Medidas divulgadas pelo Governo Federal para o fortalecimento do setor elétrico nacional
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- Rayssa Galindo Wagner
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1 Medidas divulgadas pelo Governo Federal para o fortalecimento do setor elétrico nacional Perguntas e Respostas Perguntas mais frequentes sobre as medidas divulgadas pelo Governo Federal Março 2014
2 Apresentação Em 13 de março de 2014, importantes medidas de apoio ao setor elétrico nacional foram divulgadas pelo Ministério da Fazenda e pelo Ministério de Minas e Energia, quais sejam: Criação da Conta Centralizadora, denominada Conta-ACR. A conta será administrada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica com o objetivo de preservar o consumidor da volatilidade tarifária, além do alívio do fluxo de caixa das distribuidoras, relativo às despesas do ano de 2014; Aporte financeiro adicional do Tesouro Nacional na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no valor de R$ 4 bilhões; Realização de Leilão de Energia Existente do Ano A, com entrega da energia já no ano de 2014, com previsão de realização em abril e início de suprimento a partir de 1º de maio deste ano. As medidas anunciadas pretendem cobrir as despesas das concessionárias de distribuição de energia elétrica, decorrentes do acionamento das usinas termelétricas contratadas no Mercado Regulado, e os custos com a compra de energia não contratada no Leilão de Energia Existente de Com o objetivo de esclarecer diversos aspectos da proposta, o Ministério de Minas e Energia elaborou o presente documento, disponível a todos interessados pelo tema. 1
3 1. Quais foram as medidas divulgadas pelo Governo Federal? - Realização de Leilão de Energia Existente Leilão Ano A, com início de suprimento em Criação de Conta Centralizadora CONTA-ACR, gerida pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CCEE. - Aporte adicional do Tesouro Nacional na Conta de Desenvolvimento Energético CDE. 2. Qual é o objetivo dessas medidas? Preservar o consumidor da volatilidade tarifária, que poderia ocorrer se: 1) as tarifas ao consumidor subissem de imediato para cobrir as despesas que as distribuidoras estão incorrendo com a compra de energia não contratada no Leilão de Energia Existente de 2013 e com o pagamento pela energia gerada pelas usinas termoelétricas contratadas no Mercado Regulado, e 2) a tarifa fosse reduzida significativamente a partir de 2015, quando a energia proveniente das concessões que vencerão nesse ano passar a ser comercializada sob o regime de receita regulada (cotas), conforme estabelecido na Lei nº , de 11 de janeiro de Assim, faz todo sentido criar um instrumento de neutralidade às distribuidoras para cobrir suas despesas associadas ao acionamento de usinas termoelétricas contratadas por disponibilidade e à compra de energia não contratada no Leilão de Energia Existente de Como funcionará a CONTA-ACR? A CCEE, gestora da CONTA-ACR, irá captar recursos junto aos bancos públicos e privados, para aliviar o fluxo de caixa das distribuidoras relativo às despesas do ano civil de 2014, quais sejam: as despesas com a compra de energia não contratada no Leilão de Energia Existente de 2013 e as despesas associadas ao acionamento de usinas termoelétricas contratadas no Mercado Regulado. 4. Qual será a garantia dessa captação de recursos? As distribuidoras cederão à CONTA-ACR recebíveis provenientes das tarifas a serem vinculados pela Agência Nacional de Energia Elétrica e reconhecidos nos processos tarifários. 5. Qual é o montante de recursos envolvidos? O montante de recursos envolvidos é da ordem de R$ 12 bilhões. Sendo R$ 4 bilhões provenientes de aporte adicional do Tesouro Nacional na CDE e R$ 8 bilhões com a captação de recursos pela CONTA-ACR. 2
4 6. Como se dará o aporte de recursos do Tesouro Nacional na Conta de Desenvolvimento Energético - CDE? Com a edição da MP 579/2012, convertida na Lei nº , de 2013, foram retirados, do custo da energia elétrica, gastos com políticas públicas, tais como programa de universalização do acesso à energia elétrica, anteriormente custeados pelos consumidores de energia elétrica. Esses custos passaram a ser incluídos no Orçamento Geral da União. A Lei Orçamentária para 2014 prevê R$ 9 bilhões a serem destinados à CDE, justamente para fazer frente à parcela de gastos com esses programas. Assim, a cada ano, haverá a destinação de recursos orçamentários para arcar com esse tipo de despesa. Essa natureza de aporte não deve ser confundida com os R$ 4 bilhões a serem arcados pelo Tesouro Nacional para fazer frente aos gastos com as despesas com a compra de energia não contratada no Leilão de Energia Existente de 2013 e aquelas associadas ao acionamento de usinas termoelétricas contratadas no Mercado Regulado. Como se viu, esses dois fatores são responsáveis pelos maiores custos incorridos pelas distribuidoras com compra de energia, o que deveria ser repassado para o consumidor final. As medidas anunciadas na semana passada visam suavizar tal impacto. Além disso, o montante de R$ 8 bilhões será utilizado com a mesma finalidade. No entanto, esse montante não será aportado na CDE. A diferença é que esse valor será captado pela CONTA-ACR junto a instituições financeiras públicas e privadas. Verificase, pois, que essa operação de crédito tem um caráter excepcional para fazer frente à situação conjuntural vivenciada pelo sistema elétrico brasileiro, que decorre das características de um sistema hidrotérmico de base hidrelétrica. 7. Os recursos aportados pelo Tesouro Nacional, no âmbito das medidas anunciadas dia 13/3/2014, serão devolvidos pelos consumidores de energia elétrica à CDE? Sim. Esses recursos serão devolvidos à CDE pelas distribuidoras quando da realização dos processos tarifários pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. 8. Quando será realizado o Leilão do Ano A? O leilão será realizado no dia 25 de abril, com o início da entrega da energia em 1º de maio de Qual é a garantia de que, nesse leilão, haverá oferta de energia? O Governo Federal definirá prazos de contratação e preços que sejam atrativos para os potenciais vendedores. 3
5 10. Qual é o montante de energia proveniente de usinas cujas concessões vencerão em 2015? Esse montante é da ordem de MWmédios. 11. Quais são, em linhas gerais, as principais característica do Setor Elétrico Brasileiro? O Setor Elétrico Brasileiro é formado por um parque gerador hidrotérmico, cuja operação busca minimizar o custo total de operação (custo presente e futuro). Dessa forma, quando se observam armazenamentos elevados nos reservatórios das usinas hidrelétricas e o cenário hidrológico futuro é favorável, situação que ocorre na maior parte do tempo, os custos para a geração de energia pelas hidrelétricas são, consequentemente, inferiores àqueles incorridos pela geração termelétrica, priorizando-se a geração hidrelétrica que não incorre no elevado custo variável que é o custo do combustível no caso das usinas termelétricas. Se, por outro lado, o armazenamento das usinas hidrelétricas encontra-se reduzido e os cenários hidrológicos futuros não são favoráveis, situação que ocorre na menor parte do tempo, mas que equivale à que estamos vivenciando na atual conjuntura, torna-se necessário a utilização mais intensa das usinas termelétricas, incluindo aquelas de custos mais elevados, aumentando o custo de operação do sistema. E é nesse cenário de hidrologia adversa que o preço no Mercado de Curto Prazo (Preço de Liquidação de Diferenças PLD) aumenta, podendo atingir valores bastante elevados. O PLD é também o preço pelo qual é paga a energia consumida por agentes expostos, isto é, agentes que usaram a energia sem estarem contratados. Neste sentido, a situação atual é complexa para aquelas concessionárias de distribuição que estão descontratadas por terem conseguido contratar parte da energia que demandaram no último leilão de energia existente, de dezembro de 2013, o que se cunhou no setor como exposição involuntária. É por isso que o governo se preocupou em estudar uma solução que neutralizasse o impacto financeiro que a exposição ao PLD está causando às distribuidoras ao mesmo tempo em que decidiu criar a possibilidade de contratação de energia por meio do Leilão de Energia Existente Leilão do Ano A, com início de suprimento no mesmo ano em que ocorrer o certame. 12. Quem arca com o pagamento pela energia gerada pelas usinas termoelétricas contratadas no Mercado Regulado? A geração termelétrica é complementar à geração hidrelétrica na maior parte do tempo. Por isso é que se diz que as hidrelétricas geram na base do sistema e as termelétricas apenas quando é necessário. Trata-se de uma característica típica do sistema brasileiro, uma situação bastante privilegiada, comparada ao resto do mundo. 4
6 Isso porque a geração termelétrica pressupõe o pagamento pelo combustível que, quando de fonte fóssil, é muito oneroso e contribui para a emissão de gases de efeito estufa. Sendo assim, no Brasil a energia das usinas termoelétricas contratada por leilões no Mercado Regulado, pelas concessionárias de distribuição, é paga da seguinte maneira: paga-se uma receita fixa ao gerador, independentemente de ele estar gerando ou não, para que remunere seu investimento e cubra seus custos fixos, e paga-se uma receita variável para arcar especialmente com o custo do combustível, toda vez que a usina termelétrica precisa ser acionada. A tarifa das concessionárias de distribuição pagas pelo consumidor de energia elétrica contempla o pagamento da receita fixa e o pagamento da parcela variável (combustível), considerando uma expectativa de que a usina termoelétrica vai ser chamada a gerar. Ocorre que geralmente essa expectativa de acionamento dessas usinas é baixa já que normalmente as usinas hidrelétricas operam na base do sistema. Todavia, em anos de hidrologia adversa como o atual, uma vez que as termoelétricas passam a operar na base, com intuito de preservar os reservatórios das hidrelétricas, as concessionárias de distribuição têm que efetuar o pagamento mensal da parcela variável da geração termoelétrica (combustível), despesa essa não coberta pela tarifa ora praticada. Essa situação pode representar uma pressão financeira conjuntural, não administrável, sobre os caixas dessas concessionárias. 13. Existe alguma relação entre o despacho das usinas termelétricas e a Medida Provisória nº 579/2012? Não. Independentemente da edição da Medida Provisória nº 579/2012, convertida na Lei nº , de 2013, as usinas termelétricas são acionadas por meio de um despacho otimizado do parque hidrotérmico brasileiro, que busca minimizar custo total de operação do sistema (custo presente e futuro) levando em consideração cenários possíveis de afluência aos reservatórios. Assim, em situações hidrológicas adversas, como a que se está vivenciando conjunturalmente, as usinas termelétricas são despachadas de forma mais intensa. 5
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