Casa própria. O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o Deputado Lincoln Portella.
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- Ângelo Botelho Castilhos
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1 Casa própria O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o Deputado Lincoln Portella. O SR. LINCOLN PORTELA (PR-MG) - Sr. Presidente, estou apenas encaminhando um pronunciamento sobre contratos de gaveta do Sistema Habitacional. Obrigado, Sr. Presidente. O SR. LINCOLN PORTELA (PR-MG) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais senhoras e senhores aqui presentes ou que estejam nos ouvindo ou assistindo por meio da Internet, da Rádio ou da TV Câmara, e, em especial, ilustres cidadãos do Estado de Minas Gerais, a quem tenho o orgulho de aqui representar. Vou tratar de um assunto que incomoda aos milhares de brasileiros que lutam tenazmente para a aquisição de sua casa própria. Falo especificamente dos Contratos de Gaveta do Sistema Financeiro da Habitação.
2 Um negócio tão arriscado quanto comum no mercado imobiliário é a venda de imóvel financiado através do chamado contrato de gaveta ou contrato de cessão de direitos e obrigações, onde uma pessoa que adquiriu um imóvel através de financiamento habitacional vende este imóvel e transfere o financiamento a um terceiro, sem participação do banco. Esta prática ganhou força a partir de 14 de março de 1990, quando foi criada uma restrição legal a transferência de imóveis financiados, onerando as transações com o aumento de 20% na prestação e 2% no saldo devedor dos financiamentos, além de sujeitar o comprador à análise e aprovação de crédito pelo banco. Tal prática tem pleno valor jurídico entre o comprador e o vendedor, porém não teria valor jurídico perante o agente financeiro ou terceiros, segundo a legislação do SFH. Com o passar dos anos, o poder executivo e o poder legislativo reconheceram a prática do mercado e buscaram legalizar os contratos firmados até 25 de outubro de 1996, por força de Medidas Provisórias e mais recentemente pela Lei nº /00. Apesar desse amparo legal, o contrato de gaveta é fonte certa de problemas para quem vende e para quem compra. Eis alguns exemplos:
3 uma pessoa que tenha financiado pelo SFH e transferido o imóvel por contrato de gaveta, quando quiser financiar outro imóvel pelo SFH, encontrará taxas de juros mais altas, terá problemas para cálculo da margem de renda disponível para o pagamento das prestações e poderá ter até o segundo financiamento negado; quando o cessionário ou gaveteiro atrasa pagamentos do financiamento, do condomínio ou do IPTU, para efeitos jurídicos, é o nome do titular que será negativado nos órgãos de restrição do crédito, bem como será o titular executado judicialmente pelas dívidas, o que lhe trará inúmeros prejuízos; quando o titular do financiamento falece, o cessionário ou gaveteiro sempre vai encontrar problemas para quitar o imóvel e transferi-lo para si, pois é comum ter que abrir um inventário ou mesmo negociar algum pagamento para os herdeiros para conseguir a liberação do imóvel mais rápida; nos contratos mais antigos, onde a prestação é vinculada ao reajuste da categoria profissional, é a categoria do titular que será levada em consideração nos reajustes, o que pode ser prejudicial ao gaveteiro ;
4 passar procuração do titular para o gaveteiro, com cláusulas como isento de prestação de contas, sem data de validade ou com possibilidade de cessão para terceiros, é certeza de prejuízo para o vendedor ou titular do financiamento, pois os negócios que se seguirão daí para frente não terão qualquer participação do titular, mas as responsabilidades e problemas lhe serão atribuídos no Judiciário. Convém lembrar ainda que entre o vendedor e o comprador de um imóvel mediante contrato de gaveta, a validade do contrato é plena, mas perante o banco a validade normalmente é negada, pois ele não participou do contrato. Caso o banco negue a transferência, o mutuário pode recorrer ao Judiciário, pois há entendimento dos Tribunais, inclusive STJ e TRF s da 1ª e da 4ª Região apreciado a matéria e dando ganho de causa aos gaveteiros, reconhecendo a validade dos contratos de gaveta e conferindo a eles legitimidade para a busca da revisão judicial dos contratos. Quem vende deve exigir do comprador garantias para o pagamento da dívida e certificar-se da idoneidade deste, já que perante o agente financeiro caso o gaveteiro não pague é o nome do titular que vai para o SPC, SERASA e CADIN e será réu em ação judicial.
5 Quem compra deve estar ciente dos problemas de aumento de prestação, decorrentes do falecimento do titular e das responsabilidades que terá caso atrase o pagamento de prestações ou outros encargos, pois além de ser compelido judicialmente a ressarcir o titular dos prejuízos, ainda pode ser condenado a indenizá-lo em danos morais. Senhor Presidente, Senhoras Deputadas, Senhores Deputados, demais senhoras e senhores, alerto, portanto, a quem for transacionar um imóvel que esteja financiado através de contrato de gaveta, que se deve, antes de efetivar a compra ou a venda, consultar um advogado para a elaboração de um contrato de contrato de cessão de direitos e obrigações, prevendo todas as situações geradoras de disputas judiciais. Muito obrigado!
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