Aula 02 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Estabilidade: Imutáveis, Superrígidas, rígidas, semi-rígidas e flexíveis

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1 Turma e Ano: 2016 (Master A) Matéria / Aula: Teoria da Constituição - 02 Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitor: Paula Ferreira Aula 02 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 3.3. Elaboração: dogmáticas e históricas As dogmáticas são aquelas que consolidam o pensamento político em um determinado momento no tempo. Quando uma determinada sociedade para e se organiza para elaborar uma Constituição, certamente será uma Constituição dogmática. As históricas resultam da evolução do pensamento político em diversos momentos. Naturalmente, é possível fazer uma correlação entre as Constituições dogmáticas com as escritas e entre a histórica com não escrita Estabilidade: Imutáveis, Superrígidas, rígidas, semi-rígidas e flexíveis As rígidas são aquelas que para alteração dependem de um processo legislativo mais rigoroso do que o utilizado para aprovação da legislação ordinária. Ex.: Constituição de 1988 exige a passagem em cada casa, por duas vezes, por maioria de 3/5 para aprovação de uma EC, enquanto que para aprovação de legislação ordinária exige-se uma passagem em cada casa, por maioria absoluta. A constituição flexível é aquela que pode ser alterada pelo mesmo processo legislativo utilizado para legislação ordinária. Na semi-rígida, parte de suas normas, para serem alteradas, passam por um processo mais rigoroso, e outra parte, por um procedimento normal. Alguns autores, por exemplo, Alexandre de Morais, fazem referencia a outros dois tipos de Constituição, a superrígidas e as imutáveis. Estas são aquelas que não preveem qualquer procedimento de alteração; Já nas superrígidas, parte de suas normas depende de um processo de alteração mais rigoroso, mas possui uma parte imutável. Alexandre de Morais afirma que a CRFB/88 seria superrígida. Professor discorda, pois, afirma que a existência de cláusulas pétreas não impede que o dispositivo seja alterado, não há proibição de alteração daquilo, a Constituição veda a emenda tendente a abolir clausula pétrea, assim não é imutável, pode ser alterada, e, se for, será alterada por um rito mais rigoroso.

2 3.5. Conteúdo: Material e Formal A Constituição forma é a escrita, documento consolida a Constituição, já a material é formada pelo conjunto de normas materialmente constitucionais, sejam aquelas que constam na constituição forma, sejam aquelas que estejam espalhadas no ordenamento jurídico. Então, uma determinada lei que trate dos objetos da Constituição, por exemplo, direitos fundamentais, será uma norma materialmente constitucional Objeto: Liberal e Social A Constituição liberal, além de tratar da organização do estado, trata dos direitos fundamentais só na proteção aos direitos da liberdade (individuais), já a constituição socialista praticamente abole a propriedade privada, planeja a vida privada, deixando pouquíssimos espaços para a liberdade privada. A constituição social, além de organizar o estado, traz como seu objeto a proteção dos direitos fundamentais, incluindo os direitos individuais e sociais Dogmática: Ortodoxa e Eclética A Constituição ortodoxa praticamente adota uma linha da visão política, defende um ponto de vista político (adota uma linha ideológica clara, protegendo, por exemplo, só os interesses da burguesia). Ela é comprometida ideologicamente. A Constituição eclética surge do convívio de posições ideológicas divergentes, trata-se de uma constituição compromissória Modelo: Garantia, Balanço e Dirigente A Constituição garantia é uma constituição ideologicamente ligada ao liberalismo, se preocupando, sob os aspectos dos direitos fundamentais, com a proteção dos direitos individuais (garantia do indivíduo em face do poder público). A Constituição Dirigente é uma constituição que, no aspecto de proteção dos direitos fundamentais, não se preocupa apenas com os direitos individuais, avança nos direitos sociais e, como o próprio nome diz, pretende gerencias as ações interventivas do Estado na ordem economia e social. Por fim as constituições balanço são de planificação da ordem econômica, colocando metas claras, procuram estabelecer critérios para o atingimento daquela meta o que fatalmente vai resultar em uma nova avaliação constituição para alterar metas ou planificações Sistema: Principiológica e Preceitual

3 A constituição principiológica é aquela que esta baseada em princípios (tem mais princípios do que regras). Veicula mais valores abstratos. A Constituição preceitual é mais baseada em regras. A CRFB/88 é mista Extensão: Sintética e Analítica A Constituição sintética é mais resumida, reduzida, por exemplo, a dos EUA. A Brasileira é considerada analítica (quase 400 artigos juntando com a ADCT) Efetividade: normativa, nominal e semântica A efetividade procura trabalhar com o conceito sociológico, se a Constituição é bem aceita ou não pela sociedade. A Constituição normativa é a de máxima efetividade, por exemplo, a norte americana (sociedade conhece a constituição, seus direitos, e exigem seu cumprimento). A nominal é até com boa legitimidade social, mas possui algumas falhas, alguns dispositivos são meramente folhas de papel. Por fim a semântica é completamente apartada do ideário daquela sociedade (dever ser normativo não se reconhece no ser fático). Outros dois tipos de Constituição são importantes: a Compromissória, sendo a eclética, isto é, aquela que nasce de um compromisso de convívio entre linhas ideológicas divergentes e a Constituição Aberta, composta por conceitos mais abstrato que permitem uma interpretação mais elástica e principalmente quando se fala de Constituição aberta, a sociedade aceita que existam vários tipos de interpretes da constituição, que advém do poder público, principalmente do Poder judiciário, mas este não possui o monopólio da interpretação constitucional. Sociedade aberta de interpretes da constituição. Constituição viva, dinâmica, que pode ser interpretada pela própria sociedade e poder publico. Constituição de 1988 é: escrita, social, promulgada, dogmática, eclética, dirigente, mista (principiológica e preceitual), analítica e nominal. 4. Histórico das Constituições I) Constituição de 1824 Trata-se da Constituição do Império do Brasil, sendo uma carta outorgada por D. Pedro (após dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 que tentou estabelecer a monarquia com poderes limitados). O Estado era centralizado, com monarquia hereditária e constitucional. Possuía como característica a presença de quatro poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador este último exercido pelo imperador). O mandato dos senadores

4 era vitalício; Voto censitário (só para os ricos) e em dois graus (eleitores de paróquia / eleitores de província). Estado confessional (ligado à Igreja catolicismo como religião oficial). Modelo externo monarquias europeias restauradas (após o Congresso de Viena). Adotou a praxe do governo de gabinete Constituição brasileira mais longa que durou de 1882 até Proclamada da República em 1889 houve uma alteração no tipo de estado, tipo de governo e sistema de governo. No século XIX adotava-se um Estado Unitário, passando a ser um Estado Federal. O governo era Monarquia e passou a ser Republicano. E, por fim, o sistema era parlamentarista, passando a ser presidencialista. A Proclamação da República, juridicamente, tem fundamento no Decreto 1 de 15.11/.889 II) Constituição de 1891 (Primeira Constituição da República) O Brasil chamava-se Estados Unidos do Brasil. Esta carta promulgada, tendo sido instituído o Estado Federativo / República Presidencialista. Passou-se a ter três poderes (extinto o poder moderador). O voto era universal (com muitas exceções, ex. analfabetos e mulheres) e o Estado Laico (Estado se separou da Igreja). O Modelo externo inspirador foi a Constituição norte-americana. Predominaram interesses ligados à oligarquia latifundiária, com destaque para os cafeicultores. Essas elites influenciando o eleitorado ou fraudando as eleições ("voto de cabresto") impuseram seu domínio sobre o país ou coronelismo. Reforma de III) Constituição de 1934 Brasil ainda era chamado de Estados Unidos do Brasil, elaborada após Revolução constitucionalista de São Paulo A carta foi promulgada (feita legalmente com Assembleia), de menor duração. Trouxe uma reforma Eleitoral introduzidos o voto secreto e o voto feminino. Criação da Justiça do Trabalho (Leis Trabalhistas jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias remuneradas; 13º salário só mais tarde, com João Goulart). Composição mista do parlamento (não era feita apenas pela forma eleitoral, havia também sindicais). Governo em estado de sítio a partir de IV) Constituição de 1937 Manteve o nome Estados Unidos do Brasil. A carta foi outorgada (imposta), apelidada de A Polaca, com inspiração fascista regime ditatorial, perseguição e opositores, intervenção do estado na economia.

5 Foram abolidos os partidos políticos e a liberdade de imprensa. Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito (que nunca foi realizado). Modelo externo Ditaduras fascistas (ex., Itália, Polônia, Alemanha). Outorgada a partir de um golpe de estado, instituindo a ditadura de Vargas, o Estado Novo, que usou como justificativa a necessidade de poderes extraordinários para proteger a sociedade brasileira da ameaça comunista. Ela ficou em vigor até V) Constituição de 1946 Manteve o nome Estados Unidos do Brasil, tendo sido uma carta promulgada (feita legalmente). Mandato presidencial de 5 anos (quinquênio). Ampla autonomia políticoadministrativa para estados e municípios. Defesa da propriedade privada. Assegurava direito de greve e de livre associação sindical. Garantia liberdade de opinião e de expressão. Contraditória na medida em que conciliava resquícios do autoritarismo anterior (intervenção do Estado nas relações patrão x empregado) com medidas liberais (favorecimento ao empresariado). Através da emenda de 1961, foi implantado o parlamentarismo, diante da crise sucessória após a renúncia de Jânio Quadros. Em 1962, através de plebiscito, houve retomada do presidencialismo. Em 1964 houve um golpe militar. VI) Constituição de 1967 Adotou pela primeira vez a denominação República Federativa do Brasil. Denominada de Congressual, pois foi aprovada por Congresso Nacional mutilado pelas cassações (não era uma Assembleia constituinte). Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Complementares do governo militar instituído em Com a aprovação do AI-5, em 1968, houve ainda maior repressão aos direitos fundamentais (praticamente abolido o HC). Predominou o autoritarismo e o arbítrio político. Documento autoritário, a constituição de 1967 foi largamente emendada em 1969, absorvendo instrumentos ditatoriais como os do AI- 5 (ato institucional n. 5) de VII) Constituição de 1988 Manteve a denominação de República Federativa do Brasil, três poderes, tipo de estado federal, com ampla autonomia dos Estados e Municípios, aumento da intervenção do Estado na ordem social, amplo leque de proteção dos direitos fundamentais.