HOSPITAIS FILANTRÓPICOS: A UM PASSO DO CAOS; REFLEXOS EM DOURADOS (MS)

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1 Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 05/08/2014. HOSPITAIS FILANTRÓPICOS: A UM PASSO DO CAOS; REFLEXOS EM DOURADOS (MS) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, A revista eletrônica Fantástico, exibida pela Rede Globo no último domingo, dia 03, veiculou uma importante matéria evidenciando como tratamos mal nossos hospitais filantrópicos no País. Os moradores de Dourados, em Mato Grosso do Sul sabem bem disso. Uma das mais importantes Unidades Especializadas de Saúde do município, o Hospital Evangélico (HE), com uma dívida de R$ 40 milhões ameaça fechar as portas nos próximos dias. As dívidas no HE já refletem em atrasos salariais, problemas na Ala oncologica, dentre outras limitações. Para o Hospital Evangélico, são repassados como recursos públicos o montante de R$ 4

2 milhões, desse valor, R$ 2,5 milhões custeiam os serviços de oncologia, nefrologia e cardiologia, do Hospital da Vida, Unidade administrada pelo Evangélico, que completa 68 anos no município. O Hospital tem um déficit mensal de R$ 1,2 milhão e funcionários preveem o fechamento da Unidade em no máximo dois meses. O prejuízo mensal só não é mais preocupante, pois, os convênios repassam para a instituição mais R$ 1,5 milhão. O Hospital Evangélico atende as 38 cidades da Região da Grande Dourados e até mesmo pacientes vindos do Paraguai. São mais de 752 mil vidas sob a responsabilidade de uma Instituição dependente da tabela do Sistema Único de Saúde, o SUS, que não apresenta reajuste linear nos últimos anos. No Brasil, são hospitais sem fins lucrativos, 60% dos leitos dessas instituições são destinados ao atendimento de pacientes custeados pelo SUS. Ou seja, o sistema público de saúde é extremamente dependente de Hospitais como as Santas Casas, por exemplo, o problema é que não priorizamos essas unidades e elas estão ameaçando fechar.

3 Na atualidade, 83% das Santas Casas enfrentam problemas financeiros, e suas dividas somadas, passaram de R$ 1,5 bilhão em 2005 para R$ 15 bilhões em Com o atual repasse da tabela SUS as contas não batem. Se o prognóstico mais pessimista se confirmar, enfrentaremos um colapso na saúde pública brasileira. Em média, a tabela SUS contempla apenas 60% dos custos dos procedimentos nos hospitais, os 40% restante se acumulam como déficit e se transformam na bola de neve já mencionada. Por exemplo, os custos de um parto giram em torno de R$ 1.600, porém, a tabela do Sistema Único de Saúde apenas repassa metade deste valor. A reportagem do Fantástico citou várias situações como o caso da Santa Casa de Belo Horizonte, que apresenta uma dívida de R$ 10 milhões por ano e leitos novos que funcionaram apenas na época da Copa do Mundo. Já a Santa Casa de Manaus está fechada há 15 anos, sem previsão de reabrir. Em São Paulo, o Pronto Socorro do maior hospital da América Latina ficou 30 horas fechado como consequência de uma dívida de R$ 45 milhões com fornecedores. Nesta Santa Casa, o prejuízo mensal é de R$ 4 milhões. No Rio de Janeiro, as

4 dívidas chegam a R$ 240 milhões e a Santa Casa foi fechada no ano passado pela Vigilância Sanitária, mas já foi reaberta. A Santa Casa de Maceió aponta um caminho para a saúde da gestão financeira, mas um remédio amargo para a população alagoana. Para sanar suas dívidas, o hospital não oferta mais o serviço de urgência e emergência, o pronto atendimento. Se essa formatação ganhar lastro, os hospitais se tornaram unidades de porta fechada, sem acolher o cidadão quando ele mais precisa. No ano passado, tanto na Comissão Especial destinada a estudar o Orçamento para Saúde pública, como através do Projeto de Lei Complementar 341/2013, defendemos a fixação de porcentagens claras a serem investidas em saúde pública, de modo a aumentar os valores repassados a instituições filantrópicas. Nossa proposta se configura em reservar 15% da receita corrente líquida do Governo Federal para investimentos em saúde. Esta porcentagem significa um pouco mais de 7,5% da receita bruta. A alternativa prevê também, um aumento escalonado de um por cento ao ano, chegando, em quatro anos, a 19% da receita líquida,

5 o que significaria um valor aproximado dos sonhados 10% da receita corrente bruta. Pela regra atual, que apenas leva em consideração a variação nominal do PIB e os empenhos do ano anterior. Em 2014, estamos investindo R$ 90,1 bilhões. Com o que propomos, aumentaríamos esses investimentos em R$ 18,8 bilhões já este ano. Para enfrentar os problemas do Sistema Único de Saúde, o maior programa social do Planeta, temos de ter vontade política, gestão e orçamento da altura de um sistema que se propõe universal, gratuito e de portas abertas a todos. O que era para ser motivo de orgulho, hoje nos causa vergonha e perplexidade. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)