O JORNAL EM SALA DE AULA: PARA ALÉM DO LETRAMENTO, O ALUNO COMO CENTRO DA NOTÍCIA
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- Maria Antonieta Teixeira di Azevedo
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1 O JORNAL EM SALA DE AULA: PARA ALÉM DO LETRAMENTO, O ALUNO COMO CENTRO DA NOTÍCIA Ana Lhayse Feitoza Albuquerque analhayse@hotmail.com Beatriz Correia Neri de Araújo beatrizneri00@hotmail.com Thays Emanuela Dionísio de Lima Emanuella.flor@hotmail.com RESUMO Este trabalho é um recorte de um projeto de Estágio 3 pensado para uma escola da rede municipal de Maceió e executado com estudantes de, estagiários e professores. Nos detivemos na oficina Confecção do Jornal onde buscamos trabalhar não só o aspecto da alfabetização e do letramento, mas também investimos bastante da discussão da realidade dos participantes, tornandoos centro da notícia. Entendemos que a oficina foi válida, pois ao trabalharmos com futuros pedagogos estamos proporcionando a eles uma experiência que futuramente eles poderão colocar em prática com seus alunos. PALAVRAS-CHAVE: Jornal. Letramento. Formação de professores. 1 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA Este trabalho consiste de um recorte de um trabalho maior realizado na disciplina de Estágio III do Curso de Licenciatura em do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas no ano de O palco de nossa pesquisa foi uma escola pública da periferia de Maceió. Esta escola oferece duas modalidades de ensino, que é o ensino fundamental de 1 ao 5 ano, e educação de jovens e adultos do 1 segmento e o PROJOVEM. Nosso foco foi proporcionar oficinas de formação continuada para as professoras que atendem as crianças de 1º ao 5º ano, preferencialmente as do turno vespertino. Quando chegamos à escola iniciamos a observação do local, da rotina e das necessidades da instituição. Para isso fizemos visitas, entrevistas e/ou apenas apuramos o olhar para o cotidiano escolar e tentamos identificar com o que poderíamos contribuir para a formação daqueles professores pesquisados. Inicialmente tivemos a ideia de entrevistar as professoras e indagá-las sobre o seu cotidiano, anseios, necessidades e temas que elas gostariam de se aperfeiçoar. Porém, quando iniciamos a procura pelas entrevistadas percebemos que não 1
2 teríamos sucesso, pois as docentes não tinham um tempo livre para conversar conosco. Então partimos para entrevistar a coordenação da escola. Nessa tarefa obtivemos sucesso, porém ainda sentíamos a necessidade de ouvir as docentes, pois entendíamos que escutar apenas a coordenadora seria como ouvir apenas um lado da história. Então com o intuito de construir um projeto de intervenção o mais próximo possível das necessidades da instituição, confeccionamos um rápido questionário, onde as professoras poderiam o responder até mesmo enquanto os alunos realizavam alguma atividade. E dessa forma conseguimos identificar algumas necessidades da escola e apartir daí iniciamos a construção deste projeto. Na entrevista com a coordenadora, a mesma nos falou que a maior dificuldade que ela sentia nas professoras era com respeito a alfabetização das crianças. Já nos questionários aplicados com as professoras obtivemos as seguintes respostas com relação as dificuldades das docentes: 1º - Tecnologias, 2º - Metodologias, 3º - Disciplina das Crianças. Partindo desse resultado, o nosso projeto teve como foco principal o jornal, uma tecnologia pouco utilizada em sala de aula. Focamos no uso do jornal como um aliado ao processo de alfabetização e letramento, enfatizando o uso de outras tecnologias para a sua confecção. Infelizmente, por conta da greve nas escolas públicas municipais, não conseguimos executar o projeto na instituição como havíamos planejado, porém o colocamos em prática na forma de oficina na própria Universidade. Participaram da atividade alunos, estagiários e professores. Neste trabalho não nos deteremos a execução de todo o projeto, mas nos aprofundaremos aos resultados de uma das atividades da oficia: Construção do Jornal. 2 OBJETIVOS O objetivo principal deste projeto foi o de utilizar o jornal como um instrumento pedagógico. Nessa atividade específica, tivemos como objetivo, além de apresentar o jornal como meio de desenvolvimento de escrita, o desenvolvimento do olhar crítico dos participantes, tornando-os produtores e atores das próprias notícias. Ou seja, buscamos trazer o jornal para o mais próximo possível da realidade deles, a ponto de os tornar sujeitos produtores e participantes da própria notícia. 2
3 3 METODOLOGIA GRUBLER (2011) afirma que o uso do jornal como recurso pedagógico nas escolas auxilia a formação do aluno, pois é um instrumento muito útil para o desenvolvimento do conhecimento criativo dos estudantes. Dessa forma, buscamos planejar oficinas que aguçassem a percepção do professor para o caráter pedagógico do jornal. Já PRADO (2009) entende que a pedagogia de projetos, embora constitua um novo desafio para o professor, pode viabilizar ao aluno um modo de aprender baseado na integração entre conteúdos das várias áreas do conhecimento, bem como entre diversas mídias (computador, televisão, livros) disponíveis no contexto da escola. E foi dessa forma conosco. Quando começamos a planejar oficinas que trabalhassem a alfabetização e o letramento das crianças percebemos que poderíamos trabalhar uma infinidade de conteúdos interdisciplinares, conteúdos esses que inclusive já trabalhamos na universidade. Na oficina Construção do Jornal, buscamos trabalhar especificamente com a construção do meio de comunicação. O processo de produção se deu da seguinte forma: os participantes deveriam confeccionar um jornal contendo categorias ligadas ao momento em que acontecia a oficina. Explicamos como seria realizado o passo a passo da atividade. Em seguida dividimos a turma em 6 equipes. Cada equipe ficou responsável por um dos seguintes temas: NOTÍCIAS, RECLAMAÇÃO, EVENTOS, CURIOSIDADES, CULINÁRIA, DESAFIO (Você conhece esse lugar?). Após a definição das equipes, informamos que eles teriam 10 min para capturar imagens que iriam compor essa sessão no jornal da sala (criado por eles). Ao encerrar os 10 min todas as equipes deveriam estar na sala para que pudéssemos dar início a impressão das imagens e confecção do jornal. As equipes tiveram autonomia para decidirem sobre o layout do material. O jornal deveria conter imagens e texto escrito. O tempo de duração dessa oficina foi de 60 min. E teve por objetivo fazer com que o sujeito se sinta parte do jornal, pois sua realidade, vivências e experiências também são importantes. Além disso estivemos abordando as categorias do jornal, o texto jornalístico e a elaboração de texto. 3
4 4 RESULTADOS A empolgação dos participantes era notável. A medida em que fomos explicando o passo a passo da oficina ouvíamos sussurros e discussões sobre o que queriam fotografar para expor no jornal. Após conclusão da explicação os participantes saíram em busca da notícia, munidos de celulares, câmeras, papel e caneta. Após os 10 minutos retornaram a sala com seus materiais. Quem conseguiu capturar imagem, fizemos a impressão para que a notícia pudesse ser ilustrada e o modelo de jornal ficasse mais próximo do real. O nome do jornal escolhido pelos participantes foi: Tribuna da e a manchete do informativo era: DECIDE NO PRÓXIMO DIA 25 SE DOCENTES ENTRARÃO EM GREVE. Somente essa notícia bastou para que a realidade dos participantes fosse discutida. Cada uma expôs seu ponto de vista, uns contra, outros a favor, e enquanto o jornal era impresso pelas suas próprias mãos, suas vozes não calavam enquanto não traziam a público o que mais os indignava. A sessão curiosidade trouxe um fato bem interessante. A charada escolhida pelos participantes foi a seguinte: Por que a porta do laboratório de informática permanece o tempo todo fechada? A resposta era: Porque o acesso é feito somente pela secretaria. Novamente a realidade do Centro veio a tona, a falta de funcionários, de computadores, de espaço e entre outros problemas do laboratório foram trazidas a tona e debatidas entre os participantes. Outra coluna proposta para fazer parte do jornal foi a coluna CULINÁRIA, nela sugerimos que os participantes listassem o cardápio do dia na cantina da instituição, porém eles trouxeram a seguinte notícia: PREÇOS DOS SALGADOS DO CEDU NÃO SÃO ACESSÍVEIS A TODOS OS ALUNOS! A CADA SEMESTRE O PREÇO AUMENTA E NÃO ACOMPANHA O REAJUSTE DA BOLSA ESTUDANTIL. Percebemos nesse momento o quão indignados eles estavam com a realidade que os cercavam e que aquele jornal era a forma que encontraram no momento para chamar atenção de quem poderia o resolver. Ouvimos por várias vezes, onde vamos expor isso aqui? Tem que ficar em um local bem visível para que todos possam ver. Nesse instante tivemos ainda mais certeza do caráter pedagógico do jornal. Não só por trabalhar a linguagem, a escrita, o texto jornalístico em si. Mas também por fazer 4
5 com que o sujeito escute e seja ouvido, para que ele possa expor aquilo que o incomoda no tocante a sua realidade acadêmica. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A intenção de criação e execução do projeto foi a escola municipal onde identificamos a necessidade dos aspectos aqui abordados. Seria muito satisfatório se realmente tivéssemos conseguido realizar a oficina com os professores da instituição, pois todo o projeto foi inspirado na realidade da escola. Porém realizar essa atividade com estudantes de pedagogia que já são estagiários e professores foi muito importante, pois eles puderam vivenciar uma atividade que pode e deve ser realizada em sala de aula, e conseguiram provar pessoalmente os seus resultados. Acreditamos sim que os participantes levarão consigo uma aprendizagem que será colocada em prática em sua profissão. Aprendizagem essa que não visa apenas a alfabetização e o letramento, mas também o aspecto humano, que entende que o aluno é sim produtor de conteúdo e que sua realidade é muito importante, por isso ela merece ser problematizada, debatida, transformada. REFERÊNCIAS (segue abaixo alguns dos formatos para cada tipo) GRUBLER, Luiz Carlos. A utilização do jornal como um importante recurso nas escolas. Porto Alegre, Disponível em: < 1> Acesso em 05 de maio de PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. de projetos: fundamentos e implicações. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manuel (Org.). Integração das tecnologias na educação. Brasília: Ministério da Educação/SEED/TV Escola/Salto para o Futuro, cap. 1, artigo 1.1, p Disponível em:. Acesso em 05 de maio de Como é dividido o jornal Disponível em: - Acesso em 02/05/2015, às 23:11. 5
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