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Jonathan Bastos Meneses
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1 Senhor presidente, Senhoras e senhores deputados, Como é de conhecimento de todos, o Governo Federal encaminhou a esta Casa a Medida Provisória 246, que extingue a Rede Ferroviária Federal, colocando fim ao processo de liquidação em que a empresa se encontrava desde Apesar de ser uma medida esperada, vários parlamentares como eu, os deputado Carlos Santana, Paulo Rubem Santiago, Jaime Martins entre outros, vínhamos realizando ações aqui na Câmara e junto à sociedade, para impedir a sua edição e para abrir um diálogo entre Governo, parlamento e sociedade sobre a elaboração de uma política nacional de transportes em que o modal ferroviário seja revitalizado e que a Rede Ferroviária Federal, com o seu patrimônio material, histórico, cultural e científico seja resguardada. Nossas tentativas de chegar até o presidente Lula para discutir essas questões foram vãs, e agora estamos nos mobilizando pela retirada da MP.

Apesar de ser uma medida esperada, vários parlamentares como eu, os deputado Carlos Santana, Paulo Rubem Santiago, Jaime Martins entre outros, vínhamos realizando ações aqui na Câmara e junto à

2 Nesta terça-feira participamos de uma manifestação nas instalações da Central do Brasil, no Rio de Janeiro contra a extinção da RFFSA e pela retirada da MP. 700 pessoas, entre as quais parlamentares de vários partidos, seguiram em passeata até a Assembléia Legislativa do estado. Também realizamos uma audiência pública aqui na Câmara, com a presença do liquidante da Rede, Edson Ronaldo do Nascimento, que veio explicar a situação atual da empresa e as perspectivas para o setor ferroviário com a sua extinção. O relator da da MP, deputado Inaldo Leitão, também participou da audiência e se mostrou sensível ao diálogo. Ele acatou a nossa sugestão de realizarmos audiências públicas nos estados para discutir a situação do setor ferroviário. O calendário das audiências foi decidido ontem, com encontros previstos para os estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. É importante que discutamos essa questão com a sociedade. Precisamos avaliar qual é o melhor modelo

Também realizamos uma audiência pública aqui na Câmara, com a presença do liquidante da Rede, Edson Ronaldo do Nascimento, que veio explicar a situação atual da empresa e as perspectivas para o setor

3 para o setor ferroviário. Até 1997, quando o sistema era público, tínhamos 27 mil quilômetros de malha ferroviária. Hoje, apenas 9 anos após a desestatização do setor, já perdemos 10 mil quilômetros. Em termos financeiros, isso significa um prejuízo de U$ 8 bilhões, já que, cada quilômetro tem um custo de U$ 800 mil. Mas não é só isso. São 140 mil aposentados e pensionistas que serão transferidos para o Mistério do Planejamento enquanto os cerca de 600 empregados da ativa ficarão lotados no Geipot, empresa que também está em liquidação. Todos essas pessoas ficarão sem referência para os seus proventos. Além disso, a MP prevê que o resultado da venda dos bens não-operacionais da Rede será revertido para o pagamento dos passivos trabalhistas da empresa que somam hoje cerca de R$ 6,5 bilhões e de seus pequenos acionistas. O restante dos recursos serão utilizados para a amortização dos juros da dívida pública. Isso demonstra a falta de interesse em reestruturar o setor ferroviário. Se fosse esse o objetivo da MP, esses recursos seriam usados em

São 140 mil aposentados e pensionistas que serão transferidos para o Mistério do Planejamento enquanto os cerca de 600 empregados da ativa ficarão lotados no Geipot, empresa que também está em

4 investimentos no setor. Ao contrário, o Governo pretende criar uma diretoria dentro do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, o Dnit, que vai cuidar da reestruturação do sistema ferroviário? Será que essa estrutura será suficiente para a reestruturação do setor? Com certeza não. Temos que pensar a reestruturação das ferrovias como parte de um projeto de desenvolvimento do país. Com a extensão territorial que tem o Brasil, substituir a transporte ferroviário pelo transporte rodoviário não me parece a decisão mais acertada. Em países desenvolvidos o investimento no setor ferroviário é notório. Nos Estados Unidos, a extensão da malhar férrea é de 278 mil quilômetros; no Canadá é de 91 mil, na Rússia, 86 mil e na Índia, 62 mil. Já o Brasil tem apenas 16 mil quilômetros de malha. Hoje no Brasil, a ferrovia é responsável por apenas 18% do transporte de cargas, enquanto a matriz rodoviária transporta 63%. No transporte urbano, o setor ferroviário é responsável por 96% e apenas 3% é feito pelo sistema ferroviário. Enquanto isso, nos

Será que essa estrutura será suficiente para a reestruturação do setor? Com certeza não. Temos que pensar a reestruturação das ferrovias como parte de um projeto de desenvolvimento do país.

5 países desenvolvidos, o transporte ferroviário é preponderante: 40% do transporte de cargas é feito pela ferrovia e 30% por rodovias. No transporte urbano o sistema ferroviário e metroviário é responsável por 60% da demanda e o sistema rodoviário fica com 30%. São essas e outras questões que precisamos discutir com o Governo e com a sociedade, para desenvolvermos um projeto nacional de transportes. Muito obrigada! Deputada Dra. Clair (PT-PR) 28 de abril de 2005

No transporte urbano o sistema ferroviário e metroviário é responsável por 60% da demanda e o sistema rodoviário

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