Crimes contra a Fé Pública
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- Sérgio Santana
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1 Crimes contra a Fé Pública
2 Crimes contra a Fé Pública Bem jurídico tutelado: a fé pública É a confiança que a sociedade deposita nos objetos, sinais, firmas exteriores (moedas, emblemas, documentos) aos quais o Estado, mediante o direito, privado ou público, atribui valor probatório, e também o crédito ou crença dos cidadãos nas relações da vida comercial ou industrial. É o sentimento coletivo de crença na autenticidade de determinadas informações.
3 Moeda Falsa Art Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
4 Art. 289 do CP- Moeda Falsa Crime formal e de perigo concreto Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: o Estado fabricação: formação total alteração: a partir de outra moeda ou papel genuínos a modificação deve trazer consigo a capacidade de prejuízo a um número indeterminado de pessoas. para haver alteração ilícita, é necessário que resulte aparência de maior valor da moeda. é indispensável a imitatio veri.
5 Informativo nº 0437/STJ Quinta Turma MOEDA FALSA. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. A Turma reiterou seu entendimento de que não se aplica o princípio da insignificância ao crime de moeda falsa, pois se trata de delito contra a fé pública, logo não há que falar em desinteresse estatal à sua repressão. No caso, o paciente utilizou duas notas falsas de R$ 50 para efetuar compras em uma farmácia. Assim, a Turma denegou a ordem. Precedentes citados do STF: HC DF, DJe 5/8/2008; do STJ: HC MG, DJe 1º/12/2008; REsp DF, DJ 19/11/2007, e HC AL, DJe 1º/6/2009. HC MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 1º/6/2010.
6 tutela-se a confiança na moeda nacional e a estrangeira o dolo exige consciência de estar criando um perigo de dano à circulação - exclui-se o crime quando o sujeito age jocandi animo consumação: com a fabricação ou alteração, ainda que apenas de uma moeda falsificação de inúmeras moedas num mesmo contexto de ação: crime único falsificações sucessivas em ocasiões diferentes: crime continuado
7 Informativo nº 0554/STJ - Período: 25 de fevereiro de Sexta Turma - DIREITO PENAL. INAPLICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR AO CRIME DE MOEDA FALSA. Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. No crime de moeda falsa cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial imposto a terceiros, a vítima é a coletividade como um todo, e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação. Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. REsp PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/11/2014, DJe 3/2/2015.
8 COMPETÊNCIA competência da Justiça Federal. Súmula 73/STJ A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
9 FIGURA ASSIMILADA 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 1º: tipo misto alternativo exige-se a intenção de colocar a moeda em circulação. se quem introduz é o próprio falsificador: post-factum. é irrelevante que a introdução em circulação seja uma liberalidade do autor (doação) ou decorrente de torpeza bilateral (para pagamento de drogas)
10 Informativo nº 0546/STJ - Período: 24 de setembro de Sexta Turma DIREITO PENAL. AGRAVANTES NO CRIME DE INTRODUÇÃO DE MOEDA FALSA EM CIRCULAÇÃO. Nos casos de prática do crime de introdução de moeda falsa em circulação (art. 289, 1º, do CP), é possível a aplicação das agravantes dispostas nas alíneas "e" e "h" do inciso II do art. 61 do CP, incidentes quando o delito é cometido contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge ou contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida. De fato, a fé pública do Estado é o bem jurídico tutelado no delito do art. 289, 1º, do CP. Isso, todavia, não induz à conclusão de que o Estado seja vítima exclusiva do delito. Com efeito, em virtude da diversidade de meios com que a introdução de moeda falsa em circulação pode ser perpetrada,
11 não há como negar que vítima pode ser, além do Estado, uma pessoa física ou um estabelecimento comercial, dado o notório prejuízo experimentado por esses últimos. Efetivamente, a pessoa a quem, eventualmente, são passadas cédulas ou moedas falsas pode ser elemento crucial e definidor do grau de facilidade com que o crime será praticado, e a fé pública, portanto, atingida. A propósito, a maior parte da doutrina não vê empecilho para que figure como vítima nessa espécie de delito a pessoa diretamente ofendida. HC RO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014.
12 Figura privilegiada 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. não abrange a origem ilícita: furto, roubo, já que neste caso não há a vontade de evitar o dano NESSE CASO, APLICA-SE o parágrafo 1º
13 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. a lei não previu a emissão de moeda metálica em quantidade superior não exige lucro pessoal título: teor da liga metálica 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
14 Crimes assimilados ao de moeda falsa Art Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.(vide Lei nº 7.209, de )
15 Petrechos para falsificação de moeda Art Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
16 FALSIDADE DOCUMENTAL - Arts. 297 a 304 do CP Conceito de documento: objetos próprios à comunicação do pensamento, por palavras ou sinais representativos de palavras. O seu conteúdo deve ter relevância jurídica: aptidão a embasar uma pretensão jurídica ou a fazer prova de fato juridicamente relevante. Exige-se que seja possível identificar o autor do documento. De forma geral, tais crimes exigem três pressupostos objetivos: a modificação da verdade sobre um determinado fato ou relação jurídica; a imitatio veri, a aparência de verdadeiro se a falsidade é grosseira, não há crime. o risco de dano a terceiro, de ordem econômica ou moral.
17 Falsificação de Documento Público ( art. 297 CP) Art Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Documento público: aquele elaborado por um funcionário público no exercício das funções. A ele se equipara a cópia de documento público autenticada. O elemento subjetivo: é o dolo. Consumação: com a contrafação ou alteração do documento. Não se exige, pois, o efetivo uso. Concurso entre falso e estelionato: súmula 17 do STJ. Especialidade : art. 293 do CP
18 Informativo nº 0452/STJ Período: 18 a 22 de outubro de ª Turma USO. DOCUMENTO FALSO. FALSIFICAÇÃO. CRIME ÚNICO. Na hipótese, o ora paciente foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão e 90 dias-multa por falsificação de documento público e a dois anos e três meses de reclusão e 80 dias-multa por uso de documento falso, totalizando quatro anos e nove meses de reclusão no regime semiaberto e 170 dias-multa. Em sede de apelação, o tribunal a quo manteve a sentença. Ao apreciar o writ, inicialmente, observou o Min. Relator ser pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que o agente que pratica as condutas de falsificar documento e de usá-lo deve responder por apenas um delito. Assim, a questão consistiria em saber em que tipo penal, se falsificação de documento público ou uso de documento falso, estaria incurso o paciente.
19 Para o Min. Relator, seguindo entendimento do STF, se o mesmo sujeito falsifica documento e, em seguida, faz uso dele, responde apenas pela falsificação. Destarte, impõe-se o afastamento da condenação do ora paciente pelo crime de uso de documento falso, remanescendo a imputação de falsificação de documento público. Registrou que, apesar de seu comportamento reprovável, a condenação pelo falso (art. 297 do CP) e pelo uso de documento falso (art. 304 do CP) traduz ofensa ao princípio que veda o bis in idem, já que a utilização pelo próprio agente do documento que anteriormente falsificara constitui fato posterior impunível, principalmente porque o bem jurídico tutelado, ou seja, a fé pública, foi malferido no momento em que se constituiu a falsificação. Significa, portanto, que a posterior utilização do documento pelo próprio autor do falso consubstancia, em si, desdobramento dos efeitos da infração anterior.
20 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
21 3 o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 4 o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no 3 o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
22 Informativo nº 0539/STJ Período: 15 de maio de Quinta Turma DIREITO PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO POR OMISSÃO DE ANOTAÇÃO NA CTPS. A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) não configura, por si só, o crime de falsificação de documento público (art. 297, 4º, do CP). Isso porque é imprescindível que a conduta do agente preencha não apenas a tipicidade formal, mas antes e principalmente a tipicidade material, ou seja, deve ser demonstrado o dolo de falso e a efetiva possibilidade de vulneração da fé pública. Com efeito, o crime de falsificação de documento público trata-se de crime contra a fé pública, cujo tipo penal depende da verificação do dolo, consistente na vontade de falsificar ou alterar o documento público, sabendo o agente que o faz ilicitamente.
23 Além disso, a omissão ou alteração deve ter concreta potencialidade lesiva, isto é, deve ser capaz de iludir a percepção daquele que se depare com o documento supostamente falsificado. Ademais, pelo princípio da intervenção mínima, o Direito Penal só deve ser invocado quando os demais ramos do Direito forem insuficientes para proteger os bens considerados importantes para a vida em sociedade. Como corolário, o princípio da fragmentariedade elucida que não são todos os bens que têm a proteção do Direito Penal, mas apenas alguns, que são os de maior importância para a vida em sociedade. Assim, uma vez verificado que a conduta do agente é suficientemente reprimida na esfera administrativa, de acordo com o art. 47 da CLT, a simples omissão de anotação não gera consequências que exijam repressão pelo Direito Penal. REsp SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/4/2014.
24 Falsificação de documento particular nº , de 2012) Vigência (Redação dada pela Lei Art Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº , de 2012) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído pela Lei nº , de 2012)
25 Falsidade Ideológica Art Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Tutela documentos públicos e particulares. A falsidade ideológica pressupõe a legitimidade de quem escreve ou forma o documento.
26 Na falsidade ideológica, haverá crime impossível, por ausência de imitatio veri, se o fato afirmado for inverossímil ou incompatível com a verdade. Equipara-se, pois, à falsidade grosseira do falso material. O tipo subjetivo: composto pelo dolo, acrescido de um especial fim de agir: de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Meros requerimentos ou petições não configuram documento. A declaração prestada por particulares, para que seja considerada documento, deve conter valor probante per si. Se o funcionário público a quem a declaração particular se dirige deve averiguar a fidelidade da declaração, e se a verdade dos fatos for passível de confronto objetivo e concomitante pela autoridade, não haverá crime.
27 Falso reconhecimento de firma ou letra Art Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
28 Certidão ou atestado ideologicamente falso Art Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
29 Falsidade material de atestado ou certidão 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de três meses a dois anos. 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.
30 Falsidade de atestado médico Art Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de um mês a um ano. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
31 Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Art Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
32 Uso de documento falso Art Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Se quem usa o documento é o foi responsável por sua produção ou alteração: o crime do art. 304 do CP será post factum não punível. Para que haja crime, o documento deve ter sido utilizado em sua específica função probatória. Consumação: quando o documento sai da esfera individual de seu portador, iniciando uma relação com terceiros, de modo a poder implicar efeitos jurídicos.
33 Supressão de documento Art Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.
34 Falsa identidade Art Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. 1. fazer-se passar por pessoa existente 2. atribuir-se identidade imaginária 3. imputar a outrem identidade real ou fictícia abrange: falso estado civil falsa condição social nomes ou prenomes falsos
35 elemento subjetivo: dolo + vontade de obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou de causar dano a outrem. A vantagem pode ser moral ou patrimonial atribuir-se falsa identidade ao ser interrogado a) configura o crime: posição predominante no STJ e STF, tanto para o crime do art. 307 do CP, quanto para os crimes de falso em geral. (HC /MG, julgado em 24/10/2013 e HC /MS, julgado em 04/11/2013) b) doutrina - não configura crime: nemo tenetur se detegere uso de carteira de identidade falsa: art. 304 do CP. aposição de fotografia: falsidade documental.
36 Informativo nº 0533/STJ Período: 12 de fevereiro de ª Seção DIREITO PENAL. CRIME DE FALSA IDENTIDADE. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. Precedentes citados: AgRg no AgRg no AREsp DF, Quinta Turma, DJe 22/3/2013; e HC MS, Sexta Turma, DJe 15/3/2013. REsp MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013.
37 Súmula 522 do STJ A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
38 CONFLITO APARENTE DE NORMAS CONSUNÇÃO - fica absorvido pelo estelionato SUBSIDIARIEDADE - uso de documento de identidade alheio: art. 308 do CP - art. 68 LCP: no delito ele visa a obter vantagem ou proveito próprio ou alheio, ou causar dano a terceiro/ na contravenção há simples recusa. CONTRAVENÇÃO - auto-atribuição da condição de funcionário público: art. 45 da LCP ESPECIALIDADE - usurpação de função pública: art.328 do CP
39 Art Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
40 Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Art Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
41 Art Adulteração de Sinal de Veículo Automotor Adulterar: modificar o conteúdo mediante alteração das inscrições já constantes Remarcar: inserção de nova sequência de códigos no espaço em que havia a numeração correta A adulteração deve ter caráter permanente? 1ª. Corrente: Sim : mera aposição de fita isolante em placas de carros não configura o crime Capez, Vitor Eduardo Gonçalves. 2ª. Corrente: DEVE HAVER a aptidão para enganar- posição pacífica no STJ
42 Concurso de Crimes a) agente que recebe o veículo sabendo possuir ele numeração de chassi adulterada: art. 180 do CP b) sujeito que recebe o automóvel ciente de que é produto de crime, e posteriormente adultera o chassi: concurso do art. 311 do CP com o crime antecedente c) motorista surpreendido na posse de automóvel com a numeração de chassi adulterada ou remarcada: não havendo prova de que ele concorreu para o crime do art. 311, restará o crime de receptação ( * se comprovado crime patrimonial antecedente) d) adulteração de chassi com o fim de prestar auxilio a autor de crime, tornando seguro o proveito do crime : o art. 311 do CP é especial em relação ao crime de favorecimento
43 Informativo nº 0449/STJ - Quinta Turma - ADULTERAÇÃO. PLACA. REBOQUE. A Turma concedeu a ordem de habeas corpus ante o reconhecimento da atipicidade da conduta. In casu, o réu foi acusado de ter substituído a placa original do reboque com o qual trafegava em rodovia federal. Asseverou, ademais, que o legislador, ao criminalizar a prática descrita no art. 311 do CP, assim o fez por razões de política criminal, para coibir a crescente comercialização clandestina de uma classe específica de veículos e resguardar a fé pública. Concluiu, portanto, estar ausente o elemento normativo do tipo categoria de veículo automotor, ressaltando que a interpretação extensiva do aludido dispositivo ao veículo de reboque caracterizaria analogia in malam partem, o que ofenderia o princípio da legalidade estrita. HC RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 28/9/2010.
44 Informativo nº 0427/STJ. Sexta Turma APN. MODIFICAÇÃO. PLACA. VEÍCULO. Trata-se, na origem, de habeas corpus no qual se objetivava o trancamento de ação penal (APN) por falta de justa causa, em razão de que o paciente, ora recorrido, teria modificado letra da placa identificadora de veículo. O tribunal a quo concedeu a ordem sob o fundamento de que, na hipótese, trata-se de fato atípico caracterizado como mera infração administrativa; assim, inexistiria sustentação fático-jurídica para o prosseguimento da referida ação. Daí, o MP interpôs o REsp em que, além de divergência jurisprudencial, sustentou que a conduta é típica, pois o recorrido alterou a placa do veículo, ato que se insere no tipo penal descrito no art. 311,caput, do CP. Nesta instância especial, entendeu-se que, no caso, efetivamente, houve a colocação de fita adesiva ou isolante para alterar letra ou número da placa de identificação do veículo, o que é perceptível a olho nu.
45 Em sendo assim, o meio empregado para a adulteração não se presta à ocultação de veículo, objeto de crime contra o patrimônio. Observou-se que qualquer cidadão, por mais incauto que seja, tem condições de identificar a falsidade, que, de tão grosseira, a ninguém pode iludir. Em suma, a fraude é risível, grotesca. Logo, a fé pública não é sequer atingida. Ressaltou-se que a punição de mera infração administrativa com a sanção criminal prevista no tipo descrito no art. 311 da lei subjetiva penal desafia a razoabilidade e proporcionalidade, porquanto a fé pública permaneceu incólume e, à mingua de lesão ao bem jurídico tutelado, a conduta praticada pelo recorrido é atípica. Não é possível dar a um ato que merece sanção administrativa o mesmo tratamento dispensado à criminalidade organizada. Diante disso, a Turma negou provimento ao recurso. REsp SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 16/3/2010.
46 Informativo nº 0391/STJ Período: 20 a 24 de abril de Terceira Seção COMPETÊNCIA. ADULTERAÇÃO. IDENTIFICADOR. VEÍCULO. No crime de adulteração de sinal identificador de veículo mediante substituição de placa original por outra falsa, o fato de o veículo ter sido flagrado por fiscalização da Polícia Rodoviária Federal em barreira policial não altera a natureza do crime, que se consuma com a mera falsidade, ou seja, com a lesão direta à fé pública do órgão que registrou o veículo, no caso, o Detran estadual de sua procedência. Assim, como não há lesão direta a bens, interesses ou serviços da União ou de suas autarquias, a Seção declarou competente o Tribunal de Justiça suscitado para julgar o recurso de apelação da defesa. Precedentes citados: AgRg no REsp RS, DJ 4/8/2008; REsp SP, DJ 26/6/2006, e HC SP, DJ 20/6/2005. CC RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado 22/4/2009.
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