(SPCFar), referiu que os problemas

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1 Envelhecerem beleza Já diz o velho ditado que «mais vale prevenir do que remediar». A palavra "prevenção" ganha preponderância quando abordamos o tema da pele, aquele que é somente o nosso órgão mais extenso, cobrindo- -nos da cabeça aos pés. Chega agora a vez de analisarmos a pele nos adultos e nos idosos, atentos à farmácia como espaço de intervenção nos problemas que podem surgir nestes grupos de utentes. Apele é um órgão extenso e complexo do ponto de vista fisiológico que, contrariamente ao que por vezes julgamos, requer cuidados de saúde permanentes, que mantenham a sua função biológica, isto é, protejam o nosso corpo das agressões do meio envolvente, durante toda a nossa vida», começa por afirmar Henrique Santos, farmacêutico. Como órgão externo está permanentemente a ser agredido. «O frio, o sol, o calor, a luz, os traumatismos e as infeções contribuem para que a pele possa perder o seu equilíbrio e contrair problemas», esclareceu o farmacêutico comunitário, alertando que «a maior frequência e variedade no uso de produtos de higiene vieram, com toda a certeza, criar novos problemas dermatológicos, manifestados como intolerâncias cosméticas, alergias, dermatites, etc». Principais patologias Excluindo o melanoma, tema que será abordado no artigo que se segue, são várias as doenças de pele que podem ocorrer nos adultos e nos idosos. Helena Amaral, docente do Departamento de Ciências do Medicamento, Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), avançou que as principais patologias da pele que podem ocorrer nestes grupos são a xerose ou secura excessiva da pele, os eczemas, a urticária, a rosácea, as tinhas, as queratoses actínicas e as hiperpigmentações. Henrique Santos, também presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Farmacêuticos (SPCFar), referiu que os problemas de pele têm uma elevada prevalência no contexto comunitário. «As dermatites, onde se incluem a dermatite de contacto, a dermatite seborreica e o eczema atópico, são efetivamente as de maior prevalência, seguidas da acne, das infeções de várias etiologias, das verrugas virais e da psoríase», enumerou. O envelhecimento... Com o passar do tempo, a pele fica mais frágil, mais flácida e mais seca. Henrique Santos descreve o envelhecimento como «um processo biológico complexo e contínuo, caracterizado por alterações celulares e moleculares em que ocorre uma diminuição progressiva da capacidade de homeostase do organismo, senescência e/ou morte celular». Helena Amaral aprofunda a questão do envelhecimento, explicando pormenorizadamente todo o processo: «Há espessamento do estrato córneo e redução da espessura da derme com perda das fibras de colagénio e elastina, que se manifestam pelo aumento de flacidez e aparecimento de rugas. Há alterações vasculares (telangiectasias) e imunossupressão. As glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem a sua atividade, a pele torna-se mais seca e descamativa, mais suscetivel a infeções e mais sensível às variações de temperatura. Há, também, diminuição da capacidade de regulação térmica devido à menor sudorese, o que pode levar à ocorrência de choques térmicos em situações de aquecimento excessivo. Além disso, a diminuição

2 do número de melanócitos e a alteração no seu funcionamento, principalmente em determinadas regiões como a face e o dorso das mãos, é evidenciada pela formação de manchas hiperpigmentadas». São três os fatores associados ao envelhecimento da pele, afirma Henrique Santos: «o envelhecimento natural (inevitável e comum a todas as pessoas, relacionado com fatores genéticos, cumulativos, caracterizados por atrofia da pele e rugas finas, por afetarem principalmente as fibras elásticas dérmicas, levando à elastose da derme reticular); o fotoenvelhecimento (que depende da relação entre o fototipo e a exposição à radiação solar, com elastose na derme reticular superficial; é também cumulativo, mas pode ser evitado; caracteriza- -se por rugas profundas, pele espessada, amarelada, seca, melanoses, telangiectasias, poiquilodermia, queratoses actínicas e maior ocorrência de cancro da pele; corresponde a 85% das rugas presentes na pele envelhecida); o envelhecimento relacionado ao tabagismo (provoca pele seca, atrofia e rugas profundas».... Como contrariá-lo? Quanto às estratégias para contrariar o envelhecimento, Helena Amaral evoca a questão da prevenção, destacando sobretudo a primária, «que consiste na utilização de protetores solares e produtos hidratantes que restaurem a barreira hidrolipídica, reduzindo a perda transepidérmica da água», e a secundária, «que consiste na aplicação de produtos cosméticos contendo antioxidantes (protegem as células dos efeitos nocivos dos radicais livres), alfa-hidroxiácidos (promovem a renovação celular), retinóides (inibem a síntese de colagenases e promovem a produção de colagénio), peptídeos (estimulam a síntese de colagénio) e agentes despigmentantes». Pode, ainda, considerar- -se a prevenção terciária, «que abrange o recurso a peelings químicos que conferem à pele um aspeto mais suave e uma aparência rejuvenescida», acrescentou a docente de diversas unidades curriculares do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) Níveis de cuidados farmacêuticos O envelhecimento é um processo natural, complexo e dinâmico que coloca diversos desafios aos profissionais de saúde. No sentido de dar vida aos anos e não somente anos à vida, os farmacêuticos podem (e devem) aconselhar o utente sobre os produtos disponíveis e, quando necessário, reportá-los ao dermatologista. «Numa sociedade envelhecida é natural que a prevalência de problemas de pele associados à idade avançada tenha, cada vez mais, importância no contexto dos cuidados de saúde prestados às populações pelas farmácias», refere Henrique Santos, apresentando os três níveis de cuidados farmacêuticos da pele disponibilizados: Nível 1 «Rastreios de problemas de pele que permitem identificar problemas e tratá-los em indicação farmacêutica ou encaminhar para a consulta médica. Podemos referir os rastreios de pele seca, pele sensível, sensibilidade solar, que podem ser realizados por farmacêuticos no contexto comunitário. Estes serviços têm como metodologia a identificação de suspeitos e enviá-los para consulta médica ou farmacêutica em função da situação». Nível 2 «Dispensação clínica de medicamentos prescritos, indicados ou usados em automedicação. Neste serviço, o mais prevalente numa farmácia comunitária, o farmacêutico avalia a medicação prescrita e disponibiliza a informação necessária ao uso racional do medicamento». Nível 3 «Consulta de Seguimento Farmacêutico, onde os farmacêuticos identificando problemas de saúde intervêm para os resolver». Henrique Santos esclarece que «problemas como a dermatite atópica, dermatite seborreica, dermatite de contacto, escabiose, pediculose, verrugas, herpes labial, tinhas (de vários tipos, exceto a tinea capitis ou a onicomicose), melasma, alterações de pigmentação, acne, rosácea, pele seca, ictiose, pele sensível são algumas das situações em que o farmacêutico pode tratar ou completar tratamentos já prescritos pelo médico e seguir o tratamento».

3 da FFUP, entre as quais Dermofarmácia e Cosmética. A pele difere de pessoa para pessoa. Questionada sobre quais são os conselhos básicos que dá às pessoas, independentemente do sexo ou da idade, quanto aos cuidados a ter no dia a dia, a farmacêutica especialista em dermocosmética Joana Nobre salienta a importância da limpeza, hidratação e fotoprotecção. «Limpar a pele de manhã e à noite é essencial. Deve escolher-se uma fórmula suave e sem sabão adaptada ao tipo de pele e gosto pessoal, para que com prazer seja um gesto a repetir dia após dia. A hidratação porque uma pele bem hidratada envelhece mais tarde e está bem protegida de todo o tipo de agressões», informou. Especificamente no caso das mulheres, «como a pele tem menor teor de colagénio comparativamente aos homens, e dadas as alterações hormonais mais severas, a escolha dos antienvelhecimento poderá ser feita mais cedo e aí deverá ser direcionada para o sentido do envelhecimento de cada uma; ou seja, poderão escolher um antirrugas ou um refirmante; um produto volumador, para quem sofre de perdas de volumes, etc. Depois existem todos os outros produtos mais específicos como os despigmentantes, os peelings, os antivermelhidão». Na opinião da farmacêutica, «o segredo está em perceber que a pele é um órgão vivo, vital e variável, e, como tal, vai mudando e devemos saber entender o que nos transmite com o passar dos anos». Embora os homens tenham, à partida, uma pele mais resistente e menos sensível do que as mulheres, Joana Nobre sublinha que estes fazem quase diariamente um gesto de agressão que a fragiliza bastante: o barbear. Assim, «devem escolher boas fórmulas para aplicar desde esta etapa e até ao final do ritual diário. Diria que o bálsamo pós-barbear, lenitivo e suavizante, e um contorno de olhos serão sempre indispensáveis». A especialista lembra que o cabelo, muitas vezes mais negligenciado do que a pele, também deve merecer a nossa atenção, deixando algumas recomendações: «Para uma beleza dos pés à cabeça, recomendo fórmulas com bases lavantes suaves e complementos como os condicionadores, as máscaras e os cremes de pontas, sempre adaptados ao

4 tipo de cabelo e à frequência das lavagens. Não existem cabelos maus, existem cabelos mal tratados.» Aconselhamento na Farmácia Alguns farmacêuticos disponibilizam nas farmácias onde exercem a sua atividade cuidados farmacêuticos na área da pele. Henrique Santos realça que a avaliação dos problemas de pele exige treino e habilidades avançadas que os farmacêuticos podem adquirir através de formação continuada. Quanto à decisão do tratamento, esta baseia-se em protocolos e em métodos de avaliação normalizados: «Os métodos utilizados na indicação farmacêutica são fiáveis e baseiam-se em algoritmos de decisão que conduzem a decisões seguras. Os farmacêuticos necessitam, contudo, de dominar as técnicas de entrevista clínica, de avaliação de problemas de pele, de elaboração de um plano de cuidados farmacêuticos e ter treino para intervir nesses problemas». Adicionalmente aos serviços farmacêuticos que prestam nesta área, algumas farmácias disponibilizam serviços e produtos de bem- -estar e de prevenção. Muitas apostam no aconselhamento dermatológico, existindo, por vezes, técnicos em dermatologia aptos para indicar produtos específicos. «A disponibilização de modo integrado destes serviços faz da farmácia um ponto de cuidados de pele que, cada vez mais, se vai afirmando como espaço de qualidade e confiança por parte dos consumidores», destaca Henrique Santos. Para o responsável, nos dias hoje, «a disponibilização de produtos para melhorar o aspeto, atrasar o envelhecimento e promover o bem-estar é comum nas farmácias e permite um verdadeiro serviço integrado que vai da prevenção, ao aconselhamento cosmético, aos tratamentos cosméticos, à dispensação de medicamentos e aos serviços de consulta farmacêutica As farmácias que consigam disponibilizar estes serviços de modo integrado serão as que conseguirão criar uma melhor imagem junto dos seus utentes» aconselhamento em dermocosmética é uma érea de trabalho que os farmacêuticos devem privilegiar e onde se podem evidenciar. «Hoje em dia é impensável não aceitar a importância desta área de intervenção farmacêutica e, cada vez mais, as faculdades formam os futuros farmacêuticos para estarem aptos a responder tão bem a esta matéria como ao medicamento», dando o exemplo de algumas universidades que passaram Dermofarmácia e Cosmética de unidade curricular opcional para obrigatória, e de outras que acrescentaram Cosmetologia ao plano curricular, tendo em vista uma vertente mais prática do aconselhamento. A docente entende que «não pode haver dúvidas», pois «tecnicamente o farmacêutico é o profissional com mais competência para o aconselhamento dermocosmético. Conhece as fórmulas, porque as marcas dão formação específica, sabe interpretá-las e, inclusivamente, aprende a fazê-las». Além disso, «conhece a pele e pode muito bem analisá-la superficialmente. Não vejo em nenhum outro plano curricular a mistura de disciplinas como as tecnologias, a histologia e a Dermofarmácia e Cosmética». A população necessita, de facto, de ter o farmacêutico mais interveniente também nesta área em concreto. «Ter acesso livre e gratuito a um técnico de excelência para o conselho, é precioso. O farmacêutico tem um papel primordial na cosmetovigilância e no diagnóstico precoce, fundamental, por exemplo, no caso do melanoma e da alopécia androgenética», proferiu Joana Nobre. «A farmácia é um espaço por excelência onde a população tem sempre disponível um farmacêutico capacitado para ajudar os utentes a cuidar da sua saúde dermatológica», conclui Henrique Santos. Dermocosmética em alta Temos vindo a assistir ao alargamento das farmácias à dermocosmética. De acordo com Joana Nobre, o

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