A LUTA PELA TERRA NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: da criação dos movimentos socioterritoriais aos assentamentos rurais ( )

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1 EDUARDO ROZETTI DE CARVALHO A LUTA PELA TERRA NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: da criação dos movimentos socioterritoriais aos assentamentos rurais ( ) Uberlândia-MG 2007

2 EDUARDO ROZETTI DE CARVALHO A LUTA PELA TERRA NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: da criação dos movimentos socioterritoriais aos assentamentos rurais ( ) Monografia apresentada ao Instituto de Geografia, da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito para obtenção da titulação de Bacharel em Geografia. Orientador: Prof. Dr. João Cleps Junior Uberlândia-MG 2007

3 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. João Cleps Junior (orientador) Prof. Dr. Vicente de Paulo da Silva Prof. Me. Joelma Cristina dos Santos

4 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos aqueles que contribuíram para a realização desta pesquisa, em especial: Ao meu orientador, professor João Cleps Junior, por este e todos os trabalhos que realizamos juntos, marcados por uma relação de confiança e amizade. Grande responsável pelos caminhos que trilho, o meu sincero e profundo muito obrigado. Às professoras Vera Lúcia Salazar Pessoa e Geisa Daise Gumiero Cleps, pela convivência cotidiana, sempre agradável e enriquecedora. Aos companheiros do Laboratório de Geografia Agrária: Paulo Roberto, Marcelo Chelotti, Joelma, Marcelo Venâncio, Alisson, Gilberta, Lucimeire, Carla, Renata, Camilla, Andrêza, entre outros. Aos verdadeiros amigos da Graduação: Mirna Karla, Ana Luiza, Kárita, Carla, Aline, Bia, Tatiana e Baltazar. Aos grandes amigos de minha vida: Gisele, Pedro (Neto), Cássio, Lucas, Willian, Gilson, Aparecida. Aos meus pais, João Bosco e Antônia, e a minha irmã Fernanda. Pela feliz oportunidade de compartilharmos todos os momentos de alegria e tristeza. À Patrícia, amiga e companheira. Pela presença em todos os momentos. Pelo apoio e pelo carinho, todo o meu amor.

5 RESUMO Esse trabalho apresenta o desenvolvimento da luta pela terra na mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. Assim, o objetivo desse estudo é traçar um perfil sobre o desenvolvimento quantitativo e espacial de 11 anos da luta pela terra nessa região, levantando fatores que são preponderantes para essa ação. Dos quais se destacam: a evolução da questão agrária no país, a influência do processo de modernização do campo e os movimentos socioterritoriais que compõem essas ações. A metodologia utilizada foi principalmente de levantamento bibliográfico e de dados estatísticos secundários, de instituições que coletam as informações sobre a luta pela terra, em especial o Projeto DATALUTA/MG, que realiza o levantamento das ocupações, movimentos e assentamentos criados em Minas Gerais. Com o trabalho foi possível traçar a evolução da problemática da questão agrária, os fatores que expropriaram o homem do campo, a criação de movimentos de luta por uma re-inserção do camponês ao campo e a dinâmica territorial das ocupações de terras e de assentamentos oficializados. Palavras-chave: questão agrária, movimentos socioterritoriais, ocupações, assentamentos, Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba.

6 LISTA DE FIGURAS Mapa 1 - Mesorregiões de Minas Gerais - IBGE, Mapa 2 - Mesorregião geografia do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Mapa 3 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: espacialização da atuação dos movimentos socioterritoriais no período de 2001 a Gráfico 1 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: acumulado anual das ocupações de terras no período de 1995 a Mapa 4 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: municípios com ocupações de terras no período de 1995 a Gráfico 2 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: acumulado anual dos assentamentos criados no período de 1995 a Mapa 5 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: municípios com criados no período de 1995 a Mapa 6 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: correlação entre os assentamentos rurais e as ocupações de terras no período de 1995 a Gráfico 3 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: famílias nas ocupações e assentamentos criados no período de 1995 a

7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: as ocupações de terras no período de 1995 a Tabela 2 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: assentamentos rurais criados no período de 1995 a Tabela 3 - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: Acumulado de Ocupações, Assentamentos e Famílias no período de 1995 a

8 LISTA DE SIGLAS APR - Animação Pastoral e Social no Meio Rural CAI - Complexos Agroindustriais CCL - Caminho, Campo e Liberdade CLST - Confederação de Libertação dos Sem Terra CONTAG - Confederação dos Trabalhadores na Agricultura CPT - Comissão Pastoral da Terra DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra FETAEMG - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais FHC - Fernando Henrique Cardoso FST - Federação dos Sem Terra GO - Goiás IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRA - Instituto Brasileiro de Reforma Agrária IG - Instituto de Geografia INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INDA - Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário LAGEA - Laboratório de Geografia Agrária LCP - Liga dos Camponeses Pobres LCPCO - Liga dos Camponeses Pobres do Centro Oeste MASTER - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário MDST - Movimento Democrático dos Sem-Terra

9 MG - Minas Gerais MIRAD - Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário MLS - Movimento de Luta Socialista MLST - Movimento de Libertação dos Sem Terra MLSTL - Movimento de Libertação dos Sem Terra de Luta MLT - Movimento de Luta pela Terra MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MT - Movimento dos Trabalhadores MTL - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade MTR - Movimento dos Trabalhadores Rurais NERA - Núcleos de Estudos, Pesquisa e Projetos de Reforma Agrária PADAP - Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba PCB - Partido Comunista Brasileiro PCI - Programa de Crédito Integrado e Incorporação dos Cerrados PIN - Programa de Integração Nacional PND - Política Nacional de Desenvolvimento PNRA - Plano Nacional de Reforma Agrária POLAMAZÔNIA - Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia POLOCENTRO - Programa de Desenvolvimento dos Cerrados POLONORDESTE - Programa de Desenvolvimento de Áreas Integradas do Nordeste PRODECER - Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados PROGER RURAL - Programa de Geração de Emprego e Renda Rural PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PROTERRA - Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste

10 PROVALE - Programa Especial para o Vale do São Francisco PT - Partido dos Trabalhadores PTB - Partido Trabalhista Brasileiro SP - São Paulo STR - Sindicato dos Trabalhadores Rurais TDA - Títulos da Dívida Agrária UFU - Universidade Federal de Uberlândia UNESP - Universidade Estadual Paulista

11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... CAPÍTULO 1 - A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL A formação da propriedade privada da terra no Brasil A evolução da questão agrária da Primeira República a As questões agrária e agrícola a partir dos anos Os governos democráticos do pós-regime militar e a reforma agrária A reforma agrária no governo FHC A reforma agrária no governo Lula... CAPÍTULO 2 - O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DO CAMPO E OS MOVIMENTOS DE LUTA PELA TERRA NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA O desenvolvimento agrário do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba O processo de modernização do setor agrícola A formação dos movimentos socioterritorias no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba A CONTAG e FETAEMG O MST O MTL e o MLSTL O CCL, CLST, MTR, LCPCO e FST Os principais marcos de lutas pela terra no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Fazenda Barreiro...

12 Fazenda Santo Inácio-Ranchinho... CAPÍTULO 3 - A LUTA PELA TERRA NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA DE 1995 A Discussão sobre a ocupação e os assentamentos rurais A ocupação como forma de acesso à terra Assentamentos rurais: fim de uma luta, mas, início de uma nova batalha As ocupações de terras e os assentamentos criados de no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba As ocupações de terras no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba de Os assentamentos criados no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba de As relações entre as ocupações de terras os assentamentos criados pelo INCRA... CONSIDERAÇÕES FINAIS... REFERENCIAS...

13 INTRODUÇÃO A proposta deste estudo é analisar a realidade e o processo histórico-social do desenvolvimento da luta pela terra na mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, valendo-se para tanto, da fundamentação teórica, de informações e dados estatísticos no que se refere às ocupações de terras e assentamentos oficializados no período de uma década, 1995 a Como base teórica do estudo apresenta-se a configuração da questão agrária que norteia ainda hoje a dinâmica dos movimentos de luta pela terra, bem como, a relação do processo de modernização do campo, fatores primordiais para entender esses movimentos socioterritoriais. Para fundamentar esse estudo, buscamos conhecimentos específicos sobre a evolução em diferentes períodos da questão agrária e da Reforma Agrária até o atual governo , como se deu o desenvolvimento agrário na região de estudo, o processo de modernização agrícola, a formação dos movimentos socioterritoriais, os principais marcos da luta pela terra e de que forma se desenvolveu espacialmente a territorialização das ocupações de terras e assentamentos criados. Um dos fatores mais relevantes deste trabalho é contribuir para compreensão da luta pela terra no Estado de Minas Gerais, na medida em que este estudo poderá subsidiar, atualizar e adequar a intervenção realizada através de políticas públicas, na questão da luta pela terra e o desenvolvimento de assentamentos rurais na área de estudo. O trabalho tem a pretensão ainda, de levar à comunidade acadêmica, dados históricos, sociais e de relações de conflito de uma região que concentra a atuação de vários movimentos de luta pela terra. A Mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, universo desta pesquisa, é constituída de 66 municípios (IBGE, 2006), possuindo importante papel no desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais, conta com localização geográfica privilegiada no interior

14 do Brasil e de maior expansão econômico-financeira e agroindustriais em expansão do País, entre os estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. Essa área foi escolhida pelo seu histórico de modernização da agricultura, que expropriou o camponês local devido a implantação do agronegócio e a concentração fundiária, apresentando recentemente grande número de ocupações de terras desenvolvidas pelos movimentos socioterritoriais. Em geral, esse trabalho foi construído mediante cinco premissas fundamentais, caracterizadas principalmente, primeiro, pela existência de poucos trabalhos sobre a questão agrária na área de pesquisa, não sendo desenvolvidas pesquisas que analisem a geografia dos conflitos no campo na mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. Em segundo, a falta de atualização e sistematização de informações sobre os conflitos no campo, notadamente no que diz respeito à catalogação das ocupações, assentamentos e movimentos socioterritorias que atuam e atuaram na região de estudo. Em terceiro, pelo entendimento das causas pelas quais a região de estudo concentra uma elevada quantidade de conflitos e ocupações de terras. Em quarto, as dúvidas se a luta pela terra está sendo um instrumento importante de acesso à terra na região, dadas as condições atuais vigentes no campo brasileiro. Em quinto, e por fim, entender como está estruturada a dinâmica territorial dos conflitos no campo, relacionando esse processo aos movimentos existentes na região. Metodologicamente o trabalho foi estruturado, inicialmente com o levantamento dos dados sobre as ocupações de terras no período de e os movimentos socioterritoriais após Este período se refere ao único momento em que é iniciada a catalogação das ocupações por movimentos. No levantamento de dados foi realizada a sistematização de dados disponíveis junto ao Laboratório de Geografia Agrária LAGEA/UFU e o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Projetos de Reforma Agrária NERA/UNESP, que desenvolvem a

15 pesquisa Territorialização da Luta pela Terra em Minas Gerais: projeto DATALUTA, catalogam e analisam as ocupações de terras, movimentos socioterritoriais e assentamentos nos estados brasileiros. Em seguida foi feito o tratamento dos dados, que possibilitou a construção de tabelas, quadros e gráficos, através do software de correlação de dados como o Excel. Como também, elaboração de mapas de localização das áreas de conflitos no campo e das ocupações de terras e assentamentos criados de 1995 a 2005, através de softwares de Sistema de Informação Geográfica como Arcview e Philcarto. Durante a pesquisa foram feitos também, levantamentos de referenciais bibliográficos, bem como discussão de textos e livros que possibilitaram a compreensão da estrutura que norteia a questão agrária na região e os conflitos no campo. Para a finalização da pesquisa, foi feito uma análise e inter-relação, dos métodos utilizados, com a análise dos dados trabalhados em gráficos, tabelas e mapas, e dos levantamentos bibliográficos realizados, assim como das discussões que foram feitas, para interagir os parâmetros quantitativos e os qualitativos presentes na pesquisa. Para uma exploração do tema proposto nesta pesquisa, organizamos a estrutura expositiva desta monografia em três capítulos. No primeiro capítulo é realizada uma revisão teórica sobre a questão agrária no Brasil, desde a evolução da propriedade de terras até as políticas recentes relacionadas a Reforma Agrária. No segundo capítulo é discutido o processo de modernização do campo, relacionando-o ao desenvolvimento agrário local, bem como o histórico de formação dos movimentos sociais de luta pela terra, considerado como principal marco da luta pela Reforma Agrária no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba.

16 No terceiro capítulo são discutidos os dados sobre os conflitos no campo na última década, , na região, onde são sistematizadas e analisadas as ocupações de terras e os assentamentos criados na região, bem como as relações entre esses dois processos. Por meio do estudo, procuramos explicar a realidade estudada com o respaldo teórico, visto que este serviu para orientar e fundamentar o caminho da pesquisa, associando-se aos dados e informações dos movimentos socioterritoriais coletadas pela pesquisa DATALUTA. Esperamos que o estudo aqui desenvolvido venha a somar-se a outros produzidos sobre a temática abordada, servindo também para a abertura de novos caminhos para outras pesquisas.

17 CAPÍTULO 1 A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL A proposta deste item é apresentar um histórico da questão agrária brasileira com base em fontes bibliográficas e documentais. O mesmo procura refletir sobre a formação e o desenvolvimento da propriedade privada da terra e sobre o processo de territorialização do capital no campo. Buscamos elaborar um resgate das formas de resistência camponesa, apontando algumas principais manifestações de construção da sua organização, refletindo sobre os avanços da luta pela terra no país até o governo atual. 1.1 A formação da propriedade privada da terra no Brasil Até a chegada do europeu colonizador ao Brasil, a estrutura do território brasileiro era composta por cerca de cinco milhões de indígenas, distribuídos em mais de duzentos povos, que utilizavam a terra com caráter coletivo. Conforme a Coroa Portuguesa se apropriou das terras brasileiras, a forma de distribuição destas áreas consistiu na concessão de uso para aqueles que se dispusessem a explorá-la, com a prerrogativa de que os mesmos tivessem recursos e condições para isso. A Coroa então destinava enormes extensões de terra, as sesmarias, a donatários que, em sua quase totalidade, eram membros da nobreza portuguesa ou prestadores de serviço à Coroa. Assim, a estrutura fundiária do país inicia-se sob condições de grande propriedade rural, no caso, o latifúndio.

18 Celso Furtado destaca que a formação da estrutura agrária brasileira atual iniciou-se em decorrência do seu tipo de colonização, ligado ao capitalismo comercial, o Brasil é o único país das Américas criado, desde o início, pelo capitalismo comercial sob a forma de empresa agrícola (FURTADO, 1973, p.93). No que concerne ao problema de mão-de-obra na Colônia, o mesmo foi parcialmente resolvido por uns cem anos, pelo menos, com a escravização de indígenas. Porém, em decorrência da resistência indígena à escravização, esta foi sendo substituída, especialmente a partir do século XVII, pela escravização de africanos. Agregada a esse processo, temos a dizimação da maior parte dos grupos indígenas. Por volta de 1598, em torno de quinze mil africanos trabalhavam nas fazendas de canade-açúcar. Conforme o quadro instaurado de que todos estes que chegavam ao Brasil tornarse-iam escravos, grande parte dos mesmos criou resistências, através da construção de quilombos, criados por escravos fugidos das senzalas. A Coroa Brasileira, com a Independência no ano de 1822, passou a ter o domínio da enorme extensão de terras colonizadas por Portugal. Já em 1831, com a abdicação de Pedro I, o Brasil ficou sob o governo de uma Regência, até 1840, com a coroação de Pedro II. Foi um momento de grande agitação social e política, em que estavam em exercício as idéias liberais, marcado por intensas revoltas populares como a Cabanagem, a Sabinada e a Balaiada. Entre 1840 e 1889, sob o reinado de Pedro II, houve uma relativa estabilidade política no país. Foi nesse período que a Coroa determinou a primeira legislação que tratava do processo de posse da terra, assegurando, no entanto, um acesso restrito a esse processo e a conseqüente permanência dos escravos libertos e dos pobres como trabalhadores das fazendas.

19 A primeira Lei de Terras (lei 601) foi promulgada por dom Pedro II, em 18 de setembro de Essa lei determinava que a propriedade privada da terra só se constituiria através da sua legalização nos cartórios, mediante certo pagamento em dinheiro para a Coroa. Com a lei institucionaliza-se a propriedade privada da terra no Brasil, de forma a garantir a permanência e a consolidação legal da concentração fundiária, uma vez que aqueles que tinham recebido as sesmarias regularizaram suas posses, assegurando a continuidade de seu domínio, enquanto os escravos libertos e os pobres, sem recursos para a regularização de terras, permaneceram sem a oficialização de posse de seu principal meio de trabalho. Tivemos nesse período, então, uma forte migração dos ex-escravos para as grandes cidades e que passaram a viver em precárias situações de vida em subemprego ou de mendicância, consolidando o latifúndio como estrutura básica de distribuição de terras. Em 1888, com a Lei Áurea, que regulamentava a abolição da escravatura, o governo imperial criou as bases para a substituição da mão-de-obra escrava pela dos imigrantes europeus, através dos processos de formação de núcleos de colonização implementados nesse período, com o intuito de resolver o problema da mão-de-obra. O fim da escravidão, de acordo com Furtado (1973), não alterou significativamente as bases da empresa agromercantil e a situação submissa das comunidades camponesas, uma vez que, no caso brasileiro, a propriedade da terra foi utilizada para formar e moldar um certo tipo de comunidade, que já nasce tutelada e a serviço dos objetivos da empresa agromercantil. A formação dessas comunidades tuteladas preparou a empresa agromercantil para prescindir da escravidão. (FURTADO, 1973, p.102). Com a instituição do trabalho livre, foi determinada uma outra relação social: a venda da força de trabalho. De acordo com Martins, esse processo revelou também a contradição que separava os exploradores dos explorados. Sendo a terra a mediação desse antagonismo, em torno dela passa a girar o confronto e o conflito de fazendeiros e camponeses (MARTINS, 1981, p.36).

20 Como destaca Fernandes, estabeleceu-se um intenso processo de grilagem de terras e uma expropriação cada vez mais intensa daqueles que trabalhavam a terra, que passam a tornar-se semterra. Consolidam-se os latifúndios, sob a base legal da propriedade privada da terra. Dessa forma, dá-se, em grande medida, o processo de territorialização da propriedade capitalista no Brasil (FERNANDES, 2000). No decorrer do século XIX, o país passou por momentos significativos de sua história, sem qualquer alteração substantiva na estrutura agrária. Em 15 de novembro de 1889, a proclamação da República representou o primeiro golpe militar da nossa história, que, além de oficiais do Exército, contou com os grandes cafeicultores paulistas. 1.2 A evolução da questão agrária da primeira República a 1980 A primeira República foi caracterizada por uma forte dominação da oligarquia cafeeira, pelo aumento da área agrícola trabalhada e pelo fortalecimento da força de trabalho imigrante na terra. Porém, a estrutura agrária manteve-se estática. Vários conflitos no campo foram travados nesse período, como o banditismo. Todavia, as lutas pela terra propriamente ditas, situadas especificamente entre o período da proclamação da República e 1930, apresentavam um caráter marcadamente messiânico. O misticismo e o isolamento em relação ao mundo urbano, através da criação de seus territórios sagrados, eram características desses movimentos. Os movimentos mais importantes desse período, que envolveram milhares de camponeses e somente foram derrotados pela brutal repressão das tropas federais, como em Canudos e o Contestado, foram liderados, respectivamente, por Antônio Conselheiro e pelo monge José Maria.

21 Alguns anos mais tarde, o Tenentismo, também, se constituiu como um movimento importante, que levantou a questão da concentração fundiária, ainda que de forma não muito definida, e tinha como liderança Miguel Costa. O anarquismo, por sua vez, chegou ao Brasil com os imigrantes europeus, principalmente italianos. Sua ideologia era de uma sociedade igualitária, da propriedade coletiva e da supressão do Estado e das instituições repressoras. Suas federações comandaram as grandes greves operárias de 1917 a O modelo agroexportador, implementado a partir do início do século XX, desencadeou no país uma crise resultante da sua incapacidade de sustentar o desenvolvimento brasileiro. A crise resultou na chamada revolução de 30, que implementou um novo modelo econômico baseado na industrialização do país: liderada por Getúlio Vargas, a revolução de 30 dá um impulso ao processo de industrialização, introduz a legislação trabalhista e dá ao Estado um papel proeminente no processo econômico, mas não interfere na ordem agrária. Com o fim da era getulista e frente ao processo de redemocratização do país, a elaboração da nova Constituição, em 1946, garante à questão agrária uma ênfase cada vez maior. Pois só assim se falou pela primeira vez da necessidade da reforma agrária no Brasil. A ausência de uma política de distribuição de terras gerava fortes conflitos sociais, além da intensificação dos movimentos migratórios de camponeses pobres habitantes de regiões muito povoadas que, impedidos de ter acesso à terra em suas regiões, migravam para regiões de colonização, ocupando-as como posseiros, na esperança de terem no futuro a sua propriedade. Disseminam-se, assim, também os conflitos, muitos deles violentos, envolvendo posseiros e grileiros que são aqueles que falsificam títulos de propriedade nos cartórios e se atribuem o direito à propriedade da terra.

22 Surgem, entre a década de 1930 e meados da década de 1950, lutas radicais pela terra, mas de forma predominantemente espontânea e localizada, ou seja, enquanto eventos relativamente isolados. Somente a partir da década de 1950 surgem, no Brasil, lutas mais abrangentes, com forte caráter ideológico e de alcance nacional. Juntamente com o debate sobre a reforma agrária, surgem novas formas de organização camponesa sob a forma das ligas camponesas, dos sindicatos e das várias mobilizações baseadas, especificamente, na questão da terra e da exploração do homem do campo. O processo de modernização da agricultura brasileira inicia-se em 1950, com o desenvolvimento intensivo do capitalismo no campo. Nesse mesmo momento, o debate político e acadêmico se fortalecia, e o movimento camponês expressava suas lutas em todo o território nacional. Nesse período, com o crescimento do mercado interno e da industrialização, ocorre uma reestruturação econômica, levando, em contrapartida, a um amplo processo de expropriações e expulsões. As ligas camponesas constituíram um amplo processo de mobilização e resistência organizada dos camponeses, que trouxe à tona a discussão da questão agrária e da reforma agrária em todo o país. Partidos políticos e entidades como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a igreja católica, também, estiveram efetivamente organizados entre os trabalhadores rurais a partir de 1950 e Outro movimento importante no período foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MASTER), no Rio Grande do Sul, entre os anos de 1960 e Nasceu de lutas pela terra no estado, através de lideranças envolvidas na luta pela reforma agrária, sobretudo ligadas ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

23 O MASTER, ainda que influenciado pelas ligas, tinha uma proposta de reforma agrária diferente, a diferença básica era que as ligas propunham a reforma agrária através da luta revolucionária, enquanto o MASTER queria fazê-la de forma pacífica através de formas legais de luta e organização (POLI, 1999, p.48). A Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) surgiu em dezembro de 1963, a partir de um acordo entre as duas instituições, que formaram uma lista única com candidatos de ambas, depois de um longo processo de negociação. A CONTAG representou a institucionalização das associações de trabalhadores rurais e a sua vinculação ao Estado, desembocando num enfraquecimento do movimento camponês, até porque a maioria dos trabalhadores estava à margem desse processo de disputa, que acontecia no âmbito das cúpulas das organizações. (FERNANDES, 2000). O golpe militar de 1964 tratou de empreender uma violenta repressão contra os movimentos de luta pela terra, ou melhor, os movimentos que visassem a alguma transformação social. Estabeleceu-se a militarização da questão agrária, na qual lideranças camponesas foram presas, exiladas ou assassinadas; as organizações de trabalhadores rurais foram fechadas, ou alguns sindicatos que restaram adotaram políticas apenas assistencialistas. No final do ano de 1964, é sancionada a lei 4.504, que dispõe sobre o Estatuto da Terra e dá outras providências, incorporando, de forma separada, medidas de reforma agrária e medidas de política agrícola. Criaram-se, então, dois órgãos distintos: o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), para cuidar da reforma agrária, e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA), para executar a política de desenvolvimento rural. O Estatuto da Terra, aprovado no primeiro ano do regime militar e símbolo da correlação de forças existentes à época, representava, em termos legais, um avanço sem precedentes no que se refere às leis agrárias. Porém, em termos práticos, ele não foi tão eficiente.

24 Vale ressaltar, também, que o conjunto de leis agrárias e as ações governamentais pautaram-se, ao menos em parte, nas orientações norte-americanas expressas na política da Aliança para o Progresso, que propunha medidas de reforma agrária como meio de aliviar tensões ou evitar revoluções, frente à ameaça do socialismo. Em 1970, os dois órgãos IBRA e INDA são extintos e substituídos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo fraca a criação de programas de colonização ou de desenvolvimento regional, que se apresentam como substitutivos da reforma agrária. Dentre esses programas, temos: o Programa de Integração Nacional (PIN), de 1970; o Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (PROTERRA), de 1971; o Programa Especial para o Vale do São Francisco (PROVALE), de 1972; o Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLAMAZÔNIA), de 1974; o Programa de Desenvolvimento de Áreas Integradas do Nordeste (POLONORDESTE), de 1974, e outros. O período militar foi marcado por um fortalecimento das oligarquias rurais e pela expulsão de trabalhadores das propriedades em função do barateamento de outras formas de utilização do trabalho assalariado, como o dos trabalhadores volantes, e da intensificação do uso da tecnologia em substituição ao trabalho humano. De acordo com Castro, o desenvolvimento industrial do Brasil foi diferente dos casos clássicos europeus, em que a indústria surgia como um complemento das atividades do campo (CASTRO, 1979). No que se refere ao mercado consumidor, ainda segundo Castro, é possível afirmar que a ampliação deste em grandes proporções não se colocou como necessária para o crescimento industrial no Brasil, posto que os investimentos industriais do País foram baseados principalmente na substituição de importações, voltada para as classes com médio e alto poder aquisitivo (de acordo com o modelo norte-americano de consumo de bens duráveis de tipo moderno), ou seja, um mercado, ao menos parcialmente, já constituído. (CASTRO, 1979).

25 Assim, no Brasil as indústrias nasceram e expandiram-se de forma mais desvinculada do setor agropecuário, fundamentalmente ligada a outros ramos, como siderurgia, mecânica e extração mineral. 1.3 As questões agrária e agrícola a partir dos anos de 1980 A partir dos anos de 1980, a questão agrária ganha uma nova identidade, marcada pelo crescimento da força dos movimentos sociais camponeses ou socioterritoriais, mesmo pela resistência dos latifundiários e de seus representantes políticos. O debate renasce sob a predominância do capitalismo nas relações sociais, questão polêmica nas décadas anteriores. De maneira geral, as décadas de 1980 e 1990 marcam o aprofundamento de uma série de tendências que vinham sendo delineadas, desde o término do período militar, e que são passíveis de compreensão tendo em vista as novas situações impostas pelo processo de globalização e pela hegemonia neoliberal. O meio rural, especificamente, vem passando, nas últimas décadas, por transformações importantes. Significa que a agricultura, como parte integrante do processo produtivo, foi atingida, em diversas de suas fases, pela mundialização do capital. Deve ser destacado o papel central da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento da agricultura, assim como os processos desiguais de desenvolvimento de ciência e tecnologia agropecuárias nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento. A chamada Revolução Verde definiu os rumos da nossa modernização agrícola, alterou significativamente as bases econômicas e sociotécnicas da agricultura mundial. Tida como possível solução dos problemas da fome, a Revolução Verde trouxe um agravamento das desigualdades e da dependência tecnológica entre os países, além de acentuar a deterioração do meio ambiente.

26 A revolução acentuou o interesse dos grandes proprietários pela exploração direta e pela intensa mecanização, com a conseqüente expulsão de trabalhadores rurais, parceiros e arrendatários. Está claro que, nesse processo, tem-se a necessidade de maior flexibilidade, de investimento constante de novas tecnologias e de maior mobilidade de capital na realidade, uma ascensão sem precedentes das multinacionais. Vinculando-se a esse processo global observam-se novas tendências desencadeadas pelo processo acelerado de modernização da agricultura brasileira, como o aprofundamento de uma integração entre os capitais, representado pela consolidação dos complexos agroindustriais (CAIs). Estes fazem com que o processo de produzir ligado à agricultura torne-se cada vez mais dependente da produção de outros setores da economia. Esse padrão mais recente de desenvolvimento da agricultura é marcado profundamente pelo processo conhecido como territorialização do capital, em que a penetração do capital financeiro, no setor agropecuário, atribui um novo caráter à propriedade fundiária. Vinculados a esse padrão, temos novos esquemas de integração baseados na flexibilização, que têm, como importantes estratégias, a terceirização e a formação de parcerias, numa tentativa de redução de custos e acúmulo de forças num cenário de competição internacional. Todo esse processo de reestruturação agrícola traduz-se no acirramento das contradições engendradas pelo desenvolvimento capitalista, expresso nos termos utilizados por Oliveira pelas duas faces da modernidade no campo: o agronegócio e a barbárie. O agronegócio simboliza a mundialização da economia brasileira. O Brasil do campo moderno, dessa forma, vai transformando a agricultura em um negócio rentável regulado pelo lucro e pelo mercado mundial. Agronegócio é sinônimo de produção para o mundo. Para o mercado mundial o país exportou: papel e celulose, carnes; o complexo soja como gostam de nomeá-lo; madeira e suas obras; sucos de frutas; algodão e fibras têxteis vegetais; frutas, hortaliças e preparações. (OLIVEIRA, 2004, p.13).

27 Como apresenta Graziano da Silva, [...] a força com que a questão agrária brasileira ressurge hoje não advém apenas da maior liberdade com que podemos discuti-la. Mas também do fato de que ela vem sendo agravada pelo modo como têm se expandido as relações capitalistas de produção no campo [...] (SILVA, 1980, p.11). campo. Assim, constatamos o desenvolvimento contraditório e desigual do capitalismo no 1.4 Os governos democráticos do pós-regime militar e a reforma agrária A situação agrária no pós-regime militar, com o aumento da violência no campo, da concentração fundiária e da pobreza rural, ainda proporcionava condições para a realização de uma reforma agrária, menos no campo institucional. Esse cenário é caracterizado mediante a presença de proprietários de terras nos poderes Executivo e Legislativo, constituídos por bancadas ruralistas. O Poder Judiciário sofre prejuízos na formação em direito agrário, uma vez que está ligado, tradicionalmente, ao conservadorismo e ao poder local. As Forças Armadas e Militares, por conseguinte, mantêm seu posicionamento de guardiãs da segurança e tuteladoras da propriedade privada e do processo fundiário. Para os governos que vieram depois do período militar, a reforma agrária até esteve presente nos programas de gestão, mas não foi muito além. Em 1985, com a posse do presidente civil José Sarney, cria-se o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário (MIRAD), ao qual passa a se subordinar o INCRA. Esse ministério desenvolve o chamado Primeiro plano nacional de reforma agrária da nova República (1 o PNRA).

28 O 1 o PNRA, porém, não foi o primeiro da história do Brasil, pois já haviam sido decretados, ao menos, outros dois com o mesmo nome: o PNRA de 1966 e o PNRA de 1968 ambos enfatizando a tributação e a colonização, sem realizar nenhuma ação próxima a uma verdadeira reforma agrária. O 1 o PNRA foi o que teve maior destaque: A grande diferença com planos anteriores é que este escolheu a desapropriação por interesse social como instrumento principal a ser usado no processo de reforma agrária. Este instrumento, previsto na nossa Constituição, dá ao Estado o direito não só de desapropriar terras que não estejam cumprindo a sua função social, como também de indenizar o valor dessas terras em TDA (Títulos da Dívida Agrária), pagando em dinheiro tão-somente as benfeitorias. (SILVA, 1985, p.76). O 1 o PNRA foi elaborado com base no Estatuto da Terra, que estabelece que a reforma agrária será realizada por meio de planos periódicos, nacionais e regionais, com prazos e objetivos determinados, de acordo com projetos específicos (PINHEIRO, 1999, p.16). Seu objetivo geral era descrito como sendo o de alterar a estrutura fundiária do país, de forma a eliminar tanto o latifúndio quanto o minifúndio, assegurando a realização socioeconômica do trabalhador rural. As metas do PNRA partem das estatísticas cadastrais de 1978 e das estatísticas tributárias de 1984, que apontam um contingente de 10,6 milhões de trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra. Como veremos posteriormente, tanto o objetivo e as metas de alterar a estrutura fundiária não chegaram nem perto de se realizarem efetivamente. Somente nos primeiros cinco anos, as metas do PNRA eram de assentar 1 milhão e 400 mil famílias. Entretanto, após cinco anos de desenvolvimento do plano, foram assentadas apenas 90 mil famílias cerca de 6% da meta original. O governo Collor ( ) apresentou, como proposta, o assentamento de 500 mil famílias, porém assentou apenas cerca de 30 mil famílias, mediante sua política de

29 desmantelamento da administração pública principalmente o INCRA e duras repressões aos movimentos de luta pela terra através do uso da força policial. O governo Itamar Franco, , chegou a aprovar um programa emergencial para o assentamento de 80 mil famílias, das quais, entretanto, apenas 23 mil foram atendidas com a implantação de 152 projetos numa área de hectares (PINTO, 1995, p.76). A elaboração da Constituição de 1988, também, foi palco para inúmeras polêmicas que rondam a questão agrária. Para José Gomes da Silva, a Constituição brasileira de 1988 representou um retrocesso em relação ao que já existia sobre política agrária, constituindo-se a pior carta para os trabalhadores rurais desde 1946 (SILVA, 1994). Em 1993, foi aprovada a Lei Agrária, que reclassificou as propriedades de terra no Brasil em pequenas propriedades, até cinco módulos, médias propriedades, entre cinco e quinze módulos, e grandes propriedades, maiores que quinze módulos, sendo que o módulo rural representa tamanho mínimo de terra que uma família necessita para seu sustento e progresso, mesmo ela sendo diferente de acordo com a Unidade da Federação. A Lei Agrária colocou como imóveis passíveis de desapropriação todos aqueles que não cumprirem a função social, exceto a pequena e a média propriedade, desde que seu proprietário não possua outra. Em outras palavras, seriam sacrificadas apenas as grandes propriedades que não atingissem determinado grau de produtividade e, também, sua função social. Mesmo assim, a Lei Agrária de 1993 ainda vem servindo, na falta de dispositivos legais mais atuais, de embasamento jurídico relevante para a conquista de desapropriações de terras.

30 1.5 A reforma agrária no governo FHC O governo de Fernando Henrique Cardoso ( ) se caracterizou por ser um governo neoliberal na implementação da política econômica. Inaugurou, em sua gestão, a política agrária denominada Novo mundo rural, centrada em três questões de acordo com premissas regidas pelo Banco Mundial: o assentamento de famílias enquanto uma política social compensatória; a estadualização das ações dos projetos de assentamento, repassando responsabilidades inerentes à União para estados e municípios; e a substituição do instrumento constitucional de desapropriação pela propaganda do mercado de terras. Essa política foi executada com apoio financeiro do Banco Mundial, contrariando o preceito legal que determina a desapropriação como principal instrumento de obtenção de terras improdutivas; sendo que o modelo do Banco Mundial promove a privatização do território através das regras do mercado. Partindo dessa concepção, os camponeses devem buscar maior eficiência, através de sua integração ao agronegócio fator de contrariedade aos princípios de luta pela terra. Stédile destaca que foi através do modelo de produção agrícola implementado no governo de FHC que as grandes empresas internacionais e financeiras chegaram na agricultura e tomaram conta do nosso comércio agrícola (STÉDILE, 2003, p.5). A atividade agrícola era voltada para a promoção das exportações, com apoio diferencial para aqueles produtos com melhor mercado internacional e um relativo apoio efetivo à agricultura familiar, demonstrado através das linhas de crédito subsidiadas do governo. Essa política do governo FHC acarretou dificuldades ao processo de reforma agrária, mesmo ela sendo colocada como prioridade em seu plano de ação desde seu primeiro mandato. As áreas selecionadas para a reforma agrária eram, em sua maioria, ambientes de conflito e luta pela terra, nas quais os trabalhadores se organizavam em movimentos sociais.

31 Das famílias assentadas, estavam em áreas de conflito [...]. Dessas famílias assentadas em áreas de conflito, eram posseiros e , acampados grupos de pessoas que não têm acesso à terra e permanecem dentro de uma propriedade rural ou em suas redondezas, à beira das estradas, em situação provisória e precária, mas organizados pelos movimentos sociais e vivendo de forma coletiva. (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1997, p.3). Por pressões exercidas pelas entidades representativas dos trabalhadores rurais e dos movimentos sociais, o governo federal instituiu o Gabinete do Ministro Extraordinário de Política Fundiária, que, posteriormente, transformou-se em Ministério do Desenvolvimento Agrário. Foram criados, também, três programas centrais que, de acordo com os documentos oficiais, visavam garantir a sobrevivência da pequena agricultura. São eles: o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF); o Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (PROGER RURAL); e a Previdência Rural. Esses programas buscaram implementar, nesses oito anos de governo, o reconhecimento da relevância dos pequenos agricultores para o desenvolvimento do campo e criar uma série de medidas para tratar da questão agrária. De acordo com Fernandes: essas políticas têm o capital e o mercado como principais referências, de modo que procura(m) destituir de sentido as formas históricas de luta dos trabalhadores. A luta pela terra, que tem como princípio o enfrentamento ao capital, defronta-se com esse programa, por meio do qual pretende convencer os pequenos agricultores e os semterra a aceitarem uma política em que a integração ao capital seria a melhor forma de amenizar os efeitos da questão agrária. (FERNANDES, 2001, p.21). Em março de 1999, o governo federal lançou o documento Agricultura familiar, reforma agrária e desenvolvimento local para um novo mundo rural, alvo posterior de uma série de críticas à política agrícola implementada pelo governo FHC. Alentejano aponta que com esse documento o governo mantém os moldes tradicionais do padrão tecnológico da Revolução Verde que permanecem nos projetos governamentais,

32 inclusive para os agricultores familiares que forem incluídos no programa (ALENTEJANO, 2000). Além disso, as propostas de modernização apresentadas no documento voltam-se para aquela parcela de agricultores familiares considerados em situação intermediária, ou seja, possuem um caráter estruturalmente excludente. Como exemplo disso têm-se os programas Cédula da Terra, Banco da Terra, Crédito Fundiário e Programa de Consolidação de Assentamentos, difundidos principalmente no início do segundo mandato de FHC. Esses programas eram um mecanismo de compra e venda de terras para fins de reforma agrária. No entanto, seu processo de arrecadação de terras e seleção das famílias era descentralizado, ficando a cargo dos municípios, fortalecendo o poder das elites locais e dificultando a pressão popular. Esses programas apresentaram os seguintes problemas: aumento do valor da terra e pagamento à vista como forma de premiar o latifúndio (a existência de um fundo de terras inflacionou o mercado); inviabilidade econômica, impossibilidade do pagamento dos empréstimos e endividamento dos trabalhadores rurais; as áreas adquiridas, muitas de má qualidade, não reuniram condições de permitir a geração de renda suficiente para o pagamento da dívida; aquisição de terras sem registro e improdutivas, portanto aptas ao programa de reforma agrária; a compra da terra é feita por associações de trabalhadores, sem autonomia na escolha das áreas; essas associações, muitas vezes, são organizadas pelos próprios latifundiários e políticos locais; condições precárias de sobrevivência e abandono das áreas; ao invés de aliviar a pobreza, a situação financeira dos participantes no programa se agravou;

33 denúncias de corrupção envolvendo administrações municipais, políticos e sindicatos que teriam sido favorecidos nas transações de compra e venda de terras. De forma geral, em seu segundo mandato, o governo FHC adotou uma política de enfrentamento dos movimentos sociais rurais, através de leis que criminalizaram as ocupações de terras tentativa clara de conter o avanço da organização dos trabalhadores rurais sem-terra através, por exemplo, da possibilidade de assentamento de famílias não organizadas via correio e da impossibilidade da desapropriação em terras ocupadas. Os assentamentos rurais foram promovidos em áreas de conflito, onde existe forte pressão dos movimentos sociais organizados. Além disso, boa parte dos assentamentos rurais criados foram frutos de um processo de regularização fundiária, ou seja, não se trata de desapropriação de terras para assentar pessoas que não tenham acesso a esta, mas concessão de títulos para posseiros que há muito ocupavam tais áreas (ALENTEJANO, 2002, p.2). Conforme Stédile, a questão agrária torna-se ainda mais urgente, baseado em dados do INCRA, a política adotada configurou-se num processo implementado na contramão de uma real reforma agrária (STÉDILE, 2003). 1.6 A reforma agrária no governo Lula A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002 trouxe novos contornos para o debate acerca da questão agrária no país. Porém, o primeiro ano do governo Lula 2003 não significou grandes avanços na questão agrária no Brasil, pois o orçamento destinado para 2003 não foi maior que o de 2002, impossibilitando o necessário reaparelhamento do INCRA e o assentamento de um maior número de famílias.

34 O INCRA, durante o ano de 2003, construiu um conjunto de políticas para atender os assentados em estado de precarização. Iniciou-se a elaboração de uma política de assistência técnica; foi retomada a política de educação para os assentados e, juntamente com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, formou-se uma equipe de especialistas para a elaboração do II Plano Nacional de Reforma Agrária. o II PNRA vai além da garantia do acesso à terra. Prevê ações para que estes homens e mulheres possam produzir, gerar renda e ter acesso aos demais direitos fundamentais, como Saúde e Educação, Energia e Saneamento (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2003, p.5). Entre as metas expostas pelo II PNRA, destacam-se: META 1: novas famílias assentadas; META 2: famílias com posses regularizadas; META 3: famílias beneficiadas pelo crédito fundiário; META 4: recuperar a capacidade produtiva e a viabilidade econômica dos atuais assentamentos; META 5: criar mil novos postos permanentes de trabalho no setor reformado; Como destaca Fernandes, Os primeiros oito meses de 2003, o INCRA tratou os conflitos fundiários como problema a ser resolvido com a implantação de uma política de reforma agrária. Desse modo, procurou solucionar os conflitos por meio do diálogo e da busca de soluções, procurando romper com as medidas repressivas criadas pelo governo FHC. (FERNANDES, 2003, p.8) Nesse sentido, surgem desafios a serem superados para os anos de governo de Lula. Entre eles, o de conceber a reforma agrária como política de desenvolvimento territorial, e não como política compensatória, no que diz respeito a desconcentrar a estrutura fundiária, o que nunca aconteceu na história do Brasil. Todos os governos anteriores conceberam a reforma agrária como política compensatória, por meio da pressão dos movimentos sociais de luta pela terra, resultando em

35 assentamentos distribuídos espacialmente no país. Visto que assentamentos isolados possuem maiores dificuldades de organização, desenvolvimento e manutenção. Com relação ao aparato legal criado na gestão FHC como a medida provisória que impede vistorias em terras ocupadas, o governo de Lula evitou adotar uma postura tão firme, não utilizando a lei da criminalização das ocupações de terras. Em 2004, o Estado investiu em políticas no campo, mas a reforma agrária não deslanchou, uma vez que foram ampliados os recursos para os programas de auxílio e crédito a famílias que desenvolviam a agricultura familiar, com ênfase nas assentadas, mas não foram concretizadas as propostas do Plano Nacional de Reforma Agrária. Esta previa um milhão de famílias assentadas em quatro anos inicialmente, o que, no final, foi reduzido à meta de 520 mil famílias, mostrando assim a fragilidade e os problemas que o governo enfrentava para pôr em prática a reforma agrária. Devemos ressaltar, também, que o orçamento da reforma agrária em 2005 foi de R$ 3,339 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), dos quais foram executados R$ 2,884 bilhões (86,39%), até o início de Caso esses recursos pudessem ser remanejados e utilizados nos projetos de assentamentos, que custam em média cerca de R$ 20 mil por família assentada, poderiam beneficiar aproximadamente 23 mil famílias. Logo, fica uma desconfiança sobre o real objetivo da reforma agrária, sendo que os recursos foram dispostos para isso, mas não utilizados. Mesmo assim, expectativas são criadas para o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva ( ), com fortes influências e promessas para o desenvolvimento da reforma agrária mediante incentivos e integrações na agricultura local, como integração das famílias que desenvolvem a agricultura familiar, em especial nos assentamentos, para a integrarem à produção de biodiesel, uma vez que esses tipos de programas podem permitir às famílias de assentados um espaço para sua sustentabilidade.

36 No geral, ocorre uma avaliação pessimista do primeiro mandato de Lula, tendo em vista que o governo adota, de acordo com os movimentos sociais, os mesmos mecanismos e conceitos do governo FHC. Prevalecendo o número de famílias que tiveram acesso à terra sem levar em consideração o processo de desapropriação, obtenção da terra e até mesmo a qualidade dos assentamentos. Sendo uma surpresa que o governo Lula siga tal conceito, mediante as críticas feitas, durante o governo FHC, pelo partido dos Trabalhadores (PT) e seus parlamentares à política do cumprimento de metas a todo custo e com o processo de regularização fundiária e reposição de lotes vagos em assentamentos existentes. O que é evidente para o desenvolvimento da reforma agrária de 2007 a 2010 é que ela terá um foco fundamental, conforme é destacado no plano de governo de Lula, traçando os seguintes princípios: Promover o desenvolvimento da agricultura nacional com ampliação da renda e cidadania no campo, gerando um ambiente de produção e trabalho que garanta ampliação da renda agrícola, oferta adequada de alimentos e geração de divisas, com preservação dos recursos ambientais. Ampliar os recursos de crédito rural para o financiamento da produção agropecuária, com custos e prazos adequados à realidade do setor. Dar continuidade à universalização do crédito e políticas diferenciadas aos agricultores familiares, em todas as regiões, promovendo a diversificação da produção da agricultura familiar. Dar continuidade ao Plano Nacional de Reforma Agrária, mantendo a prioridade de implantar assentamentos com qualidade, recuperar os assentamentos existentes, regularizar o crédito fundiário, tornando a Reforma Agrária ampla, massiva e de qualidade. Reconhecer a diversidade do rural brasileiro, nos seus aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, que demanda políticas específicas para públicos e regiões distintos, incluindo as políticas de gênero e geracional. (PARTIDO DOS TRABALHADORES, 2006, p.15). São criadas, então, expectativas e possibilidades para o desenvolvimento do segundo mandato de Lula, com o objetivo de integrar e conciliar reforma agrária de qualidade, apoio à agricultura familiar e incentivo ao desenvolvimento do agronegócio, fatores muitas vezes confrontantes.

37 CAPÍTULO 2 O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DO CAMPO E OS MOVIMENTOS DE LUTA PELA TERRA NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANÍBA A proposta deste capítulo é apresentar um histórico do processo de luta pela terra no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba no que concerne aos movimentos atuantes e aos marcos históricos de luta na região. Para isso, se faz necessário apontar o cenário em que se desenvolve essa luta pela reforma agrária, que se reflete nas especificidades do desenvolvimento histórico e econômico na área de estudo. 2.1 O desenvolvimento agrário do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Localizada no extremo oeste e oeste de Minas Gerais (Mapa 1), a mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (Mapa 2), engloba 66 municípios, distribuídos entre as microrregiões de Uberlândia, Uberaba, Patrocínio, Patos de Minas, Frutal, Araxá e Ituiutaba. A ocupação populacional e econômica na região se desenvolve com a decadência da economia de mineração, principal atividade vinculada ao processo de ocupação do estado de Minas Gerais. Como destaca Cavalini e Gerardi, com a decadência da mineração, a agricultura exportadora surge como alternativa para a sobrevivência da economia nacional. É nesse momento histórico, final do século XVIII, que a região do Triângulo é inserida nesta economia, através da agropecuária mercantil. (CAVALINI e GERARDI, 1996, p.94). Ao final do século XIX, o sistema de transporte ferroviário no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba avançou ao permitir o escoamento de sua produção para os mercados do Rio de Janeiro e São Paulo.

38 Mapa 1 Mesorregiões de Minas Gerais IBGE, Mapa 2 Mesorregião geografia do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba.

39 Durante o governo Vargas ( ), para cumprir seu programa de integração e colonização, intitulado Marcha para o Oeste, precisava-se criar no Triângulo Mineiro uma infra-estrutura que possibilitasse a penetração rumo ao Centro-Oeste. O Triângulo Mineiro contou, assim, com marcante ação estatal na criação de infraestrutura e em numerosos incentivos à iniciativa capitalista. A região, então, é inserida nos planos econômicos governamentais (I PND e II PND ), a partir da década de 1970, resultando na modernização agrícola que atingiu as áreas de cerrado. 2.3 O processo de modernização do setor agrícola O cenário econômico do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba foi radicalmente transformado no decorrer das décadas de 1960 e 1970, mediante a inclusão de áreas de cerrado no processo produtivo. A região passa a ser vista como uma área constituída de grande fronteira a ser ocupada. Além disso, as características naturais dessas áreas de topografia plana e de solos até então considerados como improdutivos favoreciam a mecanização e aplicação de quantidades consideráveis de corretivos e fertilizantes. Várias iniciativas governamentais se configuraram para apoiar esse processo, destacando-se o Programa de Crédito Integrado e Incorporação dos Cerrados (PCI), o Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP), o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO) e o Programa de Cooperação Nipobrasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER). Estes para Micheloto são projetos calcados no modelo empresarial e voltados para a formação de corredores de exportação (MICHELOTO, 1990, p.64).

40 Dentre os pontos principais desses projetos destaca-se o que regia a implantação de tecnologias novas para a época, no qual os proprietários tradicionais não se encaixavam, mas em que os colonos e grandes proprietários da região tidos como predispostos a adotarem tais tecnologias seriam privilegiados com os projetos. Com a implantação dos projetos, ocorreu um aumento da produção e da área produzida de dois dos principais: soja e café. De modo geral, tais projetos voltaram-se, também, para a monocultura exportadora, a pecuária extensiva e a constituição de agroindústrias. Com o apoio ao crédito rural, impulsionaram-se os investimentos produtivos; ao mesmo tempo, atua como definidor dos beneficiários desse processo, na medida em que os mecanismos de seleção implementados pelos bancos privilegiam, estabelecimentos de grande e médio porte, algumas regiões em detrimento de outras e os empresários que se dedicam à produção para exportação e transformação agroindustrial (GADELHA e SGRECIA, 1987, p.58). Os créditos agrícolas no decorrer dos anos de 1970 foram importantes fontes indiretas de financiamento ao desenvolvimento agroindustrial, criando condições para o estreitamento das relações entre agricultura e indústria, dando suporte à compra de tratores, implementos e máquinas agrícolas, além dos insumos químicos (CLEPS JUNIOR, 1998, p.141). Assim, como destaca Gomes, a modernização da agricultura das áreas do cerrado mineiro representa a modernização capitalista no movimento constante de auto-expansão e reprodução do capital (GOMES, 2004, p.96 97). Então, o processo de modernização do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, que promoveu uma elevação da produção e da produtividade, veio acompanhado da afirmação das contradições socioeconômicas, tendo em vista que não privilegiou todos os segmentos envolvidos.

41 Esse processo veio acompanhado da desterritorialização do camponês, além da exploração violenta dos recursos naturais típica da produção necessariamente destrutiva do capital, bem como do aprofundamento das formas de exploração do trabalho. Assim, o processo de modernização trouxe fortes impactos ao campo, em específico a destruição massiva de formas tradicionais de produção, como os arrendamentos para agricultores e a parceria, acarretando aumento do desemprego e do êxodo rural local. Como exemplo, nos remetemos a Fonseca, que apresenta que grande parte dos sem-terra antes arrendatário, posseiro, pequeno proprietário rural, hoje é o bóia-fria, o motorista, o pedreiro, o eletricista, o mecânico, o desempregado das cidades como Uberlândia, cuja população cresceu 293% nos últimos 30 anos, segundo a Prefeitura Municipal, com base nos dados do IBGE. (FONSECA, 2001, p.123). Essas transformações ocasionaram concentração de terras e riquezas, na separação entre o trabalhador rural e os meios de produção e na maior mobilidade campo cidade. Agregado a isso se tem, no decorrer das décadas de 1970 e 1980, uma economia brasileira com inflação alta e grandes investimentos, de tal forma que o cerrado mineiro tornou-se lócus dessa valorização de terras, que beneficiou, sobretudo, os grandes proprietários e as empresas agropecuárias, que procuravam essa área para nela estabelecerem novos investimentos (PESSÔA e SILVA, 1999, p.23). Mesmo diante desse processo excludente, não poderíamos deixar de mencionar que a agricultura familiar é uma importante fonte de produção, emprego e renda. Assim, ao analisar a modernização de todo o território brasileiro, e não diferente do espaço rural do cerrado mineiro, ela se deu de maneira a beneficiar a economia agrária e exportadora, atendendo aos interesses do capital mercantil e do monopolista.

42 2.4 A formação dos movimentos socioterritorias no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Para entender a formação dos movimentos socioterritoriais no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, devemos compreender conforme destaca Fernandes que, movimento social e movimento socioterritorial são um mesmo sujeito coletivo ou grupo social que se organiza para desenvolver uma determinada ação em defesa de seus interesses, em possíveis enfrentamentos e conflitos, com objetivo de transformação da realidade. (FERNANDES, 2004, p.52). Uma vez que alguns movimentos transformam espaços em territórios, também se territorializam e são desterritorializados e se reterritorializam e carregam consigo suas territorialidades. Lembrando que a transformação do espaço em território acontece por meio da conflitualidade, e os territórios se movimentam, também, pela conflitualidade, uma vez que as formas de organização social, as relações e as ações acontecem no espaço. Assim, o conceito de movimento socioterritorial é uma tentativa de desfragmentação do espaço e do território. Pode-se, então, fazer uma leitura mais ampla a partir do conceito de movimento socioterritorial, pois conforme destaca Fernandes ela sempre será uma leitura parcial, porque a totalidade da realidade é um processo coletivo que só pode ser compreendida no movimento de todos (FERNANDES, 2004, p.53). De acordo com as pesquisas da CPT (2005), até 31 de dezembro de 2004 existiam em torno de 240 movimentos socioterritoriais atuando em todo o território brasileiro. Em Minas Gerais, de acordo com a pesquisa Territorialização da luta pela terra no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: projeto DATALUTA MG, coordenado pelo Laboratório de Geografia Agrária (LAGEA), do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (IG/UFU), que cataloga as ocupações de terras e, por conseguinte, os movimentos que participam dessas ações.

43 Lembramos que, somente a partir de 2001, as ocupações de terras tiveram os movimentos que participavam das ações catalogadas. Porém, esse dado, o movimento atuante, ainda é contestado mediante as fontes de dados. Logo, para esse trabalho apenas serão trabalhadas as ocupações que tiveram os movimentos socioterritoriais confirmados e mencionados, acarretando o não-tratamento quantitativo das ocupações por movimentos, mas somente na divulgação dos movimentos e dos municípios que atuaram. Assim, constatou-se de 2001 a 2005 que houve atuação de dez movimentos socioterritoriais no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, sendo eles: - CLST - Confederação de Libertação dos Sem-terra; - FETAEMG - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais; - FST - Federação dos Sem-terra; - LCPCO - Liga dos Camponeses Pobres do Centro-Oeste; - MLSTL - Movimento de Libertação dos Sem-terra de Luta; - MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra; - MTL - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade; - MTR - Movimento dos Trabalhadores Rurais; - STR/CONTAG- Sindicato dos Trabalhadores Rurais, ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. O Mapa 3 mostra como foi possível apresentar a espacialização desses movimentos por município de atuação.

44 ESPACIALIZAÇÃO DA ATUAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIOTERRITORIAIS POR MUNICÍPIO NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA Mapa 3 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: espacialização da atuação dos movimentos socioterritoriais no período de 1995 a 2005

45 Deve ser lembrado que é dinâmica a atuação dos movimentos socioterritoriais no que se refere às modificações de suas nomenclaturas e siglas, mudança do local de atuação no estado, aglutinação e desmembramento de movimentos, resultando na criação e recriação de novos movimentos e até mesmo a extinção de alguns outros. Sendo assim, serão centrados, a seguir, os históricos dos movimentos atuantes em dados das ocupações de 2001 a A CONTAG e FETAEMG A Confederação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais (CONTAG), foi criada em 1963, em decorrência do surgimento de vários sindicatos, que possuíam dinâmicas de reivindicação de interesses no campo. Com o golpe militar de 1964, multiplicaram-se ainda mais os sindicatos e as federações de trabalhadores rurais com funções assistencialistas. Nesse contexto, foi criada a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (FETAEMG), em abril de 1968, com atuações, muitas vezes, não autônomas e, na maioria das vezes, vinculadas ao Estado. Somente em meados de 1980 a reforma agrária torna-se ponto principal na dinâmica de atuação do movimento, após a realização do III Congresso Nacional da CONTAG. A primeira metade da década de 1980 foi marcada por reivindicações por melhores estruturas e benefícios de trabalho aos agricultores bóias-frias, pequenos agricultores, entre outros. Já na segunda metade da década de 1980, a FETAEMG passa a adotar uma postura no que concerne à luta pela terra, sendo que nesse momento ocorreu o surgimento de novos

46 atores no processo de organização dos trabalhadores rurais do estado, como o MST e a CPT, que promovem uma luta de ocupação e enfrentamento. Assim, a partir desse momento, a FETAEMG vem desenvolvendo esporadicamente uma atuação efetiva na luta pela reforma agrária com a ocupação e reivindicação do acesso à terra para seus militantes. Mas não é deixado de lado que nesse processo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais ainda possuiu papel fundamental no que concerne à criação e recriação de novos movimentos socioterritorias O MST O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST) nasceu em 1984 no estado, especificamente nas proximidades dos vales do Mucuri e do Jequitinhonha. No Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, o MST iniciou suas atividades no final da década de Conforme Gomes, o MST atuou na fase de acampamento, assessorando e contribuindo para o desenvolvimento de práticas de organização e mobilização, até meados de 1991, quando a articulação foi rompida. Mas é somente em 1997 que é criada a regional do MST do Triângulo Mineiro. (GOMES, 2004, p.131). No início de 2000, o movimento fixa sua secretaria em Uberlândia, deslocando militantes de outras regiões do estado e contribuindo para o processo de fortalecimento do movimento localmente e de efetivação e crescimento da luta pela terra. Deve ser ressaltado que, além de ocupações de terra, o movimento promove a espacialização de outras práticas que envolvem a luta pela terra, como a ocupação, em 2002, da área onde foi construído o Complexo Hidrelétrico Capim Branco.

47 O Movimento também ministra na cidade de Uberlândia cursos de formação política da Via Campesina em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia O MTL e o MLSTL Ao final da década de 1980, lideranças camponesas dos municípios de Campo Florido e Santa Vitória e da Associação Animação Pastoral e Social no Meio Rural (APR) articularam a criação do primeiro movimento social rural legitimamente da região. Assim, em 1995 nasce provisoriamente o Movimento Democrático dos Sem-terra (MDST). Posteriormente, essa organização passa a se chamar Movimento de Luta pela Terra (MLT), promovendo ocupações em toda a região. O MLT funde-se, em 1997, com movimentos de outros estados, intitulando-se, então, de Movimento de Libertação dos Sem-terra (MLST). Porém, em 2000, o MLST regional rompe com a direção nacional e passa a se denominar MLST de Luta. Mas alguns militantes do antigo MLST regional se mantiveram vinculados ao MLST nacional. Em 2002, o MLST de Luta uniu-se com o Movimento de Luta Socialista (MLS) e o Movimento dos Trabalhadores (MT), passando a nomear-se Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) O CCL, CLST, MTR, LCPCO e FST Esses movimentos são chamados, de acordo com Fernandes, movimentos isolados, articulados em torno de ações específicas e espaços mais delimitados, ou seja, que constituem,

48 cada qual, uma organização social que se realiza em uma base territorial determinada. Que tem o seu território de atuação definido por circunstâncias inerentes aos movimentos (FERNANDES, 2001, p.64). Tanto o movimento Caminho, Campo e Liberdade (CCL) quanto o da Confederação de Libertação dos Sem-terra (CLST) foram movimentos criados e extintos em 2002, resultantes de militantes descontentes oriundos do MST e que ocuparam, em separado, duas propriedades na qual foram assentados, resultando na retração, e não mais atuação do movimento. O Movimento dos Trabalhadores Rurais (MTR) foi fundado em 2003 como o braço rural do Movimento dos Sem-teto Desempregado (MSTD), que atua na cidade de Uberlândia. Fundada também em 2003, a Liga dos Camponeses Pobres do Centro-Oeste (LCPCO) foi uma das vertentes da militância nacional do movimento com atuações esporádicas em 2003 e Movimento recente, criado em 2005, a Federação dos Sem-terra (FST) surge pela união de militantes de outros movimentos, como MST, MTL e FETAEMG, atuando em municípios em particular, assim sendo nomeado até então como movimento de ação isolada. 2.5 Os principais marcos de lutas pela terra no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Entre os vários processos de luta pela reforma agrária através das ocupações de terras no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, podemos citar dois marcos no processo de luta pela terra e na tentativa de reinserção do camponês no campo.

49 São eles: o primeiro projeto de reforma agrária da região, ocorrido na fazenda Barreiro; e o Projeto de Assentamento Nova Santo Inácio Ranchinho, que foi o primeiro assentamento criado após a promulgação da Lei Agrária de Fazenda Barreiro A fazenda Barreiro, em Iturama, abrigava cerca de 120 posseiros no início da década de 1980, que utilizavam a terra mediante contrato verbal com o proprietário. Conforme destaca Gomes, Com a morte do proprietário, seu sucessor (Sr. Izahú Rodrigues de Lima) tenta impor o rompimento dos contratos em curso, oferecendo novas glebas, nas quais os posseiros pagariam uma renda de 20% do resultado das colheitas. Os trabalhadores reagem coletivamente e, com o apoio do STR Iturama, ingressam em juízo com o pedido de Usucapião. O fazendeiro, na busca pela criação de condições para a apropriação da renda capitalista da terra, recorre à Justiça e garante a expulsão das famílias, que resistem na luta pela desapropriação do imóvel, frente à possibilidade da expropriação e da precarização do trabalho. Nesse processo de luta, em novembro de 1984, é assassinada uma das lideranças dos posseiros Juraci José Alves. Em dezembro do ano seguinte, Izahú é morto numa tocaia. (GOMES, 2004, p.115). Após um intenso processo de negociação, a fazenda foi transformada no primeiro projeto de assentamento da região, denominado Projeto de Assentamento Iturama, que contou com 131 famílias. Ação essa que desenvolveu e disseminou a atuação de diversas ocupações de terras pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais de Iturama, que viu uma nova possibilidade e realidade de acesso à terra, com a ocupação de terras.

50 2.5.2 Fazenda Nova Santo Inácio Ranchinho Conforme destacado após a conquista da fazenda Barreiro, inúmeras ocupações foram desenvolvidas. Para frear essas manifestações, ocorreu a indicação da fazenda Nova Santo Inácio Ranchinho, em dezembro de 1990, como área passível de desapropriação. Desse momento em diante, iniciou-se uma longa disputa judicial, objetivada pelos herdeiros da fazenda. O longo período do acampamento ficou marcado como um momento de resistência e de esperança pelos acampados nas proximidades da fazenda. De acordo com Gomes, A vitória dos trabalhadores concretizou-se em outubro de 1993, quando a liminar favorável aos antigos proprietários foi derrubada, com base na Lei Agrária promulgada em fevereiro do mesmo ano, em que eram estabelecidos mecanismos desapropriatórios. Em maio de 1994, finalmente, o INCRA criou, naquele espaço, o Projeto de Assentamento Nova Santo Inácio Ranchinho, assentando 115 famílias. (GOMES, 2004, p.122). Destacando ainda, de acordo com Guimarães, o espaço conquistado pelos trabalhadores foi reconfigurado e transformado em território escolhido para nele constituírem novas maneiras de produzir, novas formas de organização, novas sociabilidades, enfim, um novo modo de vida. (GUIMARÃES, 2002, p.103). A ação dos trabalhadores rurais que lutaram pela Fazenda Nova Santo Inácio Ranchinho dimensionou ainda mais a luta pela terra na região, afirmando então a ocupação como principal forma de acesso e conquista da terra.

51 CAPÍTULO 3 A LUTA PELA TERRA NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA DE 1995 A 2005 Este capítulo tem como proposta apresentar um breve debate sobre a ocupação de terras e o desenvolvimento de assentamentos rurais no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, apontando 11 anos de conflitos no campo no que tange às ocupações de terras desenvolvidas e aos assentamentos rurais criado de 1995 a Apresenta, ainda, a inter-relação que esses processos representam para as políticas de reforma agrária. 3.1 Discussão sobre a ocupação e os assentamentos rurais A ocupação como forma de acesso à terra Para entender o processo de ocupação da terra, é necessário compreender que os movimentos socioterritoriais ocupam determinada área pelas necessidades e expectativas de resistência ao processo vivido de expropriação e exploração, focando como destaca Fernandes a, desapropriação do latifúndio, o assentamento das famílias, a produção e reprodução do trabalho familiar, a cooperação, a criação de políticas agrícolas voltadas para o desenvolvimento da agricultura camponesa, a geração de políticas públicas destinadas aos direitos básicos da cidadania. (FERNANDES, 2001, p.3). Em Minas Gerais, especialmente no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, a ocupação tornou-se uma importante forma de acesso à terra. Nas últimas décadas, ocupar propriedades

52 rurais improdutivos tem sido a principal ação da luta dos movimentos socioterritoriais; e tem sido a principal forma de pressionar o governo a acelerar o processo de reforma agrária. Minas Gerais apresenta grande diversidade regional na concentração de terras. Por conseguinte, os movimentos socioterritoriais atuantes têm-se apoiado, principalmente, nas ocupações das terras improdutivas e devolutas para alcançarem seu objetivo o acesso à terra, como é o caso do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. Por meio da ocupação da terra, os trabalhadores se socializam, lutam contra o capital e se subordinam a ele novamente, pois como apresenta Martins ao ocuparem e conquistarem a terra se inserem novamente na produção capitalista das relações nãocapitalistas de produção (MARTINS, 1981, p.47). Assim, ao apresentar a ocupação como forma de acesso a terra, devemos compreendêla como uma ação de resistência ligada essencialmente à formação camponesa no interior do processo de desenvolvimento do capitalismo, conforme destaca Oliveira (1991). Observando esses fatores, verifica-se que a ocupação da terra é uma forma de intervenção dos trabalhadores no processo político e econômico de expropriação da terra. E uma forma, também, de recriação do campesinato. Ao tentar criminalizar as ocupações, os governos e as representações contrárias à reforma agrária procuram descaracterizar o problema sociopolítico e econômico que elas representam. Por outro lado, é condenar famílias sem terras que lutam pela recriação de suas existências como trabalhadoras e é, também, aceitar os interesses dos latifundiários e o processo de intensificação da concentração da terra. A ocupação de terras deve ser vista como uma ação que os trabalhadores sem terra desenvolvem, lutando contra a exclusão causada pelos capitalistas, proprietários de terra. A ocupação é, portanto, uma forma de materialização da luta de classes.

53 Remetemo-nos, assim, às considerações de Fernandes, que diz que a ocupação é conhecimento construído nas experiências de luta popular contra o poder hegemônico do capital (FERNANDES, 2001). Não podemos esquecer, também, de acordo com estudos de Fernandes (2001), que a ocupação acontece pelo seu processo de espacialização e territorialização; e pode ser dividida em duas: ocupação de uma área determinada e ocupação massiva. A principal diferença desses tipos está no fato que, no primeiro, o tamanho da área é critério para a mobilização e organização das famílias. Dependendo do tamanho da área pode ser uma ocupação de pequenos grupos ou até numerosos grupos, massificando a luta. No segundo, a mobilização e organização têm como critério assentar todas as famílias sem-terra, ocupando quantas áreas forem necessárias. (FERNANDES, 2001, p.10). No Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, devemos lembrar que as ocupações denominadas de uma área determinada são executadas por movimentos descentralizados e isolados, como o MTR, o CCL e o LCPCO; já as de ocupações massivas são desenvolvidas, na grande maioria, por movimentos com abrangência e militância nacional, como MST, MTL e MLST, com as chamadas campanhas de luta, nas quais os movimentos ocupam diversas áreas, em diferentes locais e num curto espaço de tempo Assentamentos rurais: fim de uma luta, mas início de uma nova batalha Vistos por muitos integrantes dos movimentos de luta pela terra, os assentamentos são considerados como o último passo, pois, após anos de militância, participação em ocupações e vivendo em acampamentos, o assentamento rural é considerado como uma conquista que, em muitos casos, põe fim à um momento importante na jornada de luta.

54 Devemos lembrar que a implementação de assentamentos é uma política pública, que no caso brasileiro está vinculada à tentativa de controlar e atenuar a violência dos conflitos sociais no campo. Assim, nos últimos anos, o governo federal, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), tem oficializado vários assentamentos. Em Minas Gerais, por exemplo, no ano de 2005 efetivaram-se cerca de 73 novos assentamentos, sendo que muitos desses estavam há anos em processo de legalização. A mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, no mesmo ano, teve quinze assentamentos criados, representando 20% do total mineiro. Porém, mesmo assim, as desapropriações e os projetos de assentamentos realizados até então não foram suficientes para atenuar os conflitos no campo em decorrência do alto número de famílias esperançosas para serem assentadas, bem como do alto número de pessoas que vêem na luta pela terra, ao ingressarem em um movimento socioterritorial, a esperança de melhorar as suas condições de vida, que a cidade não consegue, em muitos casos, resolver. Temos que entender, também, que os assentamentos rurais, conforme se descreve, são: projetos públicos, ações aparentemente não-políticas efetuadas pelo Estado, responsável pela alocação das populações e pelo traçado das rígidas regras de vocação agrícola e de produtividade, mas que representam interesses e relações de poder das classes envolvidas. (FERRANTE, 1999). Observamos que os programas de assentamentos idealizados pelo governo esvaziam o assentado de suas experiências anteriores e de suas aptidões, que não são considerados nem no planejamento nem na execução das políticas. Desaparece, também, o fato de que a maioria dos assentamentos é fruto de um processo de luta, e os diversos interesses continuam a se defrontar no interior dos assentamentos. O assentamento aparece como uma dádiva oferecida pelo governo, e os assentados, muitas vezes, não têm o que questionar. Os assentados são vistos, após a legitimação, como agentes de transformação de sua sociabilidade e das formas de organização política propiciadas através do associativismo e do cooperativismo.

55 Logo, os assentamentos são considerados como metas finais dos movimentos socioterritoriais, porém o início de uma nova dinâmica de luta, agora pela possibilidade de inserção na estrutura capitalista de produção vigente. 3.2 As ocupações de terras e os assentamentos criados de 1995 a 2005 no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba As ocupações de terras no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba de 1995 a 2005 Durante o período de 1995 a 2005, foram registradas 142 ocupações de terras em diferentes municípios que compõem o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, envolvendo trinta municípios do total de 66 que integram esta região de estudo (Tabela 1). O município de Uberlândia concentrou o maior número de ocupações de terras na região de estudo, totalizando 38 ocupações, ou seja, 26% do total. Como pode ser observado na Tabela 1, grande parte dos trinta municípios que sofreram ocupações de terras teve igual e/ou menos de cinco ocupações nos anos estudados, perfazendo o total de 24 municípios, mas que juntos corresponderam a 57 ocupações, 40% do total. Já os municípios que tiveram mais de cinco ocupações de terras em seu território corresponderam a seis municípios, com 85 ocupações de terras, 60% restante das ocupações de terras.

56 Tabela 1 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: as ocupações de terras no período de 1995 a 2005 NOME DO MUNICÍPIO TOTAL Araguari Araxá Campina Verde Campos Altos 1 1 Canápolis 1 1 Capinópolis 1 1 Carneirinho 1 1 Coromandel Guimarânia 1 1 Gurinhatã Ibiá Ituiutaba Iturama 1 1 Monte Alegre de Minas Nova Ponte 3 3 Patrocínio Perdizes Prata 3 3 Rio Paranaíba 2 2 Sacramento Santa Vitória São Francisco de Sales 2 2 Serra do Salitre 1 1 Tapira 1 1 Tiros 1 1 Tupaciguara Uberaba Uberlândia União de Minas 1 1 Veríssimo TOTAL Org.: CARVALHO, Eduardo Rozetti, Para analisar os dados acumulados anuais de ocupações de terras (Gráfico 1), podemos correlacioná-los com o período de gestão dos governos do mesmo período estudado. Lembrando que corresponde ao primeiro período do mandato de Fernando Henrique Cardoso; foi o segundo período do mandato desse mesmo presidente; foi o período do primeiro mandato do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Dessa forma, observamos que, durante o primeiro mandato de FHC, ocorreu uma ligeira manutenção das ocupações do campo, resultado de aparente política de tentativa de

57 acordo com os movimentos através dos programas de fortalecimento da agricultura familiar e políticas de reforma agrária de mercado, como através do Banco da Terra. Acumulado Anual das Ocupações de Terras: Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba Quantidade Anos Gráfico 1 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: acumulado anual das ocupações de terras no período de 1995 a 2005 Apenas em seu último ano (1998) ano de nova eleição presidencial ocorreu, na região de estudo, a maior quantidade de ocupações de terras por parte dos movimentos socioterritoriais até hoje, com 41 ocupações de terras. Fator esse que pode ser analisado de duas formas: a primeira reside na tentativa dos movimentos de apresentar, ao atual governo, ou ao que assumiria a presidência, que as ocupações de terras são uma das formas de pressão pela reforma agrária; a segunda estabeleceria o descontentamento com o não-desenvolvimento da reforma agrária no país. Assim, de 1995 a 1998 foram registradas 57 ocupações de terras. De 1999 a 2002, foi possível observar uma atuação moderada nos anos de 2000 e 2002, com apenas cinco ocupações a cada ano; mas em 1999 e 2001 foram registrados, respectivamente, dezenove e quinze ocupações de terras.

58 Totalizando para o segundo mandato de FHC 1999 a ocupações. Lembramos dessa vez que foi nesse segundo mandato que o governo FHC adotou uma política de enfrentamento dos movimentos sociais rurais, com a criminalização das ocupações de terras, fator esse que dificultou o desenvolvimento das ações dos movimentos através de ocupações. Ressaltamos, também, que em 2002 ano de eleições presidenciais os movimentos não realizaram tantas ocupações mediante o foco que agora tinham, apoiando a candidatura de Lula ao governo pelo Partido dos Trabalhadores (PT), uma vez que se apresentavam esperançosos pela implantação de novas políticas que poderiam vir a ser implantadas, como a sonhada reforma agrária. Com a vitória para presidência em 2002, ocorreu uma evolução das ocupações de terras de 2003, 2004 e 2005, com oito, dezesseis e dezessete ocupações de terras, respectivamente, que totalizaram, somente nos três primeiros anos de governo, 41 ocupações de terras. É possível, então, verificar certo descontentamento por parte de alguns movimentos de luta pela terra, como o aumento progressivo das ocupações de terras na região. Em geral, as ocupações de terras desenvolvidas nos municípios do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba de 1995 a 2005 (Mapa 4) foram feitas de forma a atuarem mais em municípios que apresentam maior área, com propriedades passíveis de desapropriação de terras para a reforma agrária e de municípios com papel de importância para a região estudada tanto o é que o município de Uberlândia foi destaque, concentrando nove ocupações nos onze anos estudados.

59 TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: MUNICÍPIOS COM OCUPAÇÕES DE TERRAS DE 1995 A 2005 Mapa 4 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: municípios com ocupações de terras no período de 1995 a 2005

60 3.2.2 Os assentamentos criados no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba de 1995 a 2005 De acordo com a Tabela 2, no período de 1995 a 2005, foram criados pelo INCRA sessenta assentamentos rurais, distribuídos novamente em diferentes municípios na mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e envolvendo 23 municípios do total de 66 que integram a região estudada. Tabela 2 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: assentamentos rurais criados no período de 1995 a 2005 NOME DO MUNICÍPIO TOTAL Araguari Campina Verde Campo Florido 1 1 Campos Altos 1 1 Coromandel Gurinhatã Ibiá Ituiutaba Limeira do Oeste 1 1 Nova Ponte 1 1 Patrocínio 1 1 Perdizes Prata 3 3 Rio Paranaíba Sacramento 1 1 Santa Vitória São Francisco de Sales Serra do Salitre 1 1 Tapira 1 1 Uberaba Uberlândia União de Minas 1 1 Veríssimo 3 3 TOTAL Org.: CARVALHO, Eduardo Rozetti, Constata-se, novamente, que o município de Uberlândia se sobressaiu em número de assentamentos oficializados, concentrando 20% do total de assentamentos na área de estudo.

61 Grande parte dos municípios com ocupações de terras teve menos de seis ou teve seis assentamentos legalizados de 1995 a 2005 (Gráfico 2), perfazendo um total de 22 municípios, que, juntos, correspondem a 48 assentamentos, 80% do total. Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba: Acumulado Anual dos Assentamentos de Quantidades Anos Gráfico 2 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: acumulado anual dos assentamentos criados no período de 1995 a 2005 De acordo com o governo federal, o primeiro ano de governo de FHC teria sido o que mais assentou famílias no Brasil. Mas essa realidade não pode ser aplicada para o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba uma vez que, de 1995 a 1998, foram oficializados apenas dezesseis assentamentos nessa região, sendo que em 1995 não foram criados projetos de assentamento. Em 1999, primeiro ano do segundo mandato de FHC, foram criados quatorze assentamentos, oriundos de promessas de campanha e de projetos em processo de criação, mas que foram usados em nosso ponto de vista para manipular o desenvolvimento de

62 ações de reforma agrária e minimização de conflitos no campo, posto que, nos outros quatro anos que se sucederam ao mandato, foram legalizados apenas nove assentamentos. Mesmo com as eleições presidenciais no ano de 2002, não foi verificado na região de estudo a criação de muitos assentamentos rurais, tendo ocorrido a criação apenas de dois assentamentos. Com a vitória de Lula para a presidência em 2003, conforme já destacado, novas esperanças por parte dos movimentos sociais de luta pela terra foram criadas no que concerne ao efetivo desenvolvimento da reforma agrária. Porém, inicialmente, na região isso não foi observado, uma vez que apenas em 2005 foram criados então quinze assentamentos rurais número que supera anualmente a criação dos assentamentos rurais nos outros anos estudados. Ao se desenvolver a espacialização das ocupações por município, conforme Mapa 5, foi possível constatar que os assentamentos de reforma agrária oficializados de 1995 a 2005 no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba não obedeceram a uma ordem sistêmica de serem implantados anualmente, no que tange a serem dispostos em diferentes municípios da região, sendo observada mais a criação desses assentamentos em seis dos onze anos estudados no município de Uberlândia. Fator esse que ressalta que as políticas de criação e oficialização dos assentamentos rurais são feitas de forma dispersa, não sendo implantados projetos diferenciados que integrem os assentamentos rurais.

63 TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: MUNICÍPIOS COM ASSENTAMENTOS CRIADOS DE 1995 A 2005 Mapa 5 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: municípios com assentamentos criados no período de 1995 a 2005

64 3.2.3 As relações entre as ocupações de terras e os assentamentos criados pelo INCRA As análises e comparações dos dados anteriores, especificamente para o caso de Uberlândia, permitem considerar o município como core do problema agrário do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, uma vez que concentrou o maior número de ocupações de terras entre 1995 e 2005 e, também, o maior número de assentamentos efetivados de 1995 a 2005, quando comparado com os demais municípios da área de estudo. Tal fato pode ser compreendido pelo relevante papel que a localidade possui no contexto urbano e rural regional, mas em especial pela sua organização fundiária e, principalmente, em função de sediar a maioria dos movimentos socioterritoriais da região, dentre eles, destacando-se o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e o Movimento de Libertação dos Sem-terra de Luta (MLSTL). Observando a totalidade da região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba constata-se que, dos trinta municípios onde ocorreram ocupações de terras e dos 23 municípios que tiveram assentamentos rurais legitimados entre 1995 e 2005, em 21 municípios ocorreram registros de legitimação de assentamentos rurais pelo INCRA, como pode ser observado no Mapa 6.

65 Mapa 6 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: correlação entre os assentamentos rurais e as ocupações de terras no período de 1995 a 2005 Não sendo verificada, no período estudado, em nenhum município a criação de assentamentos rurais em locais onde não foram desenvolvidas historicamente ocupações de terras por parte dos movimentos rurais mesmo existindo nesses locais tais movimentos, como os sindicatos de trabalhadores rurais locais. Conforme a Tabela 3, é possível verificar que ocorreram 142 ocupações de terras e apenas a criação de sessenta assentamentos na região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, fator de preocupação, mas que se torna ainda mais complicado ao verificarmos que foram assentadas famílias em diferentes projetos de assentamentos. Porém, o número de famílias ligadas às ocupações de terras é superior quatro vezes a esse valor, chegando a famílias.

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