ANÁLISE DE INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL VISANDO A MELHORIA CONTÍNUA DO ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR DO ESTADO DE SÃO PAULO.
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1 i ANÁLISE DE INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL VISANDO A MELHORIA CONTÍNUA DO ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Maurício Fontana Silva Realização Apoio
2 ii ANÁLISE DE INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL VISANDO A MELHORIA CONTÍNUA DO ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Projeto coordenado pelo Grupo Técnico de Questões Globais da CETESB/SMA em convênio com o Ministério das Ciência e Tecnologia MCT Maurício Fontana Silva Orientador: Prof. Ms. Marcos Eduardo Gomes Cunha Campinas 2006
3 iii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...IV LISTA DE TABELAS...V 1 INTRODUÇÃO OBJETIVO JUSTIFICATIVA DO TRABALHO METODOLOGIA QUESITOS AVALIADOS NA MATRIZ DO PROJETO QUADRO Nº 1 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE INTERVENÇÃO/ INFLUÊNCIA/ LOCAL QUADRO Nº 2 CARACTERÍSTICAS DA IMPLANTAÇÃO/ INFRA ESTRUTURA QUADRO Nº 3 CARACTERÍSTICAS DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS QUADRO Nº 4 CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO AMBIENTAL QUADRO Nº 5 CARACTERÍSTICAS DA RECUPERAÇÃO DO BIOGÁS/ APROVEITAMENTO ENERGÈTICO SITUAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS RMC CRIANDO UM PROCESSO DE MEDIÇÃO METODOLOGIA MATRIZ DE LEOPOLD (MÉTODO DE CONSTRUÇÃO) COMO PROCEDER A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS ABORDAGENS SOBRE INDICADORES DE DESEMPENHO ESTUDADAS CONCEITO DO INDICADOR PROPOSTO DIFERENTES ABORDAGENS PARA O APRIMORAMENTO DE PROCESSOS CRITÉRIOS DE PERFORMACE (CONCLUSÃO)...45 BIBLIOGRAFIA...48 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...50 APÊNDICES...51 APÊNDICE A - RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO DELTA A ( CAMPINAS SP)...51 APÊNDICE B - RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO CG PAULÍNIA (ESTRE SP)...55 APÊNDICE C - RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO DE INDAIATUBA SP...60 APÊNDICE D - RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO DE ITATIBA SP...64 APÊNDICE E - RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO DE PEDREIRA SP...67 APÊNDICE F - RELATÓRIO DE VISITA AO ATERRO DE SANTA BÁRBARA D OESTE SP...70
4 iv LISTA DE FIGURAS FIGURA DESENHO EXTERNO E INTERNO DE UM ATERRO SANITÁRIO...01 FIGURA DISPOSIÇÃO DE UMA GEOMENBRANA IMPERMEABILIZANTE DE UM ATERRO SANITÁRIO FIGURA LAGOA DE COLETA DE CHORUME DRENADO...12 FIGURA TRATAMENTO BIOLÓGICO DE CHORUME EM LAGOAS AERÓBIAS E ANAERÓBIAS...12 FIGURA SISTEMA DE TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE CHORUME...12 FIGURA SISTEMA DE TRATAMENTO DE CHORUME POR EVAPORAÇÃO E INCINERAÇÃO...12 FIGURA DRENO DE GÁS...13 FIGURA DRENO DE PEAD PERFURADO PARA A COLETA DO GÁS...13 FIGURA BALANÇA DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA DE CAMINHÕES...14 FIGURA MÉTODO OPERACIONAL DA TRINCHEIRA FONTE: (IPT/CEMPRE,2000)...15 FIGURA MÉTODO OPERACIONAL DA RAMPA FONTE:(IPT/CEMPRE,2000)...16 FIGURA SISTEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS...18 FIGURA SISTEMA DE DRENAGEM DE CHORUME NA BASE DO ATERRO...19 FIGURA COLETA DE ÁGUA DO LENÇOL FREÁTICO PARA CONTROLE DE INFILTRAÇÃO FONTE: RODRIGUES ET AL, FIGURA SISTEMA DE MONITORAMENTO E POÇO CONTENDO O PIEZÔMETRO FONTE: (RODRIGUES ET AL, 2002)...20 FIGURA DIAGRAMA ESPINHA DE PEIXE...27 FIGURA 3.1 DIVISÃO POLITICO ADMINISTRATIVA DA RMC (FONTE: EMPLASA, 2005)...30 FIGURA GRÁFICO QUANTIDADE DE RESÍDUOS NA REGIÃO METROPOLITANA...32 FIGURA EXEMPLO DE UMA SIMPLES MATRIZ BINÁRIA EM QUE SÃO RELACIONADAS AS INTERDEPENDÊNCIAS ENTRE SISTEMAS...34 FIGURA GRÁFICO INDÍCE DE QUALIDADE DE ATERROS DE RESÍDUOS...41 FIGURA A.01 LOCALIZAÇÃO (ATERRO DELTA A CAMPINAS SP)...51 FIGURA A.02 VISTA AÉREA DO ATERRO DELTA A (CAMPINAS SP)...54 FIGURA C.01 LOCALIZAÇÃO DO ATERRO DE INDAIATUBA SP...60 FIGURA C.02 VISTA DO ATERRO DE INDAIATUBA - SP...63
5 v LISTA DE TABELAS TABELA 1.1 IQR UTILIZADO PELA CETESB...03 TABELA 3.1 SITUAÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS RMC...31 TABELA PARCELA DA MATRIZ PARA A ANÁLISE AMBIENTAL DA MATRIZ DE LEOPOLD...34 TABELA EXPLICATIVA DO INDICE DE QUALIDADE DE RESÍDUOS...36 TABELA EXPLICATIVA (QUADRO Nº1 - IQR)...36 TABELA EXPLICATIVA (GRAVIDADE/INTENSIDADE IQR)...37 TABELA EXPLICATIVA (ABRANGÊNCIA IQR)...37 TABELA EXPLICATIVA (SIGNIFICÂNCIA IQR)...38 TABELA EXPLICATIVA (ENQUADRAMENTO DOS PESOS IQR)...38 TABELA ENQUADRAMENTO DAS INSTALAÇÕES E DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM FUNÇÃO DOS VALORES DE IQR...39 TABELA NOTAS E TOTAIS UTILIZADOS PARA A CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO...39 TABELA REPRESENTAÇÃO COMPARATIVA DO ENQUADRAMENTO OBTIDO APÓS A PONTUAÇÃO FINAL...45 TABELA A.01 DADOS DO ATERRO DELTA A CAMPINAS SP...54 TABELA A.02 DADOS DO ATERRO DELTA A CAMPINAS SP...54 TABELA B.01 DADOS DO ATERRO ESTRE PAULÍNIA SP...59 TABELA B.02 - DADOS DO ATERRO ESTRE PAULÍNIA SP...59 TABELA C.01 - DADOS DO ATERRO INDAIATUBA SP...63 TABELA C.02 - DADOS DO ATERRO INDAIATUBA SP...63 TABELA E.01 - DADOS DO ATERRO PEDREIRA SP...69 TABELA F.01 - DADOS DO ATERRO SANTA BÁRBARA D OESTE SP...72 TABELA F.02 -DADOS DO ATERRO SANTA BÁRBARA D OESTE SP...72 TABELA A.03 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR CAMPINAS (QUADRO A)...73 TABELA A.04 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR CAMPINAS (QUADRO B)...74 TABELA A.05 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR CAMPINAS (QUADRO C)...75 TABELA A.06 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR CAMPINAS (QUADRO D)...76
6 vi TABELA A.07 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR CAMPINAS (QUADRO E)...77 TABELA B.03 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PAULÍNIA (QUADRO A)...78 TABELA B.04 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PAULÍNIA (QUADRO B)...79 TABELA B.05 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PAULÍNIA (QUADRO C)...80 TABELA B.06 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PAULÍNIA (QUADRO D)...81 TABELA B.07 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PAULÍNIA (QUADRO E)...82 TABELA C.03 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR INDAIATUBA (QUADRO A)...83 TABELA C.04 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR INDAIATUBA (QUADRO B)...84 TABELA C.05 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR INDAIATUBA (QUADRO C)...85 TABELA C.06 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR INDAIATUBA (QUADRO D)...86 TABELA C.07 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR INDAIATUBA (QUADRO E)...87 TABELA D.01 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR ITATIBA (QUADRO A)...88 TABELA D.02 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR ITATIBA (QUADRO B)...89 TABELA D.03 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR ITATIBA (QUADRO C)...90 TABELA D.04 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR ITATIBA (QUADRO D)...91 TABELA D.05 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR ITATIBA (QUADRO E)...92 TABELA E.02 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PEDREIRA (QUADRO A)...93 TABELA E.03 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PEDREIRA (QUADRO B)...94 TABELA E.04 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PEDREIRA (QUADRO C)...95 TABELA E.05 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PEDREIRA (QUADRO D)...96
7 vii TABELA E.06 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR PEDREIRA (QUADRO E)...97 TABELA F.03 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR SANTA BÁRBARA D OESTE (QUADRO A)...98 TABELA F.04 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR SANTA BÁRBARA D OESTE (QUADRO B)...99 TABELA F.05 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR SANTA BÁRBARA D OESTE (QUADRO C) TABELA F.06 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR SANTA BÁRBARA D OESTE (QUADRO D) TABELA F.07 ÍNDICE DA QUALIDADE DE ATERRO DE RESÍDUOS IQR SANTA BÁRBARA D OESTE (QUADRO E)...102
8 1 1 - INTRODUÇÃO Resíduo sólido tornou-se um grande problema, atualmente, devido à sua inevitabilidade, à sua crescente multiplicação e às condições cada vez mais limitantes para seu descarte final. Partindo das leis da física, não existe processo produtivo que não gere resíduos. Com o constante aumento populacional mundial, o consumo em geral é crescente e, portanto, a produção de resíduos também é crescente. O aumento conjugado da população e da geração de resíduos conduz a um cenário onde se torna obrigatório a criação de condições cada vez mais limitantes para o descarte dos resíduos como forma de conciliar e manter a qualidade de vida. O aterro sanitário é definido como sendo uma obra de engenharia que tem como objetivo acomodar no solo resíduos no menor espaço prático possível, sem causar danos ao meio ambiente ou à saúde pública.(cetesb, 1997). Sendo uma outra definição de aterro sanitário forma de disposição final de resíduos urbanos no solo, através do confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais.(cetesb,1997). FIGURA 1.1 DESENHO EXTERNO E INTERNO DE UM ATERRO SANITÁRIO FONTE: (IPT/CEMPRE,200). Frente a esta situação, na gestão de resíduos sólidos passou-se a dar prioridade a sistemas que busquem e/ou propiciem um método de avaliação que faça com que o monitoramento dos órgãos responsáveis seja viabilizado, bem como os sistemas de disposição final se adequem a tais métodos.
9 2 A minimização dos resíduos tornou-se obrigatória em qualquer plano de gerenciamento moderno, assim como o reaproveitamento energético dos mesmos, desta forma deu-se necessária a criação de indicadores. De uma maneira geral, os indicadores e índices são utilizados com as funções de: simplificação, quantificação, análise e comunicação, permitindo a compreensão de fenômenos complexos, quantificando-os e tornando-os compreensíveis, de maneira que possam ser analisados num dado contexto e divulgados à sociedade. Diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e/ou quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano, tais como na saúde (índice de natalidade, índice de mortalidade), educação (índice de repetência, índice de analfabetismo), economia (renda per capita), sociologia (índice de desenvolvimento humano) e no meio ambiente (qualidade do ar, qualidade das águas e qualidade de disposição de resíduos). Segundo (Figueiredo, 1996), estes indicadores não espelham a qualidade dos temas em sua totalidade, mas indiretamente servem de referência para abordá-los e tratá-los em seus aspectos mais sensíveis. O desempenho ambiental de um sistema de disposição de resíduos também não pode ser quantificado de forma absoluta, tendo em vista a diversificada relação que existe entre a atividade e o meio ambiente. Dessa forma, os indicadores de desempenho ambiental devem ser formulados considerando os diversos aspectos dessa relação de dependência e interferência. Na construção desses indicadores, pode-se ponderar variáveis com dados da própria dinâmica da atividade em estudo, que dizem respeito à: quantidade e qualidade dos resíduos a serem dispostos (peso, volume, densidade, composição etc...); topografia, geografia, geologia e hidrologia (demais aspectos físicos do meio ambiente); custo de disposição, quantidade de mão-de-obra, valor a ser agregado, características sócio-econômicas e culturais, legislação aplicável (demais aspectos antrópicos do meio ambiente); e finalmente, as questões relacionadas ao aproveitamento dos resíduos como matéria-prima ou energia como forma de re-inserção ao ciclo de vida da cadeia. A análise dessas relações possibilita realizar avaliações não só de desempenho ambiental, mas também de aspectos de sustentabilidade sócio-ambientais que são de suma importância para a melhoria contínua dos indicadores. Conforme a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB,1997), desde a sua origem, desenvolveu diversos trabalhos de levantamentos e avaliações sobre as condições ambientais e sanitárias dos locais de destinação final de
10 3 resíduos domiciliares nos municípios paulistas, sendo que, a partir de 1997, dedicou-se a organizar e sistematizar as informações obtidas, de modo a compor o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares. O Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares reflete as condições em que se encontram os sistemas de disposição e tratamento de resíduos sólidos domiciliares, em operação, a partir de dados e informações coletados e consolidados, em cada um dos 645 municípios do Estado. As informações obtidas nas inspeções realizadas pela CETESB são processadas a partir da aplicação de um questionário padronizado, constituído de três capítulos relativos, respectivamente, às características locacionais, estruturais e operacionais de cada instalação de tratamento e/ou disposição de resíduos. Estas condições são expressas pelo Índice da Qualidade de Aterro de Resíduos IQR, que apresentam variação de 0 a 10 e são divididos em três faixas de enquadramento: inadequada, controlada e adequada. TABELA 1.1 IQR UTILIZADO PELA CETESB.
11 4 A evolução e o acompanhamento dos índices IQR, por município, no período compreendido entre 1997 e 2005, permite aferir o resultado das ações de controle da poluição ambiental desenvolvidas no Estado e monitorar a eficácia dos programas alinhados com as políticas públicas estabelecidas para o setor. É com o compromisso da melhoria contínua (NBR ISO :2004 e NBR ISO :2004) que se deve promover o PDCA 2 na aplicação dos índices de qualidade. Neste caso, desde que foi criado em 1997, o Índice de Qualidade de resíduos de Aterro - IQR não sofreu uma análise crítica da metodologia aplicada. Para tanto é importante que certos instrumentos de gestão ambiental (exemplo: NBR ISO :2004) possam ser objeto de uma análise crítica e metodológica fundamentada em normas técnicas vigentes e aplicáveis, dentro é claro, de critérios técnicos e científicos reconhecidos pela comunidade acadêmica e especializada. 1 ISO - significa International Standartization Organization. Trata-se de uma organização internacional formada por um conselho e comitês com membros oriundos de vários países. Seu objetivo é criar normas e padrões universalmente aceitos sobre como realizar as mais diversas atividades comerciais, industriais, científicas e tecnológicas. 2 PDCA - Plan, Do, Check and Action ou Planejar, Executar, Verificar e Agir, ferramenta que implica na melhoria de todos os processos de fabricação ou de negócios
12 Objetivo O presente trabalho pretende reformular a metodologia utilizada para a qualificação dos Aterros do Estado de São Paulo, ou seja, construir um novo questionário, introduzindo novas questões objetivando o sistema de gestão ambiental e a avaliação do potencial de aproveitamento energético com recuperação do biogás do aterro Justificativa do trabalho A realização do Inventário de Resíduos Sólidos Domiciliares do Estado de São Paulo está completando 09 anos, constituindo assim uma relevante ferramenta de benchmarking ambiental 3 na avaliação técnica e operacional dos aterros e sistemas de disposição dos 645 municípios do Estado de São Paulo. No entanto, a reavaliação sistemática e metodológica do IQR faz-se necessária já que os índices tem sido uma forma de divulgação competitiva entre os gerenciadores dos sistemas, sejam estes públicos ou privados. Portanto, justifica-se uma análise crítica da forma de aplicação do IQR visando sua melhoria contínua e credibilidade técnico-científica entre as partes interessadas. Dentro desta nova realidade, decidiu-se estabelecer uma diretriz de avaliação pertinente com o Índice de Qualidade de Resíduos utilizando-se de matrizes sistêmicas de avaliação. Como base conceitual, utilizou-se de conceitos já consagrados como o método da Matriz de Leopold.(CANTER,1977) 3 O benchmarking Ambiental é uma ferramenta de gestão que atualiza e ao mesmo tempo aprimora o processo técnico-gerencial por ser uma ação de melhoria contínua
13 6 1.3 Metodologia Relatório de visita técnica de aterros com potencial de recuperação de aproveitamento energético com recuperação do biogás, especificamente os aterros DELTA I (Campinas SP); Análise crítica dos Relatórios de Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares do Estado de São Paulo entre o ano de 1997 e 2005 e da metodologia utilizada em seus respectivos IQR s (Índice da Qualidade de Aterros); Avaliar os critérios de pontuação do IQR e, introduzir novos conceitos levando-se em consideração os instrumentos de Gestão Ambiental previstos nas Normas: NBR ISO :2004, NBR ISO :2004 (Implantação de Sistema de Gestão Ambiental SGA 4 ) e NBR ISO :2004 (Avaliação de Desempenho Ambiental ADA 5 ); Estabelecer novos conceitos da pontuação final visando uma reformulação matemática da equação do IQR final; Analisar os sistemas de disposição final, ou seja, os aterros e, formular novo questionário, introduzindo novas questões objetivando a avaliação do potencial de aproveitamento energético com recuperação do biogás 6 do aterro. 4 SGA - Sistema de Gestão Ambiental, cuja implementação deve seguir as diretrizes da ISO 14001:1996 Sistemas de Gestão Ambiental Especificação e diretrizes para uso. 5 ADA Avaliação de Desempenho Ambiental é uma técnica de gerenciamento utilizada para analisar a performance ambiental de uma organização através de requisitos estabelecidos 6 BIOGÁS é o gás resultante da fermentação anaeróbica da matéria orgânica (decomposição de matérias orgânicas, em meio anaeróbio, por bactérias denominadas metanogênicas
14 7 2 - QUESITOS AVALIADOS NA MATRIZ DE ANÁLISE. Os quesitos avaliados na matriz de estudo do presente trabalho foram divididos em 5 quadros onde cada um deles se refere a uma etapa do processo de avaliação constituindo, respectivamente, as características das áreas de intervenção e influência do local, da implantação e infra-estrutura, das condições operacionais, da gestão ambiental, da recuperação e reaproveitamento energético do biogás de cada instalação de tratamento e/ou disposição de resíduos. Estas condições são expressas pelo Índice da Qualidade de Aterro de Resíduos IQR, que no trabalho em questão apresentam variação de 0 a 10 e são divididos em cinco faixas de enquadramento: Lixão, Aterro Controlado, Aterro Sanitário, Aterro com Gestão Ambiental e/ou Reaproveitamento Energético e Aterro com Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) em que os quadros descritos contém os seguintes itens discriminados abaixo: 2.1 (Quadro n.º 1) - Características da Intervenção/ Influência / Local: Atendimento à Escolha da Área e ao Planejamento Ambiental (RAP / EIA / RIMA): Os aterros são empreendimentos passíveis de elaboração de ElA/RIMA, conforme Resolução CONAMA 001 de 23/01/86, devendo o estudo ser submetido à apreciação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O aterro deve atender às necessidades de soluções para o tratamento e destinação final de resíduos sólidos de diversas natureza, a escolha da área correta é de suma importância, pois pode suprir várias etapas do projeto para medidas compensatórias, bem como o correto levantamento dos possíveis impactos ambientais. Profundidade do Lençol Freático: Estudos do lençol freático são normalmente feitos utilizando-se sondagens a trado, percussão, rotativa ou poços (poços piezométricos) de observação do lençol freático, onde são medidas as flutuações dos níveis de água visando detectar a existência de áreas mais propícias a contaminação. O poço de observação do lençol freático é instalado em toda a área a ser estudada ou em pontos específicos da mesma, onde o lençol freático apresente maiores possibilidades de contaminação em níveis críticos que venham causar danos ao
15 8 mesmo. A profundidade do lençol é identificada através de sondagens efetuadas em pontos estratégicos do aterro, como: Proximidade de Corpos de Água: Esse item tem a finalidade de informar a distância permitida pela Legislação entre os lençóis freáticos, lagos e o aterro com relação as distâncias permitidas na legislação estas estão indicadas no quadro Gravidade/Intensidade (ver tabela 4.3.3). Permeabilidade do Solo do Aterro: Essa medição é efetuada através de sondagens estipuladas pelos técnicos, onde é possível identificar qual é o tipo de solo existente no local. Este item também deve atender o quadro de Gravidade/Intensidade. Capacidade de Suporte do Solo: Preferencialmente, o terreno deve possuir uma capacidade de suporte do solo que assegure que o mesmo está corretamente dentro das exigências técnicas. Distância da área de Empréstimo: A distância de empréstimo é importante pois se a área é muito distante do aterro torna-se inviável a aquisição do solo, sendo assim uma área mais próxima implica em um menor custo de transporte viabilizando a sua implantação. Qualidade do Material para Recobrimento: A qualidade do solo para recobrimento influencia diretamente nos itens relativos ao número de animais existentes no aterro, pois se a qualidade do solo usada no recobrimento dos resíduos for baixa, o aterro fica exposto a aves e ratos entre outros. Proximidade c/ Atividades Econômicas (Indústrias e Comércios): Proximidades com tais estabelecimentos são evitadas, porém quando se tornam inevitáveis, deverá ser implantada medidas compensatórias como uma barreira vegetal por exemplo.
16 9 Proximidade de Centros Urbanos e Núcleos Habitacionais: Este item deve ser cuidadosamente estudado pois, o aterro sanitário além de oferecer risco ao meio ambiente ele também oferece incômodo perante a vizinhança. Diretrizes Urbanísticas e de Uso e Ocupação do Solo: Neste item não devem ser apresentadas restrições à construção do aterro sanitário. Diretrizes Ambientais e de Áreas de Proteção: Este é um fator de suma importância, pois a incidência de legislações contrárias ao empreendimento o inviabilizam desde sua concepção. Remanescentes nos s Flora e Fauna: Neste item verifica-se a ocorrência ou não de fauna e vegetação nativa significativa na área de intervenção do empreendimento. Condições do Sistema Viário de Trânsito: A presença de um acesso em boas condições de tráfego é importante, pois resíduos provenientes de várias origens chegarão até o local diariamente sendo assim, um sistema viário de trânsito em bom estado diminui a contaminação caso ocorra algum incidente, por exemplo o derramamento de resíduos no solo. 2.2 (Quadro n.º 2) características da implantação e infra-estrutura: Atendimento ao Projeto Básico / Executivo: Nesta etapa do processo serão avaliadas se todas as obras e atividades que compõem o empreendimento foram realizadas. Impermeabilização da Base do Aterro: O sistema de tratamento de base tem a função de proteger a fundação do aterro, evitando-se a contaminação do solo e canais de água adjacentes, pela migração de chorume e/ou dos gases provenientes da degradação principalmente da matéria orgânica (IPT/CEMPRE, 2000). Um sistema de base deve ter as seguintes características: Estanqueidade;
17 10 Durabilidade; Resistência mecânica; Resistência às intempéries; Compatibilidade físico-química e biológica com os resíduos a serem enterrados. Dentre os materiais utilizados em tratamento de base de aterros, têm-se as argilas compactadas e as geomembranas sintéticas que ocupam um lugar de destaque. FIGURA DISPOSIÇÃO DE UMA GEOMENBRANA IMPERMEABILIZANTE DE UM ATERRO SANITÁRIO (IPT/CEMPRE,2000) Há a necessidade de um controle tecnológico da compactação das camadas impermeabilizantes de argila e estas devem atender as características tecnológicas de baixa permeabilidade, mínimas espessuras, representando assim barreiras à migração de poluentes. Conforme o (IPT/CEMPRE, 2000), o tipo de geomembrana que tem se mostrado mais adequado para impermeabilização dos aterros é o de geomembrana de polietileno de alta densidade; por sua compatibilidade com inúmeros resíduos, por sua resistência mecânica e durabilidade. Drenagem de Águas Pluviais Provisória e Definitiva: O sistema de drenagem de águas pluviais está constituído por um conjunto que terá caráter permanente e outro provisório, ou seja, deverá ser alterado á medida em que o houver necessidade. Drenagem de Líquidos Percolados "Chorume": Para a coleta dos líquidos percolados gerados na massa de resíduos sólidos, o sistema de drenagem deverá ser instalado na base do aterro sanitário, assim como nas camadas subseqüentes.
18 11 Sistema de Tratamento de Chorume: Em um aterro sanitário, a geração de líquidos percolados é devida principalmente à ação das águas pluviais que precipitam sobre a massa de resíduos sólidos, e ainda a umidade intrínseca da própria biodigestão anaeróbia do lixo. A concepção do sistema de tratamento de líquidos percolados da unidade de disposição de resíduos sólidos deverá tratar todo resíduo líquido e/ou encaminhá-lo para uma estação de tratamento de efluentes líquidos mais próxima possível e totalmente credenciada pelos órgãos competentes. Uma das formas de minimização do impacto ambiental causado pelo aterramento de resíduos sólidos é a coleta, remoção e tratamento dos líquidos percolados. A coleta deverá ser realizada através de drenos de brita com tubos que compõem o sistema de drenagem de percolado, os quais conduzirão os líquidos percolados coletados até tanques ou caixas de acumulação de onde serão enviados a um tratamento adequado. De acordo com o IPT/CEMPRE (2000), processos de tratamento atualmente empregados são: Recirculação ou irrigação: estes sistemas são fundamentados nos processos de infiltração e percolados dos líquidos, através da massa de lixo num sistema de recirculação dos percolados; Tratamento em lagoas de estabilização: este sistema tem fundamento teórico de tratamento de líquidos contaminados em lagoas, baseado na biodegradação da matéria orgânica contida no percolado por ação de dois grupos de bactérias: aeróbias e anaeróbias; Tratamento por filtros biológicos: o fundamento científico dos filtros está condicionado à descarga contínua de despejos poluídos através de um meio biológico ativado. Existem dois tipos de filtro, segundo a atividade biológica: aeróbio e anaeróbio; (figura 2.2.3) Tratamento por processo fotossintético: apesar deste processo estar em fase de desenvolvimento, os resultados obtidos com o aguapé, são bastante promissores pela possibilidade múltipla de tratar os despejos líquidos e produzir biomassa, que pode ser convertida em fertilizante, combustível ou ração animal. No aterro sanitário, deverá sempre ser previsto um sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados, não sendo admissível sua descarga em cursos d água, fora dos padrões normalizados.
19 12 O projeto adequado da instalação a ser implantada para o aterro dependerá das características e quantidades dos líquidos percolados gerados no aterro. FIGURA LAGOA DE COLETA DO CHORUME DRENADO (IPT/CEMPRE, 2000). FIGURA TRATAMENTO BIOLÓGICO DE CHORUME EM LAGOAS AERÓBIAS E ANAERÓBIAS (IPT/CEMPRE, 2000). Existem atualmente novas tecnologias de tratamento do chorume, como sistema de tratamento físico-químico e um sistema de incineração de chorume vaporizado. FIGURA SISTEMA DE TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE CHORUME(IPT/CEMPRE, 2000). FIGURA SISTEMA DE TRATAMENTO DE CHORUME POR EVAPORAÇÃO E INCINERAÇÃO(IPT/CEMPRE, 2000). Sistema de Drenagem de Gases: A decomposição anaeróbia de fração orgânica dos resíduos sólidos gera biogás, formado principalmente pelo metano e gás carbônico, os quais devem ser retirados do maciço de lixo, de forma a evitar riscos de explosão do aterro sanitário, bem como prejuízos á estabilidade física desse conjunto. Dessa forma um aterro sanitário deve sempre ser dotado de um sistema adequado de drenagem de gases gerado no interior do maciço de resíduos, sempre com o objetivo de evitar a formação de bolsões de gases.
20 13 O sistema de drenagem de gases tem a função de drenar os gases provenientes da decomposição da matéria orgânica resultante do processo de digestão, evitando sua migração através dos meios porosos que constituem o subsolo, podendo atingir redes de esgotos, fossas, poços e edificações (IPT/CEMPRE, 2000). A migração dos gases deve ser controlada através da execução de rede de drenagem adequada, constituída por drenos verticais de tubos de concreto perfurados, colocados em pontos escolhidos no aterro. Estes drenos atravessam todo o aterro no sentido vertical, desde o solo até as camadas superiores.(figura 2.2.6) Associados aos drenos verticais projetam-se drenos horizontais e subverticais que facilitam a drenagem mais eficiente da massa de lixo. Estes drenos podem ser interligados ao sistema de drenagem de percolados, dependendo da alternativa de solução de tratamento adotada para o aterro sanitário. FIGURA DRENO DE GÁS (IPT/CEMPRE, 2000). Atualmente, alguns aterros empregam o uso de drenos de PEAD perfurados, com um acessório de cobertura para evitar que a chama seja apagada.(figura 2.2.7) FIGURA DRENO DE PEAD PERFURADO PARA A COLETA DO GÁS
21 14 Instalação do Sistema de Monitoramento de Águas Subterrâneas: O monitoramento de águas subterrâneas deverá ser efetuado através de poços de monitoramento e instalação de piezômetros, medidores de deslocamento horizontais e verticais, medidores de vazão, análises físico-químicas e biológicas. Acesso a Frente de Trabalho: Este item classifica quais são as condições da frente de trabalho, se estão adequadas às condições operacionais. Trator de Esteiras ou Equipamentos Compatíveis: Quais são os equipamentos e as qualidades dos tratores e dos diversos equipamentos, que compõem e interagem com a parte operacional do aterro. Outros Equipamentos: Se existe outro equipamento que auxilie no setor operacional. Cercamento da Área: Se há cercamento da área para que impossibilite a entrada de pessoas não autorizadas e dificulte a entrada de animais. Controle Recebimento de Cargas: Se há um controle de recebimento de cargas, esse controle de resíduos sólidos no aterro deverá ser iniciado por uma balança instalada na entrada do aterro. Balança Rodoviária: O controle de recebimento do lixo consiste na implantação de balança localizada na entrada do aterro sanitário, onde os veículos que entram e saem da área são pesados por funcionários. Estes verificam a placa e sua procedência, tendo-se o controle quantitativo e qualitativo dos resíduos a serem dispostos na área.(figura 2.2.8) FIGURA BALANÇA DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA DE CAMINHÕES
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