivos inovativos locais podem ser definidos como arranjos produtivos cuja interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, ou seja, arranjos em que a coexistência de relações verticais, horizontais e interpessoais possibilitam inovações de produtos, processos e formatos organizacionais, gerando maior competitividade empresarial e capacitação social no conjunto da rede. Assim o conceito de APL, conforme lembram Noronha e Turchi (2005), ao focar as relações que explicitam as dinâmicas dos sistemas produtivos, deixando de lado a velha classificação de empresas por setor, limitada por sua abordagem centrada apenas na similaridade de produtos concorrentes, se preocupa em verificar cooperações verticais e horizontais, entre empresas e outras organizações que lhes dão apoio ou que constrangem suas ações, articulandose assim com relações possíveis de serem identificadas através da abordagem de redes sociais sintetizadas no presente capítulo, isto é, relações verticais/cliente-fornecedor, relações horizontais/cooperativas e relações interpessoais/informais Formas de mensuração da centralidade de densidade em arranjos produtivos locais Além de reconhecer que um conjunto de organizações possui laços com outras, ou seja, constitui-se uma rede, é importante compreender, conforme Nohria (1992), quais tipos de laços importam, em quais circunstâncias e de que maneira, além de analisar o que leva à formação de diferentes padrões de redes e como as redes evoluem e mudam ao longo do tempo. Reconhecendo que além de identificar uma rede é necessário conhecer suas propriedades, Wasserman e Faust (1994) apontam quatro pontos importantes sobre análises de redes: 1) os atores e suas ligações são vistas como interdependentes ao invés de independentes ou unidades

82 82 autônomas; 2) as ligações, relações entre os atores, são canais para a transferência ou fluxo de recursos, sejam eles, materiais, tangíveis ou intangíveis; 3) os modelos de redes que focam os indivíduos percebem a estrutura de rede como fonte de oportunidades ou restrições para as ações individuais; e 4) os modelos de redes conceituam a estrutura social econômica ou política, como padrões de relações entre os atores. Portanto, pode-se definir, conforme Wasserman e Faust (1994), que qualquer tipo de rede encerra uma estrutura e determinadas relações entre os atores. Sendo que, o ambiente onde os atores transacionam bens e serviços pode ser expresso por meio de regularidades nas relações de interação entre as atividades. E, é esta presença de regularidades nas relações que denomina-se de estrutura de uma rede. Por sua vez, a estrutura contém canais através dos quais os atores trocam bens e serviços, transferem recursos e informações. Segundo Sacomano Neto (2007), podem estar presentes na estrutura: a relação de poder, a confiança, o oportunismo, o controle social, os sistemas de alinhamento de interesses, as formas de negociação e as formas de seleção de fornecedores, entre outros aspectos. Assim, o posicionamento estrutural dos atores em uma determinada rede compreende diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Neste sentido, Wasserman e Faust (1994) apontam que a análise de redes fornece uma série de medidas ou propriedades para a análise da estrutura da rede. Levando em conta a descrição das propriedades da rede, pode-se colocar que o posicionamento estrutural e relacional dos atores em uma determinada rede compreendem diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Segundo Sacomano Neto e Truzzi (2004), dimensionar essas propriedades permite compreender qual o posicionamento mais adequado ao contexto de uma organização, ou seja, além de estudar as propriedades da rede, também, se faz importante discorrer sobre medidas de rede. Entre as principais propriedades estruturais lembradas por Wasserman e Faust (1994) encontram-se a centralidade, em suas diferentes vertentes de mensuração, e a densidade. Neste sentido, Steiner (2006) pondera que a medida de centralidade é uma medida que carateriza a posição relativa dos atores em uma rede, ou seja, esta é mais elevada a partir do momento em que o ator está conectado a um número maior de outros atores. Já a densidade de uma rede diz respeito ao número de vínculos observados frente ao número de relações possíveis.

83 83 Quando se menciona a questão da centralidade em estudo de redes, a preocupação central está focada na noção de distância, isto é, o menor número de laços necessários para conectar, direta ou indiretamente, um ator a outro na rede. O grau de centralidade pode ser mensurado por três medidas que representam características e resultados quantitativos diferentes, porém complementares, definidas da seguinte forma por Tomael e Marteleto (2006): 1) centralidade de grau: é o índice que identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma rede; 2) centralidade de intermediação: mede o potencial dos indivíduos que servem de intermediários, ou seja, considera um ator como meio para alcançar outros atores; 3) centralidade de proximidade: a centralidade de proximidade representa independência, isto é, a possibilidade de comunicação com muitos atores em uma rede, com um número mínimo de intermediários. Já quando se refere à propriedade de densidade em estudos de redes, volta-se o foco ao grau de conectividade entre os atores da rede. Assim a densidade refere-se à razão entre o número de laços observados entre estes atores sobre o número total possível de laços entre eles, podendo ser expressa matematicamente, segundo Levine e Kurzban (2006), como Δ = 2R I/ (I -1), onde R é o número de relações existentes na rede e I o número de empresas que compõem a rede. Considerando, que a idéia de aglomerações, principalmente a partir do início dos anos 1990, torna-se explicitamente associada ao conceito de competitividade e que neste sentido os estudos sobre esta estrutura organizacional passam a ser realizados de forma que a especialização e a competitividade econômicas são reinterpretadas dentro de uma perspectiva de interações/relações, o próprio conceito de aglomeração tornou-se mais articulado, sendo que um importante passo nesta direção, segundo Cassiolato e Szapiro (2003), é a ligação da idéia de aglomeração com a de redes. Seguindo esta articulação entre aglomerações de empresas e análise de redes a cooperação entre agentes ao longo da cadeia produtiva passa a ser cada vez mais destacada como elemento fundamental na competitividade, como mostra a experiência japonesa e a Terceira Itália. Também Porter (1999), ao apresentar a idéia de cluster, colocava um grande peso na idéia de rivalidade, ou concorrência, entre empresas como estimulador da competitividade. Assim, levando em conta que o conceito de arranjo produtivo local surgiu e está inserido na idéia de aglomeração, embora com características específicas como já explicitado, e que dentro de um APL a competitividade pode aparecer em diversas configurações empresariais,

84 84 possibilitando, de acordo com Macias (2002), a convivência de empresas de diversos tamanhos, que conformam uma rede complexa de cooperação e concorrência, pode deduzir-se que a articulação entre os conceitos de aglomeração e redes também pode se estender aos estudos de APLs, fazendo com que a perspectiva de estrutura em redes seja condicionante importante para melhor entender e analisar os arranjos produtivos locais como forma de organização empresarial. E, portanto, levando em conta que as medidas de redes, aqui descritas, dizem respeito a análise estrutural da rede, segundo Steiner (2006), a utilização de tal análise, através da mensuração das propriedades de centralidade e densidade, para estudar um APL, permite quantificar algumas características da estrutura social que compreende determinada rede de empresas, além de tornar possível a investigação dos objetivos atingidos por determinados atores da rede Possibilidades de análise da centralidade e da densidade em arranjos produtivos locais Relembrando que a rede, como instrumento de análise, apóia-se na estrutura das relações para compreender uma ampla gama de aspectos, ao se analisar a evolução histórica da análise de redes dentro da tradição sociológica, Martes ett alli (2006) identificam três bases formadoras: os estudo sociométricos, os estudos desenvolvidos por antropólogos da Universidade de Manchester e os estudos desenvolvidos pelos estruturalistas da Universidade Harvard. Os estudos sociométricos têm seu marco nos trabalhos de Jacob Moreno, desenvolvidos durante a década de 1930, que utilizava sociogramas, representando grupos como uma coleção de pontos conectados por linhas, para identificar os relacionamentos em forma de rede entre pessoas e os padrões de interação, clusters e a dinâmica de pequenos grupos. Enquanto os estudos desenvolvidos por antropólogos da Universidade de Manchester alcançaram avanços consideráveis ao aliar a matemática com a teoria social substantiva, no final da década de 1950, utilizando redes egocêntricas, isto é, a análise de redes em torno de um indivíduo em particular, e análise de conteúdo dos laços da rede, ou seja, descrevendo modos particulares de atividade social, tais como parentesco, interação política, amizade e relações de trabalho. Já os estudos desenvolvidos pelos estruturalistas da Universidade Harvard, através de Harrison White e seus estudantes no final dos anos 1960, conciliaram diferentes tradições da

85 85 análise de redes nas suas investigações sobre a base matemática das estruturas sociais, modelando e mensurando matematicamente os papéis sociais, por meio de blockmodeling. Desta forma, conforme Marteleto e Silva (2004), a sistematização de um método para o estudo das redes é recente, podendo se apresentar como marco a década de 1940, quando as relações passaram a ser representadas na forma matricial, ou seja, matrizes com n linhas e colunas, sendo n o número de atores, cujas células eram preenchidas com 0 e 1, representando a ausência ou presença de relação entre dois atores quaisquer), beneficiando-se da base matemática da álgebra linear. Já nos anos 1970, desenvolveram-se as análises mais sofisticadas e de maior porte, possíveis a partir do aumento da capacidade dos computadores e do desenvolvimento de softwares adequados para tratamento de grandes bases de dados e sua análise na forma de redes (MARTELETO; SILVA, 2004). Portanto, o uso de técnicas matemáticas, tais como matrizes, diagramas, gráficos, entre outras, permite uma descrição mais adequada e concisa das características das redes de empresas. Além disso, conforme apontam Marteleto e Silva (2004, p. 43), "essas técnicas permitem o uso de computadores na análise da informação e a indicação de relações não previstas, abrindo a possibilidade de novas perguntas de investigação". Portanto, o que torna cientificamente relevantes os resultados obtidos com o uso da análise de redes na análise de APLs são as teorias das áreas de conhecimento que dão origem à pesquisa. Pensando-se, neste sentido, na possibilidade da aplicação de determinadas medidas de rede no estudo de APLs, entendendo-se a centralidade e a densidade como propriedades estruturais da rede que dizem respeito aos relacionamentos existentes dentro de uma determinada aglomeração de empresas, pode-se elencar que através da mensuração da centralidade é possível levantar os atores mais poderosos dentro do arranjo, inclusive apontando os setores mais influentes na cadeia, enquanto a partir da densidade pode-se apontar para um maior volume de relações entre os atores, possibilitando inclusive identificar quais setores estão menos envolvidos na rede, ou seja, com mais ausência de relações concretas, sendo assim, causas de possíveis buracos estruturais.

86 86 Tais medidas de rede também podem auxiliar na caracterização do APL e na descrição de seu funcionamento, apontando, inclusive, os atores com acesso a recursos escassos ou com capacidade de cooperar com vários outros atores. Levando em consideração que o presente estudo trata do uso de medidas de rede, isto é centralidade (centralidade de grau, centralidade de proximidade e centralidade de intermediação) e densidade, além de considerar que a partir dos anos 1970 os estudos de redes partiram para análises mais sofisticadas e de maior porte, com o aumento da capacidade dos computadores e o desenvolvimento de softwares adequados para tratamento de grandes bases de dados e sua análise na forma de redes, se faz interessante para a mensuração das medidas e para a análise dos resultados programas específicos para a análise das redes, como o UCINET. O software UCINET 6, disponibilizado na Internet 1, é considerado atualmente como sendo um dos principais programas para tratar rede, permitindo criar uma matriz com a finalidade de analisar dados e poder ilustrá-los por meio de gráficos e diagramas que tornam os dados mais compreensíveis e com uma representação adequada para a interpretação. Para a questão da representação gráfica além do UCINET, utiliza-se um outro software acoplado a ele: o NetDraw15, também disponíveis na Internet. Assim, a combinação das medidas de redes a serem utilizadas com os atributos dos atores de um APL, através de diagramas gerados pelo software, fornece diversos subsídios para a análise da estrutura dos arranjos e as respectivas relações entre os atores produtivos em questão, isto é permite compreender como a rede de empresas que compõe um APL se comporta e como as relações influenciam esse comportamento. Desta forma, pode-se relacionar, por exemplo, a maior centralidade de um produtor com o acesso a recursos escassos ou com a capacidade de cooperar com vários outros atores. A análise das redes permite também a análise de níveis distintos: do ator, das relações ou da estrutura. Por exemplo, é possível entender aspectos relacionados a um ator do APL, como o grau de parcerias com outros atores. Os níveis distintos permitem relacionar o desempenho de um ator, com as características de suas relações e posições na estrutura da rede. Porém ao aplicar uma análise posicional da estrutura do conjunto de empresas que compõe determinado APL, comparando e correlacionando as medidas de centralidade e densidade e os sociogramas das possíveis redes de relacionamentos, fazem-se necessário lançar 1

87 87 mão de alguns conceitos que podem enriquecer a análise, entre tais pode-se destacar os conceitos de netchain e capital social. O conceito de netchain nasce da concepção de que é raro encontrar um contexto interorganizacional envolvendo apenas laços verticais ou horizontais, ou seja, muitas redes, na prática, exibem um conjunto complexo desses laços. Neste sentido, Lazzarini et alli (2001) introduzem o conceito de netchain para analisar conjuntamente laços verticais e horizontais e as diversas interdependências associadas a eles. Portanto, "netchain é um conjunto de redes compostas por laços horizontais entre firmas em determinada indústria ou grupo, de tal forma que essas redes (ou camadas) são arranjadas seqüencialmente com base nos laços verticais entre as empresas em diferentes camadas" (LAZZARINI, 2008, p. 40). No que diz respeito ao capital social, é importante salientar que tal conceito possui diversas definições dependendo das orientações teóricas e metodológicas a serem utilizadas. O presente trabalho partirá da leitura de Fligstein (2007), no sentido de tratar o capital social como uma soma de recursos decorrentes da existência de uma rede de relações de reconhecimento mútuo institucionalizada em campos sociais, tendo como foco as estratégias de reprodução ou a mudança de posição na estrutura social, ou seja, para este autor os recursos são empregados pelas empresas em uma estratégia de progresso dentro da hierarquia social, prática resultante da interação entre o ator e a estrutura. 4.2 Proposta de mensuração da centralidade e densidade em APLs A partir do referencial teórico sintetizado no tópico anterior cabe apresentar uma proposta para se mensurar e analisar tais medidas de forma a contribuir na compreensão de como a rede de empresas que compõe um arranjo produtivo local se comporta e como as diferentes formas possíveis de relações influenciam este comportamento. A construção da proposta é dividida pelas etapas descritas a seguir e, posteriormente, apresentadas resumidamente: 1. Caracterização do arranjo produtivo local; 2. Definição das questões de pesquisa; 3. Definição das medidas de densidade e de centralidade a serem mensuradas;

88 88 4. Definição dos softwares e instrumentos de análise a serem utilizados Caracterização do arranjo produtivo local Como já mencionado na síntese do referencial teórico o termo arranjos produtivos locais é descrito como um produto histórico do espaço social local, tendo como diferencial em relação a outras tipologias de aglomerados a relevância dispensada às características de "local" e de "especialização" embutidas em diferentes aglomerações. Assim a caracterização de um Arranjo Produtivo Local deve ser construída atentando-se a uma detalhada revisão de bibliografia e de documentos que contemple histórico e conjuntura do setor em questão, tanto no país de origem como no município ou região onde está localizado, além da caracterização da cadeia produtiva em que está inserido e o processo de desenvolvimento e formalização do Arranjo em si. Assim, o desdobramento desta etapa permite a seguinte estruturação da proposta: - Caracterização do setor no país: histórico do desenvolvimento do setor, atentando-se para as principais características deste, tais como: papel do Estado, ciclos de crescimento e desenvolvimento, mercado consumidor; relato sobre a conjuntura atual do setor, contendo mensuração de empresas inseridas, produção, consumo, além de levantamentos sobre o mercado interno e externo e as perspectivas de crescimento. - Caracterização do setor no município e/ou região: perfil do município e/ou região; histórico do desenvolvimento do setor no município e/ou região em que o Arranjo encontra-se inserido, atentando-se para as principais características deste, tais como: papel do Estado, ciclos de crescimento e desenvolvimento, mercado consumidor; relato sobre a conjuntura atual do setor, contendo mensuração de empresas inseridas, produção, consumo, além de levantamentos sobre o mercado interno e externo e as perspectivas de crescimento. - Caracterização da Cadeia e dos Atores: descrição do conjunto de etapas/atividades consecutivas do(s) principal(is) produto(s) final(is) pelo(s) qual(is) se caracteriza o Arranjo, contendo desde os insumos, produção, distribuição e comercialização; quantificação e classificação setorial das empresas que fazem parte de cada atividade da cadeia produtiva no município/região onde o Arranjo está inserido; aplicação da metodologia de identificação de APLs sugerida por Brito e Albuquerque (2002) no conjunto de empresas inserido na cadeia produtiva local.

89 89 - Caracterização do Arranjo Produtivo Local: histórico do desenvolvimento e formalização do APL estudado; descrição das principais características institucionais do Arranjo; levantamento da quantidade de empresas que participa do APL formalizado e sua distribuição na cadeia produtiva. Porém, na realização das etapas descritas se devem levar em conta como já mencionado no Capítulo 2 da presente pesquisa que o termo arranjos produtivos refere-se à concentração de quaisquer atividades similares ou interdependentes no espaço, não importando o tamanho das empresas, nem a natureza da atividade econômica desenvolvida. Neste sentido, também é importante ter em mente que um APL pode englobar uma cadeia produtiva estruturada localmente ou concentrar-se em um ou alguns elos de uma cadeia produtiva de maior abrangência espacial, seja ela regional, nacional ou até mesmo internacional. No tocante às relações de um APL no momento de sua caracterização é necessário se atentar que a conformação das interações entre empresas em um arranjo produtivo traz consigo a preocupação sobre as formas de coordenação entre os diversos agentes envolvidos no processo. Assim, conforme Suzigan et alli (2002b), algumas questões que devem estar inseridas nessa etapa da formulação da proposta de mensuração da centralidade e da densidade em APLs dizem respeito aos determinantes da capacidade de comando da relação entre as empresas, aos elementos que levam a diferentes configurações em termos das relações de poder dentro dos sistemas locais e seus vínculos globais, à existência de assimetrias acentuadas dentro das aglomerações que podem afetar a organização produtiva do sistema e as relações entre os agentes e às relações entre os produtores locais e os agentes responsáveis pela comercialização do produto representam um estímulo ao desenvolvimento do sistema Relações verticais, horizontais e informais do APL Considerando o referencial teórico apresentado podem-se definir três tipos de relações possíveis em uma rede de empresas e, consequentemente, em um APL: relações verticais/clientefornecedor, relações horizontais/cooperativas e relações informais/interpessoais. Por outro lado, alguns Arranjos podem, mesmo possuindo as relações descritas, não progredir necessariamente em direção a formas mais sistêmicas de organização produtiva local, enquanto outros podem, ao contrário, desenvolver formas organizacionais como verdadeiros sistemas produtivos inovativos localizados, dependendo em grande parte da institucionalização do Arranjo. Partindo de tais

90 90 relações e considerações definem-se as questões que virão a permear a construção da proposta de mensuração, ou seja, as questões de pesquisa que permitirão a mensuração pontual e característica das medidas de densidade e de centralidade da rede de empresas que compõe um APL. Assim, o desdobramento desta etapa permite a estruturação da proposta em três questões centrais, conforme segue: - Relações Verticais/Cliente-Fornecedor: o conjunto de empresas que forma o Arranjo Produtivo Local a ser estudado constitui uma rede vertical? Se positivo, até que ponto a formalização deste APL auxiliou na formatação desta rede? - Relações Horizontais/Cooperativas: o mesmo conjunto de empresas constitui uma rede horizontal? Se positivo, até que ponto a formalização deste APL auxiliou na formatação desta rede?; - Relações Informais/Interpessoais: as relações interpessoais tomadas pelas pessoas que participam deste conjunto de empresas constituem uma rede informal de informações? Se positivo, até que ponto a constituição formal deste APL reforçou e expandiu esta rede? Em complemento a tais questões de pesquisa, faz-se necessário outros questionamentos que permitam uma melhor caracterização de cada rede de relacionamento, conforme se segue: - Relações Verticais/Cliente-Fornecedor: que relações dizem respeito à compra? e que relações dizem respeito à venda? - Relações Horizontais/Cooperativas: existem relações entre concorrentes ou empresas do mesmo setor? que tipo de atividade de cooperação (troca de tecnologia, máquinas e equipamentos; informações sobre design de produtos; informações sobre oportunidades de mercado; informações sobre clientes; recursos financeiros; informações sobre produção; informações sobre marketing; informações sobre logística, entre outras) são desenvolvidas com os diferentes atores do Arranjo (clientes, fornecedores, concorrentes)? - Relações Informais/Interpessoais: que informações são trocadas entre as pessoas (novas tecnologias e equipamentos; sistemas de gestão; mercado, produtos e clientes; recursos financeiros)? com que freqüência as pessoas trocam estas informações (semestral ou bimestralmente; mensalmente; quinzenalmente; semanalmente; diariamente)? Qual o tipo de relação existente entre as pessoas que trocam informações (conhece pouco; colega, parentesco; amizade; amizade, com elevada confiança)?

91 Medidas de densidade e de centralidade em APLs Conforme relatado na síntese do referencial teórico as medidas de centralidade e densidade encontram-se entre as principais propriedades estruturais da rede e, consequentemente, ao articular o conceito de arranjos produtivos locais com a perspectiva de redes, de um APL. Neste sentido, Steiner (2006) pondera que a medida de centralidade é uma medida que carateriza a posição relativa dos atores em uma rede e pode ser mensurada de três formas que representam características e resultados quantitativos diferentes, porém complementares: centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade. Já a densidade de uma rede diz respeito ao número de vínculos observados frente ao número de relações possíveis. Assim, o desdobramento desta etapa permite a estruturação da proposta de mensuração a partir das seguintes medidas de rede: - Densidade: apresentada como uma medida em percentagem que representa a baixa ou alta conectividade do APL, ou seja, o quociente entre o número de relações existentes com as relações possíveis, sendo, portanto, um indicador da rede como um todo. - Centralidade de Grau: representa o número de atores com os quais um ator está diretamente relacionado no contexto de um APL, dividindo-se em grau de entrada e grau de saída de acordo com a direção dos fluxos, ou seja, o grau de saída representa as relações que um ator tem com outros, enquanto o grau de entrada representa as relações que outros atores têm com este ator. Este indicador diz respeito a cada ator (empresa) e pode ser expresso tanto em valor absoluto de interações como em percentual. - Centralidade de Intermediação: apresenta a capacidade de um ator de intermediar as interações entre pares de empresas de um APL, se caracterizando assim como um ator-ponte no Arranjo. Além de ser um indicador que diz respeito a cada ator, também é possível a partir de sua mensuração traçar caminhos geodésicos entre todos os pares de empresas possíveis, constituindose assim uma medida da rede como um todo, isto é, uma propriedade importante para analisar um APL. Os resultados podem ser expressos tanto em valor absoluto de número de nós que um ator é capaz de ligar, como em percentagem.

92 92 - Centralidade de Proximidade: apresenta a capacidade de um ator alcançar todos os outros atores da rede que compõe um APL, sendo representada pela soma de todas as distâncias geodésicas de um ator para se ligar com os demais. Assim, a medida é representada por valores absolutos de distância geodésica. Este indicador também gera resultados para cada ator e para a rede como um todo Softwares e instrumentos de análise para APLs O estudo das redes utiliza as relações representadas na forma matricial, ou seja, matrizes com n linhas e colunas, sendo n o número de atores, cujas células são ser preenchidas com 0 e 1, representando a ausência ou presença de relação entre dois atores quaisquer, beneficiando-se assim da base matemática da álgebra linear. Considerando também que a partir dos anos 1970 os estudos de redes partiram para análises mais sofisticadas e de maior porte, com o aumento da capacidade dos computadores e o desenvolvimento de softwares adequados para tratamento de grandes bases de dados e sua análise na forma de redes. Faz-se importante definir um software para a construção do modelo. Neste sentido software UCINET 6, disponibilizado na Internet e desenvolvido por Borgatti e Everest (2002), é considerado atualmente como sendo dos principais programas para medir propriedade de redes, permitindo criar uma matriz com a finalidade de analisar dados. Desta forma ao elaborar um questionário, como será exposto no Capítulo 5, cujas questões de pesquisa podem ser representadas binariamente, ou seja, questionando com que empresas determinado ator mantêm relação, se certa empresa for citada receberá valor 1, se outra não for citada receberá valor 0, pode-se alimentar o sistema formatando uma matriz, conforme apresenta a Figura 4.01, para cada rede de relacionamento formatada através das questões de pesquisa. Figura 4.01 Exemplo de Entrada no UCINET

93 93 Fonte: Leal (2005) No que se refere à utilização do software para mensuração das medidas de rede apresentadas anteriormente para cada rede de relacionamento a estruturação do modelo via comandos a serem utilizados do UCINET é o seguinte: - Densidade: Network > Cohesion > Density > Density Overall. - Centralidade de Grau: Network > Centrality > Degree. - Centralidade de Intermediação: Network > Centrality > Freeman Betweenness > Nodes Betweenness. - Centralidade de Proximidade: Network > Centrality > Clossenness. Em todos os casos os resultados apresentados pelas saídas do software podem ser exportados e estruturados em forma de tabelas, facilitando a análise dos indicadores. Além da mensuração das medidas de rede com uso do NetDraw15, software acoplado ao UCINET e também disponível na Internet, se faz possível a analise gráfica das redes de relacionamento, uma vez que gera sociogramas de rede, conforme ilustra a Figura Figura 4.02 Exemplo de Saída no NetDraw

94 94 Fonte: Leal (2005) Através da utilização dos softwares UCINET e NetDraw também é possível a confecção de redes múltiplas, possibilitando a análise integrada das três redes de relacionamento utilizadas na pesquisa, ou seja, rede vertical/cliente-fornecedor, rede horizontal/cooperativa e rede informal/interpessoal. Além das informações e tratamentos voltados à mensuração das medidas de rede, também se faz necessário a tabulação dos dados referentes às questões complementares, isto é, as questões voltadas a dimensão temporal das relações; aos objetivos das diferentes atividades de cooperação e apoio mútuo travadas entre os atores; ao tipo de informações que são trocadas, com quem, com que freqüência e qual a natureza da relação travada. Neste sentido, a proposta é apoiada pelo aplicativo Microsoft Excel para a construção de tabelas e gráficos de freqüência para a apresentação de tais dados.

95 95 5 METODOLOGIA E DELINEAMENTO DA PESQUISA Esse capítulo tem por objetivo caracterizar a metodologia de pesquisa a ser aplicada no presente trabalho. Para tanto, num primeiro momento, discorre-se sobre o delineamento da pesquisa, apontando os conceitos e teorias envolvidas, além de levantar as questões e objetivos de pesquisa. Num segundo instante, apresenta-se os métodos e técnicas a serem adotados para a realização da pesquisa, de forma a atender seus objetivos. E finalmente, apresenta-se o plano de pesquisa, contendo, inclusive, a caracterização da amostra e a formulação do questionário de pesquisa. 5.1 Caracterização do tema e da pesquisa Pensando-se em delineamento de pesquisa, primeiramente deve-se considerar que o conceito a ser estudado no presente trabalho, ou seja, redes, encerra em si abrangência e subjetividade. Portanto, não existe um consenso se as redes são metáforas, métodos ou uma teoria, sendo possível pensar nas redes como uma metáfora para se compreender relações das mais variadas, entretanto, as redes também podem ser consideradas teorias, à medida que evoluem nos métodos e na sistematização de suas análises (SACOMANO NETO e TRUZZI, 2004). Quando se parte do pressuposto da rede como uma metáfora, conforme apontam Marteleto e Silva (2004), parte-se da idéia que as relações sociais compõem um tecido que condiciona a ação dos indivíduos nele inseridos, ou seja, compara-se um conjunto de relações sociais com tecido ou rede, associando o comportamento individual à estrutura à qual ele pertence. Neste sentido, a metáfora transforma-se em uma metodologia denominada sociometria, a partir do momento que se passa a utilizar como instrumento de análise diagramas de redes, também chamados sociogramas, que permitem a visualização da estrutura que está sendo estudada. A utilização do conceito de redes como teoria, segundo Marteleto e Silva (2004), parte da ausência de modelos conceituais e de uma visão global que permitam tornar compreensível no pensamento aquilo que é vivenciado na realidade, ou seja, que gerem condições de compreender de que modo um grande número de indivíduos compõe entre si algo maior e diferente de uma

96 96 coleção de indivíduos isolados, formando uma sociedade, que por sua vez modifica-se de maneiras específicas, tomando uma história que segue um curso não pretendido ou planejado por qualquer dos indivíduos que a compõem. De um modo geral, conforme Martes et alli (2006), o conceito de rede tende a ser descritivo, sendo que uma rede é composta por um conjunto de relações ou laços entre atores, que podem ser indivíduos ou organizações. Em outras palavras, quando se pensa em redes sociais está se dirigindo a um conjunto de atores ligados por relações sociais ou laços específicos. O enfoque do estudo de redes voltado à análise de organizações, ou empresas, começa a ganhar força no final dos anos 1970, quando economistas e sociólogos passaram a investigar, entre outras questões, os fluxos de informação como sendo processos de formação de redes, buscando assim compreender seu significado para o âmbito corporativo. A abordagem das redes passa a ser também uma forma alternativa às abordagens de mercados e de hierarquia para explicar as regras que orientam as diversas transações interorganizacionais. Diferentemente das relações de mercado e da hierarquia, as redes operam com uma lógica própria e particular ao perseguirem acordos cooperativos para obter acesso rápido às informações e inovações tecnológicas (SACOMANO NETO e TRUZZI, 2004). Portanto, a perspectiva analítica do estudo de redes, conforme comentam Martes et alli (2006, p.12), renovou um conjunto de questionamentos sobre importantes pressupostos da teoria econômica ortodoxa, já que "tomar as redes sociais como foco pressupõe que as próprias organizações e transações econômicas estejam imersas [embedded] em uma rede de relações sociais". Desta forma, distintos tipos de imersão, ou envolvimento com demais redes, podem facilitar ou gerar constrangimentos à ação organizacional, orientando assim a formação de interesses e a tomada de decisões. Em termos de delineamento do estudo, conforme Sacomano Neto e Truzzi (2004), existem duas abordagens para o estudo das redes na economia. A primeira, denominada redes como forma de governança, é mais multidisciplinar e prescritiva, enxergando as redes como um tipo de lógica de organização ou uma forma de governar as relações entre os atores econômicos. A segunda, chamada redes como forma analítica, é ancorada na sociologia e na teoria organizacional e utiliza as redes como base analítica para estudar as relações sociais, seja dentro da empresa, nas relações interorganizacionais ou no ambiente externo das organizações.

97 97 O presente trabalho toma como diretriz a segunda abordagem descrita, ou seja, redes como forma de análise, embora tenha que se considerar, que mesmo ambas as abordagens partindo de corpos teóricos diferentes, hoje se faz difícil separá-las, sendo freqüentes alguns pontos no decorrer do estudo que venham acontecer combinação das duas abordagens. Portanto, o presente trabalho utiliza a abordagem de redes como forma analítica, uma vez que busca compreender como as empresas participantes de um Arranjo Produtivo Local são ligadas umas as outras e como estas relações funcionam como um facilitador para as realizações do arranjo e ainda como uma cola que proporciona ordem e significado para a vida social/organizacional. Neste sentido, segundo Wasserman e Faust (1994), a rede, como instrumento de análise, apoia-se na estrutura das relações para compreender uma ampla gama de aspectos, em que o ambiente social/organizacional pode ser expresso como estruturas ou relações regulares entre as unidades. Porém, assumindo um paradigma cognitivista que pressupõe que mesmo os aspectos mais tangíveis da vida organizacional envolvem construções dos indivíduos que as constituem, podese considerar que as formatações das redes de empresas de um determinado aglomerado dependem muito da rede de relações interpessoais formada pelas pessoas participantes destas. Assim, o presente estudo toma contornos, segundo o pensamento de Bastos (2002), de uma epistemologia social construtivista que leva a se ver a organização como uma construção social. Desta forma, ao estudar as diferentes formas de relações que se dá dentro de um aglomerado ou APL, deve-se considerar que a formatação das relações entre os atores representa em seu conjunto a estrutura da rede. Isto é, qualquer tipo de rede, segundo Wasserman e Faust (1994), encerra uma estrutura e determinadas relações entre os atores, sendo que a presença de regularidades nas relações é denominada de estrutura. Portanto, a estrutura contém canais onde os atores trocam bens e serviços, transferem recursos e informações. Segundo Sacomano Neto (2007), estão presentes na estrutura a relação de poder, a confiança, o oportunismo, o controle social, os sistemas de alinhamento de interesses, as formas de negociação e as formas de seleção de fornecedores, entre outros aspectos. Assim, o posicionamento estrutural dos atores em uma determinada rede compreende diferentes configurações possíveis dos processos de troca. Neste sentido, Wasserman e Faust (1994) apontam que a análise de redes fornece uma série de medidas ou propriedades para a análise da estrutura da rede.

98 98 Entre as principais propriedades estruturais lembradas por Wasserman e Faust (1994) encontram-se a centralidade, em suas diferentes vertentes de mensuração, e a densidade. Neste sentido, Steiner (2006) pondera que a medida de centralidade é uma medida que carateriza a posição relativa dos atores em uma rede, ou seja, esta é mais elevada a partir do momento em que o ator está conectado a um número maior de outros atores. Já a densidade de uma rede diz respeito ao número de vínculos observados frente ao número de relações possíveis. Quando se menciona a questão da centralidade em estudo de redes, a preocupação central está focada na noção de distância, isto é, o menor número de laços necessários para conectar, direta ou indiretamente, um ator a outro na rede. Para medição do grau de centralidade o presente trabalho utilizará de três métodos que chegam a resultados quantitativos diferentes, porém complementares, definido da seguinte forma por Tomael e Marteleto (2006): 1) centralidade de grau: é o índice que identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma rede; 2) centralidade de intermediação: mede o potencial dos indivíduos que servem de intermediários, ou seja, considera um ator como meio para alcançar outros atores; 3) centralidade de proximidade: a centralidade de proximidade representa independência, isto é, a possibilidade de comunicação com muitos atores em uma rede, com um número mínimo de intermediários. Já quando se refere à propriedade de densidade em estudos de redes, volta-se o foco ao grau de conectividade entre os atores da rede. Assim a densidade refere-se à razão entre o número de laços observados entre estes atores sobre o número total possível de laços entre eles, podendo ser expressa matematicamente, segundo Levine e Kurzban (2006), como Δ = 2R I/ (I -1), onde R é o número de relações existentes na rede e I o número de empresas que compõem a rede. Assim, o presente trabalho propõe, aplicando uma análise posicional da estrutura de um conjunto de empresas que compõe um Arranjo Produtivo Local, mensurar e analisar as medidas de centralidade e densidade de redes de forma a compreender como esta rede de empresas se comporta e como as diferentes formas possíveis de relações influenciam esse comportamento. 5.2 Metodologia de pesquisa A especificação dos métodos e das técnicas que serão adotados ao conduzir um projeto de pesquisa, ou seja, a escolha da metodologia tem por objetivo orientar o processo de investigação, propondo métodos apropriados para efetivação da pesquisa.

99 99 Neste contexto, Thiollent (1983, p. 55) coloca que a metodologia não deve limitar-se apenas ao levantamento de dados e sim à formulação de hipóteses, conceituação teórica, validação, verificação: uma investigação bem conduzida deve satisfazer as exigências tanto teóricas como observacionais. Essa pesquisa pode ser classificada sob perspectiva cognitivista como descritiva, exploratória e qualitativa, realizada através de uma pesquisa de campo baseada numa amostragem não probabilística por conveniência, utilizando-se também de matrizes, sociogramas e gráficos para mensuração das propriedades de centralidade e densidade do APLA, descrição e compreensão da rede de empresas que compõe o Arranjo. O estudo de redes atribui uma ênfase importante aos atores e aos processos de produção de conhecimentos na construção do sentido de organização ou, em outras palavras, no processo produtivo da sociedade. Segundo Bastos (2002), tal importância guarda grande proximidade com a ênfase cognitiva comum nas ciências sociais nas décadas recentes, quando pesquisadores de diferentes disciplinas passam a voltarem sua atenção para os aspectos epistemológicos, representacionais e construídos da vida social. Porém, o impacto de uma abordagem cognitivista nos estudos organizacionais se tornou mais visível quando tópicos tradicionais de Teoria das Organizações passaram a ser abordados através de conceitos e estratégias metodológicas até então fortemente enraizadas na vertente de estudos microorganizacionais. Neste sentido, conforme Bastos (2002, p. 66), "o termo cognição organizacional é, de forma ampla, aplicado ao campo de estudos que, apoiado em uma perspectiva cognitivista, investiga como indivíduos e organizações constróem os seus ambientes e como tais processos se relacionam com importantes produtos organizacionais". Retomando os pressupostos e idéias básicas que fundamentam uma perspectiva cognitivista para o exame do fenômeno organizacional, pode-se verificar que tal perspectiva revela-se uma das estratégias metodológicas mais coerentes com a epistemologia social construtivista adotada no presente trabalho. Essa base construtivista revela-se quando observa-se que os participantes da pesquisa são ativos na construção do próprio conhecimento gerado pelo pesquisador, não sendo apenas fornecedores de informações ou dados. Portanto, o presente trabalho ao assumir uma concepção cognitivista não busca elaborar uma proposta de mensuração que reflita uma cópia exata do ambiente organizacional de um

100 100 Arranjo Produtivo Local, mas sim uma representação da realidade extraída das interpretações construídas no decorrer da pesquisa. De acordo com Bastos (2002), um estudo nesses moldes é resultado de um processo de abstração, cerne da atividade simbólica representada pelas metáforas que envolvem o conceito de redes, envolvendo, assim, seleção e organização de detalhes da realidade de modo que se construa um mundo coerente, estável e organizado, enquanto uma totalidade. Portanto, esse processo é impreciso, não só porque a realidade está sempre em mudança, principalmente quando se parte da idéia que esta é derivada da transmissão de informações que levam a uma forma e a uma atividade sempre em mudança, mas também pela natureza inferencial dos mecanismos envolvidos em seu desenvolvimento. O trabalho, assim como o conceito de redes em si, tende a ser descritivo: uma vez que se busca analisar a centralidade e a densidade do APLA por meio de uma proposta de mensuração a ser aplicada através do levantamento de dados que representem o conjunto de empresas que constituem o APL e o conjunto de relações ou laços entre tais empresas, isto é, levantando um conjunto de nós ou atores ligados por relações sociais ou laços de tipos específicos. Segundo Roesch (2007), pesquisas descritivas apresentam maior aproximação com estudos quantitativos ao se caracterizarem como levantamentos de dados que objetivam obter informações sobre determinada população, ou seja, não procuram explicar alguma coisa ou mostrar relações causais e, sim, apenas descrever os dados coletados. Além de descritiva a pesquisa também é exploratória, uma vez que, necessita-se aprofundar no conhecimento das diferentes abordagens do tema abordado, ou seja, a articulação entre os conceitos de redes e APL, através de levantamento bibliográfico. O estudo também se faz exploratório por buscar resumir e apresentar os dados em tabelas, gráficos e diagramas, permitindo que padrões e relações que não estejam aparentes num primeiro momento sejam discernidos, possibilitando novas questões de pesquisas no decorrer do estudo e aproximando-se assim da definição de análise exploratória de dados apresentada por Collis e Hussey (2006). Portanto, metodologicamente, embora o estudo possua perspectivas cognitivistas e se caracterize como do tipo exploratório, ou seja, se aproxime de uma análise qualitativa, ele também se caracteriza como descritivo, ou seja, lança mão de técnicas quantitativas de análise no decorrer da pesquisa, tendo em vista que se utiliza da aplicação de uma proposta de mensuração

101 101 de propriedades de redes para atingir o objetivo de analisar a centralidade e a densidade da rede de empresas que constitui o APLA. Porém se deve considerar, conforme Marteleto e Silva (2004), que análise de redes sociais é mais um ramo da sociologia matemática do que uma análise estatística ou quantitativa, ou seja, os dados a serem coletados serão tomados como determinísticos, em vez de serem tratados como uma distribuição de probabilidade, que podem ser obtidos, de forma consistente, com a repetição dos experimentos para a obtenção dos resultados. Assim, o trabalho utilizará de técnicas matemáticas, como matrizes, sociogramas, gráficos, entre outras, por essas permitirem uma descrição mais adequada e concisa das características do objeto de análise, ou seja, a rede de empresas que constitui um APL. Além disso, conforme apontam Marteleto e Silva (2004, p. 43), "essas técnicas permitem o uso de computadores na análise da informação e a indicação de relações não previstas, abrindo a possibilidade de novas perguntas de investigação". 5.3 Plano de pesquisa Considerando o objetivo da pesquisa de analisar as propriedades de centralidade e de densidade da rede de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) de forma que permita compreender como ela se comporta e como as conexões influenciam esse comportamento e levando em conta a proposta de mensuração da densidade e da centralidade de APL apresentada no Capítulo 4 adota-se um plano de pesquisa com as seguintes etapas: 1) Caracterização do arranjo produtivo local; 2) Aplicação da proposta de mensuração da centralidade e da densidade no APL em estudo; 3) Análise dos resultados atingidos através da aplicação da proposta. A etapa de caracterização do arranjo produtivo local se dá através de uma detalhada revisão de bibliografia, que contemple o histórico e a conjuntura do setor em questão, tanto no país de origem como no município ou região onde está localizado, além da caracterização da cadeia produtiva em que está inserido, além de uma coleta e análise de documentos, tais como materiais utilizados em relações públicas, declarações sobre a missão do arranjo e matérias na imprensa local e nacional, que permitam o levantamento do processo de desenvolvimento e formalização do Arranjo em si.

102 102 No que diz respeito à etapa de aplicação da proposta de mensuração da centralidade e da densidade no APLA, primeiramente é importante descrever o que está por traz da formulação da proposta apresentada no Capítulo 4 do presente trabalho, ou seja, em primeiro lugar realizou-se uma pesquisa bibliográfica, apresentada através de uma síntese do referencial teórico dividida em três partes complementares: a) Tipos de relações: levantamento dos diferentes tipos de relações possíveis em uma rede de empresas, tais como relações mercadológicas de compra e venda, relações de cooperação de diferentes espécies e relações interpessoais; b) Formas de mensuração: levantamento das diferentes formas de se mensurar as medidas de centralidade e densidade; c) Possibilidades de análise: levantamento dos diferentes instrumentos possíveis de serem utilizados na análise das medidas de densidade e centralidade, além de diferentes conceitos que contribuem para tal analise, tais como os conceitos de netchain e capital social. Posteriormente trabalhou-se a sistematização da proposta propriamente dita, consistindo na formulação de uma proposta voltada à mensuração e análise das medidas de centralidade em densidade em arranjos produtivos locais, partindo de escolhas tomadas a partir do referencial teórico, utilizando-se como variáveis as propriedades de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade presentes nas redes de relacionamentos vertical, horizontal e interpessoal localizadas em determinado arranjo produtivo local. A partir de tais definições a aplicação da proposta se dá por meio da realização de uma pesquisa de campo ao Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA), a partir de uma amostra não probabilística por conveniência composta por gestores de empresas que compõem a pessoa jurídica do APLA, cuja composição será mais bem detalhada posteriormente, em tópico próprio no presente capítulo. A pesquisa de campo ocorreu através da coleta de dados via aplicação de questionário elaborado através de um híbrido de questões fechadas e questões abertas com alguma estrutura, escolhidas após a realização da revisão bibliográfica, seguindo as orientações de Roesch (2007, p. 142) que lembra que "o questionário não é apenas um formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita reflexão. O questionário é um instrumento de coleta de dados que busca mensurar alguma coisa. Para tanto, requer esforço intelectual anterior de planejamento, com base na conceituação do problema e do plano da pesquisa". A confecção do instrumento de

103 103 coleta de dados se faz descrita em tópico próprio posteriormente apresentado e o questionário final encontra-se no anexo 1 da presente pesquisa. Já no que se refere à análise dos resultados atingidos através da aplicação da proposta vale mencionar que a partir dos anos 1970 os estudos de redes partiram para análises mais sofisticadas e de maior porte, com o aumento da capacidade dos computadores e o desenvolvimento de softwares adequados para tratamento de grandes bases de dados e sua análise na forma de redes. Assim, o presente trabalho utilizará tanto para a mensuração das medidas de centralidade e densidade do arranjo, para a formatação das redes de relacionamentos, como para a análise dos resultados um programa específico para a análise das redes: o UCINET 1. No sentido de analisar os resultados provenientes da aplicação da proposta de mensuração da centralidade e da densidade do APLA o presente estudo também lançará mão de instrumentos estatísticos, tais como, tabelas e gráficos de freqüência e sóciogramas, além utilizar como referencial os conceitos e definições levantados através da revisão bibliográfica Caracterização da amostra Segundo Oliveira (2001), dentre os elementos do planejamento de pesquisa está o plano de amostragem, sendo que tal plano é composto responder das seguintes etapas: 1) unidade de amostragem: referente à escolha de quem pesquisar; 2) tamanho da amostra: definição de quantos elementos da unidade pesquisar; 3) procedimento da amostra: determinação de como selecionar os elementos a serem pesquisados. Portanto, partindo do objeto de pesquisa, ou seja, o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba, coube determinar a amostra e a seleção dos respondentes para aplicação do questionário. Tendo em vista as dificuldades para a realização da pesquisa de campo, principalmente no que diz respeito ao tempo reduzido e ao período do ano em que foi executada (período que coincidiu, de um lado com férias coletivas por parte de algumas empresas e, por outro, com o final da safra da cana-de-açúcar e consequentemente aquecimento do fechamento de negócios, por parte de outras empresas), optou-se por realizar a pesquisa a partir de uma amostra 1

104 104 intencional e não probabilística com 7 gestores de empresas que compõe a pessoa jurídica do Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA). Conforme Oliveira (2001, p. 2), "amostragem não probabilística é aquela em que a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo". Neste sentido, apesar da impossibilidade de generalização dos resultados provenientes da pesquisa, uma amostra não probabilística pode ser útil desde que se leve em conta suas limitações para que não haja erros na análise dos resultados. Levando em conta que um determinado grupo de empresas que faz parte da população a ser pesquisada, neste caso 28 empresas sócias, além de mais 19 empresas que aderiram juntamente com estas ao Programa de Promoção Comercial de Exportação dos Equipamentos, Produtos e Serviços do Setor Sucroalcooleiro, financiado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX), totalizando 47 empresas que participam formalmente do Arranjo. Considerando, ainda, que parte desta população em estudo apresentou resistência em envolver-se com a pesquisa no período em que os questionários foram aplicados e considerando a limitação de tempo necessário para a realização de uma pesquisa com amostragem probabilística, além de levar em consideração que a pesquisa encontra-se em estágio exploratório, ou seja, de uma primeira aplicação de uma proposta de medição da densidade e centralidade dos APL, o que requer facilidade operacional, a amostragem não probabilística se demonstrou a melhor escolha para o momento. Entre as diferentes formas de amostragem não probabilística o presente trabalho utilizou a amostragem por conveniência ou acidental, ou seja, aquela em que o pesquisador seleciona membros da população mais acessíveis. Neste sentido, foram enviados questionários, no período de 8 a 17 de dezembro, aos gestores representantes de todas as empresas participantes formais do APLA e, após, realizou-se ligações a estes gestores, considerando como amostra aqueles que se disponibilizaram a responder o questionário naquele momento. Assim, a amostra compreende 7 gestores de empresas caracterizadas, conforme o Quadro 5.01, por setor de atividade da cadeia sucrolacooleira (que será melhor detalhada no Capítulo 6), por produtos desenvolvidos e por funcionários alocados.

105 105 Quadro Empresas Participantes da Pesquisa de Campo CNAE Setor Produtos No. Funcionários Fabricação de obras de caldeiraria pesada Construção de usinas 86 Fabricação de outros produtos de metal não Molas espirais e helicoidais, artefatos de especificados anteriormente arame em geral; anéis, travas e presilhas Fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial específico não especificados anteriormente, peças e acessórios Fabricação e manutenção de turbinas a vapor 180 Construção nas áreas residenciais, Construção de edifícios comerciais e industriais 280 Manutenção e reparação de aparelhos e Automação de Sistemas Hidráulicos para usinas instrumentos de medida, teste e controle de açúcar e álcool Fabricação de máquinas e equipamentos para a agricultura e pecuária, peças e acessórios, exceto para irrigação Fabricação de equipamentos para movimentação de cargas Fabricação de artefatos de material plástico para outros usos não especificados anteriormente Total Fonte: Elaborado pelo autor. Tubulações para condução de vinhaça, tanques de transporte e reservatórios em PRFV Porém, tendo em vista a natureza da pesquisa, ou seja, um estudo de redes, através das 7 empresas, cujos gestores responderam os questionários, pôde-se chegar as respostas parciais, quanto aos relacionamentos de mais 21 empresas, sendo que as naturezas das questões presentes no questionário permitem pressupor reciprocidade dos laços relacionais, possibilitando assim um efeito "bola de neve". Desta forma, pode-se complementar a amostra com mais 21 empresas citadas que se caracterizam, conforme o Quadro 5.02, por setor de atividade da cadeia sucrolacooleira, por produtos desenvolvidos e por funcionários alocados.

106 106 Quadro Empresas Citadas na Pesquisa de Campo CNAE Setor Produtos No. Funcionários Fabricação de esquadrias de metal Esquadrias de metal 95 Serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais Serviços de usinagem 23 Equipamentos para Indústrias dos setores sucroalcooleiro, alimentícios, de bebidas, cosméticos, Fabricação de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras para aquecimento central laticínios, químico, petroquímico e papeleiro Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral não especificados anteriormente, peças e acessórios Fabricação de obras de caldeiraria pesada Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias de alimentos, bebidas e fumo, peças e acessórios Instalação de máquinas e equipamentos industriais Equipamentos para Indústria Sucroalcooleira (Usinas) Equipamentos para Indústria Sucroalcooleira (Usinas) Equipamentos e Máquinas para diferentes indústrias Caldeiraria Pesada, Equipamentos p/ fábricas de: Álcool e Açúcar; Petróleo e Gás; Biodiesel; entre outros; Tratamento de Efluente; Hidroelétrica; Estruturas Metálicas; Movimentação de Cargas (Pórticos); Vasos de Pressão Usinas de Açúcar e Destilarias de Álcool completas, Planta de biodíesel, produção e reforma de caldeiras aquatubulares, projetos para co-geração de energia, entre outros Fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial específico não especificados anteriormente, peças e acessórios Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias de alimentos, bebidas e fumo, Peças e equipamentos de açúcar e álcool 130 peças e acessórios Serviços de engenharia Serviços de Engenharia, consultoria técnica e treinamentos 4 Fabricação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos, peças e acessórios, exceto Peças e equipamentos hidráulicos 43 válvulas Fabricação de motores e turbinas, peças e acessórios, exceto para aviões e veículos Motores e turbinas rodoviários Representantes comerciais e agentes do Comercial exportadora Equipamentos setor comércio de mercadorias em geral não sucro alcooleiro. especializado 5 Fabricação de caldeiras geradoras de vapor, Desenvolvimento e fabricação de caldeiras exceto para aquecimento central e para aquatubulares veículos 450 Fabricação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos, peças e acessórios, exceto Bombas centrífugas e rotativas 180 válvulas Fabricação de máquinas para a indústria Fabricação de equipamentos para usinas açúcar e metalúrgica, peças e acessórios, exceto álcool máquinas-ferramenta Serviços de engenharia Engenharia e Consultoria ND Fabricação de aparelhos e equipamentos de medida, teste e controle Automação industrial Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral não especificados anteriormente, peças e acessórios Comércio atacadista de máquinas e equipamentos para uso industrial; partes e peças Comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso agropecuário; partes e peças Equipamentos para Indústria Sucroalcooleira (Usinas) Comercialização de equipamentos 1 Comércio Exterior 15 Total Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba - SEMDEC Elaborado pelo autor Além das 21 empresas que compõem formalmente o APLA também foi citada, pelos respondentes, uma empresa da etapa IV (Produção de Açúcar e Álcool) da cadeia produtiva, ou ND

107 107 seja, da atividade de usina, que embora não faça parte formalmente do Arranjo, julga-se ter certa importância na formatação da rede por ter sido citada por dois gestores questionados e, portanto, também foi considerada na presente amostra. Desta forma a amostra foi definida com 29 empresas, cuja distribuição por etapa da cadeia produtiva sucroalcooleira pode ser visualizada no Quadro 5.03, sendo que aproximadamente 83% dos elementos dizem respeito a Etapa III (Insumos e Máquinas para Produção de Açúcar e Álcool), enquanto as Etapas I (Insumos e Máquinas para Produção de Cana-de-Açúcar) e VI (Serviços de Apoio) representam cada aproximadamente 7% da amostra. Quadro Distribuição de Empresas da Amostra na Cadeia Produtiva Sucroalcooleira ETAPA I Insumos e Máquinas para Produção de Cana-de-Açúcar 2 ETAPA II Produção da Cana-de-Açúcar 0 ETAPA III Insumos e Máquinas para Produção de Açúcar e Álcool 24 ETAPA IV Produção de Açúcar e Álcool 1 ETAPA V Comercialização de Álcool 0 ETAPA VI Serviços de Apoio (Transporte e Outros Serviços Diversos) 2 TOTAL Empresas APLA/APEX 29 Fonte: Elaborado pelo autor Considerando a distribuição das empresas do APLA na cadeia produtiva, se faz interessante considerar que a amostra diz respeito à 71% das empresas que pertencem a Etapa III, 40% das empresas da Etapa VI e 29% das empresas da Etapa I, representando no total aproximadamente 60% do total de empresas que participam formalmente do APLA. Por fim, pode-se definir a amostra por código conforme o Quadro 5.04, considerando setor de atividade, etapa da cadeia produtiva, número de funcionários e status na amostra (empresa respondente ou citada).

108 108 Quadro Amostra Final Código Setor Etapa No. Funcionários Status Comércio atacadista de máquinas e equipamentos para uso 1 industrial; partes e peças III 1 Citada Representantes comerciais e agentes do comércio de 2 mercadorias em geral não especializado VI 5 Citada 3 Fabricação de obras de caldeiraria pesada III 86 Respondente 4 Serviços de engenharia III 4 Citada Comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos 5 para uso agropecuário; partes e peças I 15 Citada Fabricação de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras 6 para aquecimento central III 50 Citada Fabricação de caldeiras geradoras de vapor, exceto para 7 aquecimento central e para veículos III 450 Citada 8 Construção de edifícios VI 280 Respondente 9 Instalação de máquinas e equipamentos industriais III ND Citada Fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial 10 específico não especificados anteriormente, peças e III Citada acessórios Manutenção e reparação de aparelhos e instrumentos de 11 medida, teste e controle III 12 Respondente Fabricação de artefatos de material plástico para outros usos 12 não especificados anteriormente III 550 Respondente Fabricação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos, 13 peças e acessórios, exceto válvulas III 43 Citada Fabricação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos, 14 peças e acessórios, exceto válvulas III 180 Citada Fabricação de máquinas para a indústria metalúrgica, peças 15 e acessórios, exceto máquinas-ferramenta III 15 Citada Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral 16 não especificados anteriormente, peças e acessórios III 280 Citada Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias 17 de alimentos, bebidas e fumo, peças e acessórios III 228 Citada Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias 18 de alimentos, bebidas e fumo, peças e acessórios III 130 Citada Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral não 19 especificados anteriormente, peças e acessórios III 450 Citada 20 Fabricação de esquadrias de metal III 95 Citada Fabricação de outros produtos de metal não especificados 21 anteriormente III 18 Respondente Fabricação de máquinas e equipamentos para a agricultura e 22 pecuária, peças e acessórios, exceto para irrigação I 180 Respondente Fabricação de motores e turbinas, peças e acessórios, exceto 23 para aviões e veículos rodoviários III Citada 24 Serviços de engenharia III ND Citada 25 Fabricação de obras de caldeiraria pesada III Citada Fabricação de aparelhos e equipamentos de medida, teste e 26 controle III Citada Fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial 27 específico não especificados anteriormente, peças e III 180 Respondente acessórios Serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento em 28 metais III 23 Citada 29 Usina IV ND Citada Total Fonte: Elaborado pelo autor

109 109 Os códigos do Quadro 5.04 encontram-se classificados por ordem alfabética de nome fantasia das empresas respondentes e citadas na pesquisa de campo, e que não se encontram apresentados na presente pesquisa conforme orientação das mesmas Questionário e coleta de dados Portanto, a pesquisa de campo foi construída através de coleta de dados realizada via aplicação de questionário junto aos gestores das empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local do Álcool. Segundo Collis e Hussey (2006), um questionário é uma lista de perguntas estruturadas, escolhidas após a realização de uma cuidadosa revisão bibliográfica, tendo em vista extrair respostas confiáveis de uma amostra selecionada. Neste sentido, Roesch (2007, p. 142) lembra que "o questionário não é apenas um formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita reflexão. O questionário é um instrumento de coleta de dados que busca mensurar alguma coisa. Para tanto, requer esforço intelectual anterior de planejamento, com base na conceituação do problema e do plano da pesquisa". Neste sentido, o questionário foi elaborado através de um híbrido de questões fechadas e questões abertas com alguma estrutura, dividido em três partes que correspondem às três questões de pesquisa definidas na formulação da proposta, ou seja: 1) o conjunto de empresas que forma o Arranjo Produtivo Local a ser estudado constitui uma rede vertical? Se positivo, até que ponto a formalização deste APL auxiliou na formatação desta rede?; 2) o mesmo conjunto de empresas constitui uma rede horizontal? Se positivo, até que ponto a formalização deste APL auxiliou na formatação desta rede?; 3) as relações interpessoais tomadas pelas pessoas que participam deste conjunto de empresas constituem uma rede informal de informações? Se positivo, até que ponto a constituição formal deste APL reforçou e expandiu esta rede? Também se deve considerar que as questões presentes nesse instrumento de coleta de dados estão diretamente atreladas ao objetivo da pesquisa, isto é, analisar a centralidade e a densidade d APLA. Portanto, devem permitir com que seja possível através delas aplicar metodologias para medição da centralidade e da densidade. Neste sentido, Steiner (2006) pondera que a medida de centralidade é uma medida que carateriza a posição relativa dos atores em uma rede, ou seja, esta é mais elevada a partir do momento em que o ator está conectado a um número maior de outros atores. Já a densidade de

110 110 uma rede diz respeito ao número de vínculos observados a número de relações possíveis, podendo ser expressa matematicamente como Δ = 2R I/ (I -1), onde R é o número de relações existentes na rede e I o número de empresas que compõem a rede. Assim, tanto a centralidade como a densidade da rede podem ser expressas por valores sempre em intervalos binários, [0,1], em uma continuidade, onde 0 representa nenhum tipo de relacionamento dentro do grupo e, 1, quando existe em relação à um membro um vínculo direto para qualquer outro membro. Seguindo desta forma a tradição do método para o estudo sistemático das redes, datado dos anos 1940, que, segundo Marteleto e Silva (2004, p. 42), aponta que as relações são representadas "na forma matricial (matrizes com n linhas e colunas, sendo n o número de indivíduos, cujas células eram preenchidas com 0 e 1, representando a ausência ou presença de relação entre dois indivíduos quaisquer), beneficiando-se da base matemática da álgebra linear". No que se refere à necessidade de detectar se a formalização de determinado APL auxiliou para a formatação, reforço e expansão das diferentes redes de relacionamentos, cabe abrir espaço para o questionamento temporal das relações, ou seja, desde que ano o vinculo com a empresa a ser citada se dá. Desta forma, confrontando o período de certo relacionamento com o ano de formalização do APL pode-se avaliar a evolução da rede de forma temporal. Também se deve salientar que diferentemente das questões voltadas à formatação da rede vertical, onde basta questionar com que empresa certo ator se relaciona e desde quando, as perguntas que se referem à rede horizontal, também precisam conter questionamento sobre quais os objetivos das diferentes atividades de cooperação e apoio mútuo travadas entre os atores. Já no que se refere à rede interpessoal, deve-se questionar, além de qual empresa são as pessoas com quem certo ator troca informações, tira duvidas ou pede conselho, que tipo de informações são trocadas, com quem, com que freqüência e qual a natureza da relação travada, de forma a auxiliar na utilização do conceito de capital social na análise da centralidade e densidade de um APL. A coleta dos dados por meio da aplicação do questionário descrito, como mencionado no tópico sobre a caracterização da amostra, se deu no período de 8 a 17 de dezembro de 2009, por meio do envio dos questionários em via eletrônica aos gestores representantes de todas as empresas participantes formais do APLA e, após, realizou-se ligações a estes gestores

111 111 comentando da importância da resposta da resposta de cada um e abrindo um canal para se dirimir possíveis dúvidas no momento da formulação das respostas do instrumento de coleta. Neste sentido, sentiu-se resistência dos gestores nos itens encontrados nas questões a cerca da rede vertical referentes à participação das relações com cada empresa fornecedora e cliente frente ao total de compras e vendas respectivamente de sua empresa, sendo assim estes pontos desconsiderados na análise dos resultados a ser apresentada no Capítulo 7.

112 112 6 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO ÁLCOOL DE PIRACICABA (APLA) Considerando a primeira etapa elencada na construção da proposta para mensuração e análise da centralidade e densidade arranjos produtivos locais apresentada no Capítulo 4, o presente capítulo tem por objetivo discorrer sobre o histórico do setor sucroalcooleiro no Brasil e na cidade de Piracicaba, além de caracterizar a cadeia produtiva sucroalcooleira e a formalização do Arranjo em si. 6.1 A indústria sucroalcooleira no Brasil No Brasil, historicamente, a cultura da cana-de-açúcar alternou-se com a cultura de café e outros setores do agro negócio, porém, a lavoura de cana-de-açúcar foi a primeira cultura explorada comercialmente no país. Faz-se interessante apontar, conforme Azevedo (2002), que desde seu início o sistema agroindustrial da cana-de-açúcar teve seu desenvolvimento, atrelado à participação do Estado na definição de políticas agrícolas e manufatureiras e de grupos econômicos atuando junto ao Estado, buscando acumular privilégios ou melhorar sua posição em relação aos concorrentes. Na segunda metade do século XIX, tendo em vista o fato de que ainda se empregava métodos e técnicas de produção rudimentares, tanto nas atividades agrícolas como nas industriais, a perda do mercado externo brasileiro passou a ser evidente, uma vez que o produto brasileiro apresentava uma nítida falta de competitividade no mercado internacional (CARVALHO et alli, 1993). Assim, tendo em vista as dificuldades para se redirecionar todo o complexo produtor para outro produto, aflorou-se a necessidade de preocupar-se com a modernização da estrutura produtiva do complexo. Sendo que, conforme Carvalho et alli (1993), para tanto, propôs-se a separação das atividades agrícola e industrial, seguindo o princípio econômico da divisão de trabalho. Portanto, os senhores de engenho deveria se dedicar, exclusivamente, ao cultivo da cana, intensificando a exploração por meio da aplicação de seus recursos na modernização das lavouras. Enquanto, a atividade industrial, conhecida na época de engenho central, se voltaria para o aproveitamento da tecnologia decorrente da I Revolução Industrial, por meio da utilização de recursos estrangeiros.

113 113 Porém, a proposta de modernização via divisão de trabalho, acabaria por ocasionar a perda do controle de todo o processo produtivo, por parte do Nordeste açucareiro, tendo em vista a clara diferença de vocações, estratégias e níveis de produtividade frente ao eixo Centro-Sul. Assim, o resultado de todo esse processo, ocorrido entre 1870 e 1930, foi uma maior heterogeneidade do parque produtor, uma vez que nem todos os engenhos acabaram por se modernizar. Entretanto, foi a partir da crise de 1929 que acabaram por manifestar, de maneira aguda, os conflitos que vinham sendo gestados no interior do complexo agroindustrial canavieiro do Brasil. E a partir disso, com a necessidade, cada vez mais latente, de conciliar os vários interesses dos produtores de açúcar, dos plantadores de cana, dos comerciantes e dos consumidores, criouse em 1931 a Comissão de Defesa da Produção Açucareira (CDPA), iniciando uma nova fase intervenção governamental no setor (CARVALHO et alli, 1993). Assim, a ação do Estado aprofunda-se a partir dos anos 1930, assumindo o caráter de uma intervenção acentuada, sendo que entre outros aspectos dessa intervenção, destaca-se que ela se efetiva pelo mecanismo das cotas de produção e pela administração de preços, ou seja, quem quisesse se inserir no complexo sucroalcooleiro teria que obter uma cota abandonada ou inativa, já que, de maneira geral, era proibida a formação espontânea de unidades produtoras. Por outro lado, logo depois dos decretos números e ambos de 1933, criando o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), esse passou a estabelecer o controle de preços em função da concorrência entre São Paulo e Nordeste e das relações conflituosas entre usineiros e fornecedores de cana (AZEVEDO, 2002). Já na década de 1940, conforme Azevedo (2002), detecta-se uma expressiva expansão do número de usinas, impulsionada pelo surgimento e constituição de um grupo empresarial que passou a fabricar carregadeiras de cana, moendas e caldeiras. Isto é, a inter-relação estabelecida entre os grupos Dedini e Ometto facilitou essa expansão, assim como o surgimento, em 1953, do Grupo Zanini, que logo passou a ser controlado pela Família Biagi, que já era usineira. Nesse sentido, na década de 1950 apresenta-se um grande crescimento da produção no Estado de São Paulo, caracterizado pela concentração técnica e pela busca de terras de melhor fertilidade e localização, ajudando a entender porque a integração de capitais sempre foi grande e importante em São Paulo.

114 114 Porém, nos anos 1960, reverteram-se as características das políticas e estratégias do IAA para o setor, até então expansionistas e estruturadas nos planos anuais de defesa das safras, que tinham como objetivo último o estabelecimento de cotas, preços e regionalização da produção, bem como tratar da comercialização interna e externa. Segundo Carvalho et alli (1993), a modificação derivou-se da superprodução de açúcar no período e da necessidade de aumentar a competitividade externa, a fim de viabilizar as exportações do produto. Isto é, o aumento de competitividade dependia de aspectos que não eram levados em conta anteriormente, tais como, a dimensão e o aproveitamento da capacidade instalada, do grau de eficiência do sistema produtivo e da estrutura de comercialização. Assim, antevendo a possibilidade de grande aumento nas exportações de açúcar do Brasil, o IAA criou o Fundo Especial de Exportação (FEE) em Porém, tal fundo só passou a ser utilizado como novo e fundamental instrumento de expansão do complexo a partir da contínua elevação de preços verificada entre 1966 e 1973 e com sua triplicação entre esse ano e a metade de 1975 (AZEVEDO, 2002). Dentro desse contexto, de acordo com Carvalho et alli (1993), vários programas foram criados com o intuito de concretizar a nova política preconizada, entre eles, o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar (PLANALSUCAR), o Programa de Racionalização da Agroindústria Açucareira que foi, logo em seguida, substituído pelo Programa de Apoio à Agroindústria Açucareira e, finalmente, o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL). Dentre os programas citados, merece especial destaque o Proálcool, instituído em 1975, tendo em vista suas especificidades. Nesse sentido, deve-se apontar o cenário econômico, representado de um lado pela grande queda do preço do açúcar, que expôs o problema de uma capacidade de produção superdimensionada, uma vez que o setor sucroalcooleiro planejou e executou ampliações visando comercializar grande parte da produção de açúcar no mercado externo. Por outro lado, ocorre a primeira grande alta dos preços do petróleo, que serviu de justificativa para uma nova ajuda estatal, tanto para o as empresas que já operavam no mercado, como para as que adentraram no complexo naquele período. Assim, de acordo com Azevedo (2002), o Proálcool, numa primeira fase, permitiu a montagem e a ampliação das destilarias anexas às usinas para a produção exclusivamente de álcool anidro e, posteriormente, a montagem de destilarias autônomas para a produção de álcool hidratado. Entretanto, ele se solidificou com o segundo choque do petróleo em 1979, tendo sido

115 115 montados um grande número de destilarias em regiões que não tinham nenhuma tradição e qualificação, permitindo assim com que o Estado reforçasse a característica estrutural de concentração econômica, já que as destilarias eram praticamente auto-suficientes no abastecimento de cana-de-açúcar. Porém, a partir dos anos 1980 houve uma crise nas finanças públicas aliada ao problema inflacionário, desaconselhando a continuidade de apoio ou subsídios como forma de política industrial. Assim, Azevedo (2002) revela que se tornou muito difícil justificar a continuidade do apoio ao Proálcool numa conjuntura de preços do petróleo em queda e de inflação fortemente ascendente, principalmente a partir do final de Seguindo essa linha de pensamento, o sistema agroindustrial sucroalcooleiro, conforme Waack e Neves (1998), entrou a década de 1990 com redução do nível de intervenção governamental nas atividades. Porém, isso não significa que o setor tenha sido totalmente abandonado, muito menos que os produtores tenham deixado de solicitar apoio, pelo contrário, os produtores, industriais, trabalhadores e lideranças políticas do setor passaram a apresentar maior conscientização quanto à necessidade de se organizarem efetivamente na definição de prioridades e reivindicações. Com essa perspectiva, Farias et alli (2005), lembra que o país exibe na cadeia sucroalcooleira vantagens competitivas em extensão, escala, produtividade, utilização de mão-deobra, domínio de tecnologias, rede de distribuição, criação de energia, industrialização e proteção ambiental. Também se deve considerar que a crise do petróleo favorece a inserção do álcool, etanol, como combustível renovável e com baixo nível de emissão de poluentes, tendo em vista que o petróleo é uma fonte energética finita, com elevados custos de extração e impactos terríveis ao meio-ambiente. Tais aspectos conferem ao Brasil, uma oportunidade ímpar de tornar-se uma liderança mundial para a produção, comercialização e pesquisa de combustíveis renováveis e biocombustíveis. Nesse sentido, acredita-se que, nos momentos atuais, exista no mundo, segundo Farias et alli (2005), uma demanda potencial, em médio prazo, de pouco mais de um milhão de barris por dia, sendo que a produção atual do país é de 265 mil barris por dia. Portanto, para atender esta demanda potencial é preciso dispor de mais 8 milhões de hectares além dos 2,6 milhões dedicados à cultura da cana atualmente, ou seja, mesmo dotado de uma infra-estrutura logística capaz de embarcar 3,6 bilhões de litros por ano e com investimentos previstos para movimentar

116 116 até 9,3 bilhões de litros, o setor precisará contar com o desenvolvimento de enumeras parcerias a fim de solucionar as restrições de capital. Toledo (2007) revela que embalado pelo crescimento de 10,1% na produção brasileira de cana-de-açúcar, o setor sucroalcooleiro, um dos que tiveram maior alta no produto interno bruto (PIB) brasileiro no ano de 2006, prevê a implantação de 89 novas usinas no país até o ano de 2012, sendo que desse total, 17 estão entrando em operação na atual safra, sendo duas pertencentes a grupos que atuam na região de Ribeirão Preto. Nesse sentido, metade das novas usinas vão se concentrar no interior de São Paulo, principalmente na região de Araçatuba. As outras ficarão no Triângulo mineiro e nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Paraná. Portanto, 17 usinas devem entrar em operação neste ano, enquanto outras 30 começarão a operar no próximo ano. Essa expansão deve-se ao fato do grande aumento de demanda. O consumo atual de cana-deaçúcar no mercado interno é de 10 milhões de toneladas ao ano, em 2012, deve atingir 11,5 milhões de toneladas ao ano. 6.2 A indústria sucroalcooleira em Piracicaba A cidade de Piracicaba está localizada a 140 km da capital paulista e em uma das regiões mais produtivas e industrializadas do Estado de São Paulo, com uma área total de Km² e com uma população estimada de habitantes (IBGE, 2007). Piracicaba possui uma economia diversificada, estando fortemente baseada na produção agrícola e industrial, com destaque para os setores sucroalcooleiro e metal-mecânico. A região apresenta um parque industrial bastante diversificado e dele fazem parte importantes empresas de capital nacional e internacional. Ueki (2007) destaca que a importância da economia piracicabana pode ser verificada ao analisar a classificação como a 56 ª cidade entre todos os municípios do país, representando 0,28 por cento do PIB nacional, em 2004, lembrando que este resultado se baseia em um forte setor industrial cujo valor adicionado representa 47 por cento do PIB do município. Nesta cidade e nos municípios em seus arredores, que se encontram no coração da imensa zona de cana-de-açúcar, há várias fábricas de processamento de cana, juntamente com outras empresas industriais, especialmente da indústria metalúrgica e de máquinas, em grande parte voltada ao próprio complexo sucroalcooleiro.

117 117 Além disso, deve-se salientar que o município abriga importantes centros tecnológicos, tais como o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) e o Centro Tecnológico da Copersucar (CTC/COPERSUCAR), além de instituições de ensino superior, como a Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ), a Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas (FOP/UNICAMP), a Escola de Engenharia de Piracicaba, da Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (EEP/FUMEP) e a Faculdade de Tecnologia de Piracicaba, ligado ao Centro "Paula Souza" (FATEC), que se encontra em processo de implantação. Pensando-se no desenvolvimento histórico e econômico do município, Crocomo et alli (2007), descrevem que Piracicaba tem sua origem vinculada à expansão rumo ao interior provocada pelas Entradas e Bandeiras, cujos objetivos eram o aprisionamento de índios para o trabalho escravo e a descoberta de minerais e pedras preciosos. Nesse contexto, em 1767 é fundado o núcleo de povoamento que, posteriormente, daria nascimento ao que se conhece hoje. Praticamente desde a constituição do município de Piracicaba, a atividade econômica principal tem sido a cultura e processamento da cana-de-açúcar. Ainda no século XVIII Piracicaba, então conhecida como Vila Nova da Constituição, formava, juntamente com os municípios de Jundiaí, Sorocaba e Mogi Guaçu, o quadrilátero do açúcar. Na região compreendida por esses municípios produzia-se praticamente a totalidade do açúcar consumido no estado de São Paulo, até então província. Se faz importante salientar que, conforme Petrone (1968), a cana tornou-se presença predominante, mesmo no período do auge cafeeiro, quando Campinas e a quase totalidade dos municípios do seu entorno abandonaram o cultivo da cana em favor do de café. Essa particularidade do seu desenvolvimento municipal levou a que se instalassem em seu território, e também na região do seu entorno, grandes unidades industriais processadoras de cana de açúcar. O auge desta particularidade se deu em 1882, quando se construiu em Piracicaba o que foi então a maior unidade industrial de açúcar da América Latina: o Engenho Central. Este, muito além de suas dimensões, representou um esforço de modernização da indústria canavieira baseado na divisão entre a atividade agrícola, isto é, de fornecimento da matéria-prima cana, e a industrial, ou seja, o processamento da cana, cabendo ao Engenho a segunda atividade. Além disso, de acordo com Crocomo et alli (2007), o Engenho implicou em grande centralização de

118 118 capital, materializado nos modernos equipamentos e instalações tecnicamente requeridos para sua operação. Porém deve-se destacar que mesmo frente ao malogro do Engenho Central, algumas décadas depois não se reduziram a importância da cana e do açúcar no município e região, tendo em vista os crescentes estímulos advindos do crescimento do mercado interno paulista. Ao Engenho se seguiu as usinas, que chegaram a sete unidades somente em Piracicaba no biênio 1949/50, período áureo do açúcar no município. Dando continuidade ao relato do desenvolvimento histórico econômico do município, pode-se apontar que a partir do começo do século XX e, mais especificamente, dos anos 1940 deste século, tem início o processo de industrialização de Piracicaba, que conjugou uma elevada urbanização e a construção da sua reputação como cidade produtora de produtos e tecnologia para o açúcar. Essa tendência seguiu de perto aquela mais geral, que caracterizou o processo de industrialização do Brasil como um processo de industrialização por substituição de importações. Ou seja, nesse processo, a expansão da industrialização e do mercado interno, conforme Crocomo et alli (2007), aconteciam estimulados por constrangimentos externos, como crises econômicas e financeiras internacionais, que impactavam o balanço de pagamentos exigindo uma política cambial de forte desvalorização da moeda nacional. O resultado era que isso encarecia em moeda nacional os preços dos bens importados, induzindo sua substituição por produção nacional. Assim, essa política veio a beneficiar e servir de incentivo à industrialização em Piracicaba. Inicialmente, o parque industrial que se instalou no município foi estimulado pela demanda de bens de capital do setor sucroalcooleiro. Para atendê-la foi estimulada a criação de pequenas oficinas que, paulatinamente, vieram a constituir-se em grandes empresas industriais. A região e, mais especificamente, o município de Piracicaba foram marcados como o centro do complexo canavieiro paulista ainda por muito tempo, graças ao surgimento das Oficinas Dedini. A empresa, que se tornaria um grande grupo econômico especializado na produção de equipamentos para o complexo canavieiro, originou-se numa pequena oficina de reparo e fabricação de veículos e utensílios agrícolas adquirida pelos irmãos Armando e Mário Dedini em A partir dela surgiu uma reparadora e fabricadora de equipamentos (moendas, caldeiras etc), estimulada pelos proprietários de usinas e engenbos da região, que enfrentavam dificuldades para a manutenção e a importação de tais bens, especialmente em função da crise de 1929 (RAMOS, 1999). Segundo Ramos (1999), além da Dedini, outras empresas foram se constituindo no município, tais como a Codistil (1943), a Mausa (1948), a Motocana (1959) e metalúrgicas de porte médio como a Santin. Paralelamente, indústrias de bens de consumo não-duráveis também

119 119 foram criadas, muitas delas ligadas à produção canavieira, como são os casos das fabricantes de bebidas, mais especificamente aguardente de cana, Tatuzinho e Cavalinho. Não foi pequeno também o impulso dado pela agroindústria canavieira ao setor de construção civil e às atividades de serviços, que cresceram a taxas significativas no período. Nos anos 1970, Piracicaba, que no início da década encontrava-se bastante industrializada e urbanizada, passou por um processo de ampliação e modernização industrial, expansão agrícola e do setor terciário, avançando ainda mais na urbanização. Pode-se apontar que os resultados apresentados anteriormente foram produtos de políticas estaduais e federais que objetivaram a interiorização da indústria de São Paulo. Neste sentido, deve-se salientar, conforme Negri (1992) que nesse período "em Piracicaba e região, consolidaram-se importante parque sucroalcooleiro e o maior parque metal-mecânico do país, especificamente destinado ao açúcar e às destilarias de álcool, e o Centro Tecnológico da Copersucar CTC". Negri (1992) também indica que, além das políticas dos governos federais e estaduais, as políticas e iniciativas municipais tiveram importante papel no processo de desenvolvimento do período então descrito. Piracicaba não fugiu a essa regra e, no início da década de 1970, deu início a uma série de iniciativas visando atrair para o município novas indústrias e criar um distrito industrial. Neste sentido, a edição da Lei 2.015/73, que autorizou o poder público a firmar convênios com entidades privadas para a concessão de incentivos à industrialização, foi o primeiro passo para a instalação do Distrito Industrial (DI). O segundo foi a Lei 2.039/73, que instituiu a Unidade Industrial Leste de Piracicaba (UNILESTE), dispondo sobre os melhoramentos a serem empreendidos na área reservada e dando outras providências. Pela lei, a Prefeitura deveria instalar na área vias de acesso pavimentadas, rede mestra de água potável e aumentar a rede de energia elétrica, entre outras melhorias. Foi exatamente nesse período, por meio de tais políticas de incentivos, entre outras razões, que se instalaram no município empresas como a Caterpillar, a Phillips, entre outras empresas, contribuindo sobremaneira para alterar o perfil da indústria local, tornando-o mais diversificado. Deve-se reforçar que além do processo de desconcentração estadual da indústria paulista e das políticas de incentivos realizadas pela municipalidade, um importante programa de incentivos do governo federal contribuiu para a expansão da indústria piracicabana na década de 1970 e

120 120 também na de Tratou-se do Proálcool, que em 1975, através do Decreto-lei nº /75, conforme Crocomo et alli (2007), foi criado com o objetivo principal de desenvolver a produção e a comercialização do álcool combustível, em substituição à gasolina. Naquele momento, Piracicaba, que possuía forte tradição no cultivo da cana, sentiu fortemente o impacto do programa, que representou o incremento de sua produção agrícola. Um dos principais efeitos do Proálcool, de acordo com Crocomo et alli (2007), foi o de estimular as atividades das indústrias de bem de produção, ou seja, das indústrias de máquinas, peças, implementos, equipamentos e acessórios para a agroindústria canavieira. Assim, dos 458 projetos de instalação de destilarias autorizadas pelo governo federal, dentro do Proálcool, nos períodos de e , 420 foram de empresas de Piracicaba. O município pode, portanto, ser considerado o grande centro de produção nacional de destilarias, já que nele encontravam-se localizadas as duas principais empresas produtoras, a Codistil e a Conger. Entretanto, nos anos 1980, o desenvolvimento de Piracicaba sofreu forte influência das idas e vindas da conjuntura econômica brasileira. Este período ficou conhecido na literatura especializada como a década perdida, dados os péssimos desempenhos da produção e do emprego agregados. Neste cenário, a economia de Piracicaba padeceu de uma reversão relativa no seu desempenho passado. Dados do município indicam que o crescimento na década foi muito modesto, puxado principalmente pelos investimentos induzidos pelo segundo Proálcool em Contudo, no final da década de 1990, segundo Crocomo et alli (2007), uma série de investimentos e iniciativas passaram a apontar para uma promissora perspectiva para o município. Do governo estadual, foi importante no final dos anos 1990 o investimento na extensão da rodovia Bandeirante, cujo trajeto aproximou ainda mais Piracicaba de Campinas, da grande São Paulo e de Santos. Já nos anos 2000, a siderúrgica Belgo-Mineira, hoje Arcelor-Mittal, efetivou grandes investimentos em sua planta produtiva de Piracicaba, duplicando sua capacidade produtiva, ampliando com isso a oferta de empregos. A Caterpillar transferiu suas instalações e pessoal da unidade de São Paulo para Piracicaba, aumentando sua capacidade produtiva e batendo recordes seguidos em termos de exportação. Em 2005 o grupo coreano CJ Corp anunciou a instalação, de sua primeira unidade brasileira, no município, o que se concretizou em 2007, e em 2006 a empresa de origem austríaca Biomin Nutrição Animal anunciou sua instalação na cidade com início de funcionamento programado para A existência de capacidade de pesquisa e

121 121 tecnologia acumuladas permitirá, a partir de uma série de investimentos e parcerias já parcialmente anunciadas, a constituição de instituições de excelência na área de biotecnologia e biodiesel. 6.3 A cadeia produtiva sucroalcooleira em Piracicaba Antes de apresentar a cadeia sucroalcooleira em Piracicaba, primeiramente é necessário refletir sobre o que se trata tal cadeia. Pensando-se em primeiro lugar na produção sucroalcooleira, esta cadeia tem como principais produtos e subprodutos diretos da cana-deaçúcar: a água de lavagem, o bagaço, as folhas e pontas e o caldo. Sendo que estes produtos e subprodutos são utilizados em uma vasta gama de processos produtivos. Atentando-se à cadeia produtiva do álcool, os principais produtos e subprodutos são, de acordo com Azevedo (2002), o etanol, a vinhaça, o gás carbônico, o óleo de fúsel, e a recuperação de leveduras. Por sua vez os principais usos do etanol no Brasil é o de combustível veicular, indutor de octanagem e solvente, porém, dentro da alcoolquímica o etanol ainda pode ser utilizado, na forma desidratada, para produção de etileno, PEVC, polietileno, poliestireno e óxido de etileno, além de que na forma desidrogenada pode ser usado para produção de acetaldeído. Já como gás carbônico, o álcool é usado na produção de gelo seco e bicarbonato de amônio. Por outro lado, como óleo de fúsel é usado na produção de álcoois amílico, isoamílico, propílico, entre outros. E, finalmente, na recuperação de leveduras, pode ser usado na fermentação alcoólica e na nutrição animal. Já em relação à cadeia produtiva do açúcar, os principais usos dizem respeito ao consumo do açúcar direto, à indústria sucroquímica produzindo glicose, frutose, ácido oxálico, polióis, glicerina, ácido levulínico, ácido arabiônico, sorbitol, manitol, sacarose e seus derivados e sucralose. Além dos produtos anteriormente citados existem fermentações diversas gerando acetona butanol, álcool dacetona, difenol propano, metil metacrilato, além de fermentações finas como antibióticos, ácidos orgânicos, vitaminas, enzimas industriais, aminoácidos, e insumos biológicos (AZEVEDO, 2002). Voltando-se ao estudo das cadeias produtivas, através da abordagem econômica, que tradicionalmente centra o seu foco na concorrência entre empresas de um setor econômico, a análise possibilita uma visão integrada de setores que trabalham de forma inter-relacionada, ou

122 122 seja, a análise de agrupamentos deve despender elevada relevância às diferentes formas de interdependência entre os setores. Assim, conforme Azevedo (2002) pode-se definir uma cadeia produtiva como uma seqüência de setores econômicos, unida entre si por relações significativas de compra e venda, havendo uma divisão do trabalho entre estes setores, cada um realizando uma etapa do processo. Utilizando-se agora do termo "cadeia de suprimento", que, segundo Farias et alli (2005), destina-se a designar como um todo a estrutura projetada adequadamente para atender à demanda de um mercado específico, além de reunir um grande contingente de atores, tais como, supridores, produtores, transportadores, distribuidores e clientes para atingir uma dinâmica com fluxos constantes de informações, produtos e fundos, que agregam valor para os clientes e demais participantes, pode-se definir a cadeia produtiva como um conjunto de etapas que, de fato, agregam valor em um processo produtivo. Neste sentido, para poder visualizar globalmente uma cadeia produtiva, num primeiro momento se faz necessário conhecer o ciclo de vida do produto em questão e, em seguida, é preciso analisar a interação entre os seus participantes. Tendo esta definição de cadeia produtiva em mente, pode-se perceber, de acordo com Farias et alli (2005), que há algum tempo, as empresas perceberam que sem uma política mais agressiva, a viabilidade econômica da cadeia é muito vulnerável, o que às tem motivado à prática da cooperação. Portanto além da imagem de concorrência, tradicionalmente inclusa na definição de cadeia produtiva, também se deve dar atenção à cooperação. Desta forma ao pensar a cadeia produtiva, em um nível de parceria estratégica, cria-se um paradoxo, pois as empresas decidem desistir da independência e da autonomia, a fim de fortalecer uma área de especialidade, desenvolvendo assim uma ação comum objetivando uma meta comum, e requerendo que comportamentos específicos sejam adotados. Apreendendo as diferentes definições e possibilidades do conceito "cadeia produtiva", descritas acima, pode-se voltar à descrição da cadeia do álcool, lembrando ainda, conforme Leão (2002), que existem dois tipos principais deste produto: o etanol, ou álcool etílico, e o metanol, ou álcool metílico. Sendo que, o primeiro pode ser produzido a partir do açúcar, do amido e da celulose e é, sobretudo, utilizado como combustível puro ou misturado à gasolina. Enquanto o metanol pode ser produzido a partir da biomassa vegetal para ser utilizado nos motores de combustão interna, sendo que pode ser obtido industrialmente por vias biológicas, entre elas a da

123 123 fermentação alcoólica de produtos agrícolas, ou por via sintética, principalmente a de síntese de compostos derivados do petróleo. Partindo-se da informação de que a via biológica é a que se utiliza na produção comercial de álcool no Brasil para finalidades carburantes, pode-se definir a cadeia produtiva, de acordo com Leão (2002), como um processo produtivo que parte da matéria prima açucarada, caldo de cana ou mel residual das usinas de açúcar, que após a sua transformação em mosto, é submetida ao processo fermentativo, resultando então o álcool, como produto principal da atividade enzimática das leveduras. Analisando-se a cadeia "para frente" do álcool, segundo Leão (2002), um dos usos mais nobres tem sido como matéria-prima na indústria química em substituição ao eteno, derivado do petróleo. Inúmeros produtos podem ser produzidos a partir do etanol, como o acetaldeído, ácido acético, acetato de etila, eteno, entre outros, que são empregados na indústria de solventes, produtos farmacêuticos e bebidas. Resumindo-se, o álcool pode ser usado puro, ou em mistura com gasolina, metanol, éteres, álcool superior ou óleo diesel. Dentre as inúmeras vantagens de seu emprego, do ponto de vista ambiental, pode-se destacar, segundo Leão (2002), a função da fixação do dióxido de carbono da atmosfera, por meio da fotossíntese da cana-de-açúcar, matéria prima de sua fabricação; e a possibilidade de aproveitamento dos subprodutos originários da produção, inclusive resíduos sólidos, como a cogeração de energia, e efluentes líquidos, que apresentam considerável valor econômico. A esses benefícios, soma-se o fato do álcool ser um combustível líquido, de manuseio simples e seguro, que pode ser facilmente incorporado aos atuais sistemas de estocagem e distribuição. Atentando-se à cadeia produtiva do álcool combustível, descrevem-se a partir da Figura 6.01 as fases de produção do álcool combustível.

124 124 Figura Fases de Produção do Álcool Combustível Fonte: Folha de São Paulo (2007). Levando em consideração a delimitação do sistema agroindustrial da cana-de-açúcar ilustrada por Azevedo (2002), o delineamento da cadeia de suprimentos do álcool combustível apresentado por Farias et alli (2005) e a descrição das fases de produção álcool combustível relatada por Folha de São Paulo (2007), e utilizando-se da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no presente trabalho propõe-se uma delimitação da cadeia produtiva sucroalcooleira dividida em seis etapas distintas: 1) Fabricação de insumos e máquinas para produção de cana-de-açúcar; 2) Produção de cana-de-açúcar; 3) Fabricação de insumos e máquinas para produção de açúcar e álcool; 4) Produção de açúcar e álcool; 5) Comercialização de álcool; 6) Serviços de apoio, mais especificamente os serviços de transportes, que acabam por interligar as demais etapas da cadeia produtiva. O Quadro 6.01 apresenta com maiores detalhes a citada proposta de cadeia produtiva sucroalcooleira.

125 125 Quadro Cadeia Produtiva Sucroalcooleira ETAPA I 1. Insumos e Máquinas para Produção de Cana-de-Açúcar 1.1 Extração de minerais para fabricação de adubos, fertilizantes e produtos químicos 1.2 Fabricação de intermediários para fertilizantes 1.3 Fabricação de fertilizantes fosfatados, nitrogenados e potassicos 1.4 Fabrç. de máquinas e equipamentos para agricultura 1.5 Fabrç. de tratores de esteira e tratores de uso na extração mineral 1.6 Fabricaçao de outros equipamentos de transporte ETAPA II 2. Produção da Cana-de-Açúcar 2.1 Cultivo de cana-de-açúcar ETAPA III 3. Insumos e Máquinas para Produção de Açúcar Álcool 3.1 Fabricaçao de pecas fundidas de ferro e aco 3.2 Fabricaçao de pecas fundidas de metais nao-ferrosos 3.3 Fabricaçao de esquadrias de metal 3.4 Fabricaçao de obras de caldeiraria pesada 3.5 Fabrç. de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras PA 3.6 Fabrç. de caldeiras geradoras de vapor 3.7 Fabricaçao de artefatos estampados de metal 3.8 Têmpera, cementação e tratamento térmico do aço, serviços de usinagem 3.9 Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálico 3.10 Manutenção e reparação de caldeiras geradoras de vapor 3.11 Fabricaçao de outros produtos elaborados de metal 3.12 Fabrç. de motores estacionários de combustão interna e turbinas 3.13 Fabricaçao de bombas e carneiros hidraulicos 3.14 Fabricaçao de valvulas, torneiras e registros 3.15 Fabrç. de máquinas e aparelhos de refrigeraçao e ventilação 3.16 Fabricaçao de outras maquinas e equipamentos de uso geral 3.17 Fabricaçao de maquinas-ferramenta 3.18 Fabrç. de máquinas e equipamentos para as ind. alimentar 3.19 Fabricaçao de outras maquinas e equipamentos de uso especiais 3.20 Manutenção e reparação de motores, bombas e compressores 3.21 Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos 3.22 Fabrç. de máquinas, aparelhos e equipamentos de sistemas eletrônico ETAPA IV 4. Produção de Açúcar e Álcool 4.1 Usinas de açúcar 4.2 Refino e moagem de açúcar 4.3 Produçao de álcool ETAPA V 5. Comercialização de Álcool 5.1 Comércio a varejo de combustiveis 5.2 Comércio atacadista de combustiveis 5.3 Comércio atacadista de produtos quimicos ETAPA VI 6. Serviços de Apoio (Transporte) 6.1 Transporte rodoviario de cargas, em geral 6.2 Transporte rodoviario de produtos perigosos Fonte: Elaborado pelo autor

126 126 Em relação à cadeia produtiva sucroalcooleira localizada em Piracicaba, remetendo-se à cadeia delimitada no presente trabalho e à metodologia de identificação de APLs sugerida por Brito e Albuquerque (2002) e descrita no Capítulo 2, pode-se defini-la como um aglomerado com característica de Arranjo Produtivo Local, levando em conta as informações presentes no Quadro 6.02, uma vez que no tocante ao Quociente Locacional calculado encontra-se em 3,52, ou seja, acima de 1, já a participação do emprego formal em relação à cadeia sucroalcooleira nacional perfaz 0,93%, portanto, abaixo do parâmetro de 1%, porém muito próxima e levando em conta as dificuldades para se definir a cadeia pode-se inferir um arredondamento atingindo o critério mínimo, e, finalmente, o critério de densidade atinge um resultado afirmativo, uma vez que existem 688 estabelecimentos. Quadro Identificação do Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba Segmentos BRASIL EST. SÃO PAULO PIRACICABA Estabelecimentos Empregados Estabelecimentos Empregados Estabelecimentos Empregados Insumos e Máquinas para Produção de Cana-de-Açúcar Extração de minerais para fabricação de adubos, fertilizantes e produtos químicos Fabricação de intermediários para fertilizantes Fabricação de fertilizantes fosfatados, nitrogenados e potassicos Fabrç. de máquinas e equipamentos para agricultura Fabrç. de tratores de esteira e tratores de uso na extração mineral Fabricaçao de outros equipamentos de transporte Produção de Cana-de-Açúcar Cultivo de cana-de-açúcar Insumos e Máquinas para Produção de Açúcar Álcool Fabricaçao de pecas fundidas de ferro e aco Fabricaçao de pecas fundidas de metais nao-ferrosos Fabricaçao de esquadrias de metal Fabricaçao de obras de caldeiraria pesada Fabrç. de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras PA Fabrç. de caldeiras geradoras de vapor Fabricaçao de artefatos estampados de metal Têmpera, cementação e tratamento térmico do aço, serviços de usinagem Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálico Manutenção e reparação de caldeiras geradoras de vapor Fabricaçao de outros produtos elaborados de metal Fabrç. de motores estacionários de combustão interna e turbinas Fabricaçao de bombas e carneiros hidraulicos Fabricaçao de valvulas, torneiras e registros Fabrç. de máquinas e aparelhos de refrigeraçao e ventilação Fabricaçao de outras maquinas e equipamentos de uso geral Fabricaçao de maquinas-ferramenta Fabrç. de máquinas e equipamentos para as ind. alimentar Fabricaçao de outras maquinas e equipamentos de uso especiais Manutenção e reparação de motores, bombas e compressores Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos Fabrç. de máquinas, aparelhos e equipamentos de sistemas eletrônico Produção de Açúcar e Álcool Usinas de açúcar Refino e moagem de açúcar Produçao de álcool Comercialização de Álcool Comércio a varejo de combustiveis Comércio atacadista de combustiveis Comércio atacadista de produtos quimicos Serviços de Apoio (Transporte) Transporte rodoviario de cargas, em geral Transporte rodoviario de produtos perigosos Total Cadeia Produtiva Sucroalcooleira Total Geral Participação Cadeia Sucroalcooleira 4,57 5,16 5,63 6,66 8,51 13,99 Quociente Locacional (Brito e Albuquerque) - em relação ao País 2,71 Participação no Emprego da Cadeia Sucroalcooleira Nacional 0,72 Fonte: RAIS - MTE (2005). Elaborado pelo autor. Adaptado, Brito e Albuquerque (2002).

127 O arranjo produtivo local de álcool de Piracicaba (APLA) Dando continuidade à descrição do município de Piracicaba, pode-se salientar que este abriga o Pólo Nacional de Biocombustíveis, lançado oficialmente pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) em 16 de janeiro de Piracicaba ganha destaque também no âmbito internacional devido ao interesse crescente de outros países no uso de combustíveis renováveis, sobretudo após a assinatura do Protocolo de Kyoto, cujo objetivo é reduzir a emissão de poluentes no planeta. Isso atrai o interesse de investidores nacionais e estrangeiros, fomentando negócios em todos os setores da economia local, principalmente os envolvidos diretamente com tecnologia da produção, equipamentos e serviços no ramo sucroalcoleiro. Com isso, foi lançado oficialmente, de acordo com Anhão (2006), no dia 13 de fevereiro de 2006, o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA). Entretanto, conforme Rossi (2007), o protocolo de intenções foi apenas oficializado no dia 16 de abril de 2007, contando com 70 indústrias, 10 usinas de álcool e mais uma dezena entidades do setor sucroalcooleiro de 25 municípios paulistas da região do Vale do Piracicaba. O APLA visa, a partir do trabalho conjunto entre empresas e instituições, buscar alternativas para a cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro, possibilitando a redução de custos de produção e o incremento da competitividade das empresas da região. Entre os objetivos específicos do projeto estão: a divulgação dos produtos e serviços prestados pela empresas, a utilização de uma marca que identifique o produto como APL do álcool, estandardização e certificação do álcool e o desenvolvimento de novas tecnologias, elaboração de um projeto logístico para o escoamento do álcool do APL e estudos e pesquisas para novas aplicações, produtos e mercados a partir do álcool. Dimenstein (2007), explica que o arranjo produtivo local do álcool pretende se tornar referencia mundial no desenvolvimento e na aplicação de tecnologia em combustíveis alternativos de fontes renováveis, e tem bem definido, seus princípios éticos de responsabilidade social, que são: 1) contrariedade ao trabalho escravo e ao trabalho infantil; 2) compromisso constante com o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente; 3) respeito e valorização da pessoa.

128 128 De fato, o APLA se destaca por se tratar de um grande pólo produtivo do setor sucroalcooleiro do interior do estado de São Paulo. Desenvolveu-se em uma cidade que possui características ideais, como saneamento básico, um número amplo de escolas e faculdades, leitos e equipamentos hospitalares e meios de transportes e comunicação em boas condições. Segundo Dimenstein (2007), o Arranjo Produtivo Local do Álcool, procurou criar uma estrutura que contemple a interação entre as entidades, instituições e empresas parceiras, organizadas da seguinte maneira: 1) O conselho superior formados por representantes dos poderes público Municipal, Estadual e Federal, e por instituições ligadas diretamente ao setor sucroalcooleiro. Para o autor, estes têm o objetivo principal de motivar o efetivo funcionamento do arranjo, atuando como facilitadores das propostas sugeridas pelos demais do grupo; 2) Conselho estratégico, formado por entidades e instituições além dos representantes dos demais grupos de trabalho, tem o objetivo de propor critérios para a realização das ações, criando mecanismo para a obtenção de recursos, visando o desenvolvimento estrutural do arranjo; 3) Conselho técnico, formado por instituições que apóiam o arranjo, principalmente no fornecimento de informações formais que aumentam o capital social do arranjo; 4) Grupos de Trabalhos, divididos entre Agrícola, Indústria e Comercial/Logística, formado por empresários, têm a função de discutir, propor e avaliar ações necessárias para suas áreas específicas de atuação, trabalhando por assuntos específicos e apresentando o resultado para o conselho estratégico, o qual também é provido de informações pelo conselho técnico. Hoje a pessoa jurídica do Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), conta com 28 empresas sócias, além de mais 19 empresas que aderiram juntamente com estas ao Programa de Promoção Comercial de Exportação dos Equipamentos, Produtos e Serviços do Setor Sucroalcooleiro, financiado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX), totalizando 47 empresas que participam formalmente do Arranjo em estudo. Estas empresas podem ser distribuídas, por atividade, na cadeia produtiva sucroalcooleira, conforme o Quadro 6.03.

129 129 Quadro Distribuição de Empresas do APLA na Cadeia Produtiva Sucroalcooleira ETAPA I Insumos e Máquinas para Produção de Cana-de-Açúcar 7 ETAPA II Produção da Cana-de-Açúcar 0 ETAPA III Insumos e Máquinas para Produção de Açúcar e Álcool 34 ETAPA IV Produção de Açúcar e Álcool 0 ETAPA V Comercialização de Álcool 1 ETAPA VI Serviços de Apoio (Transporte e Outros Serviços Diversos) 5 TOTAL Empresas APLA/APEX 47 Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba Elaborado pelo Autor Através do Quadro 6.03, pode-se perceber que o APLA tem como especificidade a participação mais contundente de empresas metalmecânicas distribuídas nos setores nas ETAPAS I e IV da cadeia produtiva.

130 130 7 RESULTADOS DA PESQUISA Esse capítulo apresenta os resultados da pesquisa. Em um primeiro momento analisam-se as medidas de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade, os sociogramas e as tabelas e gráficos de freqüência referentes a cada rede de relacionamento separadamente, conforme as questões de pesquisa. Posteriormente realiza-se a análise comparativa e correlacional das medidas de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade, das tabelas e gráficos de freqüência e efetua-se a análise integrada dos sociogramas da rede vertical/cliente-fornecedor com a rede horizontal/cooperativa sob a luz do conceito de netchain. E num terceiro instante realiza-se a análise comparativa e correlacional das medidas de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade, das tabelas e gráficos de freqüência e efetua-se a análise integrada dos sociogramas da rede informal/interpessoal com as outras duas redes sob a luz do conceito de capital social. 7.1 Análise das redes de relacionamentos vertical, horizontal e interpessoal As redes de relacionamentos analisadas neste tópico estão ligadas às questões de pesquisa e, conseqüentemente, às questões que permearam a construção da proposta de mensuração apresentada no Capítulo 4. Portanto, a estruturação do pressente tópico giram em torno da análise das redes de relacionamento vertical/cliente-fornecedor, horizontal/cooperativa e interpessoal/informal, por meio das propriedades de densidade e de centralidade Análise da rede de relacionamentos vertical Partindo da questão de pesquisa formulada no Capítulo 4, ou seja, o conjunto de empresas que compõe o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constitui uma rede de relacionamentos vertical? a mensuração e análise das propriedades de redes de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade pode auxiliar não só da resposta para tal questão, como para melhor compreensão das características de tal rede de relacionamentos.

131 131 Em relação à medida de densidade a partir da Tabela 7.01 pode-se notar que a rede cliente-fornecedor, compreendida como rede vertical, formada pela amostra realizada com empresas do APLA é difusa, uma vez que apresenta baixa interconexão entre os atores, isto é, considerando uma rede de 29 empresas, em que se fazem possíveis 812 relações diferentes entre os atores, se consolidam apenas 30 laços, apresentando um índice de densidade 3,69%. Tal índice de densidade tem como significado que apenas 3,69% das relações possíveis dentro da rede se efetivam. Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Vertical Número de Número de Laços Densidade Densidade (%) Laços Possíveis ,0369 3,69 Fonte: Elaborado pelo autor Porém, levando em conta a natureza do APL em questão e a cadeia produtiva que o compõe deve-se considerar que estas têm grande peso no resultado apresentado acima, uma vez que considerando que a rede vertical diz respeito às relações mercantis entre clientes e fornecedores e se atentando para o fato que grande parte das empresas consideradas na amostra, assim como grande parte das empresas que participam formalmente do Arranjo, é da Etapa III, ou seja, fabricantes de insumos e máquinas para a produção de açúcar e álcool, é de se esperar que estas vendam para empresas que estejam em etapas posteriores da cadeia ou até mesmo para empresas da mesma etapa, porém boa parte dos insumos consumidos por estas empresas fazem parte de outras cadeias produtivas, tais como a cadeia siderúrgica. Atentando-se para a medida de centralidade de grau pode-se notar, através da Tabela 7.02, que das 29 empresas contempladas pela pesquisa de campo apenas 15, ou 52% das empresas, apresentam laços verticais dentro da rede, sendo que dentre estas destacam-se a empresa de código 21 da atividade de fabricação de produtos de metais, mais especificamente molas e artefatos de arame em geral, com 6 interações apresentando um índice de centralidade de 21,429%. Outras empresas que se destacam nesta amostra são as de código 10 e 27, ambas da atividade de fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial, mais especificamente usinas de açúcar e destilarias de álcool no caso da primeira e turbinas a vapor no caso da segunda, as duas apresentando 4 interações comerciais e índice de centralidade de grau de 13,333%.

132 132 Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Vertical Empresas Número de Centralidade de Número de Interações Grau (%) Interações (%) ,429 20, ,286 13, ,286 13, ,143 6, ,143 6, ,143 6, ,143 6, ,571 3, ,571 3, ,571 3, ,571 3, ,571 3, ,571 3, ,571 3, ,571 3, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0,000 Fonte: elaborado pelo autor Considerando que a medida de centralidade de grau identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma rede, pode-se indicar que as empresas citadas são aquelas que assumem maiores interações na rede amostrada, no caso das empresas 21 e 27. Essa posição confere capacidade de fornecimento para demais empresas da cadeia, uma vez que se trata de fabricantes de insumos e equipamentos, respectivamente, utilizados por empresas da mesma etapa da cadeia que elas fazem parte, além de empresas das etapas para frente. Já a empresa 10 se caracteriza por ser compradora dentro da rede, tendo em vista que é fabricante de bens de capital finais, necessitando de insumos e equipamentos para a fabricação de seus produtos. No que diz respeito à medida de centralidade de intermediação percebe-se, por meio da Tabela 7.03, que apenas 24% das empresas da rede amostrada, isto é, 7 empresas apresentam potencial de intermediação, ou seja, de servirem como ponte para alcançar outros atores. Neste

133 133 sentido, mais uma vez destacam-se a empresas de códigos 21, 10 e 27, com índices de centralidade de intermediação de 9,700%, 8,907% e 6,041% respectivamente. Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamentos Vertical Empresas Grau de Centralidade de Intermediação Intermediação (%) 21 36,667 9, ,667 8, ,833 6, ,000 2, ,000 1, ,500 0, ,333 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0,000 Fonte: Elaborado pelo autor Assim, as 7 empresas que apresentam capacidade de intermediar as interações entre pares na rede acabam por possibilitar a interligação das 15 empresas que travam relações mercadológicas no sentido de formar uma cadeia cliente-fornecedor, ou seja, servindo como ponte para a efetivação da produção de uma série de bens intermediários e finais que caracterizam a cadeia produtiva em questão. Quanto à medida de centralidade de proximidade, isto é, o índice que representa o grau de independência dos atores de modo a possibilitar a comunicação com muitos outros atores em uma rede com um número mínimo de intermediários, pode-se visualizar na Tabela 7.04 que mais uma

134 134 vez as empresas 10, 21 e 27 apresentam melhores resultados, nesse caso representados por menos distâncias geodésicas para se relacionarem dentro da rede. Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Vertical Empresas Distância Centralidade de Geodésica Proximidade (%) , , , , , , , , , , , , , , , Fonte: Elaborado pelo autor Tal resultado está intimamente ligado aos da centralidade de grau e de intermediação, pois a partir do momento que um ator apresenta o maior número de contatos e respectivamente serve como intermediário em uma rede, maior a possibilidade deste ator manter uma proximidade maior em relação a rede como um todo. O que é interessante notar na centralidade de proximidade é que houve uma inversão entre as empresas de melhores índices, uma vez que a empresa de código 10, que se caracteriza como compradora, apresenta maior índice de centralidade em relação à empresa 21, que se caracteriza como fornecedora.

135 135 Os resultados das medidas de rede apresentados no sentido de verificar a existência de uma rede de relacionamentos vertical no conjunto de empresas do APLA considerados na amostra podem ser mais bem visualizados através do sociograma representado pela Figura Figura 7.01 Sociograma da Rede de Relacionamentos Vertical Fonte: Elaborado pelo autor Através da análise gráfica do diagrama pode-se verificar o fato da rede ser difusa, devido aos poucos laços apresentados e atores sem interação alguma. Também se podem perceber as posições centrais das empresas de códigos 21, 10 e 27, assim como a participação dessas empresas como intermediárias, ligando vários pares de atores. E, finalmente é possível verificar o motivo da inversão de colocação em relação ao índice de centralidade de proximidade entre as empresas 10 e 21, uma vez que a empresa 10 apresenta menor distância em relação à rede como um todo por ter contato direto com as outras duas empresas que apresentam maiores grau de intermediação, ou seja, as empresas de códigos 10 e 27.

136 136 Outro fato interessante a considerar através do sociograma diz respeito ao isolamento da díade formada pelas empresas 3 e 20, sendo a primeira da atividade de fabricação de obras de caldeiraria e segunda de fabricação de esquadria de metal, o que pode indicar um possível buraco estrutural a ser preenchido na rede. Portanto o conjunto de empresas do APLA considerado na presente pesquisa constitui uma rede de relacionamentos vertical, embora difusa. Porém, Após analisar a existência de uma rede de relações verticais entre as empresas do APLA que compuseram a amostra surge uma segunda questão: até que ponto a formalização deste APL auxiliou na formatação desta rede? Conforme a proposta de mensuração formulada no Capítulo 4 a resposta a esta questão parte da tabulação do instrumento de coleta de dados, por meio do qual questionou-se desde que ano cada interação indicada se realizava, ou seja, qual a origem de determinada relação clientefornecedor. Desta forma se pode perceber através da Tabela 7.05 que 50% dos laços comerciais apresentados na rede vertical em questão se iniciaram a partir de 2006, ou seja, após a formalização do APLA. Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Verticais Ano Citações (%) , , , , , , , , , ,50 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor Portanto, é possível supor que a constituição de uma pessoa jurídica do APLA e os trabalhos e projetos realizados a partir desta formalização, propiciaram um adensamento da rede vede vertical. Ou seja, as ações do APLA ao aproximarem as empresas tanto no processo de formalização, como nas reuniões de trabalho do Arranjo, isto é dentro de um ambiente institucionalizado, permitiram o surgimento de oportunidades de negócios, possibilitando novas transações e, portanto, reforçando uma rede de interações mercantis entre os atores do APL.

137 137 Assim a formalização do APLA vem auxiliando na composição da rede vertical entre as empresas amostradas, embora se possam visualizar relações já sedimentadas pelo tempo, sendo as mais longínquas aquelas que datam de Como questão complementar ainda cabe levantar quais relações dizem respeito à compra e quais se referem à venda no contexto da rede vertical. Neste sentido a Figura 7.02 demonstra que 87% das interações apresentadas na pesquisa de campo dizem respeito à transações de venda por parte da empresas respondentes, enquanto apenas 13% se referem à transações de compra. Figura Distribuição da Amostra por Tipo de Transação 13% 87% VENDA COMPRA Fonte: Elaborado pelo autor Desta forma se pode entender que as empresas que responderam ao questionário têm características de fornecedoras dentro da cadeia sucroalcooleira, enquanto as empresas citadas, embora em grande parte façam parte das mesmas etapas da cadeia que as empresas respondentes, ocupam certo potencial de consumo de insumos produzido na própria cadeia. Porém, sendo este potencial de consumo pequeno e restrito a algumas atividades específicas, como se destaca a atividade de fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial, ele justifica tanto a aparente difusão da rede, como a posição central da empresa de código 10 que se caracteriza por tal posicionamento Análise da rede de relacionamentos horizontal Outra questão de pesquisa é formulada da seguinte maneira, o conjunto de empresas que forma o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constitui uma rede horizontal?

138 138 Partindo da proposta de mensuração da presente pesquisa a resposta da questão acima pode ser melhor compreendida através da mensuração e análise das medidas de redes de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade. Em relação à medida de densidade a partir da Tabela 7.06 pode-se notar que a rede cooperativa formada pela amostra realizada com empresas do APLA é difusa, uma vez que apresenta baixa interconexão entre os atores, isto é, considerando uma rede de 29 empresas, em que se faz possíveis 812 relações de cooperação diferentes entre os atores, se consolidam 52 laços, apresentando assim um índice de densidade 6,40%. Tal índice de densidade tem como significado que apenas 6,40% das relações possíveis dentro da rede se efetivam. Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Horizontal Número de Número de Laços Densidade Densidade (%) Laços Possíveis ,0640 6,40 Fonte: Elaborado pelo autor Neste caso, diferentemente da rede de relacionamentos vertical, não se pode justificar tal difusão a partir da cadeia produtiva que compõe o APL em questão, uma vez que a rede horizontal diz respeito às relações de cooperação e relações entre concorrentes. Então essas relações não tem ligação direta com a etapa de produção que cada empresa ocupa na cadeia sucroalcooleira. Porém, deve-se atentar para o fato que tanto as empresas consideradas na amostra, assim como grande parte das empresas que participam formalmente do Arranjo, se concentram numa mesma etapa da cadeia, ou seja, a Etapa III, que se refere à fabricação de insumos e máquinas para a produção de açúcar e álcool, e, portanto, são em grande parte concorrentes em diferentes atividades, o que leva a supor que exista de um lado uma importante rivalidade entre as empresas, conforme enfatiza Porter (1999), e por outro lado ainda há uma resistência em travar relações cooperativas específicas com empresas rivais, restringindo a cooperação com empresas de atividades complementares ou adjacentes. Atentando-se para a medida de centralidade de grau pode-se notar, através da Tabela 7.07, que das 29 empresas contempladas pela pesquisa de campo 20, ou 69% das empresas, apresentam laços horizontais dentro da rede, sendo que dentre estas destacam-se as empresas de códigos 3 e 11, sendo a primeira da atividade fabricação de obras de caldeiraria pesada, mais especificamente construção de usinas, e a segunda da atividade de manutenção e reparação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle, mais especificamente serviços de automação de

139 139 sistemas hidráulicos de usinas de açúcar e álcool, ambas com 8 interações apresentando um índice de centralidade de 28,571%. Outra empresa que se destaca nesta amostra é a de código 12, que desempenha a atividade de fabricação de artefatos de material plástico, mais especificamente tubulações, tanques de transporte e reservatórios apresentando 6 interações cooperativas e índice de centralidade de grau de 21,429%. Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Horizontal Empresas Número de Centralidade de Número de Interações Grau (%) Interações (%) ,571 0, ,571 0, ,429 0, ,857 0, ,286 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0,000 Fonte: elaborado pelo autor Considerando que a medida de centralidade de grau identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma rede, pode-se indicar que as empresas citadas são aquelas que assumem maiores interações na rede amostrada, no caso das empresas 11 e 12, isto se dá através da execução de atividades complementares, uma vez que se trata de fabricantes de insumos e equipamentos que complementam produtos fabricados por empresas da mesma etapa da cadeia que elas fazem parte, mas que acabam fazendo parte de produtos finais utilizados por

140 140 empresas das etapas para frente. Já a empresa 3 se caracteriza pela execução de serviço direto às usinas de açúcar e álcool, necessitando de insumos e equipamentos complementares para a realização de sua atividade. No que diz respeito à medida de centralidade de intermediação percebe-se por meio da Tabela 7.08 que apenas 38% das empresas da rede amostrada, isto é, 11 empresas, apresentam potencial de intermediação, ou seja, de servirem como ponte para alcançar outros atores. Neste sentido, mais uma vez destacam-se as empresas de códigos 3, 12 e 11, com índices de centralidade de intermediação de 18,056%, 14,881% e 14,480% respectivamente. Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamentos Horizontal Empresas Grau de Centralidade de Intermediação Intermediação (%) 3 68,250 18, ,250 14, ,733 14, ,533 12, ,767 10, ,667 1, ,000 1, ,000 1, ,600 0, ,600 0, ,600 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0,000 Fonte: Elaborado pelo autor Assim, as 11 empresas que apresentam capacidade de intermediar as interações entre pares na rede constituída através da amostra acabam por possibilitar a interligação das 20

141 141 empresas que travam relações de cooperação no sentido de formar uma cadeia horizontal, ou seja, servindo como ponte para a efetivação de diferentes frentes de cooperação, principalmente ao que diz respeito à troca de informações sobre oportunidades de mercado e sobre clientes. Quanto à medida de centralidade de proximidade, isto é, o índice que representa o grau de independência dos atores de modo a possibilitar a comunicação com muitos outros atores em uma rede com um número mínimo de intermediários, isto é, a distância geodésica que as empresas utilizam para se relacionem dentro da rede, pode-se visualizar na Tabela 7.09 que pela primeira vez, no que diz respeito à rede horizontal, a empresa 10 surge com destaque ao apresentar o melhor resultado, seguida pelas empresas de códigos 3 e 12. Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Horizontal Empresas Distância Centralidade de Geodésica Proximidade (%) , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , Fonte: Elaborado pelo autor Ao contrário do que acontece na rede vertical, tal resultado não está totalmente ligado aos da centralidade de grau e de intermediação da rede horizontal, demonstrando que o fato de um

142 142 ator apresentar o maior número de contatos e respectivamente servir como intermediário em uma rede de cooperação, não significa que este ator mantenha a maior proximidade em relação à rede como um todo, embora apresente bons resultados neste sentido. Assim, é interessante supor que o posicionamento da empresa de código 10 na rede pode explicar a maior proximidade desta no que diz respeito às ações de cooperação, como será analisado posteriormente. Também é importante salientar que as empresas que apresentam melhores resultados de proximidade, ou seja, as de códigos 10 e 3, são aquelas que desempenham atividade em grande parte voltadas diretamente às etapas para frente da cadeia sucroalcooleira, ou seja, fabricação e instalação de usinas de açúcar e álcool, assim como a empresa 12 que, embora execute atividade complementar, pode se relacionar comercialmente diretamente com empresas das etapas para frente, tendo em vista a natureza de seus produtos. Os resultados das medidas de rede apresentados no sentido de verificar a existência de uma rede de relacionamentos horizontal no conjunto de empresas do APLA considerados na amostra pode ser melhor visualizado através do sociograma representado pela Figura 7.03.

143 143 Figura 7.03 Sociograma da Rede de Relacionamentos Horizontal Fonte: Elaborado pelo autor Através da análise gráfica do diagrama pode-se verificar com clareza que embora a rede horizontal amostrada seja difusa se mostra mais densa que a rede vertical, tendo em vista o maior número de atores que apresentam interações e o entrelaçamento de algumas destas relações, mesmo ainda sendo poucos os laços representados, ou seja, a rede em estudo se caracteriza por uma maior propensão em construir laços cooperativos do que comerciais, o que pode ser explicado, como já mencionado, pela caracterização do APLA amplamente discutida no Capítulo 6 da presente pesquisa. Percebe-se também as posições centrais quanto ao número de contatos das empresas de códigos 3, 11 e 12, assim como a participação dessas empresas como intermediárias, ligando vários pares de atores.

144 144 E, finalmente é possível verificar o motivo do resultado positivo da empresa de código 10 em relação ao índice de centralidade de proximidade, uma vez que esta empresa apresenta menor distância em relação à rede como um todo por ter contatos cooperativos e relações de natureza concorrencial diretos com as três empresas que apresentam maiores índices de centralidade de grau e de intermediação, ou seja, as empresas de códigos 3, 11 e 12. Assim, esta empresa se beneficia de sua posição na rede, ou seja, mesmo mantendo um menor número de contatos cooperativos ela acaba por ter a possibilidade de se apropriar dos resultados advindos da maior propensão de cooperação de seus contatos diretos. Após comprovar a existência de uma rede de relações horizontais, embora difusa, entre as empresas do APLA que compuseram a amostra surge uma nova questão: até que ponto a formalização deste APL auxiliou na formatação desta rede? Conforme a proposta de mensuração formulada no Capítulo 4 a resposta a esta questão parte da tabulação do questionário, uma vez que se perguntou desde que ano cada interação indicada se realiza, ou seja, qual a origem dos laços cooperativos apontados. Desta forma, se pode perceber através da Tabela 7.10 que aproximadamente 82% dos laços cooperativos apresentados na rede horizontal em questão se iniciaram a partir de 2006, ou seja, após a formalização do APLA. Também é importante salientar que a ocorrência de tais interações se intensificou nos dois últimos anos analisados com praticamente 79% das citações. Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Horizontais Ano Citações (%) , , , , , , ,36 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor Portanto, é possível supor, mesmo analisando-se uma amostra não representativa da população, que a constituição do APLA fomentou a interação cooperativa entre as empresas que o compõe. Tal resultado pode ser atribuído ao processo de institucionalização do Arranjo, em que se criou, ao aproximar as empresas, um ambiente propício para a intensificação da confiança entre os agentes, e consequentemente, como apontam Noronha e Turchi (2005), das relações de cooperação na rede.

145 145 Assim a formalização do APLA vem auxiliando na composição da rede horizontal entre as empresas amostradas, embora se possam visualizar poucas relações já sedimentadas pelo tempo, sendo as mais longínquas aquelas que datam de Como questão complementar ainda cabe levantar se além das relações cooperativas existem relações entre concorrentes ou empresas do mesmo setor. Neste sentido a Figura 7.04 demonstra que 73% das interações apresentadas na pesquisa de campo dizem respeito às relações de cooperação entre empresas que não se consideram concorrentes, mesmo que não travem relações cliente-fornecedor entre si, enquanto apenas 27% se referem à relações com concorrentes ou empresas do mesmo setor. Portanto, mesmo que exista tais relações elas se mostram ainda incipientes. Figura Distribuição da Amostra por Tipo de Relação Horizontal 27% 73% RELAÇÕES DE COOPERAÇÃO RELAÇÕES COM CONCORRENTES Fonte: Elaborado pelo autor Outra questão a ser feita neste sentido diz respeito ao tipo de atividade de cooperação que são desenvolvidas com os diferentes atores do Arranjo, ou seja, clientes, fornecedores, concorrentes. Com o intuito de dirimir tal pergunta relacionou-se preliminarmente na pesquisa de campo uma série de atividades possíveis no âmbito dos APLs, conforme a Tabela 7.11 Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Tipo de Atividade de Cooperação Tipo de Cooperação Citações (%) Troca de tecnologias, máquinas e equipamentos 11,11 Informações sobre design de produtos 0,00 Informações sobre oportunidades de mercado 44,44 Informações sobre clientes 30,56 Recursos financeiros 0,00 Informações sobre produção 0,00 Informações sobre marketing 2,78 Informações sobre logística 11,11 Outro? Qual? 0,00 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor

146 146 Assim, pode-se perceber que as atividades mais citadas pelas empresas respondentes se referem às cooperações focadas a levantarem informações sobre oportunidades de mercado e clientes (75%). Portanto, percebe-se que embora haja uma intensificação em ações de cooperação no ambiente de rede, estas ainda se concentram no tocante a questão mercadológica, ficando para um segundo plano as questões referente à tecnologia e produção, ou seja, atividades que requerem maior aporte de recursos e confiança Análise da rede de relacionamentos interpessoal Uma terceira questão de pesquisa a ser analisada é: as relações interpessoais tomadas pelas pessoas que participam do conjunto de empresas que forma o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constituem uma rede informal de informações? Partindo da proposta de mensuração apresentada na presente pesquisa a resposta da questão de pesquisa acima passa pela medição e análise das medidas de redes de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade. Em relação à medida de densidade a partir da Tabela 7.12 pode-se notar que a rede interpessoal formada pela amostra realizada com empresas do APLA é difusa, uma vez que apresenta baixa interconexão entre os atores, isto é, considerando uma rede de 29 empresas, em que se faz possíveis 812 relações de cooperação diferentes entre os atores, se consolidam 44 laços apresentando um índice de densidade 5,42%. Tal índice de densidade tem como significado que apenas 5,42% das relações possíveis dentro da rede se concretizam. Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Interpessoal Número de Número de Laços Laços Possíveis Densidade Densidade (%) ,0542 5,42 Fonte: Elaborado pelo autor Neste caso, assim como no caso da rede de relacionamentos horizontal, não se pode justificar tal difusão a partir da cadeia produtiva que compõe o APL em questão, uma vez que considerando que a rede interpessoal diz respeito às relações informais entre as pessoas que são parte integrante da empresas que compõem o Arranjo. Assim, além de se relevar que as empresas consideradas na amostra, assim como grande parte das empresas que participam formalmente do Arranjo, se concentram numa mesma etapa da

147 147 cadeia, ou seja, a Etapa III, que se refere a fabricação de insumos e máquinas para a produção de açúcar e álcool, e portanto são em grande parte concorrentes em diferentes atividades, também deve-se levar em conta que este tipo de relação também é norteado por questões mais subjetivas, tal como a afinidade entre gestores, o que leva a supor que a difusão da rede não pode ser justificada apenas pela resistência em travar relações com pessoas de empresas rivais. Atentando-se para a medida de centralidade de grau pode-se notar através da Tabela 7.13 que das 29 empresas contempladas pela pesquisa de campo 18, ou 62% das empresas, apresentam laços interpessoais dentro da rede, sendo que dentre estas destaca-se a empresa de código 11, que como já mencionado se dedica a atividade de manutenção e reparação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle, mais especificamente serviços de automação de sistemas hidráulicos de usinas de açúcar e álcool, com 9 interações apresentando um índice de centralidade de 32,143%. Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Interpessoal Empresas Número de Centralidade de Número de Interações Grau (%) Interações (%) ,143 0, ,857 0, ,857 0, ,286 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,143 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,571 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0,000 Fonte: elaborado pelo autor

148 148 Outras empresas que se destacam nesta amostra são as de código 12 e 27, sendo a primeira da atividade de fabricação de artefatos de material plástico, mais especificamente tubulações, tanques de transporte e reservatórios, e a segunda da atividade de fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial, mais especificamente turbinas a vapor, ambas com 5 interações apresentando um índice de centralidade de grau de 17,857%. Considerando que a medida de centralidade de grau identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma rede, pode-se indicar que as empresas cujos gestores são citados são aquelas que assumem maiores interações na rede amostrada, no caso das três empresas destacadas deve-se salientar que desempenham atividades complementares, uma vez que se trata de fabricantes de insumos e equipamentos complementares à produtos fabricados por empresas da mesma etapa da cadeia que elas fazem parte, mas que acabam fazendo parte de produtos finais utilizados por empresas das etapas para frente. Assim os gestores das empresas citadas possuem conhecimento de boa parte da cadeia sucroalcooleira, uma vez que suprem necessidades de empresas da mesma etapa de produção, porém de atividades diferentes da sua, como também de etapas para frente. No que diz respeito à medida de centralidade de intermediação percebe-se, por meio da Tabela 7.14 que apenas 34% das empresas da rede amostrada, isto é, 10 empresas, apresentam potencial de intermediação, ou seja, de servirem como ponte para alcançar outros atores. Neste sentido, se destaca disparadamente o gestor da empresa de código 11, com índice de centralidade de intermediação de 25,661%.

149 149 Tabela Medida de Centralidade de Intermediação da Rede de Relacionamento Interpessoal Empresas Grau de Centralidade de Intermediação Intermediação (%) 11 97,000 25, ,500 8, ,167 7, ,333 6, ,333 5, ,333 3, ,333 3, ,000 3, ,000 3, ,000 3, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0, ,000 0,000 Fonte: Elaborado pelo autor Assim, as 10 empresas que apresentam gestores com capacidade de intermediar as interações entre pares na rede formada através da amostra acabam por possibilitar a interligação das 18 empresas que travam relações informais no sentido de formar uma cadeia interpessoal, ou seja, servindo como ponte para a efetivação de troca de informações, principalmente ao que diz respeito a mercado, produtos e clientes. Quanto à medida de centralidade de proximidade, isto é, o índice que representa o grau de independência dos atores de modo a possibilitar a comunicação com muitos outros atores em uma rede com um número mínimo de intermediários, pode-se visualizar na Tabela 7.15 que mais uma vez, no que diz respeito à rede interpessoal, o gestor da empresa 11 surge com destaque ao apresentar o melhor resultado, seguido pelos gestores das empresas de códigos 16 e 9, que

150 150 desempenham a atividade de fabricação máquinas e equipamentos de uso geral, mais especificamente equipamentos para a indústria sucroalcooleira (usinas), e a atividade de instalação de máquinas de equipamentos industriais, mais especificamente serviços de caldeiraria pesada e equipamentos para fábricas de açúcar e álcool, respectivamente. Tabela Medida de Centralidade de Proximidade da Rede de Relacionamentos Interpessoal Empresas Distância Centralidade de Geodésica Proximidade (%) , , , , , , , , , , , , , , , , , , Fonte: Elaborado pelo autor Considerando que no caso de tal medida de rede os destaques dizem respeito à menor distância geodésica para que as empresas se relacionem dentro da rede, deve-se salientar que igualmente ao que acontece na rede vertical, o resultado da empresa 11 está totalmente ligado aos da centralidade de grau e de intermediação da rede horizontal, demonstrando que o fato de o ator em questão apresentar o maior número de contatos e respectivamente servir como intermediário em uma rede de cooperação possibilitou que este ator mantivesse a maior proximidade em

151 151 relação à rede como um todo, o que o leva a ser um ator central na rede de interações interpessoais. Porém, a mesma explicação não pode ser estendida no caso dos gestores das empresas de código 16 e 9, uma vez que as mesmas não se destacam no que diz respeito ao número de contatos e capacidade de intermediação de vendo tal resultado de proximidade ter relação direta com o posicionamento dos gestores na rede. Os resultados das medidas de rede apresentados no sentido de verificar a existência de uma rede de relacionamentos interpessoal no conjunto de empresas do APLA considerados na amostra podem ser melhor visualizados através do sociograma representado pela Figura Figura 7.05 Sociograma da Rede de Relacionamentos Interpessoal Fonte: Elaborado pelo autor Através da análise gráfica do diagrama pode-se verificar com clareza que, como a rede horizontal, embora a rede interpessoal amostrada seja difusa se mostra mais densa que a rede

152 152 vertical, tendo em vista o maior número de atores que apresentam interações e o entrelaçamento de algumas destas relações, mesmo ainda sendo um baixo montante de laços representados. Também se pode perceber a posição destacada quanto ao número de contatos do gestor da empresa de código 11, assim como a participação desse gestor como intermediário, ligando vários pares de atores, além de que seus contatos acabam também por posicioná-lo de forma favorável quanto à proximidade no que se refere à rede como um todo. Também, é possível verificar o motivo da boa colocação dos gestores das empresas de código 16 e 9 em relação ao índice de centralidade de proximidade, umas vez que estes gestores apresentam menor distância em relação à rede como um todo por ter contatos interpessoais diretos com o gestor da empresa de código 11, servindo inclusive como intermediários deste para com os gestores de empresas mais isoladas na rede. Após verificar a existência de uma rede de relações interpessoais, embora difusa, entre as os gestores de empresas do APLA que compuseram a amostra surge uma nova questão: até que ponto a constituição formal deste APL reforçou e expandiu esta rede? Conforme a proposta de mensuração apresentada no Capítulo 4 a resposta a esta questão parte da tabulação do questionário, uma vez que se levantou desde que ano cada interação indicada se realiza, ou seja, quando se originou cada relação apontada. Desta forma se pode perceber através da Tabela 7.16 que aproximadamente 85% dos laços interpessoais apresentados na rede horizontal em questão se iniciaram a partir de 2006, ou seja, após a formalização do APLA. Também é importante salientar que a ocorrência de tais interações se intensificou nos dois últimos anos analisados com praticamente 81% das citações. Tabela Distribuição da Amostra quanto ao Ano em que Iniciaram as Relações Interpessoais Ano Citações (%) , , , ,69 ND 3,85 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor Portanto, é possível supor, mesmo analisando-se uma amostra não representativa da população, que com a constituição do APLA, com a aproximação das empresas, com o processo de institucionalização do Arranjo e principalmente com a realização de reuniões mais freqüentes, criou-se um ambiente propício para a intensificação das relações interpessoais, permitindo assim

153 153 a constituição de uma rede de interações informais entre os gestores das empresas que compõem o APL estudado. Assim a formalização do APLA vem auxiliando na composição da rede interpessoal entre os gestores das empresas amostradas, embora se possam visualizar algumas poucas relações que datam de período anterior a formalização do Arranjo, mesmo que também recentes, uma vez que se dão a partir de Porém, deve-se levar em conta a possibilidade de que o caráter recente de tais interações tenha alguma relação com a própria inserção dos gestores nas empresas amostradas, não significando que outros gestores destas empresas já não tivessem travado laços interpessoais anteriormente. É importante salientar que a formalização do APLA ao se fazer fator importante na consolidação de uma rede informal de relações interpessoais entre os atores do Arranjo, também está contribuindo para a constituição do APL como uma unidade, pois, conforme Noronha e Turchi (2005) é necessário a identificação além de contatos formais, de contatos informais para que um conjunto de empresas possua alguma identidade além daquelas de pertencerem a um mesmo ramo ou estarem localizadas em uma região específica. Como questão complementar ainda cabe levantar que informações são trocadas entre as pessoas levantadas na pesquisa de campo. Neste sentido a Tabela 7.17 demonstra que em torno de 77% das interações apresentadas dizem respeito à troca de informações sobre mercado, produtos e clientes, enquanto outros 15% se referem a sistemas de gestão e aproximadamente 8% são trocas informações sobre novas tecnologias e equipamentos. Assim, como no caso da cooperação entre as empresas ganham destaque as trocas de informação com caráter mercadológico, podendo inclusive significar que as atividades cooperativas existentes na rede têm um forte caráter informal. Tabela Distribuição da Amostra por Tipo de Informação Trocada Tipo de Informações Citações (%) Novas tecnologias e equipamentos 7,69 Sistemas de gestão 15,38 Informações sobre mercado, produtos e clientes 76,92 Recursos financeiros 0,00 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor Outra questão a ser feita neste sentido diz respeito ao tipo de relação interpessoal que são desenvolvidas entre os diferentes gestores do Arranjo, isto é, qual o grau de afinidade entre as pessoas que trocam informações na rede em estudo?

154 154 Desta forma relacionou-se preliminarmente na pesquisa de campo alguns tipos de relações possíveis no âmbito social, sendo que a partir da Tabela 7.18 se podem perceber que os tipos de relações mais citados pelos gestores respondentes se referem às relações de amizade com elevada confiança (46%), o que pode significar um avanço futuro próximo em termos de importância das informações trocadas para uma diversificação maior no que tange a cooperação na rede. Porém também aparecem com destaque as relações entre colegas (35%), ou seja, pessoas que se conhecem bem, porém não apresentam um grande grau de confiança entre elas, o que pode justificar o estágio atual de cooperação na rede amostrada. Tabela Distribuição da Amostra por Tipo de Relação entre os Gestores Tipo de Relação Citações (%) Conhece pouco 11,54 Conhece bem (colega) 34,62 Parentesco (parente) 0,00 Amizade (amigo) 7,69 Amizade, com elevada confiança 46,15 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor E por fim cabe questionar com que freqüência as pessoas realizam as trocas de informações anteriormente relatadas. Neste sentido a Tabela 7.19 demonstra uma concentração de contatos para troca de informações travados entre os gestores mensalmente (46%) e semestral ou bimestralmente (42%), sendo a freqüência última coincidente com o período em que ocorrem as reuniões gerais do APLA. Tabela Distribuição da Amostra por Freqüência de Relação entre os Gestores Frequencia Citações (%) Semestral ou bimestralmente 42,31 Mensalmente 46,15 Quinzenalmente 3,85 Semanalmente 7,69 Diariamente 0,00 TOTAL 100,00 Fonte: Elaborado pelo autor Entretanto, o grande montante de citações para a freqüência mensal além de algumas indicações por freqüências mais curtas, ou seja, quinzenal ou semanal, leva a ponderar uma evolução positiva para o futuro próximo quanto à qualidade das informações trocadas e, consequentemente, a profundidade de ações cooperativas que podem surgir com estes contatos interpessoais.

155 Análise da rede de relacionamentos integrada Considerando-se as redes de relacionamento analisadas no tópico anterior e as estudando de forma integrada, ou seja, somando-se as matrizes, se chega a uma questão de pesquisa geral de grande importância para que a proposta apresentada no presente trabalho possa atingir seus objetivos, isto é, o conjunto de empresas que forma o Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba (APLA) constitui uma rede integrada de empresas? Como já exposto na resolução das questões de pesquisa anteriores a resposta da preposição acima passa pela mensuração e análise das medidas de redes de densidade, centralidade de grau, centralidade de intermediação e centralidade de proximidade. Em relação à medida de densidade a partir da Tabela 7.20 pode-se notar que a rede geral formada pela amostra realizada com empresas do APLA é difusa, uma vez que apresenta baixa interconexão entre os atores, isto é, considerando uma rede de 29 empresas, em que se fazem possíveis 812 relações de cooperação diferentes entre os atores, se consolidam 82 laços apresentando um índice de densidade 10,10%. Tal índice de densidade tem como significado que 10,10% das relações possíveis dentro da rede se efetivam. Tabela Medida de Densidade da Rede de Relacionamentos Integrada Número de Número de Laços Densidade Densidade (%) Laços Possíveis , ,10 Fonte: Elaborado pelo autor Entretanto, levando em conta as caracterizações da amostra utilizada para aplicar a proposta de medição, pode-se notar a grande participação de empresas cujas atividades pertencem da Etapa III da cadeia produtiva sucroalcooleira, ou seja, fabricantes de insumos e máquinas para a produção de açúcar e álcool. Neste sentido, se pode analisar o resultado verificado de duas formas: 1) em termos mercadológicos, considerando que as relações de compra dos insumos consumidos pelas empresas de tal etapa são travadas com empresas de outras cadeias produtivas e que as relações de venda de seus produtos são travadas com empresas de diferentes regiões do país e do mundo, além do fato de que nos momentos que a economia sucroalcooleira passou por uma fase de declínio, como relatado na caracterização da indústria, as empresas diversificaram sua produção passando a atender outras cadeias produtivas e 2) em termos cooperativos, levando em conta que

156 156 a insipiência da institucionalização leva a existência ainda de uma certa resistência em travar relações cooperativas específicas com empresas rivais, restringindo a cooperação com empresas de atividades complementares ou adjacentes; era de se esperar uma rede difusa no que se refere a característica vertical e em formatação no que diz respeito às características horizontal e interpessoal. Neste sentido é importante reforçar que embora as três redes de relacionamento estudadas tenham se apresentado difusas, as relações horizontais e interpessoais apresentam maior freqüência no Arranjo que as interações verticais. Atentando-se para a medida de centralidade de grau pode-se notar, através da Tabela 7.21 que das 29 empresas contempladas pela pesquisa de campo, apenas uma não apresenta nenhum tipo de interação dentro da rede. Dentre as 28 empresas que apresentam laços relacionais se destacam as empresa de códigos 11 e 3, sendo a primeira da atividade de manutenção e reparação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle, mais especificamente serviços de automação de sistemas hidráulicos de usinas de açúcar e álcool, e a segunda da atividade fabricação de obras de caldeiraria pesada, mais especificamente construção de usinas ambas com 10 interações apresentando um índice de centralidade de 35,174%. Outra empresa que se destaca nesta amostra é a de código 27, que desempenha a atividade de fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial, mais especificamente turbinas a vapor, apresentando 8 interações e índice de centralidade de grau de 28,571%.

157 157 Tabela Medida de Centralidade de Grau da Rede de Relacionamentos Integrada Fonte: elaborado pelo autor É importante salientar que no que se refere ao número de contatos realizados na rede a empresa de código 11 demonstrou destaque tanto nas atividades cooperativas, como nas relações interpessoais, já a empresa de código 3 apareceu com maior destaque no que diz respeito às relações horizontais, enquanto a empresa de código 27 se destacou tanto na troca de relações mercantis, como no desempenho de relações informais. Assim, pode-se perceber que as redes de relações horizontal e interpessoal ditam o posicionamento dos atores centrais da rede geral, quanto ao número de contato que estes realizam, o que pode se justificar, como já mencionado, pelas características mercadológicas da cadeia produtiva local em questão. Já a única empresa que não mantém nenhum tipo de interação na rede é a de código 22, que pratica a atividade de fabricação de máquinas e equipamentos para a agricultura e pecuária,

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